Uma semana de verão enganador
Esta semana foi divinal no que à meteorologia diz respeito. Parecia verão. Tirei a barriga de misérias e, sempre que pude, pus-me a fazer a fotossíntese - e é quase impossível descrever por palavras o quão bem é que isto me soube e quão bem, efetivamente, me fez.
O mais engraçado é que esta semana de bom tempo fez com que, na minha cabeça, parecesse que o verão estava aí ao virar da esquina. A certa altura pensei para os meus botões "ah, o Senhor de Matosinhos deve estar mesmo aí à porta!". Só que não. O senhor de Matosinhos - uma das maiores festas populares aqui nas redondezas - é entre Maio e Junho... ou seja, ainda falta um par de meses para lá chegarmos.
Num dos outros dias, depois de jantar, abri a porta para sacudir a toalha e cheirou-me a sardinhas assadas. Para mim, churrascos de sardinhas assadas e febras são o típico sinal de que o verão chegou - adoro receber gente aqui em casa, ir à lota buscar peixe ou ao Continente comprar carne, e ficarmos lá fora pela noite dentro, sem que o frio nos enregele a espinha. Mas enfim: também era psicológico. Ainda não há sardinhas para assar e o nosso barbecue já não se liga há mais de meio ano, por isso foi só uma mera ilusão olfativa.
Outro dos sintomas é que, pela primeira vez desde que trabalho, apeteceu-me ter férias. Pegar na tenda e ir para o Alentejo e para o Algarve. Já ando aqui a magicar para onde quero ir, o que vou ter de comprar, as coisas que tenho de marcar. Apetece-me muito o mar, o sol e a praia do sul.
Acho que para a semana volta o Inverno, com a sua chuva típica. É a vida. Esta semaninha de verão enganador já foi suficiente para subir o espírito e dar fôlego para os tempos mais frios que ainda temos pela frente, mas já deixou água na boca para os meses quentes que hão-de vir. Pela primeira vez na vida não vou ter dois ou três meses de férias para gozar; a parte boa é que, tendo menos dias de férias, tenho a certeza que não vou desperdiçar nenhum deles e planeio-o vive-los ao máximo, aperta-los até ficarem sem sumo, tirar tudo o que me tiverem para dar. Até lá, vou trabalhando, que esta vida não se faz (só) de sonhos.