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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

27
Jun22

Uma história com princípio, meio e sim: um ano depois

Hoje é dia de bodas de papel!

Um ano. 365 dias. Casei há um ano e tudo parece ainda tão fresco... Sinto que foi ontem, mas que se passaram um trilião de coisas pelo meio - coisas que, claro, nunca caberiam num espaço de vinte e quatro horas. Mas lá que parece, parece!

Este foi um tema muito batido no blog até ao final do ano passado - e penso que bastante maçador para alguns (desculpem!) -, ultrapassando qualquer recorde no que diz respeito às séries de textos já existentes aqui no blog (mesmo os das viagens). A rubrica "Uma história com princípio, meio e sim!" tem o equivalente a um pequeno livro de 45 páginas A4 - é muita letra sobre um só casamento, eu sei...

Tudo isto seria relativizado se os textos se tivessem diluído ao longo do tempo, mas a verdade é que eu agora pouco tenho escrito, pelo que basta recuar meia-dúzia de posts para se ter rápido acesso a tudo escrevi sobre este tema. Sei que este é mais um para o monte - mas sinto que é importante para mim fazê-lo. Passou um ano, caramba! Como é que estou, em comparação com há um ano? Quero refletir sobre esse contraste, do sítio onde me encontro agora versus o de onde estava (e não me refiro fisicamente); quero perceber a evolução da minha visão de um acontecimento que foi tão colossal e avassalador na minha vida; quero comparar o tamanho das feridas; quero olhar para trás e ver as diferenças - e, se calhar, o que tinha mudado no caminho para aquele dia.

Neste momento consigo comparar aquilo que sinto em relação ao bolo total do casamento (o dia e os seis meses de preparação) com a leitura de um livro já longínqua: fica a ideia geral - se gostei ou não da obra, dos sentimentos com que fiquei e as emoções por que passei enquanto folheava o livro, assim como uma visão muito genérica da história; mas os detalhes desvaneceram-se. Tenho um grande suporte com tudo o que escrevi aqui - coisas mais práticas sobre a organização de um casamento, que quis eternizar porque sei que a memória não dá para tudo -, mas os detalhes e meandros da história, tudo aquilo que foi central neste iceberg em que bati mas que só revelei a pontinha, foi desaparecendo - e ficam "apenas" os sentimentos de seis meses muito difíceis de gerir internamente, para além de uma série de temas-chave que ainda hoje me moem.

Tenho muito a tendência de rever mentalmente acontecimentos - não fosse eu uma overthinker clássica! -, de perceber o que podia ter feito diferente, de re-encenar discussões e chegar à conclusão de que devia ter dito isto e não aquilo. O casamento não é exceção - mas sei, neste caso em específico, que fiz o melhor que sabia e podia, tendo em conta as circunstâncias.

Ainda assim, por vezes, deixo-me cair nesta tentação de pensamentos com possibilidades infinítas e dou por mim a pensar: "fogo, se era para sofrer assim, mais valia ter partido a loiça toda e ter feito as coisas exatamente como queria! Que se lixassem os tradicionalistas - levava o Miguel comigo para decidir o vestido de noiva e ponto final. Se não queria a pessoa Y no casamento, não era convidado e ponto final. Se não queria fazer a primeira dança, não tinha sequer de dar explicações - e ponto final!". Mas no fundo sei que o "ponto final" é sempre mais um ponto na história - ou, se o quisermos ver de forma mais dramática, mais um prego num caixão que estava a ganhar forma caso eu não tivesse posto pés ao caminho. O sofrimento não tem uma escala: mas acho que podemos concordar que ele funciona como a Lei de Murphy - pode sempre piorar. E pioraria. Porque eu estava no limite do meu esforço: lutei as batalhas que consegui, venci algumas, mas sinto que perdi outras tantas. E essa mágoa, por se tratar do meu casamento (com aquilo que deviam ser as minhas decisões, as minhas vontades e as minhas expectativas), está ainda longe de ser ultrapassada. Tenho ainda um longo caminho pela frente, onde o principal fator é o tempo. Porque na verdade, ainda que hoje o meu pensamento predominante seja "já passou um ano", a minha cabeça sabe que na verdade deveria dizer: "calma, ainda só passou um ano...".

E enquanto o tempo passa - e, lentamente, cura... -, a vida acontece. E entre dias bons e maus, vem ao de cima a certeza daquilo que realmente importa: a de que tomei a decisão certa, independentemente de quaisquer pedras ou pedregulhos que me tenham atravessado o caminho. Que o Miguel foi a melhor prenda que a vida me deu, o acaso mais feliz que me aconteceu e a melhor escolha que eu podia ter feito. E que o correto era dar aquele passo, supostamente tão normal e inocente, mas que na verdade encapsula todo um conjunto de memórias, mágoas e dores que, hoje percebo, são normais em muitos casos - só não são é conhecidas nem expectáveis, uma vez que o mau tem sempre tendência para ser escondido e atirado para debaixo do tapete, ficando só as fotos com os sorrisos por cima da prateleira para toda a gente ver.

Eu optei por não esconder nada - até porque tornar-me visível foi uma parte muito importante para apaziguar a minha alma. E hoje, um ano depois, sinto muita coisa: mas, acima de tudo, muita felicidade por ter casado com o homem da minha vida. Sei, todos os dias, que fiz a escolha certa - e casar-me-ia de novo com ele, mesmo sabendo tudo o que sei hoje.

Há uns dias, ao passar numa montra de vestidos de noiva, demos por nós a comentar e a partilhar precisamente o mesmo pensamento, que a olho nu pode parecer um tanto ao quanto paradoxal mas que para nós faz todo o sentido: que o casamento é um dia bonito de viver e que voltaríamos a fazê-lo, um pelo outro; mas não o quereríamos reviver. A parte boa é agora, que já passou e virou memória. Porque o dia é uma experiência gira, mas o que vem a seguir é muito melhor. E nós ainda só vamos no início. 

 

01
Nov21

Uma história com princípio, meio e sim! #20

O casamento não foi o dia mais feliz da minha vida (e falemos de saúde mental)

Este vai ser o último texto que escrevo sobre o casamento (ou puramente sobre o casamento), mas é porventura o mais importante de todos. É sobre aquilo que está por detrás de todos os silêncios - Junho foi o único mês na vida deste blog em que não escrevi um só post - e das palavras um bocadinho mais amargas que foram apontando timidamente os meus textos sobre este tema (e que os mais atentos se podem ter apercebido). É sobre a pergunta que faltou no post anterior. Porque, na verdade, nunca perguntam - assumem simplesmente que foi verdade.

"O casamento foi o dia mais feliz da tua vida?"

A resposta é muito fácil. 

Não, não foi.

O meu casamento não podia ser, nunca, o dia mais feliz da minha vida porque foi o culminar de uma série de meses muito infelizes. Não foram felizes, acima de tudo, por questões familiares, mas também por uma gestão de expectativas dificílima. Nunca quis casar, mas sem saber tinha todo um plano construído para esse dia - e que, claro, não se refletiu na realidade.

E se as minhas expectativas iam esmorecendo à medida que as coisas iam avançando - o vestido de noiva sendo o momento mais marcante, um dos maiores baldes de água fria de toda a minha vida - a expectativa maior, a do "dia mais feliz da minha vida", era o epíteto da minha infelicidade. Até que percebi que não era a única. Aqui e ali, quando me ia abrindo sobre o assunto, algumas pessoas iam partilhando comigo as suas histórias de casamentos não-assim-tão-felizes. A manicure falou-me do trauma com que ficou do seu primeiro casamento; a minha mãe contou-me sobre uma rapariga que chorava a cântaros na cabeleireiro, aquando da sua prova de cabelo, por se achar horrível a cada mecha de cabelo que lhe prendiam. E eu, que até aqui me perguntava muitas vezes porque é que as pessoas não tinham fotos do seu casamento expostas pela casa inteira (porquê, se era sempre um dia tão feliz?!), cheguei a uma conclusão: se calhar não é o dia mais feliz da vida de muitas pessoas. Ingenuamente ou não, eu não tinha essa noção. Acima de tudo porque as pessoas não falam do assunto. E é aqui que eu entro.

A pessoa que mais chocada e magoada poderia ficar com esta informação seria o Miguel, o homem que me pediu em casamento - mas ele sabe, melhor que ninguém, tudo o que se passou. Como tal, e apesar de não ser a verdade mais bonita do mundo, eu não tenho pudores em partilhar a minha experiência e poder ajudar a acabar com este mito, de forma a normalizar sentimentos mais negativos que se possam sentir durante toda a odisseia que é organizar (e a viver) um casamento. No fundo, à luz do que aconteceu nos últimos anos em relação à maternidade: se antes só se diziam coisas boas, agora pinta-se esta questão de outras cores, muito mais parecidas à realidade. A verdade é que isto é universal: nada é um mar de rosas. Mas este tipo de questões que prestam um papel central na nossa vida, que são vistas como pilares e conquistas, faladas desde crianças, têm uma identidade muito profunda e muito própria dentro de nós.  

Desde muito cedo que vemos desenhos animados de princesas, que casam com vestidos de noiva cintilantes, lindos e grandiosos. São sempre bonitos, elas sempre magras e com o cabelo impecavelmente arranjado. Crescemos e passamos a ver comédias românticas em que o final é sempre o mesmo: tudo acaba bem, os protagonistas apaixonam-se e casam-se; elas já não são em duas dimensões como víamos em crianças, mas continuam lindas e esbeltas, e tudo corre bem, finitto, felizes para sempre. 

Quer queiramos, quer não, isto fica no nosso subconsciente. E quando um dia somos nós naquele papel que tanto sonhamos (ou não, como era o meu caso), é aquilo que projetamos para nós e para o nosso dia - mesmo sendo uma ideia totalmente irrealista.

A parte prática do casamento deu-me um gosto tremendo, apesar de ser muito trabalho para o número de horas em que se desfruta de tudo aquilo que se planeou. Mas a parte emocional deu cabo de mim. Dei por mim no fundo do poço. Eu e a minha dor, aparentemente invisíveis. Vivi dias negros, ao ponto de não querer casar - e é algo que ainda hoje me dói a pensar, pois ponho-me no papel do Miguel e imagino o quão duro é ouvires a tua noiva dizer que já não se sente com forças para ir para a frente com aquele plano conjunto, que oficialmente vos tornará família. Foi a maior provação que vivemos enquanto casal, e sei que se as nossas bases não fossem bem fundas e as estruturas bem trabalhadas, provavelmente não estaríamos aqui hoje. Foi doloroso para mim, que estava a sentir tudo - mas para o Miguel não terá sido melhor.

Cheguei a um ponto em que me faltavam as forças para ir trabalhar, em que ficava a dormir de manhã para conseguir fazer algo durante a tarde. E foi aí que decidi que isto tinha de parar e recorri à ajuda de uma terapeuta para conseguir gerir tudo aquilo que me estava a deixar arrasada. 

Foi um ato de desespero profundo, em que usei a minha máxima de que só são precisos 20 segundos de coragem para se ir em frente nos casos em que temos muito medo do que nos vai aparecer pela frente. A partir do momento em que liguei, sabia que não seria capaz de desmarcar - e, daí para a frente, era só enfrentar a agenda, o dia a dia, e tudo iria correr pelo melhor. E a verdade é que correu. Exigiu coragem - enfrentar os nossos demónios é duro, doloroso, quase penoso às vezes - mas compensou pela qualidade de vida que me deu quase de forma imediata. 

Sei que estas duas dezenas de textos que escrevi sobre o casamento foram demasiado extensas para o interesse público, mas constituíram mais uma forma de fazer as pazes com aquele processo que tanto me custou a percorrer. Este blog sempre foi o espaço que utilizei para desanuviar, organizar ideias e racionalizar emoções que não tinha capacidade de processar de outra maneira - e de, ao mesmo tempo, ajudar os outros.

Sempre vi esta plataforma como uma oportunidade e um meio de contribuir com algo de positivo para a comunidade e, mais uma vez, chegou a hora de fazer mais do que mostrar coisas giras, viagens ou compras. Não tenho vergonha nenhuma em dizer que faço terapia - e, como isso ainda é raro, quero "dizê-lo" aqui, a alto e bom som, para que alguém, algures, numa má fase da vida, possa ler e achar que também é pertinente e faz sentido para si. A saúde mental é um tema tabú para a maioria - eu diria que até que por muitas pessoas que frequentam psicólogos - e eu sinto que, por estar tão à vontade com isto, tenho a responsabilidade de partilhar a minha experiência. O desconhecimento causa medo - e o medo afasta-nos de coisas tão simples como falarmos da nossa vida e desanuviarmos! 

