Viajário
Sempre adorei ver, nos filmes, aqueles supostos diários que algumas personagens fazem cheios de fotos, colagens, recortes, bilhetes e todo o tipo de coisas. Tenho para mim que isso é uma moda um pouco americana, mas que sempre gostei. Aliás, na verdade, sempre invejei esses diários: nunca consegui manter um simples diário de escrita, quanto mais um diário onde punha tudo e mais alguma coisa, em modo artístico e bonito.
Apesar de nunca ter conseguido manter diários em papel, quando comecei a escrever no blog, isso mudou: aprendi a escrever todos os dias e sempre tive gosto em fazer algo contínuo (embora sejam coisas diferentes: há muitos anos que não vejo o blog como um diário íntimo - no máximo é um diário de bordo da minha vida, das minhas opiniões e estados de espírito). Hoje cá ando, a chatear-vos todos os dias, mas fiquei sempre com aquele bichinho daqueles diários coloridos, cheios de recordações e movimento, muito mais que os dramas do dia-a-dia, de amores e desamores e coisas do género. Para mim, on a daily basis, continua a não ser exequível: quanto mais não seja porque não tenho paciência para escrever muito em papel. Hoje em dia escrevo com muito mais facilidade aqui no computador no que à mão, salvo raras exceções, que gosto de manter à moda antiga.
Mas bom, no início do ano recebi uma prenda incrível, que adorei, e que cabe perfeitamente nessa categoria de coisas que ainda gosto de fazer como antigamente. E o que foi? Um viajário. No fundo, é um caderno já preparado para servir de diário de bordo de várias viagens - já tem uma série de páginas para se fazer o planeamento da viagem, outras para fazer o relato das mesmas, o antes e depois, sítios para fotos, apontamentos, etc. É uma ideia gira. Não está organizado da forma que eu acho mais lógica, mas a verdade é que pouco importa: podemos fazer daquilo o que quisermos. Para além do mais está decorado de uma forma deliciosa, repleto de frases sobre viagens que nos enchem a alma e que no dão ganas de fazer a mala e partir para a descoberta.
Recebi isto antes de ir para Munique e fiz logo lá o meu plano de viagem. Só hoje é que consegui completar a parte do "pós", mas juntei o útil ao agradável e fiz do meu viajário um bocadinho daqueles diários que via nos filmes e que sempre me fizeram delirar. Normalmente guardo tudo o que tem que ver com viagens na minha caixa de recordações (que agora, devido ao tamanho, é mais um caixote), mas a verdade é que não há ali qualquer tipo de organização e só eu é que consigo dar valor às coisas que estão lá dentro, porque me vou lembrando das minhas aventuras e peripécias à medida que vejo bilhetes disto e daquilo.
Quando decidi fazer este apanhado no viajário, pensei: "mas então... não vou poder guardar as coisas na caixa onde sempre guardei tudo" - e é verdade. Mas a mudança nem sempre é uma coisa má e acho que, neste aspeto, é sinceramente para melhor: assim há uma história com início, meio e fim, as coisas não andam perdidas no meio de envelopes sem vida, está tudo junto e com mais significado - com o bónus de ser um diário de bordo como aqueles que eu via quando era pequena e que sempre me fizeram inveja até hoje. E sei que, um dia que estiver cheio, há-de ir parar também à caixa das memórias, onde eventualmente vai parar tudo o que me leve a viajar pelo tempo.
Já há vários anos que faço diários de bordo (publico-os aqui, sempre que faço), mas esta é uma versão menos "massadora" e complexa das minhas viagens. Não pus fotos: só bilhetes e pequenas recordações que trouxe de lá, que é aquilo que normalmente guardo na tal "caixinha". Pelo meio pus umas notas e umas peripécias e, voilà, estava feita a minha primeira entrada no viajário. Deixo abaixo algumas fotos para ficarem com uma ideia.
(obrigada A. pela prenda que, como sabes, me assenta como uma luva!)