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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

06
Jun19

É verdade: às vezes não sobram minutos

Uma das minhas regras de ouro aqui no blog é não apagar posts. Se achar que, por razão de força maior, algum deve mesmo ser retirado da vista do público, coloco-o em privado, de forma a que só eu o leia - mas nunca, jamais, apago o que quer que seja. A escrita é o testemunho mais real que tenho da minha própria vida - e mesmo que, passado uns anos, já não concorde com as opiniões que tinha ou não me reveja em determinados sentimentos que descrevi, sei que na altura foram reais. Não os esqueço nem os monesprezo. Fizeram parte de mim, do meu crescimento, da minha vida - e por isso têm e vão ter sempre lugar aqui.

A verdade é que não há muitos posts de que me envergonhe. Não me lembro de nada que tenha escrito que hoje me apeteça apagar; acho que nunca cometi nenhum erro crasso. Aliás, continuo a concordar com muito do que aqui escrevi. Não sei se isso é bom ou não: se por um lado tenho opiniões consistentes, que não têm tendência a mudar como quem muda de cuecas, ou se sou uma teimosa incorrígivel que não consegue mudar a sua própria mentalidade. Pode cair para cada um dos lados. Cá para nós, devo confessar que guardo um certo orgulho pela minha estabilidade a este nível...

Mas estes dias tenho pensado muito em algo que antes dizia e que hoje não consigo subscrever. Não sei se alguma vez escrevi sobre isso, mas sei que o pensei durante muito tempo. Tem que ver com o tempo - ou a falta dele. Sempre disse que arranjamos tempo para aquilo que queremos, basta fazer uma boa gestão de tempo e de prioridades. Recordo-me de ouvir as pessoas queixarem-se disto e de eu pensar que com uma agenda e um bocadinho de cérebro a coisa se resolvia. Até me lembro de dizer que, na loucura, se devia dormir menos. Coisas que se dizem quando se tem energia para tudo, não é verdade? (Gostaram deste discurso de velhinha?)

Hoje vejo que não é bem assim. Sempre me considerei muito boa a gerir o meu tempo e agora olho para mim, frustrada, sem saber o que fazer da minha vida. E continuo a achar que tem tudo que ver com a gestão da agenda e das prioridades - mas agora percebo que às vezes as prioridades tomam conta da nossa vida, sufocam-nos. A pós-graduação - que entrou agora na reta final, benzó-deus! - e todos os consequentes trabalhos que vêm com ela, tomam conta de grande parte do meu tempo. Dar aulas de piano é mais uma quantidade de horas em que estou longe do mundo, só centrada nas teclas e nos meus alunos. Estar no início de uma relação também não ajuda: a quantidade de tempo que passamos com a pessoa é proporcional à nossa felicidade, por isso queremos estar o máximo de tempo possível com ela. Faço do trabalho na fábrica, aquele que ainda tem menos obrigações, o meu tempo "ninja" - aquele que manipulo consoante as minhas necessidades e exigências. Mas, mesmo assim, há muitas coisas que saem para fora das 24 horas que têm o dia.

Estar com os meus pais e com a minha família não deixou de ser prioridade - nunca deixará. Escrever aqui não deixou de ser prioridade. Tudo o que não o era saltou fora da minha vida neste momento: o ginásio, os outros blogs, as redes sociais, até alguns amigos e umas boas horas de sono. Mas chega uma altura em que não dá para cortar mais e só nos resta o exercício de fazer caber em pequenos pedacinhos de tempo tudo aquilo que nos preenche mas que, nestas fases, nos faz sentir vazios, por não conseguirmos dar vazão a tudo.

Não tinha razão quando dizia que há sempre tempo para tudo. É verdade que somos nós quem define as prioridades, quem tem de saber pesar as vantagens e as consequências de cada ato - e podemos cometer loucuras, deixar de fazer coisas obrigatórias em prol de outras facultativas... mas, pela lógica normal das coisas, há mesmo fases em que não sobram minutos. Estou numa dessas, pelo menos até acabar o curso. Já vejo a luz no fundo do túnel, mas só a meio de Julho é que verei a luz do dia. Estou ansiosa, acho que nem vou saber o que fazer com tanto tempo livre!