Se é fácil? Não, não é. Se os resultados são imediatos? Não, não são - e não são poucas as vezes em que, no próprio dia, parece que nos passou um camião em cima. Se é estranho falarmos com alguém que não conhecemos? É - mas é tão libertador podermos falar de tudo sem amarras, sem medo de fofocas ou de julgamentos! É necessária uma mente aberta, capacidade de foco e, acima de tudo, muita vontade em recuperar e cooperar. Ali não é sítio para fugir dos problemas - é o local onde os reencontramos. Mas também é o mesmo onde finalmente os resolvemos. Percebemos que é essencial ouvirmo-nos, em voz é alta. E que é igualmente importante  sentirmo-nos ouvidos.

Acho que apesar de existir um apelo grande para uma maior consideração das doenças e problemas do foro mental, há ainda muito pouca partilha de experiências. Apela-se muito ao "despreconceito", à difusão de informação, mas na hora H é difícil encontrar alguém que assuma já ter ido, que explique o porquê e que normalize esse comportamento. Mais raro ainda é ter alguém que nos dê uma referência, um nome, algo para nos agarrarmos. As pessoas dizem-se despuduradas em relação à terapia ou aos anti-depressivos, mas quando chega o momento de marcar a consulta ou de levantar a receita, não o fazem. "Não estou maluco", é o diálogo interno mais comum.

Pois bem: eu também não sou. Para quem não me conhece, eu apresento-me: chamo-me Carolina, tenho 26 anos e sou feliz - apenas tenho muitos momentos de infelicidade. Fui uma filha muito desejada, tive muito amor numa família enorme e uma infância óptima. Olhando para trás, diria que tive um único episódio traumático a destacar. Não tenho nem nunca tive dificuldades financeiras, nem problemas de saúde graves. Estou há três anos à frente de uma fábrica têxtil, o que sempre foi o meu sonho. Saí de casa com 24 anos, fui pedida em casamento aos 25 e casei-me aos 26. Tenho um marido maravilhoso. E sim, ando na terapia - não por capricho, não por moda, mas porque precisei. Não por traumas, mas por processos que nunca consegui desenvencilhar. Muito prazer em conhecer-vos. 

Este texto devia ter saído no dia 10 de Outubro, dia Internacional da Saúde Mental - mas não consegui ter prontos  todos os posts do casamento antes desta data e acabou por me agradar fazê-lo fora de horas. Primeiro porque assim não seria só mais um no meio de tantos outros que se lêem nesse dia; segundo para passar para a prática aquele mote de "todos os dias devem ser dias em prol da saúde mental". Hoje é, por isso, um dia tão pertinente como qualquer outro - pois todos são importantes. Foi num dia igual a este que eu pedi ajuda; foi graças a alguém que me deu uma referência, mas acima de tudo foi graças a mim. E esse foi o dia do ano em que eu mais me ajudei a mim própria. 

No meu caso o casamento e a terapia andam juntos por uma simples relação de causalidade. E se por um lado é triste que uma festa destas, que devia ser só pautada por momentos felizes, de partilha e muito amor, acabe na poltrona de um psicólogo (lá está, expectativas: não era isto que eu esperava quando o Miguel me pôs o anel no dedo), por outro foi uma decisão que me ajudou de forma transversal, não só para resolver o problema que eu estava a viver naquele momento. Por isso este acaba por ser, sem querer, um bom exemplo do que é a psicoterapia: não muda o passado - altera simplesmente a nossa relação com ele, ajudando-nos numa primeira fase a sobreviver no presente - e depois a vive-lo com plenitude. Aprendi a lidar com as coisas, a estar atenta a gatilhos, a tornar-me visível sem que isso implique conflito; enfraqueci as dores associadas a algumas memórias, que passaram a deixar-me respirar com muito mais facilidade. E, assim, sobrevivi aos últimos meses de organização do casamento, conseguindo até desfrutar do próprio dia, algo que em muitos momentos duvidei que seria capaz.

Um par de meses depois do casamento, enroscada no Miguel à noite, perguntei-lhe se aquele tinha sido o dia mais feliz da vida dele. Depois de responder, não me lançou a réplica: "e para ti, foi?", que normalmente faz com que uma conversa role durante uns minutos. Depois da pausa, fiz eu a questão de lhe dizer: "não perguntaste se tinha sido o meu..." Ao que ele diz: "já sei a resposta". 

A resposta é que eu adoro estar casada - adoro andar de aliança, adoro dizer que ele é meu marido (e não namorado) - e que não me arrependo um segundo de tudo aquilo que percorremos e fizemos. Mas a verdade é que de facto aquele não foi o dia mais feliz da minha vida - embora também não consiga dizer qual foi. O meu casamento foi um dos dias mais completos e cheios desde a minha existência, mas esse caos de pessoas e emoções não é sinónimo de felicidade para mim. Houve momentos muito felizes no casamento - e é a coletânea de vários momentos que perfaz, no final do dia, "um dia feliz". O casamento foi só mais um. Um no meio dos tantos que já vivemos - e viveremos - juntos. 

26
Out21

Uma história com princípio, meio e sim! #19

As perguntas e as respostas que faltavam

Agora que já esmiucei tudo o que sei (e que me lembrei) sobre o casamento, já não resta muita coisa sobre que falar no que a este tópico diz respeito. No entanto há sempre alguma coisa que escapa.

Há uns tempos abri uma caixa de perguntas no meu instagram para responder às dúvidas que tivessem, pois já tinha em mente fazer um post mais rápido e prático para falar sobre um ou outro tema que não tivesse mencionado nos meus textos anteriores. Mas vou ser sincera: só fizeram duas perguntas (não dava claramente para influencer...). No entanto, como uma mulher prevenida vale por duas, já tinha uma série delas apontadas para fazer a mim própria. Aha! ;)  

 

Achas exequível preparar um casamento "apenas" com seis meses de antecedência, sem grandes stresses?

Não só acho exequível como saudável - acho que se tivesse preparado o casamento com dois anos de antecedência estaria hoje a dar com a cabeça na parede. Um casamento acarreta muitas emoções (não só no grande dia) e expectativas - e quanto mais tempo passa, mais vamos juntando e carregando às costas. Em seis meses conseguimos manter os pés assentes na terra e focarmo-nos no essencial, sem tempo para grandes divagações. Agradeço todos os dias não ter estendido o prazo de preparação!

É lógico que temos de ter a noção de que não estamos a respeitar os timings normais do processo e, por isso, teremos de lidar bem com a pressão e com os "não"'s que aparecerão pelo caminho. Vão sempre dizer-vos que é muito em cima da hora, que têm de encomendar o vestido naquele dia senão pode não chegar a tempo do casamento e é provável que não consigam o fotógrafo que sonhavam. A vantagem é que não faltam alternativas para todos os gostos e preços - e, às vezes, até há males que vêm por bem ;) 

 

Fizeste despedida de solteira?

Não, não fiz. Mas fizeram-me! Nem eu nem o Miguel queríamos organizar algo o género; primeiro porque não adoramos o conceito e segundo porque estávamos mais do que contentes por deixar a condição de solteiros, não fazendo grande sentido fazer uma festa para nos despedirmos. 

Mas a minha irmã e cunhadas decidiram fazer uma celebração, prometendo que não havia véus ou bolos em forma de pila, por isso alinhei. Assim, as raparigas foram fazer uma visita ao Chá Camélia, com direito a degustação e lanchinho; os rapazes, organizados pelo meu irmão, foram para os karts. Depois juntamo-nos todos em casa dos meus pais e fizemos uma churrascada.  Para nós só assim fazia sentido festejar: juntos, só com a presença dos que nos são mais próximos.

Acabou por ser um dia muito feliz e muito especial, porque senti que houve um cuidado extra connosco e para com os nossos limites (porque não queríamos rambóia, grandes festas, ajuntamentos ou porcalhices). Foi uma festa como as que gosto: com família, conversa, comida e, acima de tudo, muita partilha. 

 

Fizeram lista de casamento?

Não, não fizemos. Já vivemos juntos há dois anos, temos a casa completamente mobilada, por isso não fazia grande sentido estar a pedir coisas que já temos ou que não precisamos. A ideia inicial era abrir uma "conta" numa agência de viagens, de forma a que as pessoas pudessem dar dinheiro de uma forma discreta e para um objetivo concreto; acabamos por não o fazer porque, tendo em conta a época que vivíamos (covid), sabíamos que, se algo não corresse bem, o dinheiro numa agência ficaria provavelmente a arder. 

Assim, quem quis, deu dinheiro - alguns em envelopes no casamento, outros fizeram transferência. Confesso que para mim não foi um processo agradável - não gosto de pedir dinheiro a ninguém, e estar a dar o NIB foi um bocadinho estranho (e quase presunçoso); pensamos em várias soluções para que isto não acontecesse, mas não conseguimos nenhuma que funcionasse bem, daí termos optado pelos métodos clássicos. 

Há muita gente que não gosta de dar dinheiro e, à falta de sugestões nossas, várias pessoas arriscaram: recebemos vários quadros (muitos deles pintados pelas pessoas em causa, todos eles incríveis), algumas loiças e coisas para a casa, assim como joias. 

 

Em quê que o Covid afetou o casamento?

O nosso casamento foi no primeiro fim-de-semana após sair a portaria que indicava que grandes eventos exigiam testes covid à entrada. Podia ver isto como uma grande chatice, mas devo admitir que para mim foi um descanso! Já era algo que eu queria que acontecesse, mas a única coisa que podia fazer era pedir e sensibilizar os convidados para se testarem antes do casamento. Porque a verdade é uma: eu não confio no bom-senso das pessoas e desconfio muito quando se queixam imenso de fazer um teste que dura dez segundos. Por isso ter alguém acima de nós que obrigasse a este procedimento foi ouro sobre azul.

Podia ter corrido mal, pois foi muito em cima da hora - mas nisso a quinta fez um trabalho irrepreensível e rapidamente recrutou duas enfermeiras, que estiveram à entrada do recinto a fazer os testes, enquanto as pessoas ainda estavam no carro. Por razões óbvias não testemunhei este processo mas soube depois que correu tudo bem, de forma rápida, prática e ágil. Toda a gente deu negativo - o que foi um descanso! - mas também aqui há o revés da moeda: as pessoas relaxaram e depois da cerimónia já não havia máscaras para ninguém. O risco éramos nós. A quinta era grande, estávamos ao ar livre e as pessoas distantes, mas o elo comum eram os noivos... a quem toda a gente se agarrou. Bastou um beijo e um abraço para que todos se esquecessem dos meses de confinamento, dos infetados e dos esforços até ali; e eu e o Miguel estávamos no olho do furacão, não havia nada que pudéssemos fazer para travar aquilo. Tivemos essa noção clara: se alguém estivesse infetado (e por alguma razão tivesse dado negativo, o que é mais do que possível), eu e ele estávamos feitos ao bife e teríamos sido de certeza um elo de transmissão. Felizmente tudo correu bem e foi uma festa covid-free.

Fora isso, foi-nos imposta uma limitação no número de convidados. O salão principal da quinta tem capacidade para 300 pessoas, pelo que o nosso limite eram 150. Tivemos 133. Na verdade até foi bom, porque nunca quisemos uma festa muito grande e assim tínhamos a desculpa perfeita para não convidar tios-avós ou família afastada, obrigando-nos a cortar na lista de convidados logo à partida.

Por isso, sim, houve restrições. Mas nenhuma piorou a festa - pelo contrário.

 

Convidaste todas as pessoas que querias?

Sim e não. Convidei todas as pessoas essenciais, mas há outras que gostava de ter convidado e não convidei. Não o fiz, em primeiro lugar, por causa do Covid - a lista estava apertada, não sabíamos se iria haver desistências e preferimos jogar pelo seguro; segundo porque são, na sua maioria, pessoas desenquadradas. Todas elas são pessoas amigas, mas vindas daqui e dali, sem qualquer elo em comum com os restantes. E se por um lado o gesto de convidar alguém é bonito e generoso, por outro acho muito chato estar num evento onde não se conhece ninguém. Nessas situações eu sou a primeira pessoa a pôr-me de parte e dizer que não vou, e não queria pôr os outros nessa situação (mesmo que não se sintam tão desconfortáveis quanto eu). Foi uma decisão feita em consciência.

