Viagem relâmpago
Eu não sei o quê que se anda a passar com o tempo mas ele está a passar-me por entre os dedos. Ainda (ao que me parecem) "dois dias" eu estava dizer "lá para Novembro ou Dezembro tenho de ir a Lisboa!" e agora, assim do nada, Novembro já passou e Dezembro já caminha por aí a passos largos. Não percebo como é que isto aconteceu. Não percebo. As entregas de trabalhos estão mesmo ao virar da esquina, o Natal aproxima-se a passos largos e as prendas estão por comprar e os fantasmas dos exames também já estão a espreitar e os resumos por escrever. Um stress de todo o tamanho que acontece todos os santos anos, sem excepção.
Como se tudo isso já não bastasse, acontecem sempre vinte e seis mil coisas e há sempre outras tantas para fazer. Uma delas - e que já estava anunciada há meses - era um ida a Lisboa. E tem de ser agora. Uma das melhores amigas que a vida - e os blogs - me deram está neste momento de barriga grande e prestes a fazer-me tia (ainda que emprestada) pela sétima vez. Não posso perder a oportunidade de estar com ela antes de ela ser mãe, de tirar fotos com ela e com a sua barriga; no fundo, antes de ela enfrentar a maior reviravolta da vida dela. Por outro lado, aproveito para tomar um café com a minha cunhada e o meu sobrinho, que vieram passar o fim-de-semana e de quem tenho mesmo muitas saudades - estou morta por estragar aquele miúdo com beijos, sendo que a próxima vez que o vou ver (em principio, se não existirem mais escapadelas como esta) será só no verão. Comprei as viagens há um par de horas, decidi tudo em cima do joelho, desmarquei já coisas combinadas e marquei outras, tudo em modo speedy Gonzales. Uma coisa sem pré-aviso e pensamento prévio, algo tão raro em mim como a água do mar estar quente nas praias do Porto - ou seja, mesmo muito raro!
Isto vai apertar todos os meus horários, todas as minhas tarefas; as coisas que tinha escritas para este fim-de-semana na agenda vão ser empurradas e distribuídas pela semana, mas acho que vale o esforço. Respirar outro ar, sair do ambiente saturado da faculdade, cheio de preocupações e mini-intrigas que acabam por nos ocupar a cabeça de uma forma quase absurda. Nesta altura do ano só dá faculdade, não se pensa em mais nada. Tudo à volta parece ficar enevoado de forma a só conseguirmos ver com nitidez todos os trabalhos que nos faltam fazer, os problemas que precisam de se resolver e os apontamentos a estudar. Arriscar perder um dia e meio nesta altura do ano e ao ritmo a que estou pode não correr bem, mas só pode ser bom. Tem de ser bom. Compensa o risco, compensa o tempo perdido em viagens, compensa a adrenalina e a pressa que vem a seguir. Compensa pelo mimo, pelas pessoas, pelo ar fresco e - claro - por Lisboa.
Acho que a vida também é isto.