Para já, resta-me tentar ser eficiente em todas as tarefas que me enchem a agenda, de forma a despachar tudo de forma efetiva. E contentar-me com os buraquinhos de tempo que me aparecem - como este, que me permitiu escrever este texto, e que me soube pela vida. Agora... siga! 

19
Set17

Há mesmo tempo para tudo?

Lembro-me de há uns bons anos ler um post num blog de alguém que se queixava de falta de tempo. Eu ainda estudava - provavelmente ainda no secundário - e sei que pensei "pfff, ou isto é falta de organização ou falta de vontade; se fosse eu a querer mesmo fazer algo até roubava umas horas de sono se fosse preciso!". E a verdade é que, na grande maioria dos casos, isso continua a ser verdade: na minha opinião, muitos dos que se queixam de falta de tempo ou são mal organizados ou preguiçosos. Curiosamente, aqueles que aparentemente têm menos falta de tempo são os que mais fazem!

Acho que muitas vezes estas questões são até uma bola de neve: alguém que faz muito pouco, tende a fazer muito pouco. Alguém que faz muito, tem tendência a querer fazer ainda mais. E eu sei-o porque sou o perfeito exemplo disso: nas minhas terríveis fases letárgicas, o problema agrava-se com o tempo porque me vou sentindo gradualmente inútil, cansada e desmotivada; quando estou espevitada para a vida, preencho a agenda, deito-me feliz e contente, faço trinta por uma linha e ainda quero fazer mais no dia seguinte.

Mas há dias em que realmente falta tempo? Há. Principalmente para pessoas como eu, que têm uma terrível tendência para deixar alguns trabalhos para a última e, quando chega à deadline, têm todos os segundinhos preenchidos e estão prestes a ter um esgotamento nervoso. Mas essa falta de tempo é algo constante? De todo. Porque a questão "falta de tempo" baseia-se em dois conceitos básicos: organização e prioridades.

Dei por mim a pensar naquilo que há uns anos tinha dito a mim mesma sobre essa pessoa que se queixava que as 24 horas do dia não eram suficientes para si e concluí que talvez tenha sido um bocadinho dura (como sou muitas vezes, bem sei). Porque, de facto, eu acho que há tempo para tudo: mas antes disso é preciso fazer uma análise a toda a nossa vida, aos nossos gostos, às nossas prioridades, aos nossos hábitos e saúde - e há fases em que não conseguimos fazer essa leitura de nós próprios, porque já estamos demasiado enterrados em nós mesmos. Hoje sei que há coisas que, embora gostemos de fazer, acabam por cair por terra - porque há outras coisas de que gostamos mais (aka prioridades). Agora dificilmente diria que "se fosse eu, até roubava umas horas de sono se fosse preciso!", porque eu preciso mesmo muito de dormir. Gosto de dormir, de me deitar cedo e acordar com as galinhas, de forma a aproveitar o dia e não andar a rastejar pelos cantos durante o dia. A minha vida mudou - na altura em que pensei isto deitava-me facilmente às duas da manhã, acordava às 7:30h e dormia um par de horas durante a tarde -, assim como tudo o resto.

Estou numa fase de reajustamento. Durante um ano dediquei-me inteiramente ao trabalho e, apesar dos primeiros meses terem sido realmente preenchidos e sem tempo para dramas - para além de estarem recheados de novidades -, os restantes não foram assim tão bons. E eu senti que agora tinha de me dedicar a mim. Inscrevi-me nas aulas de piano, troquei de ginásio, montei a minha própria agenda, fiz um plano de posts aqui para o blog. E agora ando aos apalpões, a ver o que resulta ou não para mim, o tempo que sobra - e, acima de tudo, o que fazer com ele. Ou seja: organizando-me. E apercebo-me que, para além de ter deixado de fazer algumas coisas de que gostava - por gostar mais de outras -, há também atividades que são substituíveis.

Neste momento, por exemplo, estou empenhada em terminar a série Game of Thrones. Durante o dia não tenho muito tempo, por isso, regra geral, vejo um episódio antes de ir dormir. Isto rouba-me, para além de cerca de meia hora de sono, o meu período de leitura. E sim, há demasiado tempo que eu não leio um livro: e isso entristece-me, é uma coisa que eu quero retomar, mas percebo que só quando terminar a minha maratona de GoT é que vou voltar a ter este hábito. São duas atividades que ocupam o mesmo espaço na minha vida - o lazer e a hora pré-sono. E eu, para usufruir de uma, tenho de abdicar de outra. É claro que podia ver a série e depois ler um par de páginas - mas a concentração já não é a mesma e o tempo que roubo ao sono continua a contar. Lá está: as famosas prioridades.

