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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

21
Mar15

"O meu lugar é onde eu quiser"

Nem só de leituras "nobres" e de escrita se faz a minha vida (por falar nisso, encravei no livro que estou a ler agora, daí a falta de reviews). Para além dos blogs, também tenho dias em que gosto de ler aqueles textos pirosos, românticos, queridos, de rapazes que - à luz da escrita - parecem príncipes encantados e que nos dão a volta em dois tempos. 

Hoje encontrei um texto giro, que me tocou particularmente (por me rever muito). Ao contrário do que é costume partilho convosco.

 

texto1.JPG

 

(podem ler melhor aqui, site original) 

10
Dez13

Mais um crónica - "Não sou pelo coração"

Isto agora é assim, quase que fabrico "crónicas" por encomenda. 

Com a falta de inspiração que me é característica quando tenho de fazer este tipo de textos "encomendados", decidi inspirar-me em publicações que por aqui tinha, mais antigas. Decidi pegar numa e dar-lhe uma grade reviravolta, aumentando-a e, espero, melhorando-a. Como de costume, não podia deixar de partilhar por estas bandas:

 

Dizem que nos partem o coração de cada vez que sofremos um desgosto amoroso. Mas sejamos realistas: nada se estilhaça quando alguém nos dá “uma tampa” ou termina um relacionamento de longa data. Nada parte, nada fica desfeito em pedaços. Mas nós, teimosos, dizemos que sim, que estamos todos partidos por dentro. O coração, então, é o nosso maior alvo! Parte-se vezes sem conta, sem dó nem piedade, e nós teimamos em desmancha-lo á força.

A minha questão é: porquê? Porquê o coração? É verdade que, sem ele e o seu ritmado bombear, morreríamos. Mas e se os pulmões pararem? E o fígado? Pois é, aí sim, ficamos desfeitos. Literalmente.

Eu nunca fui uma entusiasta do coração; nunca percebi o alarido à volta deste órgão vital. Uma vez, algures no meu ensino básico, lembro-me de ter ficado desiludida quando olhei para um coração de porco verdadeiro, ali ensanguentado e feio em cima das minhas mãos. Perguntei-me rapidamente como é que alguém se poderia ter inspirado “naquilo” para fazer o típico desenho que conhecemos, bem redondinho e bonito. Tenho em mim que alguém, num belo dia, teve um magnífico rasgo de inspiração.

Mas eu não sou preconceituosa: um órgão feio pode perfeitamente dar origem a tantas belas metáforas e estar ligado a um sentimento tão nobre como o amor. Se calhar, quem sabe, até o fizeram por solidariedade e pena, devido à sua evidente falta de beleza, ou não fosse o pobre órgão sentir que o desprezávamos “só” porque a sua principal função é a de nos manter vivos (algo que por vezes tanto desconsideramos). Assim, decidimos providencia-lo de uma outra característica, que a maioria de nós considera quase tão valiosa como a vida: o amor. O amor vem do coração, está no coração, parte o coração, despedaça o coração. O amor e o coração, sempre juntos.

Mas não para mim, não a partir de agora. Eu sou pelos originais, pelos que sobressaem, pelos que não se seguem pelos outros. Um dia, aos meus netos, vou contar-lhes que alguém me magoou, num passado longínquo; que algo em mim se “partiu”. Algo que também nos faz falta, não menos metafórico e não mais bonito. Um dia dir-lhes-ei: “na altura em que o coração era tudo, a mim, partiram-me um pulmão. E doeu-me. Mas um dia voltei a respirar.”

21
Ago13

Encontrado algures no facebook

"Há dois tipos de pessoas, o escorpião e a rã. Um escorpião não consegue atravessar o rio. Vai ter com uma rã, que consegue, e pede boleia. A rã diz: "não posso levar-te às costas, picar-me-ás"; o escorpião responde: "será contra os meus interesses picar-te, pois morreríamos juntos". A rã pensa nisso um bocado e aceita o acordo, entrando na água com o escorpião às costas. A meio caminho, sente uma dolorosa ferroada no dorso e apercebe-se que o escorpião vai morrer, de qualquer forma. Vão afogar-se juntos. A rã chora: "por que me picaste? Vamos morrer os dois"; o escorpião responde: "não pude evitá-lo. Está na minha natureza."