 

Foi difícil fazer a distribuição por mesas?

Dizem que é das partes mais chatas e difíceis na preparação de um casamento, mas confesso que no nosso caso não foi nenhum bicho de sete cabeças. Eu e o Miguel tivemos formas diferentes de dividir as pessoas das nossas respetivas famílias: eu juntei as pessoas por geração (tios com tios, primos com primos, amigos com amigos - e juntava pessoas da mesma idade mesmo que não fossem família direta); o Miguel optou por juntar agregados familiares (pais, filhos e netos na mesma mesa).

As duas formas funcionaram muito bem, mas de um ponto de vista prático diria que minha tática é melhor e mais flexível, pois trabalha normalmente com casais (duas pessoas), enquanto que o Miguel tinha de ter em conta quatro, cinco ou seis pessoas de cada vez. Enquanto se está a testar soluções, a encaixar este aqui e aquele ali, é muito mais fácil movimentar "duas peças" e encaixá-la numa mesa do que movimentar números maiores. 

 

É verdade que o dia passa num ápice e os noivos não comem nada?

O tempo é um conceito relativo. Enquanto estava presa no camarim ou na viagem para a quinta os minutos não queriam passar; já durante a festa, o tempo foi-se num fósforo. A verdade é que, pela hora do almoço, perdemos completamente a noção das horas - e quando demos por isso já tínhamos derrapado no nosso horário e não sabíamos como.

Em relação à comida: a parte dos buffets é complicada e, de facto, come-se pouco ou nada. Há sempre pessoas a falar connosco, alguém a querer tirar uma fotografia ou a dar mais um abraço. No entanto comi todos os pratos do almoço e fiquei bem servida para o resto do dia, por isso não me posso queixar de ter tido fome. Mas contra factos não há argumentos: dos buffets que foram servidos - um logo depois da cerimónia e outro depois do concerto, à tarde - só comi umas perninhas de caranguejo, um croquete e um pouquinho de ananás. À noite não vi sequer o buffet de sobremesas e só consegui apanhar o resto do rodízio à brasileira, já muito mal servido (porque já tinham comido t-u-d-o!). 

A verdade é uma: uma pessoa paga e não come nem experimenta metade das coisas que escolheu. Mas faz parte. Comer um bom pequeno-almoço é um truque essencial, assim como aproveitar a hora da refeição sentada para conseguir abastecer e ganhar forças para o resto do dia.

 

Qual foi o momento mais difícil de gerir?

Emocionalmente, foi o momento do discurso para os nossos pais - curiosamente foi mais pesado do que a cerimónia em si, apesar do meu coração ter ficado muito apertado quando viu o Miguel a chorar baba e ranho no altar.

A nível logístico foi, sem dúvida, o momento após a cerimónia, em que toda a gente vem falar connosco, abraçar-nos, beijar-nos e parabenizar-nos. A certa altura eu e o Miguel já estávamos a uns valentes metros um do outro, separados pela multidão que nos arrastava para um lado e para o outro. É um momento caótico. 

 

Os vossos convidados fizeram alguma tropelia ao vosso carro ou casa?

Toda a gente sabe que eu detesto surpresas e sou muito careta em relação a alguns assuntos. No que diz respeito à casa, o Miguel ainda é mais rígido que eu e era uma linha que não queríamos que ninguém ultrapassasse: na casa, não se podia mexer. E foi respeitado.

Já o carro, eu própria dei luz verde e pus o meu à disposição - gosto muito dele, mas não deixar de ser um objeto para me fazer deslocar de um lado para o outro, por isso não me importava que o sujassem ou pusessem coisas lá dentro. Acho que há limites - mas, mais uma vez, estiveram muito longe de ser ultrapassados. Foram só dezenas de balões, muitas pétalas e uma quantidade significativa de preservativos (ainda vou descobrindo alguns de vez em quando, enfiados nos buracos mais recônditos do automóvel)- e uns laçarotes fora do carro, assim como uns desenhos amorosos a dizer "viva os noivos". Tive muita sorte.

 

Como é possível o teu irmão ter-te casado? É padre? 

O meu irmão não nos casou - simplesmente realizou a cerimónia no dia do nosso casamento. Normalmente o que se faz nestes casos é casar pelo civil na própria quinta; marca-se com o conservador e ele dirige-se ao espaço que escolhemos e faz lá todo o protocolo de um ato de matrimónio. A questão é que este é um processo chato, em que lêem o nosso nome 5 vezes, a nossa morada, contribuinte e por aí em diante... não seria uma cerimónia bonita e pessoal conforme tínhamos sonhado. Para além de que ainda teríamos de pagar um extra pela deslocação do conservador e pelo facto de trabalhar ao fim-de-semana.

Por isso optamos por casar na sexta-feira anterior pelo civil - fomos só nós os dois, na conservatória, num momento rápido e muito simples, mas muito feliz - e fizemos uma cerimónia à nossa medida no dia da festa do casamento. O meu irmão não é padre, nem conservador, nem cerimoniante - é simplesmente alguém com à vontade para falar em público, com capacidades para aquele papel e com um sentido de humor e sensibilidade que fez com que achássemos que fosse o ideal - isto para além de ser meu irmão, o que tornou tudo ainda mais especial.

 

Conta um pormenor emocional do teu casamento.

Uma das mesas do nosso casamento era composta por pessoas que já faleceram - nomeadamente os nossos avós, um familiar do Miguel e a D. Joaquina. A mesa estava mesmo lá, com velas. Foi um pormenor que passou ao lado da maioria, mas que para nós era importante. Enquanto fazíamos as listas de convidados foram todos nomes que nos passaram na mente, que sabíamos que ficariam felizes por estar ali, mas que já não podíamos convidar. Iam estar presentes de qualquer das formas - na nossa memória, nos nossos corações e nos de muita gente que lá estava - mas assim ficou visível a nossa vontade (e tristeza) por não terem durado o suficiente para partilharem aquele momento connosco. 

 

Conta uma coisa que te surpreendeu pela negativa.

Nunca achei que isto fosse sequer uma coisa em que eu fosse reparar, mas reparei - e o mais engraçado é que não fui a única. Depois do casamento há uma expectativa um bocadinho parva de vermos os nossos fornecedores a partilharem pormenores do nosso casamento - da mesma forma que vemos a partilha de imensas fotos e vídeos de outras celebrações nas suas redes sociais. No meu caso, não aconteceu: nem a quinta, nem o vestido de noiva, nem os músicos...

Inicialmente o que me passou pela cabeça foi "será que o meu casamento foi assim tão mau que ninguém quer partilhar?", mas pouco depois assentei os pés na terra e a ideia passou-me. Nos contratos que assinei e nas compras que fiz não havia nenhuma cláusula que dissesse que eles tinham de partilhar conteúdos relacionados comigo ou com o meu casamento; se ficamos satisfeitos com o serviço, se correu tudo bem e houve respeito de parte a parte, não há nada mais a acrescentar. Qualquer partilha seria um bónus e um afago ao meu ego. A verdade é que ninguém, para além de mim ou do Miguel, tem de adorar o nosso casamento. O que importa é nós adorarmos. O resto é paisagem - mesmo que o ego se queixe.

 

E outra pela positiva.

Primeiro, a qualidade do bolo. Tendo em conta as massas de bolo que experimentamos antes do casamento eu antevia um desastre (neste caso dou o braço a torcer e sei que sou muito esquisita, mas aquelas massas não agouravam nada de bom). Escolhemos o bolo mais simples - pão de ló com doces de ovos - e foi um absoluto sucesso, imensa gente adorou. E eu própria confirmo: quando no momento do corte do bolo pus um pouco da fatia à boca, as minhas papilas gustativas até ficaram de queixo caído. Estava fofo, fresco e óptimo! (Ah, e não era de esferovite - as três camadas eram mesmo todas de bolo).

Segundo, a qualidade da comida. Esperava uma coisa mediana - é o que espero sempre (senão pior), quando há mais de uma centena de refeições quentes para servir ao mesmo tempo - mas fiquei muito surpreendida com a qualidade da comida e a sua apresentação. Estava tudo saboroso e bonito. A prova foi a (pouca) comida que sobrou nos pratos e a quantidade de pessoas que quis repetir. 

 

Quanto é que custa, afinal, casar?

O custo de um casamento é muito, muito variável. Tudo é opcional e mutável, e cada escolha tem um custo associado. Caso quiséssemos, havia quintas e fotógrafos cujos orçamentos eram metade daquilo que pagamos, por exemplo. Depende muito do budget e prioridades de cada um. Para dar uma ideia, e porque sei que é difícil encontrar respostas concretas neste sentido (o pessoal foge dos números como quem foge da cruz), no nosso caso, o valor por cabeça (da quinta) acabou por rondar os 130 euros. O custo total, já com todos os serviços mas excluindo a lua-de-mel, rondou os 30 mil euros. Parece-me muito difícil gastar menos de 15 mil euros (isto tendo em conta o meu número de convidados e alugando uma quinta) num casamento.

 

Dá um conselho prático a alguém que se vá casar em breve.

Podem ser dois? Um para o planeamento e um para o dia:

1. Fazer uma folha de excel com todos os custos associados ao casamento - é muito fácil perder a noção das coisas quando estamos a fazer negócios em catadupa e quando desejamos que tudo seja perfeito. Acrescentem também quem pagou o quê (por vezes os padrinhos ou os pais gostam de pagar algum item em particular, por exemplo). Quando chegar o dia do casamento, e no caso de receberem dinheiro, apontem também quanto receberam e tentem perceber se o que vos deram cobre os custos do casamento.

2. No grande dia distribuam tarefas por pessoas da vossa confiança - não se vão lembrar de tudo. Querem uma foto de família com todos os primos? Querem fotos do momento da troca das alianças? Querem vídeos dos vossos votos? Distribuam as tarefas com antecedência e responsabilizem as pessoas para agilizar este tipo de tarefas, para que no grande dia apareçam feitas sem se dar por isso. 

 

Mudarias alguma coisa naquele dia?

Tudo o que mudava foram as coisas que desejava à partida que fossem diferentes, e não foram. Antes do grande dia, mudava toda a saga do vestido de noiva e faria com que o Miguel fizesse parte do processo. Arranjar-me-ia com ele e eventualmente entrava com ele no casamento, poupando aquela entrada do demónio até ao altar. Não sei se mandava fazer o vestido onde fiz, nem se levava o cabelo apanhado.

 

Tiveram a ajuda de algum wedding planner?

Não. A única pessoa que nos deu alguma ajuda prática foi a senhora da quinta, que nos acompanhou durante todo o processo do casamento, mas nada digno de menção. Deu-nos apenas algumas sugestões e inputs segundo a experiência dela.

 

Qual foi o dinheiro mais bem investido e o mais mal investido no vosso casamento?

Diria que a quinta foi o dinheiro mais bem investido, tendo em conta que é o serviço mais importante e completo, assim como o investimento mais avultado. Isto a par do fotógrafo/videografo, serviço a que eu dou particular importância. O pior terá sido o DJ - não porque era mau (pelo contrário), mas porque pouco usufruímos do seu trabalho. 

 

Qual foi a decisão mais difícil? E a mais fácil?

Por mais ridículo que pareça, uma das coisas que mais tempo nos roubou foi a decisão das músicas para os momentos chave. Foi difícil decidir e chegar a um consenso - ao contrário do que aconteceu em relação à escolha de todos os fornecedores principais, em que fomos rápidos a escolher e tivemos sempre de acordo.

Uma das decisões mais rápidas foi a do fornecedor dos convites, pois foi amor à primeira vista - mas na verdade foram quase todas fáceis, embora algumas tenham envolvido mais pesquisa e, por isso, mais tempo até chegarmos a uma decisão.

 

O quê que não funcionou como desejarias?

As histórias por detrás das ementas. Tenho pena que não lhes tenha sido dado o devido valor e atenção.

13
Out21

Uma história com princípio, meio e sim! #18

Os momentos de um casamento diferente

A entrada dos noivos (errrr, perdão - do noivo)

Basta recordar um dos momentos mais marcantes do meu casamento para se perceber que se tratou de uma cerimónia diferente do habitual. Ao contrário de todos os outros, é da entrada do noivo que todos se lembram. A minha entrada foi "normal"; a do Miguel foi "A" entrada. 