Acho que ser adulto é isto, este paradoxo estranho: perceber que temos tempo para tudo mas que esse "tudo" é relativo. Porque, na realidade, não é tudo. Não é "o tudo" que cabia na nossa vida quando andávamos no básico e tínhamos meia hora de recreio, três meses de férias e três dias de gazeta no Carnaval. Quando crescemos, o "tudo" é aquilo que é essencial e um bocadinho mais para além disso. O "tudo" são as escolhas que fazemos mas que, na maioria dos casos, completa um leque suficientemente grande para ser capaz de nos satisfazer, de nos cansar e fazer felizes. Porque continuo a achar que todas aquelas pessoas que se queixam cronicamente de falta de tempo, se tivessem três meses de férias, continuariam a queixar-se do mesmo. Porque é crónico. Tal como o tempo, que é igual para todos - só resta saber vive-lo (e preenche-lo) da melhor forma.

29
Jan17

O luxo que é ter tempo

Eu acho que uma das maiores riquezas que há na vida é ter tempo. De que serve ter muito dinheiro se não há tempo para o despender? De que serve ter uma família grande se não temos tempo para ela? Eu acho que este equilíbrio é dos mais difíceis de conseguir e hoje em dia dou por mim sempre a correr, a sair de manhã para o trabalho e chegar já com a noite cerrada e perguntar-me: é isto a vida? É durante o tempo do pequeno-almoço e do jantar que se vive, sem fazer algo a que estamos obrigados por parte da sociedade? E isto para não falar de todas as outras obrigações que as pessoas normais e independentes têm: fazer a cama, arrumar a casa, preparar refeições. Que tempo sobra?

Ainda para mais eu tenho a mania dos planos, das listas, das tarefas. E adoro quando chego ao fim do dia com tudo preenchido e feito - aliás, só assim fico realizada e verdadeiramente sossegada. Mas a verdade é que me esqueço da liberdade e do sossego que é ter dias para não fazer nada. Sem planos, sem horas, sem bilhetes para isto e aquilo, sem jantares, sem ter de fazer uma sobremesa para levar não sei onde, sem viagens às 8 da manhã. E sem ter de escrever, de ler, de ver aquele filme, de estudar, de arrumar. Sem nada destinado - porque só deixando a minha agenda mental livre de tarefas é que consigo efetivamente desfrutar do tempo totalmente livre e não ficar a remoer em tudo o que devia ter feito e não fiz.

Sabendo que o mês que se aproxima vai ser caótico, que os fins-de-semana ricos em descanso não vão existir, que o trabalho vai estar a 200%, que nestas duas pernas vão estar muitos quilómetros e demasiadas horas em pé e que eu vou ter de beber muito café para aguentar a pedalada, decidi que este fim-de-semana ia ser para descansar. Sem planos, sem obrigações - só as refeições e a ida ao supermercado para ir buscar o pão. 

Já li, já vi séries, já vi um filme, já planeei a minha viagem, já escrevi. Sem check-lists, sem stresses, ao sabor do tempo que resta. Governada pelo sono ou falta dele, pela vontade de fazer coisas ou a falta dela. Que bem que soube e que pena estar a acabar. Sinto que vou passar de um passeio domingueiro para uma corrida de fórmula 1. E a única coisa que espero é chegar ao fim com os fusíveis todos. Até lá, vou só dormir mais um bocadinho para queimar os últimos cartuchos.

09
Out16

A rapariga dos mil e um projetos

Desde há uns anos para cá que eu estou sempre a ter ideias novas. Algumas simples, algumas complexas, algumas simplesmente parvas e outras que não me saem da cabeça por muito que eu diga para mim mesma "não dá!". Porque antes eu ainda fazia com que algumas delas fossem avante, mas muitas acabavam por ficar pelo caminho ou incompletas porque, de facto, não há tempo para tudo. Quer dizer: no meu ponto de vista há sempre tempo para aquilo que realmente gostamos e queremos, mas há que fazer uma hierarquia natural de prioridades e perceber o que vale de facto a pena ou se são horas ou minutos simplesmente deitados ao lixo. 

