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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

11
Nov17

Web Summit: o rescaldo final

Acho que antes de começar este post devo fazer um disclaimer: em primeiro lugar, eu não paguei para ir ao WebSummit - como sou menor de 23 (ou 25? anos), o bilhete foi-me oferecido devido a uma promoção que na compra de dois bilhetes normais dava outro para um "entrepreneur"; em segundo lugar, fui lá como mera adepta das novas tecnologias e do conhecimento geral - há poucas coisas sobre as quais não goste de aprender e dada a vasta quantidade de talks disponíveis, achei que seria interessante e que enriqueceria a minha bagagem; em terceiro lugar, nunca esteve nos meus planos conhecer startups, (porque não ia investir nem escrever sobre elas) nem pessoas - o que, depois de lá ter estado, acho que é o core deste evento.

 

"O problema não és tu, sou eu". Acho que esta frase, tão comummente usada para terminar relações pelos quatro cantos do mundo, se aplica na perfeição no que diz respeito à minha visão da Web Summit. Acho que ficou patente no meu primeiro texto sobre o evento que eu não estava a adorar e a verdade é que, quando saí, não passei a gostar mais do que no primeiro dia. Não fui feita para viver em ambientes caóticos, cheios de gente, com barulhos e estímulos vindos de todos os lados. Mas era expectável que um evento com mais de 50 mil pessoas, metidas em cinco pavilhões, fosse assim: eu é que fui naive ao ponto de não me lembrar disso.

Acho que vale a pena ir quem, de facto, estiver interessado em conhecer parceiros de negócio. Mas é muito importante saber-se concretamente aquilo que se quer e ao que se vai, porque a oferta é tanta que, se não segmentarmos bem a coisa, o mais provável é passarmos o tempo entre vai-e-vem's. Eram imensos os balcões de startups, sobre tudo e mais alguma coisa, em que cada micro-empresa só tinha prá'i um metro quadrado para ter as suas coisas, o que tornava aquelas zonas sempre em sítios super caóticos. Para além disso, havia os stands das grandes empresas, que devem pagar balúrdios para lá estar. Eu sou sincera: não percebo muito bem o que é que muitas entidades estão lá a fazer, de um ponto de vista prático. Acho que a ideia é só estar presente no evento, marcar um X, gastar um dinheirão e depois voltarem de novo para as suas vidas.

Isto é o que acontece, aliás, com a maioria das pessoas. Percebe-se perfeitamente que muita gente está lá para fazer parte daquilo - basta ver a quantidade de pessoas que andava a fazer diretos enquanto passeava pela feira ou simplesmente esperavam que as filas da segurança andassem. Eu, como pessoa que fui lá para conhecer o evento mas principalmente para ver as talks, digo sinceramente que preferia ter ficado em casa. Foi giro conhecer, foi giro ter um badge com o meu nome e uma pulseirinha para o evento mais falado do ano, mas quando percebi que todas as talks a que fui - ou que queria ter ido - estavam no facebook, com uma qualidade de áudio e de imagem dez vezes melhor do que eu presenciei, arrependi-me um pouco das horas e do cansaço que ali dispensei. Acho que podemos comparar isto a um jogo de futebol: se quiserem sentir a adrenalina e a emoção, vão ao estádio; se querem ver tudo na mesma (ou ainda melhor) e estarem confortáveis, com opção de puxar para trás, parar para ir à casa de banho ou pôr o som mais baixo, enquanto estão sentados no sofá com uma mantinha nas pernas, ficam em casa. Isto sem esquecer a parte monetária: poupam umas boas coroas se decidirem ver as coisas à distância.

É difícil arrependermo-nos de coisas que queríamos mesmo fazer. Eu estava entusiasmada para ir, queria muito ouvir certas coisas, e por isso não estou triste por ter metido uma semana de férias para ir para a capital. Olhando para trás, confesso que não aprendi grande coisa: para além das talks serem muito superficiais, muitas vezes saíam dos tópicos iniciais - e nunca dava para fazer uma "pescadinha de rabo na boca" porque o tempo era tão pouco que nunca dava para fechar o ciclo ou tirar grandes conclusões. Outra das coisas que esperava e não aconteceu foi sentir-me inspirada: estava confiante de que ia ouvir histórias de empreendedores, de negócios ou histórias de vida que me inspirassem a fazer mais, mas nunca aconteceu. Ouvi muitas pessoas a falar, algumas muito interessantes, mas nunca me caiu o queixo de espanto - pelo contrário, estive mesmo para passar pelas brasas em algumas (sabem aqueles momentos em que os vossos olhos estão a fechar e vocês dizem expressamente ao vosso cérebro que isso não pode acontecer?). 

E porquê que nessas conferências, eu que eu já não ouvia nada, não me ia embora para outras que mais me interessassem? 1) Porque só para sair de um palco podia demorar dez minutos, tal era a quantidade de pessoas que estavam em pé atrás das cadeiras e que formavam uma barreira difícil de transpor; 2) porque contando o tempo que demorava a sair de um palco e chegar a outro, a conferência que me interessava já estaria a acabar; 3) porque por vezes somos obrigados a fazer escolhas chatas - e se eu queria estar numa talk, naquele palco, que não era imediatamente a seguir mas apenas 20 minutos depois, mais valia aguentar e esperar. Isto fez com que sacrificasse muito do que queria ouvir e ver - no primeiro dia não me apercebi disto, tentei andar sempre de um lado para o outro, qual barata tonta, mas não há hipótese senão fazer escolhas e sacrificar outras se não queremos acabar o dia com as pernas em gelatina e a cabeça em água. 

