Tenho uma confissão a fazer
Acho que está na altura de abordar um tema fraturante da sociedade. É melhor ir direita ao assunto e não estar aqui com falinhas mansas: eu não gosto do boomerang. Pronto, já disse, é a verdade! Acho aquela aplicação uma chatice, fico farta de ver trinta vezes as mesmas coisas quando não têm piada ou assunto. Achei que tinha potencial quando saiu, mas rapidamente me apercebi que as pessoas generalizaram a sua utilização de tal forma que uma pessoa até foge quando vê um instastory com aquilo.
O boomerang só é giro quando há duas posições bem marcadas que contrastam entre si: quando as sobrancelhas sobem e baixam, quando a máquina fotográfica dá um flash, quando os olhos e a boca abrem e fecham. Percebem o conceito? A ideia não é mexerem o smartphone no meio da rua, como se fosse um filme rasca com shaky camera; o objetivo não passa por fazer um zoom literal nas coisas (que é como quem diz andar com o telemóvel para a frente e para trás); não é suposto apanhar as pessoas desprevenidas quando estão simplesmente a falar e a imagem se torna num conjunto de movimentos indecifráveis - e repetitivos - dos lábios.
O pior disto tudo é que há claramente fanáticos do boomerang, que utilizam a ferramenta para tudooo o que captam com a câmara. Mas as coisas ainda pioram se atentarmos ao facto de que publicam tudo isso nas instastories e no instagram, poluindo todo o nosso feed. Porque há coisas que têm piada e a verdade é que o boomerang foi criado com um propósito (que até faz sentido) - mas as repetições são tantas e passam tão rápido que é impossível ver o que quer que seja de forma decente. Por isso não passa mesmo de uma coisa com graça mas sem qualquer utilidade prática.
Hoje em dia os likes é que importam; o sucesso, a beleza e as capacidade de uma pessoa medem-se pela sua popularidade nas redes sociais e por isso quase nos sentimos olhados de lado quando admitimos não gostar de algumas destas coisas da moda. Mas, meus amigos, está na hora de quebrar o tabu e de dizer não às utilizações-estúpidas-e-desregradas-do-boomerang. Juntos somos mais fortes e sobreviveremos às 256 repetições que nos obrigam a ver diariamente em redes sociais alheias. Há que ter fé.