Começou por ser uma ideia "parva" e um tanto ao quanto descabida... até ao momento em que se tornou realidade. Os meus sobrinhos, ao saberem que as irmãs/primas iam ser as minhas meninas das alianças, indignaram-se por os rapazes não terem nenhum papel de destaque no casamento. Aí o Miguel lembrou-se de os incluir na sua entrada... mas com um twist inesquecível: os rapazes escoltariam o Miguel até ao altar ao som da Marcha Imperial do Star Wars, todos vestidos a rigor: Stormtroopers, Boba Fett e Darth Vader. Correu tudo lindamente: os miúdos guardaram segredo (até dos pais!) durante uns cinco meses, os fatos eram super giros (mandamos vir da Amazon) e toda a gente ficou a perceber que não estavamos ali para brincar - pelo menos na parte em que dissemos que aquele ia ser um casamento para mais tarde recordar, recheado de trunfos na manga, que guardamos em copas durante todo aquele tempo.

Eu e o meu pai, presos no camarim, fomos os únicos que não testemunhamos este momento - mas soube, mal entrei, que tinha sido épico. 

A minha entrada é dos momentos que não gosto particularmente de recordar: primeiro porque estava chateada por ter estado tanto tempo presa no camarim, segundo porque fiquei ainda pior quando percebi que a música que estava a tocar não era a correta e terceiro porque contempla um momento de sufoco para mim, em que já consigo olhar para o altar e vejo o Miguel a chorar como uma perdido à minha espera. Para muitos é fofinhó-coiso, para mim é só sinónimo de sofrimento, ver alguém a chorar assim, mesmo que seja de emoção ou felicidade.

Por isso a entrada resume-se a isto: ao Miguel, ao seu Star Wars e eu, finalmente, a chegar até aos braços dele. 

 

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Os votos e a cerimónia

A cerimónia foi feita pelo meu irmão mais novo - algo que, mais uma vez, partiu de uma ideia à partida parva e descabida, mas que acabou por se tornar realidade. Os meus irmãos são das pessoas mais importantes da minha vida e eu queria muito que tivessem um papel preponderante neste momento. Assim, a minha irmã e o meu irmão mais velho foram os padrinhos - uma escolha particularmente difícil no campo masculino, tendo em conta que tenho dois irmãos e não queria deixar um de fora. A solução? Incluir o não-pradrinho na cerimónia e, assim, cada um teria o seu papel.

No início ainda estivemos na dúvida sobre o que fazer: levar o conservador à quinta, contratar um cerimoniante ou arriscar de facto no meu irmão para esse papel. Fomos pela última hipótese; costumo dizer que é o meu irmão palhaço, por isso aquilo tinha tudo para correr bem. Queríamos muito que a cerimónia fosse intimista, muito nossa; que o cerimoniante nos conhecesse, que conseguisse falar com conhecimento de causa. A vantagem aqui era poder juntar uma pontinha de humor e que, embora emocional, a cerimónia fosse também divertida para quem estivesse a assistir.

Mais uma vez foi uma "idiotice" que nos saiu melhor que a encomenda. O meu irmão, nervosíssimo, foi muito mais sério no discurso do que aquilo que eu imaginava - mas saiu-se lindamente, com palavras lindas e muito emotivas também.

As madrinhas leram um texto cada uma (com muitas lágrimas à mistura) e depois chegou a nossa vez. O dele lido com a voz embargada e carregado de emoção; o meu, já quase decorado de tantas vezes o ter rescrito e relido, declamado ao mesmo tempo em que olhava de soslaio para o meu marido, com direitoa algumas piadas pelo meio, para que tudo aquilo não fosse só choro. Foram momentos muito bonitos e muito especiais, em que o poder das palavras tomou uma dimensão enorme e nos encheu o coração de amor. 

 

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A entrada na sala

Confesso que sempre achei este momento-cliché um bocadinho parvo, mas acabou por ser provavelmente o meu preferido de toda a festa. Primeiro porque foi precedido pelos únicos cinco minutos que tive sozinha com o Miguel, no camarim, enquanto toda a gente entrava na sala e se sentava - e como é bom saborear o silêncio num dia como este, ao lado da pessoa que está no olho do furacão connosco! Segundo porque foi genuinamente feliz e improvisado, desprovido de stress, tensões ou emoção em demasia e em que a música (Crazy Little Thing, dos Queen) estava em harmonia perfeita com o nosso estado de espírito. Diverti-me imenso a rodear as mesas, a dançar (sob o olhar de espanto dos meus convidados) e a poder olhar para as pessoas que partilhavam este dia connosco. Com o bónus de, no final, termos dado abraços bem apertados às duas mesas mais especiais do nosso casamento: a nossa (com os nossos pais) e a dos padrinhos. Recordo-o com saudade.

 

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O vídeo e o discurso aos pais

O almoço ia a meio mas as surpresas ainda estavam só no início. Primeiro foi para nós, depois foi para os outros.

A irmã do Miguel, numa homenagem à vida de ambos, fez um vídeo cheio de fotos nossas, recordando todo o percurso que havia de nos levar até ali. Um gesto que eu, confesso!, já esperava - mas que independentemente da expectativa, de se saber ou não, nos comove sempre. Não só por olharmos para o passado mas por percebermos que houve quem dedicasse o seu tempo para nos proporcionar aquele momento. 

Depois chegou a nossa vez. Se os irmãos são das pessoas mais importantes das nossas vidas e os queríamos incluir neste dia, os nossos pais deram-nos vida e, como tal, não podiam ficar de fora. No bolso do Miguel escondia-se um pequeno discurso, escrito um par de dias antes do casamento, que lemos para os nossos pais, como forma de expressarmos por eles o nosso amor e um agradecimento público por tudo aquilo que nos proporcionaram até ali - incluindo aquele momento. Algures na minha parte, agradeço-lhes por aturarem e acederem às nossas maluqueiras e manias, ao que o meu pai diz, a alto e bom som: "que remédio!". Ouviu-se um riso generalizado - pois sabiam que, no fundo, é verdade ;)

Depois do riso veio a descompressão, naquele que para mim foi o momento mais emotivo de toda a festa. "Casamento" e "pais" não são, para mim, palavras fáceis de conjugar - e acho que, de uma forma geral, este é visto como um momento de rompimento na relação entre os filhos e os pais. Nunca concordei com essa forma de pensar, fiz tudo para que não acontecesse, mas não quer dizer que não me afete. E ali, num dia tão recheado de emoções, não tive como fugir àquele momento.

 

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A música ao vivo (e o jogo de Portugal)

Já contei aqui que a música ao vivo foi uma decisão de última hora - mas foi a melhor decisão do mundo! O S. Pedro colaborou e os nossos planos puderam ir avante, por isso o concerto foi no exterior e pudemos todos estar sem máscara, distanciados e a desfrutar do dia e da música incrível que os Simple Sound nos proporcionaram.

Percebi que, sim, é possível fazer um baile à tarde. Que sim, é possível ser ao livre. Que vale a pena não ter medo de arriscar em coisas fora do comum, porque compensa em dobro! Pude confirmar a minha teoria, de que não é preciso escuro, luzes loucas e bolas de disco para se fazer a festa. Foi um momento incrível, com a melhor vibe de todo o casamento. Se me dissessem que todas as festas eram assim, eu passaria a ser uma party person.

Se toda a gente aproveitou? Não. Ficaram na sala os mais velhos, os mais friorentos (se dançassem, o frio passava logo) e os mais chatos. Ah, e os futeboleiros. Tivemos o azar do casamento calhar em dia de jogo decisivo para Portugal, em pleno europeu. Fomos obrigados a tomar uma decisão: ou fingir que o jogo não existia ou aceitar e embarcar na viagem de ver um jogo em conjunto. Não havia opção ideal - isso seria não haver futebol. Mas havia e, com as novas tecnologias, metade dos homens ia estar agarrado ao telemóvel a ver o resultado em tempo real. Por isso aproveitamos o projetor que já tínhamos alugado para o vídeo e projetou-se o jogo. Muita gente não foi à partida para o exterior por causa disso; outros ouviram parte da música e, à hora marcada, subiram para ver o futebol. 

Preferimos assim. Como diz o ditado: só faz falta quem cá está, e na plateia dos Simple Sound foi isso que senti. Nós, os noivos, não vimos nem uma coisa nem outra por completo: do concerto tivemos de sair a meio para ir tirar as fotos ao pôr-do-sol (com muita pena minha, pois estava gostar MUITO); do jogo só vimos o fim, com Portugal já a perder. É a vida. Foi da maneira que não "estragou" mais casamentos.

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O corte do bolo

O corte do bolo tem todo um protocolo (que só nos dizem três minutos antes de acontecer) e por isso - mais uma vez! -  é um momento pouco natural. Se por um lado dá fotos espetaculares - nisto tenho de dar o braço a torcer - por outro é só mais uma coisa feita de propósito para o livro de recordações. Aqui não mudei de ideias: se de facto desfrutei da entrada na sala (quando achava que não ia acontecer), aqui foi só o cumprir do momento. Se foi bonito? Foi. Se foi giro? Também. Se acrescenta valor? Nem por isso.

Mas a verdade é que as pessoas adoraram, elogiaram imenso o momento e creio que o retiveram na memória. Nesse aspeto fico feliz em ter cedido na questão do fogo de artifício em cascata (não queria porque, lá está... #clichê) porque dá um efeito diferente, algo mágico. Sem isso o corte do bolo seria só mais um momento do protoloco ainda mais sensaborão.

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A primeira dança (aliás, canção), a valsa e o baile

Já se tinha passado todo um dia de festa mas nós ainda tínhamos uma surpresa na manga. Provavelmente a maior de todas.

Nunca gostei de dançar - e desde o ciclo que tenho muita vergonha em fazê-lo em público, por causa de umas aulas horríveis que tive na altura. O Miguel não tem traumas do género, mas não é atividade que lhe dê grande gozo. No fundo é como eu, que danço quando o rei faz anos... ou quando alguém se casa ou há uma passagem de ano animada ao ponto de me fazer mexer as ancas. Por isso só a ideia da "primeira dança" me (nos?) dava arrepios. Decidimos logo que essa seria uma das tradições que passaríamos à frente. Mas queríamos algo que servisse para abrir a pista, altura em que toda a gente se juntaria e não seríamos só nós o centro da atenção. E o que fizemos? Cantamos.

Algures em Março estava muito em voga a música "Maldita a Hora", do João Só; o Miguel passava a vida a cantarolá-la quando chegava a casa e, quando ouvimos com atenção a letra, percebemos que fazia todo o sentido na nossa história. Passamos por várias fases: ser outra pessoa a cantá-la para nós, ser o Miguel a cantar esta música e eu cantar outra, mas acabamos por fazer um dueto no casamento. Acho que foi o dueto mais improvável da história, tendo em conta a cara das pessoas que nos rodeavam. Eu prefiro cantar a dançar, mas o Miguel prefere não fazer qualquer das duas coisas. Foi, mais uma vez, uma prova de amor. E, dadas as reações, a garantia de que vale a pena fazer diferente, se assim desejarmos. 

A dança veio depois. O mote foi dado por uma valsa que a família da minha mãe ensaiou e que trouxe muita gente para a pista. Foi um momento clássico mas muito giro, e que agora já não é assim tão comum - se antes de começava sempre com valsas, agora são as músicas contemporâneas que chamam as pessoas à pista. Mais uma coisa que combina connosco, velhinhos de alma, que demos de frosques mal a coisa começou a virar mais arockalhada.

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28
Set21

Uma história com princípio, meio e sim! #17

Estacionário, DIY e compras do AliExpress

Os convites foram a única coisa, ao nível de estacionário, que mandamos fazer fora. Mais uma vez, foi através do site casamentos.pt que descobrimos a Diferente e, em pleno confinamento, não tivemos grande solução senão tratar de tudo por email. A verdade é que foi tudo tão ou mais simples do que se tivessemos ido lá, muito graças ao site bem trabalhado que eles têm e às respostas rápidas, práticas e esclarecedoras do Pedro. O processo foi muito simples: depois de darmos uma vista de olhos no vasto catálogo online que têm disponível, escolhemos o estilo de convite que queríamos, propusemos algumas alterações e escrevemos o texto à nossa medida. Uns dias depois tínhamos um protótipo em casa. Depois de dado o ok, foi esperar cerca de duas semanas e chegou-nos uma caixa cheia de convites, prontos a distribuir pela família e amigos.