A verdade é que o meu tempo útil desde que estou a trabalhar diminuiu drasticamente e, neste momento, ainda estou a tentar arranjar tempo para rotinas obrigatórias - já me consigo deitar mais cedo e ler meia dúzia de páginas, mas ainda não consegui encaixar o ginásio no meio disto tudo ou dedicar uma hora por semana ao postcrosing, por exemplo. Os meus fins-de-semana ainda não passaram a ser de descanso, porque continuam a estar apinhados de tarefas que ainda não conseguem ver a luz do dia à semana, a par de algum trabalho que trago para casa por não conseguir fazer em tempo útil - e mesmo assim estes dois dias não chegam, sobra sempre para o fim-de-semana seguinte, o que é um ciclo vicioso que eventualmente terá de parar (quanto mais não seja fruto do cansaço). Por isso, todos os projetos que tenho em mãos, foram à partida ou assumidos ("são para levar à séria"), ou apagados da minha memória ("não dá") ou postos em stand-by, para quando um dia der.

O blog é, por exemplo, um projeto mais do que assumido - o meu plano era que este inverno ele desse um salto, por mais pequenino que fosse. Queria testar os limites dele - ver se não há mais leitores por falta de conhecimento ou mesmo por falta de interesse (o que é mais provável). Mas para isso preciso de investir nele, de mudar e aperfeiçoar uma série de coisas que me fazem comichão e que quero que estejam perfeitas; não quero que passem cinco dias sem eu escrever porque nessa semana trabalhei de sol a sol, por isso há todo um planeamento para que isto resulte. É um esforço racional, muito planeado e que faço sem pensar duas vezes - mas que me dá trabalho, lá isso dá. 

Gostava de fazer muito mais coisas (se soubessem as coisas que eu me lembro...), mas sei que ao fim de algum tempo, sem horas para poder dispensar e sem "fãs"/likes/comentadores a puxarem-me para cima (o que, numa fase inicial é perfeitamente normal), iria desistir - e, para isso, mais vale nem começar. O meu tempo é o de uma trabalhadora, mas a minha cabeça - pelo menos a esse nível - é a de uma miúda do secundário com as ideias a borbulhar.  

14
Mar16

Dar tempo ao tempo (para ter tempo)

Estou numa fase estranha, entre altos e baixos consoante o dia. Aliás, consoante a hora do dia. Tanto estou feliz, cheia de ideias e a imaginar um futuro brilhante pela frente, como estou em baixo, cansadíssima e com umas covas debaixo dos olhos que me aparecem instantaneamente mal o meu espírito cai.

Estou a descobrir uma nova vida. Uma vida definitivamente mais ocupada, mais atarefada, sem grande tempo para pausas - pausas essas que, descubro agora, me fazem muita falta. Penso mais do que achava que pensava (esta frase faz sentido?). Por um lado, sempre soube que overthinking era uma das minha especialidades, mas esse é o lado negativo da questão; o lado positivo, onde se inclui a medição, o ato de auto-debater comigo mesma, de construir raciocínios e argumentações lógicas, foi algo que nunca valorizei mas que agora vejo que tem uma importância enorme para mim. Daí escrever tanto, daí ter ainda mais textos "escritos" na minha cabeça. 

Sempre gostei de fazer as coisas com tempo. Sempre acordei mais cedo para poder levantar-me dez minutos depois, para poder tomar o pequeno-almoço com calma e aproveitar aqueles minutos matinais com a minha mãe; sempre saí mais cedo de casa para não chegar atrasada à faculdade, para não ter de carregar demasiado no acelerador, para não stressar ao tique-taque do relógio; sempre fiquei quinze minutos a apanhar ar antes de entrar nas aulas, com tempo para apanhar um bocadinho de sol (ou chuva, dependia dos dias) na cara e renovar as energias; sempre gostei de me deitar com alguma genica, para poder ler algumas páginas do livro que tenho na mesinha de cabeceira, sabendo, ainda assim, que as horas de sono e a minha energia do dia seguinte não iam ser comprometidas.