Há duas formas de viver a vida*: Uma é que não conseguimos mudar a natureza de ninguém. E a outra é que nada pode mudar a nossa natureza."


*não quis modificar o texto original, mas suponho que a intenção do autor seja dizer que há duas "lições na vida".

08
Out12

No livro da escola

É engraçado como, num curto espaço de tempo, vi o meu nome escrito em dois livros - sendo que um deles foi criado por mim. É sempre tão emocionante ve-lo escrito, a tinta, em páginas que não fomos nós que imprimimos - num conjunto delas coladinhas, com capa, com um design mais ou menos definido.

Sem dúvida que a amostra que tive do meu "bebé" foi bem mais entusiasmante, mas a sensação prolonga-se ao olhar para o livrinho da escola. Quanto ao conteúdo, tenho textos bem melhores e dos quais gosto mais, mas este foi o eleito. Nada a fazer quanto a isso.

 

24
Fev12

"O amor nunca fica resolvido nem se alcança."

"Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me.

Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte."


Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (14 Fev 2012)'

23
Out11

Como é que se esquece alguém que se ama?

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.


Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

10
Ago11

Procuro alguém como tu

"Possivelmente estarás a dormir quando te escrevo esta carta. Falei contigo hoje por duas vezes e por duas vezes tive a sensação de perceber tudo aquilo que eu quero é algo muito parecido contigo. Não sei se és tu, mas parece-me que a haver alguém com as tuas características, é essa pessoa que eu quero. Quero alguém como tu e desde que te conheci que a procuro de forma incansável, na esperança que alguém se assemelhe a ti, mas que não sejas tu, de forma que sejamos só amigos como tu pretendes. Sejamos claros, a Remax em vez de vender andares e colocar outdoors pelas cidades inteiras à procura de compradores de cimento e tijolos e cozinhas modernas, devia dedicar-se ao amor e ajudar-me a procurar alguém como tu, de forma que continuasses a tua vida sem que alguma vez percebesses que é a ti que eu quero e procuro. A Remax, a Century 21, a Era, essas imobiliárias de betão, deveriam ajudar-me a procurar alguém igual a ti, em vez de um T2 com vista para o mar, de jardins sustentáveis, condomínios fechados e o costume. O melhor vendedor da Remax, que se chama Nuno Gomes, se fosse mesmo o melhor da Europa como dizem que é, poderia ajudar-me nisto. A procurar alguém igual a ti, colocando em todos os outdoors de Lisboa que têm para o efeito, um anúncio em letras grandes à qual se juntaria a tua foto que diria "Procura-se mulher igual a esta". E posto isto deixaria o seu habitual número para que lhe chegassem propostas e em todas elas eu, com tudo o que tinha, hipotecava o que houvessem para que nenhuma tivesse capacidade para ser superior à minha. Procuro alguém igual a ti, peço-te ajuda para isso, não quero interromper a tua vida nem muda-la, nem sequer te fazer perder muito tempo desde que me garantas que me arranjas alguém igual a ti.

Mas tem que ser igual, exactamente igual. Promete-me isso, quero essas provocações parvas, quero esse teu voluntarismo desinteressado, esses palavrões na ponta da língua, mas não te quero a ti. Tu não tens mais que fazer, esta carta é um pedido de ajuda por isso, quero isso sim, alguém como tu, alguém que nunca a Remax saberá encontrar."

 

Fernando Alvim, In metro (5 Agosto de 2011)

09
Jul11

A minha mais recente brincadeirinha

É mesmo de quem não tem mais nada que fazer - mas lamento, eu não tenho mesmo. Criei um espaço (num servidor qualquer que encontrei por aí e que me despertou interesse) para alojar os meus textos de ficção e os textos que mais gosto, escritos pela minha pessoa. Podem ver em baixo, numa aplicação mini, ou aqui.


Para quem me visita há mais tempo, não vai encontrar lá nada que ainda não tenha lido. Já agora, se alguém tiver sugestões de textos que se lembre que tenha gostado, que me diga (porque eu já não me lembro de metade daquilo que escrevi). Obrigada!


 




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