Foi através dos convites que demos o pontapé de saída para a temática do nosso casamento: campestre, verde e com traços entre o clássico e o moderno. O design original do convite já tinha folhas de oliveira, que quisemos manter, pois para além do lado estético, têm um simbolismo bonito (glória, abundância, paz); mandamos fazer um sinete com as nossas iniciais, para fechar o convite - era algo que queria muito, pois lembra-me o meu pai, de ser pequena e de ele derreter cera para que eu pudesse "pisar" uma carta com um sinete que tínhamos lá em casa. Para além do texto habitual do convite (mais visual e moderno que os tradicionais), acrescentamos um poema na parte de trás, que a minha mãe me ajudou a escolher. Fernando Pessoa, claro está. Foi um detalhe que poucos repararam - a tal história dos pormenores de que falei - mas que, para mim, foi importante.

Gostei muito do resultado final dos convites e ainda hoje adoro olhar para eles. Há muita gente que agora dispensa os convites em formato físico, pois são um gasto extra, não acrescentam nada (para além de espaço na gaveta) e é uma opção mais ecológica. Mas, no nosso caso, não era muito exequível; a idade média dos convidados era acima dos 50 anos, não temos o email da maioria (e muitos deles não terão sequer email), e por isso teríamos de pedir contactos, pré-anunciar o casamento e em alguns casos não passaria disso, porque há muita gente ainda distante de tecnologias. Se é algo que as pessoas guardam e só vêem uma vez por década? É. Mas é uma memória, e não há coisa que eu preze mais na vida.

Não foram baratos (50 convites custaram cerca de 300 euros, incluindo o sinete personalizado que mandamos fazer) - mas compensamos o investimento em tudo aquilo que depois fizemos dentro de portas. Foi importante para termos uma inspiração, algo em que nos pudéssemos basear e seguir. 

 

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Em relação ao table sitting, aproveitámos uma ideia da própria quinta para apresentar a distribuição dos convidados pelas mesas. Correu bem porque que, na verdade, não podia ser mais de acordo com o nosso tema: trata-se de uma oliveira em que são presos cordéis, onde depois são colocados os cartões das diferentes mesas. Não tenho nenhuma foto global do aspeto da oliveira no meu dia de casamento, mas mostro abaixo o efeito, num outro casamento.

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(foto: casamentos.pt)

 

 

Como de costume, não quis ser simples e dar números às mesas. Foram meses a pensar nisto e, pelo menos, outro mês a executar. Queríamos que até as coisas mais básicas tivessem significado e a nossa ideia foi utilizar as mesas e os menus para nos dar a conhecer, assim como a nossa história de amor (afinal de contas não era por isso que estávamos todos lá?); tanto eu como o Miguel somos pessoas reservadas, que não partilham muito sobre a sua vida íntima/amorosa, e por isso a maioria dos convidados não fazia ideia de como nos tínhamos conhecido ou apaixonado. Eram 14 mesas - cada uma com o nome de um capítulo da nossa vida a dois. Mas fomos além do nome: cada convidado encontrou, por detrás da sua ementa, uma das 14 histórias que escrevemos sobre a nossa história de amor. No fundo, 14 capítulos da narrativa que culminava naquele dia tão especial.

 

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Tentamos que as pessoas reparassem e percebessem esta ideia através de uma plaquinha de madeira que colocamos no fundo da tal oliveira. Porque para além de nos darmos a conhecer, tínhamos também a intenção de quebrar o gelo que eventualmente pudesse existir em mesas com pessoas que não se conhecessem tão bem, levando-as a trocar e comentar as histórias que iam lendo. Escusado será dizer que não resultou muito bem; na placa ninguém reparou e as histórias, modéstia aparte, também não tiveram o devido destaque. Tivemos o cuidado de as distribuir de forma a que não se repetissem em nenhuma mesa; no entanto, para ler toda a narrativa, era necessário falar com outras mesas e fazer trocas.

Apesar de achar que a adesão não foi a melhor, foi muito bom ver que, enquanto se esperava pela comida, havia pessoas a ler aquilo que, com tanto carinho, escrevemos e preparamos - e houve quem de facto se esforçasse para ler todas! Foi dos detalhes mais morosos de todo o casamento, mas dos que nos deu mais gozo. Primeiro porque fez com que revivessemos todos os momentos mais importantes da nossa jornada juntos e segundo porque, claro, é a minha praia! Adoro escrever! Foi um dos segredos do casamento que guardamos até ao último minuto - ninguém sabia, à excepção do meu pai - e é das coisas que mais me orgulho no meio de toda a organização e sei que é um pormenor que gritava "Carolina!" e que foi pensado com muito amor.

 

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A distribuição da comida na ementa foi uma private joke que poucos entenderam, pois estava distribuída com "princípio", "meio" e "sim!" - uma alusão a esta rúbrica aqui no blog. 

 

(podem clicar nas fotos de forma a ler as histórias - duas das catorze que escrevemos)

 

E porque aqui os louros são merecidos, reforçar que foi tudo feito por nós: desde o design e a conceção dos menus (parece fácil, mas só descobrir aqueles clips do topo foi o cabo dos trabalhos!), até ao corte e "clipagem". Fizemos vários protótipos, tentamos várias modalidades, imagens, papéis... e acabou por ser este o resultado final. Comprei o papel kraft (o mais escuro) e outra cartolina mais clara na Craftelier, assim como um furador-mini e os brads (os clips). Imprimimos em casa dos meus pais e cortamos tudo com uma espécie de guilhotina da Tiger que tinha parada há anos. Os tronquinhos que seguravam o nome das mesas foram comprados no AliExpress (uma das várias compras que lá fiz, algo que falarei mais abaixo).

 

Acima já vos mostrei uma das plaquinhas de madeira que distribuímos pela quinta: apesar de todas terem um vertente decorativa, algumas tinham um objetivo ou mensagem concreta que queríamos passar. Ainda procurei fornecedores para fazer isto, mas uma placa simples a dizer "bem-vindo", com os nossos nomes, custa facilmente mais de 60 euros. Por isso, mais uma vez, foi um trabalho de DIY que fizemos em conjunto e que nos deu demasiado trabalho para o feedback que teve - mas que compensou por ter ficado exatamente como sonhámos. Comprei uma placa de dois metros por 50cm no Leroy Merlin (por 16 euros!) que mandei cortar com as medidas que queria. Em casa, depois de uma breve lixadela, demos-lhe com uma espécie de tinta que as escureceu e lhes deu um ar mais rústico. Depois veio a parte pior: escrever os dizeres das placas (que queríamos que fossem giros e não meramente indicativos), fazer o seu design, cortar o vinil (o Miguel trabalha na área e por isso temos essa facilidade) e colá-lo na madeira (que foi um inferno, porque não nos lembramos que cola e madeira com verniz não combinam muito bem). 

Acabamos por fazer seis placas: uma de boas-vindas, outra com a cronologia do dia, uma para colocar junto ao livro de assinaturas, outra na árvore do table sitting, uma com a hashtag do casamento e ainda outra junto aos leques que colocamos à disposição dos convidados, também para servir como souvenir. Se eram todas necessárias? Não. Mas tínhamos madeira de sobra e, mal por mal, decidimos aproveitar. A placa de boas-vindas e a cronologia foram as que tiveram mais impacto (também eram as maiores), mas eu gosto muito da estrofe que fizemos para colocar na oliveira. 

 

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Sobre os cavaletes: a quinta tinha um, nós levamos outro, que a minha mãe utiliza para fazer as suas pinturas

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O livro de assinaturas também mandamos vir do AliExpress. Ficou muito giro mas teve pouquíssima adesão, por isso ainda bem que não foi algo em que gastámos demasiado dinheiro.

O AliExpress, para além de ser a fonte de inúmeras ideias e inspirações, foi na verdade um dos nossos maiores parceiros. Foi lá que comprei a primeira coisa para o casamento - o tal leque para oferecer aos convidados. A ideia era boa, mas para além de não ter estado muito calor, a data que mandei gravar estava errada (culpa minha, porque me precipitei e comprei os ditos antes de ter marcado o casamento, ficando assim marcada a data que inicialmente queríamos e não aquela que efetivamente acabou por ser). Mas não foi por isso que deixamos de os dar, explicando depois aos mais atentos aquilo que se tinha passado.

 

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Também foi do AliExpress que mandei fazer a caixinha de transporte das alianças, assim como os cones para as pétalas - tudo personalizado com o nosso nome e data de casamento. As opções são infinitas e muito baratas comparadas com as opções que aqui existem, por isso acho que compensa muito pensar nestas coisas pequeninas com tempo e mandar vir de lá. Se não correr bem, o investimento também não é grande.

 

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As caixas que usamos para colocar os cones de pétalas foram as mesmas que, mais tarde, serviram para colocar as suculentas para oferecer. Algumas das pétalas foram fornecidas pela Verónica; outras foram aproveitadas dos ramos que a minha mãe havia recebido no seu aniversário, duas semanas antes do meu casamento. Viva a reciclagem e reutilização!

Com este post termino a parte chata (mas eventualmente útil) que diz respeito às compras, aos fornecedores e a tudo o que se tem de pensar/aquirir/fazer para um casamento "normal" tomar forma. A organização em si está toda aqui. Alguma dúvida, já sabem que a caixa dos comentários é a serventia da casa ;) 

15
Set21

Uma história com princípio, meio e sim! #16

Decoração da sala, flores, bouquet e souvenirs

Agora que já atravessamos os tópicos mais "macro" do casamento - aquelas coisas que têm mesmo de se tratar, que se são exaustivas e por vezes chatas - passemos à parte facultativa e, para mim, mais divertida. Falemos do que é mutável, personalizável e eventualmente memorável. Já disse aqui - muitas vezes? - que tinha um medo atroz que o meu casamento fosse igual a todos os outros e queria muito fazer (e ser) diferente naquilo que conseguisse, de forma a deixar o meu (nosso, meu e do Miguel) cunho. O meu desejo era que um convidado olhasse para trás e tivesse meia-dúzia de memórias daquele dia, que retivesse algo porque notou a diferença.

E se por um lado fizemos coisas à grande (ainda não contei, mas contarei em breve), por outro tivemos muito cuidado com todos os pormenores. Também já o referi aqui, mas repito - acredito profundamente que são os pormenores que fazem a diferença. São eles que tornam o todo melhor, mesmo que não sejam notados na sua individualidade; as coisas pequenas têm essa dinâmica infeliz, de serem notadas apenas quando falham e não quando estão presentes, mas faz parte. E embora muitas pessoas não tenham reparado em metade, nós reparamos e fizemo-lo com gosto e com propósito.

 

A decoração da sala é das primeiras coisas que se decide, assim como a disposição primária das mesas e do local do DJ. Passa-se depois para a decoração das mesas. As quintas funcionam, na sua generalidade, por packs; normalmente existem três: um mais básico, outro de gama média e outro de gama alta. Aquilo que difere entre eles é normalmente a quantidade (e qualidade) do álcool envolvido, o número de buffets e sua diversidade, e alguns extras como fogo de artifício, champanhe à entrada, etc. A decoração, à semelhança de muitos outros serviços que as quintas oferecem, funciona por acrescento; independentemente do pack que se escolha, trabalha-se sempre com base no serviço de loiças/talheres mais básico que existe (que é branco, branco e... branco). Querem diferente? Pagam. Querem um copito com cor? Pagam. Um talher dourado? Pagam. Uma toalha azul em vez de branca? Pagam. São as regras do jogo.

A primeira coisa que fizemos - e que para nós era imperativa - foi mudar as cadeiras. Nos últimos meses vi muitas, muitas, muitas fotos de casamentos - e segundo um estudo feito por mim (cujo rigor não consigo garantir, mas não têm outra hipótese senão confiar), 80% das quintas de todo o mundo têm exatamente as mesmas cadeiras (podem ver aqui). Como é que isto é possível? Não sei. Mas aquele fornecedor deve ter feito bom dinheiro. Azar dos azares, nós detestamo-las - e por isso o nosso maior investimento ao nível da decoração foi noutro tipo de cadeiras (as desta foto), mais amadeiradas e rústicas, tal como o tema do casamento. Acrescentamos também um marcador de palhota, um guardanapo e um copo verde, para não ter tudo um tom deslavado. As mesas dos convidados eram redondas, com atoalhados cor de linho (pack básico); a mesa dos noivos, onde nos sentamos nós e os nossos pais, era de madeira, com um arranjo floral suspenso, muito bonito, que acho honestamente que foi dinheiro bem gasto. O centro floral das mesas era adornado por um cubo, pelo qual também tivemos de pagar (e, bem... era dispensável, admito).

