Uma carta ao... #4 Instagram
Caro Instagram,
Acabei de passar uma semana inteirinha com os meus sobrinhos, por isso encarnei um bocadinho a vertente de "mãe", sentindo-me na obrigação de os educar sempre que achava necessário. Essa onda ainda não saiu de mim, por isso vais ter de levar um sermãozinho neste domingo. Então é assim:
Vivemos na época das igualdades. As mulheres já votam; os salários querem-se iguais entre os dois géneros. Por falar em géneros: já há quem não seja homem nem mulher, e está tudo bem com isso. Já é permitido em muitos países o casamento entre pessoas do mesmo sexo. As mulheres podem ser trolhas e os homens dançarinos; as mães podem ir trabalhar e são os pais a desfrutar da licença de parto. Pessoas normais tornam-se figuras publicas em dois tempos, utilizando plataformas democráticas e onde todos têm acesso. Agora eles cozinham e elas lavam os carros; eles depilam-se e elas deixam de se depilar. As mulheres podem bem ser o sustento da família e eles pais a tempo inteiro. Há mulheres na política e na liderança de empresas - e há homens também. Tudo dá para os dois lados, ou para todos os lados. O acesso a tudo quer-se democratizado e justo, sem diferenças ou discriminação.
Mas tu, rede social da nova geração que ajudas a veicular muitos destes valores, és o primeiro a discriminar. Primeiro, passei meses sem poder pôr músicas nos instastories - não havia atualização ou desinstalação que me valesse, estava condenada a ficar com o mísero som dos meus vídeos. Mas, mais grave que isso, é não conseguir pôr swipe up quando quero dirigir os meus leitores aqui para o estaminé. "Ah e tal, só com não sei quantos mil seguidores é que essa função fica ativa". Porquê? Porque é que os fixes, os famosos e os populares é que têm direito? É uma lógica estilo Blogs do Ano, em que se promove ainda mais quem não precisa de se promover? Facilitar a vida a quem já a tem simplificada, porque já tem um alcance orgânico muito maior à partida? É só parvo, injusto e discriminatório.
Isto tudo para dizer que estás em contra-ciclo. E que estava na horinha de mudares de atitude, ouviste, meu menino? Ainda tu não tinhas nascido e já eu andava na escola, estás a perceber?
Então pronto. Fico à espera de mudanças.
Carolina
(@carolinagongui para os amigos do insta que não podem ver os meus "swipe up")