Para pessoas como eu que vão para lá para conhecer, para aprender e centrar-se em talks, aconselho a que fiquem em casa. No final do dia, depois de ouvir dez ou doze conferências, estava arrasada e sentia que tudo aquilo que tinha ouvido tinha caído em saco roto: e olhando à minha volta, com toda a gente a mexer nos telemóveis, penso que não era a única. O evento é giro em teoria, mas na prática - e a menos que sejamos supersónicos - não conseguimos disfrutar nem de metade.

Reafirmo o que disse no início: acredito que estes sejam dias de ouro para startups, investidores e entendidos. Para pessoas "normais", e julgando por tudo aquilo que vi (pessoas sempre na conversa ou nos telemóveis, sempre imensa gente nos espaços comuns e de come e bebes) tenho as minhas sérias dúvidas. Acho que é fixe fazer parte do Web Summit, é incrível as massas que aquilo aquilo movimenta, o dinheiro que traz ao país, o movimento que leva para a cidade, o investimento que atrai, os conhecimentos que proporciona: e é por isso que tanta gente vai. Eu também fui, vou guardar a minha credencial na caixa das recordações e relembrar estes três dias com graça. Mas uma coisa é certa: não volto.

07
Nov17

As minhas primeiras impressões sobre o Web Summit

Pois é: estou em Lisboa, para a cimeira tecnológica mais popular do universo. Depois de no ano passado ter ficado com alguma pena de não ter vindo, desta vez pude vir e estava com as expectativas em alta. A minha ideia era explorar o Web Summit ao máximo, mas também tirar o maior partido do meu tempo na cidade. Para já, fiz mais a segunda parte. Porque relativamente à primeira, tenho três palavras para vos dizer: UM. CAOS. COMPLETO!

Cheguei ontem à hora do almoço e fui fazer o registo, até porque tinha uma entrada para a Opening Night - onde acabei por não ir. Há uma constatação mais que óbvia: a organização é uma desgraça e podia ser muito melhor com pequenas coisas como cartazes ou pessoas informadas; formam-se filas que ninguém sabe bem para o que são e só se sabe que o nosso sítio não é ali dez minutos depois, as pessoas do evento não sabem dizer onde são os palcos ou zonas específicas do evento, o som durante as talks era muitas vezes miserável e os atrasos inaceitáveis quando se tratam de apresentações de 20 minutos que encadeiam umas nas outras. Para além disso, um detalhe que a mim me chateia e me entristece é ver centenas de voluntários em funções que deviam ser claramente pagas, como a registar pessoas ou a carregar os sofás para cima dos palco de cada vez que mudam os painéis.

De uma forma geral, como já se puderam aperceber, não fiquei muito impressionada. Gostava de dizer que todas estas desvantagens compensam com a qualidade das talks e das empresas presentes, mas o caos é tanto que nem sempre é fácil fazer uma avaliação isenta das coisas. Acho que depende também muito das pessoas: a mim as multidões stressam-me, deixam-me nervosa. Não estou sozinha no Summit mas ando, maioritariamente, sem companhia - não tenho a quem me agarrar, conversar ou descomprimir, por isso a minha vontade, como boa anti-social-desesperada-no-meio-de-70-mil-pessoas-a-tentar-fazer-networking, é aninhar-me a um cantinho e esperar que o barulho passe. Mas não passa. E eu vim para aqui por vontade própria e preciso de arranjar outra forma de lidar com os problemas sem ser em posição fetal. Por isso mentalizei-me de uma coisa: "estás sempre livre de sair". E foi assim que o dia correu - comigo stressada e a balançar esse estado de nervos com pensamentos apaziguadores como "não te preocupes que tens o oceanário aqui ao lado caso queiras silêncio". Aguentei-me histoicamente.

Como não vim para aqui em trabalho, mas sim como uma pessoa interessada em tudo o que é novas tecnologias, estava mais virada para as talks - podia dar uma volta nas startups e nos stands, mas não era a isso que pretendia dedicar o meu tempo. Preparei o meu horário, com bastantes mais coisas do que podia ver na realidade, e daquilo que vi e passeei já tirei algumas conclusões: 1) gosto muito mais de apresentações de uma só pessoa do que conversas moderadas por jornalistas - sinto que as primeiras já estão preparadas para agarrar o público, enquanto que os debates acabam por não ser tão pensados e por isso potencialmente menos interessantes; 2) o Altice Arena é, sem dúvida, o melhor local para as conferências porque têm o número de lugares sentados ideal, assim como condições de som e imagem; 3) a zona de comes e bebes é aparentemente grande, mas fica completamente lotada em horas de ponta - de tal forma que eu saí do recinto e fui ao Continente buscar uma baguete; 4) as melhores conferências são, às vezes, aquelas que não esperamos, por isso vale a pena dar uma hipótese.

Pontos a realçar de hoje: gostei muito do José Neves, da Farfetch, sobre o qual tantas vezes já escrevi; vi o Triple H no Altice Arena - não se pode dizer que tenha sido um sonho de infância, mas quase... tive muitos throwbacks com os tempos em que gostava de ver wrestling; duas das apresentações de que gostei e que não estavam nos meus planos eram com uma senhora do hotel Hilton (que falou da aplicação inovadora que têm) e o brand guy da Shell - fiquei muito bem impressionada, pela positiva. Ainda assim, uma das melhores coisinhas de hoje foi ter chegado ao hotel, tirado as sapatilhas e pôr os pés para o ar. O Web Summit pode ser fixe, mas não deixa de ser uma feira (lembrei-me bem dos meus dias em Munique)... e as feiras cansam pr'a carago. 

Vemo-nos amanhã, com as expectativas reajustadas e com um novo embate da realidade. Em caso de desespero, já sei: tenho sempre o oceanário ali ao lado. No final dos três dias faço um balanço que, tal como este post, não deixará de ser menos caótico que o próprio Web Summit.

 

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