As flores foram providenciadas pela quinta, sendo que só vi os arranjos no próprio dia. Disse apenas aquilo que queria - eucaliptos, gipsofilas, astromélias e tudo o que fosse na mesma onda - e, no dia, era esperar que gostasse. A ideia era que predominassem os verdes, com os pequenos apontamentos de branco, o que foi cumprido. Não queria rosas e algumas apareceram lá pelo meio - mas, confesso, foi para o lado que dormi melhor. Na verdade só vi os arranjos com "olhos de ver" no dia seguinte ao casamento, quando fui deixar uma série de coisas que  tínhamos deixado na quinta.

 

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Cubos no centro de mesa, com arranjos florais

 

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Suspenso da mesa dos noivos (infelizmente não tenho uma foto do conjunto mesa-suspenso)

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Disposição da mesa e decoração

 

Havia apontamentos florais também nas cadeiras a caminho do altar e optamos por ter um semi-arco de folhas antes das cadeiras (algo parecido com isto), que serviu à posteriori para tirar as típicas fotos de pose. Não tenho nenhuma foto onde ele se veja claramente e, honestamente, acho que não fez muita diferença (espero estar enganada, uma vez que custou um dinheiro razoável). 

Mas não podia falar em flores sem falar das mais importates de todas: as do bouquet! Os ramos das noivas fazem parte daquela lista absurda de coisas comuns que normalmente são baratas mas que, como é para casamento, passam a custar os olhos da cara. Nunca esteve no meu plano ir a uma florista e dizer que ia casar; ia pedir um ramo normal, com as características que queria, e depois estilizava-o da forma que desejasse, caso fosse necessário. Na altura até andei a ver ramos na internet, para não ter de enganar ninguém (nem me roubarem a mim), mas entretanto falou-se da florista da minha sogra, que se disponibilizou a fazer o trabalho. Trabalho esse que eu não podia recomendar mais - por ser criativo, dedicado e feito à minha medida; por ser um negócio local, que todos devemos ajudar. 

Dei à Verónica, da BelaDona, a ideia daquilo que queria e uma série de fotos para servirem de inspiração. Tendo em conta que o casamento seria todo em tons de castanho e verde, queria dar no bouquet um apontamento de cor. Mas, mais importante, queria muito que fosse feito com flores secas, de forma a que o ramo aguentasse uma vida sem se estragar. Passado uns tempos passei na sua loja, no Castêlo da Maia, onde tinha um monte de flores diferentes para escolher. Depois foi só deixá-la fazer a sua arte. 

Mandei fazer o meu bouquet, um outro muito semelhante para atirar (que acabou por não acontecer), dois pequenos raminhos para colocar nas campas dos meus avós e um apontamento para o fato do Miguel. O que restou das flores foi para o bolo, que ficou com uma decoração única e que "casava" com o meu ramo. Daí ainda sobraram alguns raminhos de cada espécie, com os quais fiz - já depois do casamento - pequenos ramos para oferecer às mulheres que me acompanharam nesta jornada: mãe, irmã, cunhada, sogra e meninas das alianças. O principal, o meu bouquet, mora hoje no nosso quarto - comprei uma jarra de propósito para ele e é a peça que me lembra diariamente que aquele dia aconteceu.

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O bouquet, ainda na florista, sem a parte do "punho", que esteve em hipótese ser em ráfia ou corda, mas que acabou por ser um fio estilo papel kraft

 

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No dia, já com o bouquet pronto

 

A Verónica ficou ainda responsável por fazer os nossos souvenirs. Não queríamos dar nada que fosse para uma gaveta e nunca mais ser visto, que é o que acontece com a maioria das lembranças de casamento. Vimos várias alternativas, pensamos num íman para o frigorífico, máscaras... mas a ideia que ganhou foi mesmo a primeira: suculentas. É algo que (à partida) não vai para o lixo nem se guarda numa gaveta e que, não tendo utilidade prática, será sempre algo decorativo e que serve a maioria dos gostos (até porque havia variedade para escolha). Para além disso, no universo das plantas, faz parte daquela lista que não exige grandes cuidados ou atenção, tendo uma maior hipótese de sobrevivência mesmo em casas que não tenham este hábito. Ainda por cima seguia o nosso tema: rústico, verde e floral. Melhor era impossível! :)

Não consigo dar valores de referência do serviço de florista, pois todas estas peças não foram pagas por nós. No entanto, sei seguramente que não foi nenhum balúrdio - e que o meu bouquet terá custado muito menos do que os absurdos 150, 200 ou 250 euros que muitas vezes pedem para este tipo de arranjos. Por isso o conselho é o mesmo que o dos cabeleireiros: procurem, perguntem, arranjem referências e conselhos de pessoas amigas, não menosprezando pequenos negócios como este que, no meu caso, fizeram tod a diferença.

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Ainda na florista, o primeiro exemplar das nossas suculentas, envolvidas em ráfia e com um pequeno laço verde à frente. Havia ainda um detalhe em papel kraft com os nossos nomes - o design foi feito por mim e mandei imprimir as rodelas na 360 imprimir.

 

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O setting do bolo (decorado com as flores do bouquet), onde estava também o nosso livro de assinaturas e as suculentas. As caixas de madeira onde elas estavam e onde as distribuímos já eram minhas - umas utilizadas na arrumação de fotos, outras em produtos de beleza - e utilizei-as no dia para não ter de comprar outras para o efeito. O rústico, mais uma vez, presente.

 

No post seguinte falo de tudo o que é estacionário e outros detalhes - a maioria deles feitos por nós.

08
Set21

Uma história com princípio, meio e sim! #15

A música, o DJ e uma série de decisões complicadas

O entretenimento foi a parte do casamento que nos trouxe mais dúvidas desde o início. Não somos pessoas de festas, pelo que não conhecemos DJ's ou músicos nem sabemos aquilo que resulta num ambiente festivo (a questão de fazer o baile durante a tarde, por exemplo, assombrou-nos durante imenso tempo e fez com que adiássemos a programação do dia até à última da hora). O facto de termos ido a poucos casamentos também não abonou a nosso favor, pelo que tivemos de seguir o nosso instinto.

Uma das coisas más em organizar um casamento em seis meses é a urgência que se tem em arranjar fornecedores. A minha prioridade após ter a quinta, como já disse aqui, foi o fotógrafo. O vestido de noiva e o entretenimento vinham a seguir. Mas, na música, estávamos a navegar na maionese - sendo que, ainda por cima, não é algo que consigamos avaliar num vídeo ou muito menos em fotografias; é o tipo de coisa que se experencia e se aprecia (ou não) e que nem os comentários de outras pessoas ajudam muito, pois depende do estilo e gostos de cada um. Tínhamos poucas referências de nomes e zero referências de preços, pelo que optamos por um pack oferecido pela equipa de fotógrafos, que está neste momento a lançar esse serviço. 

Olhando para trás penso que foi o maior erro que cometemos, ao nível do casamento. Não que o serviço do DJ tenha sido mau: mas porque pagamos mais do que tinha sido necessário (à posteriori soubemos de outros preços e conseguimos comparar) e porque, na verdade, usufruímos muito pouco, tendo em conta que o nosso casamento acabou cedo e teve muito pouco baile. E a verdade é que a própria vibe do DJ também não coincidia com a nossa, o que acabou por fazer com que, ao final da noite, a música resvalasse para onda muito mais rock/house que não era, de todo!, do nosso agrado. No entanto, no meio de tanta coisa a decidir, acho que "errar" num só ponto do casamento não é tão grave assim.

Em relação à música a nossa abordagem foi simples: fizemos uma playlist de canções que gostávamos para o DJ ter uma ideia dos nossos gostos, assim como uma lista das músicas dos momentos-chave. Também dissemos aquilo que não queríamos: era proibída Beyoncé, Jerusalema, tudo o que é pimba, kuduro e outros estilos parecidos (a dança do quadrado também estava nas exclusões).

Tirando a parte inicial - em que o DJ não pôs a versão da música que eu queria para caminhar até ao altar, e eu fiquei POSSESSA - e a parte final, mais arockalhada, a perceção que eu tenho (porque, confesso, a minha atenção raramente se dirigia para a música de fundo) é que o DJ fez um bom trabalho quando estava em livre demanda. A verdade é que não havia muito por onde errar, uma vez que era só passar música; prescindimos de toda a parte de entretenimento que normalmente está a cargo dos DJ's: não houve jogos, desafios, cantorias nem sequer lançamento de bouquet.

A escolha das músicas dos momentos-chave (que deixo abaixo) foi dos processos mais chatos e demorados, até porque eu e o Miguel não temos gostos iguais. Passei semanas a pensar na forma como ia entrar no altar. Acabei por fazer uma short-list e escolhemos os dois em conjunto, e o critério foi simples - a emoção. Na música escolhida, e a imaginar o momento, começamos logo os dois a chorar como madalenas, por isso a decisão ficou tomada mesmo antes de a termos racionalizado. O mesmo não aconteceu com as outras, e acabou por ser tudo escolhido à última da hora - ou era, ou era! - mas no final acho que resultou tudo muito bem e fiquei feliz com a escolha de todas elas. Gostava de ter utilizado uma música do Jamie Cullum e outra do Twilight neste mix de músicas importantes, mas acabou por não acontecer e está tudo bem ;)

Mas a música não ficou por aí - e estamos apaziguados com esta questão porque, apesar de acharmos que não fizemos grande negócio com o DJ, temos a certeza que acertamos em cheio quando decidimos ter música ao vivo. Esta hipótese esteve muito tempo em cima da mesa (o meu irmão era o maior entusiasta desta ideia) mas, com o DJ contratado,  não sabíamos onde encaixar mais um momento musical. Mas encontramos "O" grupo e mexemos várias vezes no programa até encontrar aquela que foi a fórmula ideal para o nosso casamento e proporcionar aquele que, para mim, foi o seu momento mais alto.

Tivemos uma sorte descomunal por o Trio Simple Sound ter a data disponível - porque se não fossem eles, provavelmente a música ao vivo ficava descartada. Eles refletiam tudo aquilo que queríamos para o nosso dia: uma vibe muito chill, descontraída, divertida mas sem ser excessiva. Gostamos logo imenso do Ricardo na primeira reunião, numa identificação perfeita de valores e de ideais, e soubemos que no dia tudo ia correr bem. E correu. O trio interpretou perfeitamente o público que tinha à frente, e ia-os "alimentando" sempre com mais música (e até discos pedidos!), fazendo com que o pessoal dançasse coisas que, à partida, não são assim tão dançáveis. E desconstruiu uma ideia de que tinha muito medo: "será que resulta o baile à tarde?". Resulta! Mais do que isso: à tarde e ao ar livre, que foi só ouro sobre azul. Acho que é só querer, escolher bem os músicos e, acima de tudo, fazer parte do movimento. Tenho uma pena enorme de só ter assistido a metade do concerto (na outra parte estávamos a aproveitar o pôr-do-sol para tirar as típicas fotografias), porque sei que foi a parte do casamento com a qual mais me identifiquei. Foi aquele o casamento com que sonhei. Quando voltei já tinham acabado - mas toda a gente queria mais. Contratava-os de novo, num piscar de olhos, para um casamento ou qualquer outra festa. Gostei mesmo muito. 

De fora ficou a ideia de fazer um quizz depois do almoço. Na altura  fiquei triste por não conseguir avançar com algo que achava ser original, mas no dia fiquei aliviada, pois os tempos descambaram e teria sido (ainda mais) difícil de gerir tudo o que ainda havia para acontecer. Por outro lado, acho que as pessoas não vão para um casamento para fazer um trivia; a maioria das pessoas gosta de comer, beber e conversar - e a atividade de pensar muito, num dia que supostamente deve ser descontraído, não está nos seus planos. Eu sempre vi um casamento como uma festa - e festa, para mim, inclui jogos de tabuleiro e boas conversas - mas, na verdade, um casório é visto como uma coisa diferente, com tradições distintas, que não se coadunam com muitas das ideias que tinha para mim e para esse dia. Podia fazê-las - mas sei que a adesão não seria a ideal, e que o meu entusiasmo não seria refletido nos outros. E, mais uma vez, entra aqui um mantra típico, verdadeiro mas doloroso, que é: o casamento é nosso, mas a festa é dos outros. 

