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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

15
Jul15

Trabalho do momento: gestão de expectativas

Cheguei no domingo de Lisboa e aterrei logo num churrasco de família, com os meus irmãos e sobrinhos todos aqui em casa. Depois de comer, deitei-me e dormi durante o resto da tarde, para tentar repor energias dos três dias de festival. Quando acordei, depois de umas voltas, tomei um banho e preparei-me para sair e ir dar uma volta nas festas da cidade. Já estava pronta, com um pé fora do quarto e de carteira ao ombro, quando a minha sobrinha bate à porta com ar de carneirinho mal morto e preocupação, dizendo "a avó caiu". 

Caiu-me tudo e, naquela fraçãozinha de segundos, tive um dejá-vù daquele dia, há um ano atrás, em que o telefone tocou e me disseram quase o mesmo, mas em relação à minha avó. Essa chamada culminou com o fim imediato do meu verão e do início de meio ano de muito tormento e sofrimento. A questão é que, neste caso, era a minha própria mãe e eu limitei-me a correr para a sala, onde ela já estava deitada no sofá, cheia de dores no pé.

Depois de uma ida ao hospital, o veredito é, para todos os efeitos, um pé partido. Ou seja: um mês e meio de bota (para evitar o gesso). A minha mãe, que é uma pulga elétrica, está com uma bota até ao joelho, com receita de descanso absoluto pelo menos durante os primeiros dez dias. Podia dizer-vos que imaginam o filme, mas não imaginam: é o inferno para ela, que não se pode mexer e é o inferno para nós, que temos de passar a vida a dar-lhe nas orelhas para se ir deitar no sofá.

Se para ela as perspectivas são de muito sofá e descanso, para mim são o oposto. Se as previsões estiveram certas, só no início de Setembro é que ela se livra da bota, logo o verão vai pelo cano. Pelo meio, passa-se a altura do ano em que esta casa está com mais gente, que é também aquela em que não temos a nossa empregada para nos ajudar. E, sem a minha mãe que não pára e faz imensas coisas só num par de horas... vai sobrar para mim. Para além de cuidar dela, de a ajudar e de a transportar de carro para onde é preciso, tenho de ajudar em tudo o resto e na manutenção da casa. O que quer dizer que não há muita praia, férias fora ou descanso que me reste.

É claro que o cenário podia ser muito pior! É só um pé partido, vai passar rápido e tudo vai ficar melhor. E eu não me importo de arregaçar as mangas, trabalhar e fazer o que for preciso. A única coisa que me custa aqui é gerir as expectativas. Este ano fiz algo que nunca tinha feito: fiz all in neste verão, disse que ia ser um dos verões da minha vida. Depois de, no ano passado, ter sofrido demasiado e aproveitado muito pouco, jurei a mim mesma que este ia valer a pena. E agora, no meu segundo dia de férias, isto acontece. 

Fiquei fula. Não comigo, não com a minha mãe, não com a cadela que a fez cair, mas com o raio da vida. Quis muito chorar e deitar esta raiva cá para fora; não me importei de parecer a mais egoísta da casa por estar fula com toda esta situação. Não me interpretem mal: eu amo a minha mãe, dava a minha vida pela dela se preciso fosse e temos uma relação fantástica. Mas foi um golpe duro e que demorou algumas horas a aceitar. O meu último verão grande, o meu último verão como universitária, as minhas últimas férias grandes sem ter de me preocupar com trabalho. O meu verão pelo cano. Pelo segundo ano consecutivo. Doeu. 

 

[agora... é cuidar da mãe e esperar que passe rápido]

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