E agora não tenho conseguido fazer isso. Vou a correr para todo o lado, não leio, não escrevo, não apanho sol antes de entrar ao trabalho, não descanso antes de ir para o ginásio, não passo grande tempo de qualidade com os meus pais. E não me interpretem mal: o trabalho está a correr muito bem, sinto-me uma sortuda por ter conseguido encontrar algo que me satisfaça minimamente (porque eu sou difícil de satisfazer). No entanto, o facto de ainda não ter reajustado a minha vida a este novo ritmo, deixa-me desnorteada; ter aberto mão, sem dar conta disso, das coisas que me fazem feliz, tira-me o chão de cada vez que penso nisso. A adaptação está a fazer-se, mas bem mais lenta do que eu pensava.

Não deixa de ser curioso o facto da cura para a minha falta de tempo ser, de facto, dar tempo ao tempo. 

 

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03
Mar16

Diário de uma estagiária 3#

Praticamente duas semanas depois de ter começado a trabalhar, ainda estou em modo de "ajuste de horários e rotinas". Embora tenha um horário flexível (e em regime quase "não-obrigatório") e o importante seja deixar o trabalho feito, optei por fazer um horário a tempo a inteiro (ou semelhante, mais ou menos meia hora), também para sentir o que é isto de "trabalhar" e não fazer a coisa por metade. E perceber que até estou a gostar é, para mim, uma satisfação e um alívio enormes.

Nos primeiros dias custou-me muito estar fora do meu "porto de abrigo" (mais conhecido como "casa"), mas tenho-me vindo gradualmente a habituar e a gostar de trabalhar; embora adore o meu "habitat natural" e a companhia constante da minha mãe, também queria obrigar-me a sair de casa, onde a maior parte do tempo passava a dormir ou a gastar - literalmente - tempo na internet, em coisas que não interessam a ninguém. O facto de agora ter menos tempo também faz com que o valorize mais; aprecio mais a companhia dos meus pais, faço um uso muito mais racional do computador (e da internet!), organizo muito melhor a minha vida e, de certa forma, torno-a mais equilibrada. Estar mais tempo no escritório também ajuda à minha integração e socialização com as minhas colegas, que na última semana melhorou a olhos vistos e me deixou muito mais confortável.

A minha única dificuldade neste momento é ultrapassar o cansaço com que chego ao final das tardes. Percebo, hoje, que apesar de sempre ter sido fanática (e quase viciada) em computadores, passava muito tempo fora deles - em grande parte graças às aulas, onde nunca aderi à moda de levar os portáteis e sempre me fiz acompanhar dos clássicos caderno e caneta. O facto de, agora, passar seis ou sete horas seguidas em frente ao computador, cansa-me de uma forma que não esperava. E não tenho conseguido aproveitar o meu tempo livre tão bem como esperava porque, mal me vejo em casa, aterro no sofá - bem que tento ver uma ou outra série, mas o sono ganha sempre.

Ainda estou para me inscrever no ginásio, a descortinar os meus novos momentos de escrita, a encontrar forças para ler antes de me deitar. Ainda há pequenos (grandes) pormenores a serem ajustados nesta minha nova vida, mas sei que é algo que com o tempo, hábito e - acima de tudo! - vontade vai ao lugar. Está tudo no caminho certo.

04
Mai15

Farta do frio, da chuva e do vento

Vou apontando na agenda as coisas sobre as quais quero escrever aqui no blog, para evitar que coisas que eu me lembro se desvaneçam na minha memória e que bons textos sejam perdidos para todo o sempre. Ainda assim, há muita coisa que me escapa, até porque sempre que me lembro de alguma coisa começo logo a escrever o texto na minha cabeça - e aquilo que parece brilhante na minha mente, um dia depois, quando o estou a passar para o papel, já não sai tão espectacular como isso. Continuo a dizer que o melhor era ter um papel e caneta ao estilo da Rita Skeeter, do Harry Potter - assim, sempre que estivesse a conduzir, prestes a adormecer ou a fazer outra tarefa qualquer, só precisava de dizer aquilo que queria apontar e já estava, a canetinha fazia automaticamente a tarefa por mim. Fica a ideia para os inventores do futuro, hun? 