Ainda assim, diria que o balanço a nível de entretenimento foi positivo.

 

Para memória futura, a lista das músicas que acompanharam os momentos-chave do casamento:

Entrada do Noivo: Marcha Imperial, do Star Wars

Entrada da Noiva: Never Enough, The Greatest Showman (devia ter sido a versão original mas a que se ouviu foi outra, infelizmente)

Saída do Altar: I Want to Hold Your Hand, Beatles

Brinde: Give a Little Bit, Supertramp

Entrada na sala: Crazy Little Thing Called Love, Queen

Corte do Bolo: Ain't No Mountain High Enough, Marvin Gaye e Tammi Terrell

12
Ago21

Uma história com princípio, meio e sim! #14

Cabelos e maquilhagem - ou como tentar não ser roubada para ser uma noiva bonita

Num mundo idílico, o tema "cabelos e maquilhagem da noiva" não seria um dos que abordaria isoladamente aqui no blog. Mas, na verdade, é o exemplo perfeito de um flagelo que afeta a organização de um casório chamado «inflação completamente desproporcionada de tudo o que tenha "noiva/casamento/noivo" no nome».

Casei num domingo e a cerimónia estava marcada para as 11h30. Ou seja, tinha duas questões difíceis de resolver: primeiro a maioria dos cabeleireiros estão fechados ao domingo; segundo, dada a hora do casamento, teria de começar a arranjar-me por volta das 8h (o mais tardar!) - hora a que os cabeleireiros, normalmente, ainda não estão a trabalhar.

Por isso decidi começar a procurar serviços/profissionais que fossem a minha casa, para me arranjar não só a mim como à minha família mais próxima. E fiquei EM CHOQUE com os preços que me deram e que, aparentemente, são aceites pelo mercado em geral. Profissionais deste gênero têm normalmente packs de noivas que, desculpem-me a sinceridade, são de bradar aos céus; pedi orçamentos a quatro empresas diferentes e o mínimo que pediam para arranjar a noiva era 250€. Isto incluía maquilhagem e cabelos, assim como a prova. Sim, são dois momentos distintos e dois serviços diferentes... Mas 250 euros? 300? 350? Mas está tudo maluco?! Isto era o pacote mais pequeno, sendo que havia outros que chegavam aos 900 euros, incluindo retoques de maquilhagem ao longo do dia, pedicure e manicure.

A questão que me assola é: uma maquilhagem de noiva não é uma maquilhagem igual às outras (aliás, a minha era bem mais simples do que muitas das convidadas)? Um penteado de noiva não é igual a qualquer penteado que vamos fazer ao cabeleireiro num outro dia de festa, tirando o facto de pendurarmos lá o véu? I

E isto, na verdade, pode ser extrapolado para muita coisa no que diz respeito ao casamento. O bouquet não é um ramo normal? A lingerie não é igual aquela mais sexy da secção noite? A resposta é não. Porquê? Porque é para o casamento, o dia mais mágico das nossas vidas, e tudo o que implique dias mágicos pede preços mais elevados.

Nestes casos em que se pedem preços astronómicos por coisas aparentemente normais (só por serem para o casamento, esse dia mágicooooo!), o meu conselho é procurar e não aceitar, simplesmente, que os preços são aqueles que nos dão. Não digo que regateiem - mas procurem! Falo sempre no site dos casamentos.pt, que é normalmente uma ajuda preciosa, mas aconselho-a principalmente para fotógrafos, espaços e outros serviços especializados nesta indústria; no caso de coisas "mundanas" procurem na vossa cidade, perguntem a pessoas conhecidas, peçam referências. Há sempre alguém que conhece uma pessoa com jeito de mãos, uma lojinha ou quem tenha um cabeleireiro de confiança, por exemplo.

A mim foi o que me safou. Neste momento não tenho um cabeleireiro que frequente sempre ou onde faça serviços completos; tive uma fase onde fazia tudo o que era estética num só local mas neste momento arranjo as mãos num sítio, os pés noutro, a depilação noutro e o cabelo no sítio para onde estiver virada naquele dia. A minha mãe, neste momento, é fiel à Inês Pereira, na Maia, falou com eles e, felizmente, estavam disponíveis nesse dia!

As guidelines eram claras: estar simples e natural! A ideia inicial era ir com o cabelo semi-apanhado, só com um "nó" para encaixar o véu e o toucado, mas mudei de ideias no dia da prova, quando fizemos vários testes e toda a gente pendeu para um penteado um bocadinho mais elaborado. Na altura concordei; hoje, levaria o cabelo mais solto, a minha ideia original. O penteado foi feito de forma a que, se quisesse, o pudesse soltar parcialmente - até levei o alisador para fazer umas ondas e etc. - mas acabei por não mexer mais. O tempo no dia do casamento é tão escasso e precioso que temos de fazer algumas escolhas - e eu preferi estar com as pessoas ou com o meu marido do que ir (re)arranjar o cabelo.

O mesmo se aplicou à maquilhagem: uma linha super simples e clean, com cores suaves e leves; sem pestanas postiças nem grandes contornos, o essencial era mesmo parecer natural. Na semana anterior ainda tinha ido comprar um batom para poder retocar ao longo do dia... que ficou no mesmo saco que o alisador, em que não toquei. Mesmo com algumas lágrimas e depois de comer, não retoquei absolutamente nada - por isso acho que contratar um serviço de estética que acompanhe a noiva ao longo do dia é dinheiro deitado ao lixo (a menos que sejam celebridades ou vloggers e tenham de estar sempre no ponto..!).

A equipa da Inês Pereira foi sempre impecável e tudo correu lindamente, tanto na prova (onde fiz três penteados diferentes) como no dia do casamento. Eram 6h30 da manhã e estavam quatro profissionais a chegar e a montar todo um estaminé no jardim interior lá de casa, com luz natural de fazer inveja à maioria dos cabeleireiros, para tratar de mim, da minha mãe, irmã, cunhada e sobrinhas - sempre com boa energia e com um sorriso na cara. Demorou tudo mais tempo do que estava a contar - nunca achei que demorassem uma hora e meia só a maquilhar-me - mas quem sabe, sabe, por isso deixei que fizessemo seu trabalho e meti-me na minha vida. Pelo meio ainda tomei o pequeno-almoço e orquestrei a organização dos cones das pétalas - e acho que é seguro dizer que era a pessoa mais calma cá de casa. E a verdade é que não tinha razões para tal: correu tudo lindamente e acho que ainda ganharam clientes pelo caminho. 

 

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Para referência: para todos estes serviços e arranjar três mulheres e duas meninas (com penteados e maquilhagens várias, de complexidades diferentes), o valor rondou os 400 euros. Valeu ou não a pena, procurar? ;)

02
Ago21

Uma história com princípio, meio e sim! #13

Os acessórios da noiva

Se escolher e fazer o vestido foi um 31, escolher os acessórios foi um "walk in the park" (ou seja: foi fácil). Embora não soubesse ao certo as peças que queria usar tinha uma ideia já bem definida de tudo o que precisava e o estilo que queria. 

 

Os sapatos

Os sapatos foram a primeira coisa que tratei. O ponto fulcral era serem confortáveis - tenho há dez anos um pé cronicamente inchado e não posso ousar passar um dia em cima de alguma coisa que não seja minimamente fofa. Na verdade nem sequer precisavam de ser muito bonitos, pois iriam ficar a maior parte do tempo debaixo do vestido! Outra condicionante é que não podiam ser muito altos - primeiro porque, como todos sabemos, a altura do salto é proporcional ao desconforto e segundo porque o Miguel não é propriamente espadaúdo e eu não queria ficar mais alta que ele. 

Mandei vir vários modelos para experimentar, entre sandálias e sapatos, mas a maioria do calçado atual - com as biqueiras quadradas - não faz nada o meu gosto. Optei por um modelo mais clássico, quase híbrido, com a parte da frente fechada e a de trás aberta. São da marca espanhola Unisa e custaram-me cerca de 50 euros, em promoção no El Corte Inglês. Seriam muito confortáveis se eu não tivesse um pé inchado; sendo assim, depende do meu estado. Mas não deixam de ser aptos para usar no dia-a-dia, quando quiser um look mais formal - o que é óptimo, pois não foi dinheiro gasto para um só dia de uso. Na verdade, de tanto os usar antes do grande dia (para os moldar aos meus pés), eles já foram para o casamento com as pontas já desbotadas e a sola bem arranhada.

 

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O toucado

Para o cabelo quis, desde início, um toucado - independentemente de ter véu ou não. A ideia do penteado foi mudando ao longo dos tempos - falo disso num próximo post, quando abordar o tema dos cabeleireiros - mas sempre com este elo comum: queria uma peça bonita a adornar, preferencialmente dourada e com motivos florais. Das marcas e lojas que conheço, a Cata Vassalo foi logo a primeira a surgir-me na mente (depois ainda encontrei outras empresas com peças do género, mas a Cata continua a ser a minha preferida). Quando comecei a pesquisar vi algumas peças pelas quais me apaixonei, mas quando me decidi a comprar (meses depois, demasiado em cima do acontecimento) já não havia assim tanta escolha. Por isso aprendam: escolham a peça pelo menos dois meses antes do acontecimento!

De qualquer das formas sinto que fui muito bem servida, com uma peça linda. Importa também dizer que gostei muito do tratamento que tive por parte das meninas do atelier, sempre muito simpáticas e prestáveis. 

 

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A lingerie

Desta parte poupo-vos às fotos, mas vão ver que não será muito difícil de imaginar. Se nos sapatos a palavra de ordem era conforto, aqui não havia outra coisa que me passasse pela cabeça. Soutien não ia usar, pois o vestido tinha as costas abertas e copas para suportar o peito. No que diz respeito à parte inferior, não ia usar coisas com laçarotes, fitas ou rendas - ou, pior, daquelas cuecas que se metem no rabo! - quando já tinha de transportar um vestido de três quilos, puxar um véu pelo cabelo e aguentar uns sapatos um tanto ao quanto apertados durante um dia inteiro. Há limites!

Por isso fui à Intimissimi e disse à menina: "vou casar mas quero uma daquelas cuecas de micro-fibra, cortadas a laser e de cintura alta, de cor de pele". Ela ainda tentou impingir-me a linha de noiva, com o argumento de que até ofereciam a liga (isso é um incentivo?), mas foi claramente mal sucedida. Assim, em vez de usar a lingerie e a deitar para canto, comprei uma coisa barata, confortável e muito útil para o dia-a-dia. Ouro sobre azul.

Partilhei isto com as pessoas à minha volta com a mesma naturalidade com que escrevo aqui e fui super gozada pela minha escolha - que, a mim, me parece muito mais natural do que usar cuecas XPTO num dia tão extenuante como um casamento. Vejamos isto com olhos de ver: a noite de núpcias já não é o que era, não há cá surpresas ou ânsias sobre o que vai acontecer. Na verdade o que me parece difícil é o noivo ainda ter energia para, sequer, olhar para a roupa interior da agora esposa. Se o casal gosta desse tipo de coisas há muitos dias para se usar lingerie diferente e arrojada - mas o dia do casamento não é um deles. Da minha parte, posso garantir uma coisa: quando cheguei a casa tinha MUITA vontade de me despir... para poder tomar banho, tirar os dois quilos de suor que tinha em cima e conseguir, finalmente, dormir. O resto? Há uma vida de casada pela frente, meus amigos.

 

As jóias

Como o vestido tinha uma linha um bocadinho boho-vintage, quis sempre que as jóias fossem douradas. Comprado o toucado também já não havia volta a dar e teria de seguir com essa ideia. 

Fiz uma seleção de coisas que tinha em casa (não só minhas como da minha mãe) e só no dia, já vestida e penteada, é que decidi. Era importante para mim usar uma peça com história, tanto do lado da minha mãe como do meu pai. As jóias da minha avó paterna são para mim amuletos e eu estava quase certa de que iria usar uns brincos que dela herdei, mas no fim de contas acabei por mudar de ideias.

