Vale a pena ir ao Palácio da Pena
Sintra sempre foi uma das minhas cidades favoritas. Fui lá várias vezes em passeio, outras somente para comprar queijadas (ninguém me pode condenar por isto, aquele doce devia ser considerado a 8ª maravilha do mundo) e até em visita de estudo - e em cada uma destas paragens me apaixonei mais por aquele serra, aquelas estradinhas e a sua aura mística. Já tinha ido à Quinta da Regaleira (maravilhosa, aconselho vivamente e com visita guiada!) e ao Palácio Nacional, mas tinha uma falta gravíssima no currículo: o Palácio da Pena.
Já há muito que queria lá ter ido e aproveitei o feriado para concretizar este desejo - tivemos sorte, porque estava um dia de sol lindo, que dava uma luz especial às cores que pintam o palácio. E apesar do mar de gente que lá estava (e não era por ser feriado, uma vez que 95% eram estrangeiros) e de ter suado um bocadinho para subir aquilo tudo, valeu muito a pena. É este tipo de coisas que vamos ver no estrangeiro e que nos deixam maravilhados e a verdade é que nos esquecemos que temos locais tão ou mais bonitos em Portugal do que os que vemos lá fora. As salas do palácio (onde, infelizmente, não deixam fotografar) têm decorações lindíssimas, tetos muito trabalhados e de um bom gosto imenso. Mas a verdade é que fica muita coisa por ver e explicar, muito por culpa da falta de organização do próprio palácio.
Mal fomos comprar o bilhete disseram-nos logo: havia 40 minutos de fila para entrar. Isto porque Sintra padece do mesmo mal que o resto do país - excesso de turistas. Portugueses, nem vê-los! A nossa língua mãe era a menos falada ali no meio, só mitigada por um número razoável de brasileiros que andava por lá a deambular.
Sintra sofre pela proximidade de Lisboa e pela beleza incrível da cidade, que atrai qualquer pessoa... mas a verdade é que ali tudo ali é pequeno, os acessos são maus, as estradas estreitas, os parques de estacionamento minúsculos. Sintra é linda, mas só se não tiver um mar de pessoas. E o pior é que a questão não é só chegar lá: é também a visita ao próprio palácio, que é feita por ordem de chegada, em filinha indiana (qual meninos da escola - com contínuas e tudo a vigiar!), o que não potencia minimamente a visita. Somos quase obrigados pelo resto da fila a ir avançando pelos corredores fora, sem tempo para poder olhar à volta ou ler as pequenas descrições na sala (que são as únicas informações que nos contextualizam sobre o sítio onde estamos). Senti mesmo muita falta de uma visita guiada, de alguém que me explicasse o que estava a ver, para dizer quem eram as pessoas que estavam pintadas nos quadros pendurados na parede, contar histórias engraçadas sobre aqueles espaços e dar-lhes alguma vida, assim como a noção de como eram as coisas naquele tempo. Acima de tudo senti falta de parar e apreciar o que estava à minha volta. Penso que se houvesse visitas com hora marcada, para um determinado número de pessoas, tudo funcionaria melhor e todos os visitantes desfrutariam e sairiam muito mais enriquecidos do palácio, bebendo muito mais da cultura e da história de Portugal.
Estou com esperança de que, se um dia voltar, as coisas já sejam diferentes e mais organizadas. Acho que é dos locais no nosso país que mais merece protagonismo e um planeamento estruturado, com cabeça, tronco e membros. O Palácio da Pena (e toda a sua envolvência) é incrível, com vistas de cortar a respiração, com uma mística mesmo muito especial e que merece a visita de todos nós. Oupa, façam-se ao caminho!