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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

08
Mar18

Um fim-de-semana no centro do país

Eu sou provavelmente a pessoa mais caseira do universo. Adoro estar em casa mas, com a crescente quantidade de trabalho e coisas extra (ginásio e piano), acabo por estar menos no meu habitat natural do que aquilo que gostaria. E apesar dos meus dias serem todos diferentes, de não ter uma rotina e de estar mais tempo fora de casa do que alguma vez estive, sinto-me numa prisão - sinto-me presa nesta vida, ando a sentir-me a sufocar nas minhas crescentes responsabilidades, nas minhas constantes pressões sobre mim própria e nos meus planos para o futuro, enquanto olho à minha volta e toda a gente da minha idade está a usufruir do "bom da vida".

Normalmente, quando estou assim, é quando tomo as decisões mais malucas ou arriscadas para mim. Ainda não saí bem desse estado e ainda não sei o que vem por aí, mas de uma coisa eu sei - ou soube, naquela altura: eu precisava de sair de casa durante um bocadinho. Não tenho possibilidade de tirar férias para já, pelo que já tinha um dos fins-de-semana que se avizinhavam como alvo. Já andava a dizer aos meus pais para irmos a algum lado, fiz uma lista de sítios bonitos em Portugal onde queria ir e estava à espera que os dias chegassem e a meteorologia ajudasse. Mas acabou por resultar mais cedo do que pensei.

Há dois fins-de-semana atrás rumamos por isso até Palmela. Porquê Palmela? Nem eu sei. Foi quase olhar para o mapa, ver uma pousada bonita e seguir viagem. Acho cada vez mais que tenho de conhecer melhor o meu país, já que conheço cada vez mais do mundo. É hipócrita andarmos por aí em aviões quando, a poucas horas de carro, temos tantas coisas incríveis para ver. Tenho especial interesse no interior do país, mas as temperaturas mais altas e o bom tempo arrastaram-nos mais para a região centro, que eu também não conhecia. Tantas vezes fui a Lisboa e nunca tinha posto um pé em Setúbal. Enfim, agora já ;)

O roteiro do fim-de-semana foi simples: Palmela, Serra da Arrábida, Sesimbra, Setúbal, Óbidos, Caldas da Rainha, Mealhada e de volta ao Porto.

 

A nossa visita por Palmela resume-se ao castelo, que ficava a um minuto do sítio onde dormíamos. Aliás, a pousada fica mesmo dentro das suas muralhas. Acho que, tal como a maioria das pousadas, não é super barata, mas é excepcionalmente bonita; os quartos são muito agradáveis e o pequeno-almoço muito bem servido para a dimensão do espaço. Não tem piscina (nesta altura também era a última coisa que queríamos) mas no verão o claustro da Pousada (que foi em tempos um convento) deve ser o sítio ideal para se ler um livro em pleno sossego.

No interior do castelo tem várias lojinhas e um restaurante, bem classificado nos sites conhecidos, mas que estava fechado quando lá fomos (assim como os restantes espaços comerciais). Há, no entanto, uma vista boa para desfrutar e uma série de recantos por entre as muralhas giros de se explorar. Antes de se subir para o castelo há também a indicação de um miradouro, onde se vê, por um lado, a cidade e por outro as serras.

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A vista da cidade

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A vista das serras

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Dentro do Castelo

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A vista do meu quarto

 

No sábado fomos imediatamente ao sítio que eu mais queria ver: Portinho da Arrábida. A minha reação combinou com aquelas águas - foi um banho de água fria. Sim, a cor da água é incrível, mas não passa muito disso. Passamos por várias praias, descemos mesmo até ao Portinho e eu só pensava "é só isto?". Não sei se parei nos lugares errados, se ia com as expectativas demasiado altas ou se tinha simplesmente uma ideia errada do que ia ver, mas nada na serra me tirou a respiração como eu esperava.

Ficamos os três um bocadinho sem graça depois daquela desilusão e deixamos de ter planos. Fomos vendo as placas e seguimos até onde as estradas nos levavam. Primeiro paramos no Castelo de Sesimbra, onde não exploramos muito, mas vimos um dos cemitérios mais curiosos onde já estive - pequeno, com uma organização muito aleatória mas mesmo junto à muralha, dentro do Castelo. Depois vimos a indicação do Cabo Espichel e decidimos seguir caminho até lá. Aquilo sim, era o que esperava. Achei o sítio lindíssimo, uma lufada de ar fresco, fez-me lembrar as praias do Adriático (ainda que à distância). 