Assim, usei um colar da minha mãe, uns brincos meus (oferecidos pelos meus irmãos num aniversário anterior) e uma escrava/pulseira da minha bisavó - mãe da minha avó paterna -, de quem herdei o nome Carolina. Fiquei com a minha vontade apaziguada e sossegada pois sabia que, independentemente de tudo, eles estariam comigo naquele dia (sendo que também teriam uma homenagem na própria festa, de que depois falarei).

 

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(não tenho fotos onde seja tudo bem visível. aguardemos pelas dos fotógrafos)

 

As alianças

Tendo em conta que quase metade do casamento foi organizado em tempos de confinamento, optamos por comprar grande parte das coisas pela internet. Foi o caso do toucado, dos sapatos e até das alianças. 

Já tinha comprado jóias pela internet - brincos e colares - mas nunca anéis (por serem difíceis ao nível dos tamanhos) nem algo tão sério, em ouro "puro" e com este nível de responsabilidade. Quando começamos a pensar nas alianças o Miguel disse-me para espreitar a Glamira para ter inspiração, mas a verdade é que gostei tanto dos modelos que decidimos arriscar. Antes de comprar pedimos um "medidor" - uma espécie de abraçadeira com números, que apertamos à volta do nosso anelar, concluindo assim o tamanho que devemos pedir - que chegou dentro de uma semana. Fizemos a encomenda algures em Maio, porque tínhamos medo de gravar as alianças e, à última da hora, sermos obrigados a mudar a data do casamento. Felizmente correu bem - acertamos tanto na data (que não mudou, whowoo!) como no nosso tamanho, e gostamos muito das peças em si.

Para mim o melhor da Glamira é a capacidade de personalização. O modelo que escolhemos tem duas ligas, que podiam ser da mesma cor ou com dois tipos de ouro diferentes; eu teria arriscado em fazer uma mistura, mas o Miguel preferia o clássico, em ouro amarelo, e assim foi. Eu já tinha caprichado no facto da minha aliança ter uma zircónia, para ser diferente, por isso já estava feliz. A largura do anel também é regulável - nós, como temos mãos relativamente pequenas, escolhemos a mais fina, com 2mm - assim como a espessura/altura, em que também optamos pelo modelo mais baixo. O preço, neste caso, foi pelo pack das duas alianças - sendo que é possível devolvê-las (mesmo tendo personalização) ou pedir para redimensionar, caso seja necessário. A entrega foi feita no timing previsto. Fiquei super cliente!

 

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Assim consegui, finalmente, cumprir uma tradição - não vá o meu casamento ser amaldiçoado por ter quebrado tudo o resto. "Something old, something new, something borrowed and something blue." A escrava é muito antiga (mais de cem anos), o toucado era novo, o colar era emprestado e o azul... estava na liga, que usei apenas na cerimónia, mas que fiz questão de vestir por me ter sido emprestada por uma pessoa muito importante para mim.

26
Jul21

Uma história com princípio, meio e sim! #12

Onde comprar vestidos de cerimónia no Porto? E o fato do noivo?

Uma das grandes odisseias do meu casamento foi arranjar vestidos. Não para mim - que já tinha decidido tudo, apesar de ter sido feito à pressa por força das circunstâncias - mas para as outras mulheres, nomeadamente a minha mãe, irmã (e madrinha), cunhadas e "meninas das alianças".

A oferta de vestidos de cerimónia já não é, à partida, muito vasta. Mas encontrar uma peça que gostemos ficou ainda mais difícil devido à pandemia, principalmente por duas razões: nos primeiros tempos de desconfinamento a procura foi imensa, pois havia muitos casamentos a acontecer dali a pouco tempo, muitos deles que já tinham sido alvo de um ou mais adiamentos. Isto correspondeu a uma procura desmesurada, que não foi acompanhada pela oferta - depois do embate que foi o confinamento, com um impacto gigante para os retalhistas, estes precaveram-se e não fizeram compras durante meses a fio. Isto resultou em pouca diversidade de modelos, muito poucos tamanhos e, no fundo, pouca escolha. 

Depois há outra dificuldade acrescida: na roupa de cerimónia é muito difícil encontrar meios-termos, no que ao preço diz respeito. Ou é tudo estupidamente caro ou francamente barato (e, consequentemente, de fraca qualidade). Isto obrigou a que tivesse de fazer praticamente um estudo de mercado para conseguir arranjar vestidos bonitos, bons, mas cujo o preço não obrigasse à venda de um rim. Tive mais experiências más que boas - e este é o post que gostaria de ter encontrado há uns meses, quando andava de um lado para o outro à procura do vestido perfeito para cada uma das minhas pessoas. Para mim, é serviço público - e isso implica honestidade. Por isso aqui vai a minha opinião, nua e crua, sobre todos os sítios onde pus os pézinhos. Ora vamos lá:

 

Começamos a pesquisa pela Maia, minha terra-natal:

- Encanto, loja muito popular de vestidos de noiva. Tem vestidos de cerimónia bonitos, diria que para uma faixa-etária já tipo mãe do noivo/noiva. Os preços são sempre de 300 euros para cima. Peca, muito, pelo atendimento, de que não gostei minimamente.

- Vestido Meu. Não posso opinar sobre os vestidos porque nem sequer os vi. Dois minutos depois de entrar na loja e esperar por algum tipo de atendimento, surge uma senhora que nos diz que só atendem por marcação (mesmo estando a loja vazia e eu dizendo que só queria ver os vestidos de cerimónia, que não era sequer para vestir). "Se quiserem dou-lhes o número de telemóvel para marcarem", acrescentou. "Obrigadinha, mas sei ir ao Google", apetecia-me responder. Batemos com a porta para não mais voltar. Se não querem vender, há quem queira. Adeus!

- SheSaid. Esta não é uma loja dedicada a roupa de cerimónia - é uma multi-marca de gama média-alta que também tem alguma oferta para ocasiões mais formais. Acima de tudo tem boas opções para vestimentas "limbo", que tanto são para festa como para o dia-a-dia, dependendo dos acessórios e sapatos com que conjugamos. Para um público jovem-adulto. Funcionárias muito atenciosas.

- Francisco's (Valongo). Esta loja, muito discreta, foi uma óptima surpresa. Também multi-marca, tem uma oferta maior que a SheSaid no que diz respeito a roupa de cerimónia, com preços entre os 150€ e os 400€. Fomos impecavelmente atendidas e foi por pouco que não compramos lá um dos vestidos que  procurávamos. 

 

Seguimos para o Porto. Sei que há mais lojas do que as que vou mencionar, principalmente dedicadas a noivas na zona de Sá da Bandeira, mas não entramos porque não nos identificamos com o estilo de roupa que vendem.

- Rosa Clará. Fomos lá fazer a minha primeira prova de vestido de noiva e ficamos logo de olho em alguns vestidos de cerimónia - de tal forma que foi lá que a minha mãe comprou o seu. A coleção é muito bonita, mas não é nem para todos os tipos de corpos nem de carteiras. Há muitos vestidos acima dos 600€. O atendimento, na minha opinião, também não é um ponto forte, tendo-me desagradado em várias ocasiões. Vale só pelo produto - caso tenhamos dinheiro para ele.

- Pronovias. A visita a esta loja foi só por descargo de consciência, pois não tínhamos visto nada no site que nos encantasse. A escolha também era relativamente reduzida. O atendimento já foi muito mais atencioso, mesmo não tendo marcação e havendo provas a decorrer no interior. Os preços são semelhantes aos da Rosa Clará.

- AmourGlamour. Foi, de todas, a loja com mais escolha. É a mais eclética ao nível de estilos e de preços - há para todos os gostos, preços e feitios. E por isso é que se tem de ir para lá, acima de tudo, com paciência - porque é tanta coisa, tanta cor, tanto modelo... que fácil é desistir pelo cansaço. Das duas, uma: ou vamos de mente aberta e prontas para vestir metade da loja ou temos uma ideia muito definida e já procuramos coisas muito específicas, que reduzam a escolha. Independentemente disso, a palavra de ordem é mesmo paciência. E tempo. E mais paciência. O atendimento é simpático.

- EasyPrice. Loja com vestidos "low-cost", com um estilo jovial. Os preços baixos da roupa (dos 50€ aos 100€) pagam-se no serviço e na qualidade. Estivemos praticamente uma hora na fila para entrar e a loja estava um autêntico C-A-O-S, com os funcionários sempre ocupados a ir buscar coisas ao armazém, completamente incapazes de arrumar tudo aquilo que as pessoas desarrumavam. Só aceitam dinheiro e não fazem trocas ou devoluções. A roupa é muito "moda", pouco ou nada intemporal, e à base de materiais baratos (como poliéster). É uma boa solução para malta nova que não quer investir num vestido caro que, de facto, só vai usar uma ou duas vezes.

 

Matosinhos:

- SwagStore. Loja muito semelhante à EasyPrice, mas mais organizada e com outro tipo de serviço (arranjos, inclusivamente). A base dos materiais é a mesma mas diria que serve um público mais vasto, desde teenagers até adultos, tanto com modelos mais joviais e mais "moda", como outros mais conservadores e clássicos. Preços entre os 60 e os 130€.

 

Vila do Conde:

- Borsini. Foi a última loja que visitamos - até porque, felizmente!, não precisamos de procurar mais. Adoramos tudo, desde o atendimento - fomos tratadas como se fossemos clientes da casa há quinze anos - até à diversidade de modelos e de preços. Se soubesse o que sei hoje teria até feito uma prova de vestidos de noiva, pois tinham uma coleção pautada por um enorme bom gosto. Tanto a minha irmã como a minha cunhada compraram lá os seus vestidos - lindos e dentro do preço que procuravam. Tudo correu bem: os prazos foram cumpridos, os arranjos impecáveis. Zero razões de queixa, 100% de recomendável.

 

"Meninas das Alianças"

O nome está entre aspas porque, na prática, não tive meninas das alianças. As escolhidas foram as minhas sobrinhas que já não têm idade este posto. Também não lhes quis chamar de damas de honor, por isso ficou ali num meio termo: foram atrás de mim até ao altar e ajudaram-me com o vestido/véu/cauda e levaram também as alianças e os nossos votos.

Arranjar vestidos para meninas de 11 e 13 anos não é fácil: porque já não são crianças mas também não são adultas; porque já têm gostos e opiniões próprias, mas também têm de cumprir com os gostos dos pais. Um filme! 

Foram dias e dias à procura e optamos por comprar os vestidos numa grande marca. Escolhemos um vestido da Mango, da secção de adulto, que servia e ficava bem a ambas (ainda que com alguns arranjos). Iam muito fofinhas!

 

IMG-20210628-WA0123.jpg

 

O fato do noivo

Nem tudo foi um mar de rosas. O Miguel comprou o seu fato no Prassa e não ficou cliente, tanto pela oferta de produtos (ou a falta dela) como pelo atendimento. Têm a fama, tiram o proveito, mas não fazem jus ao nome.

É verdade que escolher um fato não tem o mesmo peso de um vestido de noiva - mas é o momento do noivo, do protagonista, e deve ser visto como tal. O que ele sentiu foi que aquela era uma loja para massas, sem o tratamento personalizado que se quer naquele momento (e que se devia exigir pelos preços lá praticados). Não se sentiu minimamente apoiado aquando da escolha do fato, ficando não só com a sensação de que era mais um mas também que o estavam a despachar, para entrar outro freguês e faturar mais umas centenas de euros.

A escolha era limitada. Os funcionários foram explícitos, dizendo que só se podia comprar o que estava exposto e com conjuntos definidos - não havia hipótese de mandar vir tamanhos ou outros modelos assim como não era possível escolher um colete diferente daquele que vinha originalmente com o fato (que era, por regra, da cor do mesmo). Quando, dois meses depois, foi buscar aquilo que tinha comprado, a camisa tinha uma das mangas subidas e outra por subir - o arranjo teve de ser feito à pressão, na hora, enquanto ele lá esperava. O atendimento podia ter melhorado de uma altura para a outra, mas tal não se verificou.

Pessoalmente não tive opinião na matéria - nem da escolha da loja, nem do fato (embora este tenha sido uma boa escolha, com uma cor muito bonita e um bom cair) - mas, se tivesse tido, sugeria a loja Infinitomar, na Maia. Fui lá antes do casamento, fazer uma outra compra, e fui tratada de forma exímia. Foi lá que o meu cunhado comprou o seu fato e onde fez, pelo mesmo preço que no Prassa, um colete por medida, com materiais escolhidos por si.

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