Um momento de self-promotion (ou da partilha de um orgulho pessoal)
Este blog é um diário aberto. E quando digo "diário", é no sentido mais literal da palavra: era suposto eu escrever aqui diariamente - mas por falta de tempo e por alguma preguiça (nos poucos momentos em que tenho tempo) não consigo fazê-lo. Acho que, no fundo, a ideia de todos os diários é essa: ir apontando pensamentos e opiniões do dia-a-dia. Esses caderninhos, muitas vezes fechados a sete chaves, ganharam essa conotação quase secreta e misteriosa precisamente porque todos os dias temos de lidar com os nossos sentimentos, as nossas opiniões politicamente incorretas, com outras pessoas - e as emoções e os sentimentos e as emoções delas -, acabando por se tornar num poço de desabafos; um poço sem fundo, que não critica, não contesta e não opina; e, acima de tudo, um poço sem filtros, em que a água que corre é mesmo aquilo que sentimos. E funciona como os casamentos: é para o bom e para o mau, na saúde e na doença.
Eu levo este espaço como um diário - da família da palavra "diariamente" -, sem a parte dos segredos. Tenho filtros. Tenho cuidado com as opiniões politicamente incorretas. Porque há pessoas do outro lado e essa coisa da liberdade de expressão é muito bonita quando não nos cai em cima. Mas continua a ser um poço sem fundo, neste caso com um casamento já duradouro: já quase com 9 anos, no bom e no mau, na saúde e na doença, na faculdade e no trabalho, e tudo o resto que para aqui escrevi. E este período que atravesso tem sido muito trabalhoso, de um frenesim imenso, de um stress descomunal, mas tem tido coisas muito boas – e algumas conquistas.
Se nos últimos anos sentia que estava a trabalhar a médio prazo, sinto que agora estou a começar a recolher frutos. Os anos que passaram foram, para além de muita aprendizagem, uma lição naquilo que é o saber esperar. Eu sabia que estava a fazer algo que só ia ter impacto uns anos depois. E hoje, finalmente, estou a ver que todo esse esforço, esse combate à frustração e a insistência na minha própria paciência, está a ser recompensado.
Tive de pensar nisto tudo - no conceito de “diário”, da partilha do bom e do mau, das batalhas, das conquistas e das derrotas – antes de escrever este texto. Inicialmente apeteceu-me escreve-lo, mas achei que “pavonear-me” não me ficava bem. Tive por isso de voltar à raiz deste espaço, que é meu, e que sempre foi um depósito de memórias, testemunhos e desabafos de tudo o que se passou na minha vida ao longo de praticamente a última década. E acho que, pavoneando-me ou não, gostaria que o meu diário soubesse que as coisas têm corrido bem nos últimos tempos. Que só passaram dois meses no ano e que já risquei alguns objectivos que tinha para 2020.
Acho que se isto fosse mesmo um daqueles caderninhos fechados a cadeado, teria escrito no próprio dia que falei para a RTP. Que fui entrevistada pela TVI. Que falei para os dois jornais da especialidade têxtil em Portugal. Que fui a um Desconcerto e que subi a palco. E que vai sair, um dia destes, uma entrevista também aqui sobre o blog. Porque são coisas que só acontecem de vez em quando, porque os comuns mortais não estão habituados a este tipo de exposição – e devem sentir-se orgulhosos quando têm as luzes viradas para si (desde que seja por bons motivos).
Por isso hoje partilho aqui um artigo de uma “casa” que eu ajudei a construir mas da qual já não faço parte, sobre a minha “casa” atual – e que eu quero que seja, por muitos anos, a minha “casa” do futuro, nunca me esquecendo do passado que já carrega (e já são 60 anos). Tenho mesmo muito, muito orgulho em tudo o que ando a fazer. E isto é só a ponta de um iceberg – porque aquilo que se demonstra tem muito mais por detrás do que se faz querer parecer. Têm sido tempos de sacrifício, de muito trabalho e, acima de tudo, de muita aprendizagem. Nunca ninguém me disse que ia ser fácil. Por isso é que me preparei bem para a luta (embora os treinos nunca nos preparem totalmente para algumas batalhas…). E se há dias em que caio (são alguns), há outros assim, com o sorriso desta fotografia: o sinónimo de pequenos passos, num caminho que se quer que seja sempre a olhar para a frente.
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