 

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A vista do Castelo de Sesimbra

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Cemitério do Castelo junto à muralha

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Cabo Espichel 1

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Cabo Espichel 2

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Cabo Espichel 2

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Igreja no Cabo Espichel (bonita por dentro)

 

Depois disto foi uma confusão. Já eram 13h30 e queríamos almoçar. Pensamos ir a Sesimbra - sítio onde nenhum de nós havia estado mas que sabíamos ser bonito - e seguimos caminho até à marginal, onde havia muitos restaurantes. O problema é que, dado o belo dia que estava, também havia muitas pessoas, muitos carros e zero lugares para estacionar. Já em desespero de causa decidimos pôr o carro num parque coberto - e a experiência foi tão desastrosa que eu até fixei o nome do dito: Parque da Praia da Califórnia. Nunca vi nada assim. No primeiro andar não havia lugares e não havia saída, obrigando a uma inversão de marcha mal parida quando queríamos sair (isto nem devia ser permitido... em caso de incêndio fica lá tudo); a cancela do segundo andar não abria, mas não havia qualquer indicações disso; o terceiro andar era para hóspedes de um hotel; no quarto deu para estacionar mas, quando percebemos que não havia elevador, arrepiamos caminho (o meu pai não consegue fazer esse tipo de esforços) - e quando fomos obrigados a voltar a fazer inversão de marcha dentro do parque para ir embora, demos de caras com um casal escondido atrás de uma parede, que ou estava a namorar (embora a posição não o indicasse) ou estava à espera de ter os carros à sua mercê para poder "explorar". Eu, quando cheguei ao segundo andar, já estava a dizer para irmos embora - todos os meus instintos de defesa (e acreditem que tenho muitos) gritavam para que eu saísse dali para fora. Foi dos parques mais manhosos, mal iluminados e estranhos que entrei em toda a minha vida. E só descansei quando saí de lá.

Depois disso seguimos até Setúbal, onde almoçamos (e depois à noite voltamos). Provei, finalmente, o famoso choco frito! Não sei se foi daquele prato em particular, mas achei o choco muito gordo e grande, estava à espera de algo mais pequeno; também já não estou muito habituada a tanta fritura numa só refeição, mas de facto é um bom petisco. Para comer uma vez por ano, talvez ;) Também não me escapou a torta de azeitão (boa) e o doce do abade, que não me caiu tanto no goto. À noite fiquei-me pelo peixinho grelhado, que parece ser o ex-libris de Setúbal - as montras acabam por ser parecidas com as que vemos aqui em Matosinhos (e eu adoro peixe!), mas os preços são bem mais apetecíveis lá do que aqui.

Entre o pouco tempo que tivemos entre o almoço tardio e o jantar, demos uma volta pela marginal de Setúbal e, mais uma vez, fomos levados pelas placas até ao Moinho de Maré da Mourisca. Infelizmente chegamos já à hora de fecho, mas ainda conseguimos entrar e ver as mós, embora tenha sido só mesmo entrar com um pé e sair com o outro. Há um café no exterior agradável e toda a envolvente é também muito bonita, com o Sado à nossa volta (embora fosse "pouco" Sado, devido à seca). Ainda passeamos e fomos até ao observatório dos pássaros, onde não vimos grande coisa, mas que compensou pelo passeio.

 

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Setúbal

 

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Moinho de Maré da Mourisca

 

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O Sado um tanto ao quanto pantanal no Moinho de Maré da Mourisca, onde supostamente havia pássaros para observar

 

No dia seguinte rumamos a Óbidos, onde eu já queria ir há muito tempo, mas de onde passo a vida a fugir por haver todo o tipo de eventos que enchem aquilo até ao tutano. Achei que estava safa por ser início de ano e qual não é o meu espanto quando vejo cartazes sobre a festa do chocolate que começava nesse fim-de-semana. Arg! Para minha sorte não estavam multidões gulosas prontas para entrar na vila, pelo que foi tudo mais ao menos tranquilo. Não explorei aquilo como queria (estava imenso calor e nós estávamos vestidos para um dia de inverno rigoroso, estávamos com fome e os altos e baixo não são bons para o coração do meu pai), mas prometi a mim mesma voltar em breve. Acho que tudo tem a minha cara. Parece uma feira medieval constante! E, guess what... tinha pão com chouriço! E eu, como boa lontra que sou, não deixei escapar!

 

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Muito glamour enquanto comia o meu pão com chouriço. Mas não dá para esconder aquela esguelha de felicidade típica de lontra ;)

 

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Um autêntico altar dos livros, em Óbidos

 

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Óbidos

 

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Óbidos 2

 

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Óbidos 3

 

Antes de pararmos na Mealhada para almoçar, pedi só mais uma paragem: Caldas da Rainha. Estávamos perto e eu sabia que tão cedo não ia ter uma oportunidade destas. Eu sou doida por loiças e ali fica, nem mais nem menos, que a loja da Bordallo Pinheiro. Pior: tem um outlet! Ainda estivemos à espera que a loja abrisse e depois, com o carro cheio de loiça, rumamos a norte - enchemos a barriga na Mealhada e voltamos a casa. É bom passear, mas a sensação de voltar ao sítio onde realmente pertencemos enche-nos a alma. E dá-nos força para mais umas semanas na rotina-sem-rotina, que era aquilo que eu precisava.

 

PalmelaMar18_out-2.jpg

"A" loja

 

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