Mas bem: há umas três semanas tinha apontado na agenda o seguinte tópico "farta roupas inverno". Uma pesquisa rápida no blog dá para perceber que eu não escrevi sobre isto. E porquê? Porque o tempo melhorou e já não faria sentido escrever o texto. Não melhorou substancialmente, uma coisa berrante, nada que dê para andar toda acalorada e de manga caviada. Mas, enfim, chegou para trocar a roupa de inverno pela de verão, encostar os casacos pesadões para o canto e guardar os camisolões grossos para o fundo da prateleira. Isti até estes últimos dias, que têm sido típicos de um inverno rigorosíssimo. 

Não sei como tem estado no resto do país, mas aqui no Porto esteve, durante o fim-de-semana, um tempo terrível - chuva até dar c'um pau, vento frio, dias que não saíram do cinzento. Então hoje foi uma autêntica tempestade, com ramos pelos ares, árvores caídas a cada canto, telhas e telhados no meio do chão. E chuva, muita chuva. O que traz roupa de inverno atrelada, como é óbvio.

Lá tive eu de me esticar para ir buscar as camisolas mais quentes mas, sinceramente, já não sei o que hei-de vestir. Comprei pouca roupa no início da estação e as quatro ou cinco peças que comprei, usei-as até à exaustão (de tal modo que já têm mais borboto do que malha) e estou farta, fartinha delas, até ao tutano! Já não as consigo reinventar, sinto que as usei de todas as formas e feitios imaginários, com todas as calças, botas e acessórios que aqui tenho. 

Preciso urgentemente do bom tempo!

04
Dez14

A falta de tempo e como era bom ser um polvo

Há uns tempos ligou-me uma amiga que está em direito, com quem só falo muito raramente. Quando lhe perguntei pelas aulas ela disse-me: "Vão bem. Acho eu. Eu raramente vou, só leio os livros que nos são aconselhados e depois vou a exame". Acho que o meu estômago, quando acabou de "ouvir" isso, até deu um nó.

Eu não estou a brincar: eu passo meus meus dias todos a trabalhar. E não posso faltar às aulas, porque tenho trabalhos para entregar, constantes dúvidas práticas para tirar. Até ao ano passado os fins-de-semanas eram sagrados para mim - muitas vezes nem sequer trabalhava durante esses dois dias e, se o fizesse, era somente durante a tarde. A manhã? Era para dormir. A noite? Para ir ao cinema, ver filmes e séries, ficar a ler e a chocar por aqui por casa. Agora acordo cedo aos fins-de-semana para trabalhar, a televisão não liga nem para veros meus programas preferidos e as tardes, essas, é na certa que são passadas em frente ao computador.

Por isso por entre aulas, estudo, trabalhos e ginásio (este último que fica para trás quando é preciso e já estou às portas do desespero) e, claro, comer e dormir, sobra-me pouco ou nada. Sinto-me sufocada e, quando ouço coisas destas, um bocadinho revoltada. Porque eu há dois meses que estou em modo non-stop

E mesmo o blog ficou prejudicado. À noite lá me lembro de teclar um bocadinho, mas às vezes passa-me, ou estou demasiado cansada ou embrenhada noutro projeto qualquer. Não é falta de temas nem de inspiração: pelo contrário, até porque todos os dias me lembro de coisas novas para escrever. Prova disso é a minha agenda, onde vou apontando as coisas que quero ir escrevendo e, à medida que o faço, vou riscando. Tenho textos em atraso há quase dois meses - um desses exemplos foi o texto das sardinhas que, estive a contar!, estava em "lista de espera" desde há seis semanas atrás.

Às vezes dava jeito ser um polvo. Se fosse, juro que dedicava um dos meus oito tentáculos só à escrita... Como não sou, tenho de dividir o tempo de cada uma das mãos da melhor forma possível.

 

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10
Ago14

Não perdoo o Verão

Durante o Inverno passamos a vida a usar uma expressão parva, em forma de pedir que os dias bons voltem: "volta Verão, estás perdoado!".

A frase nunca fez sentido, é uma expressão como tantas outras, mas acho que no próximo Inverno vamos mesmo passar à literalidade. Eu juro que nunca vi verão tão mau nesta minha vida; nunca vi tanta chuva, tantos dias cinzentos e febris. Mas lá para Janeiro, quando estivermos a tremer de frio por causa de mais uma estação gelada, molhada e rigorosa, aí é que vamos mesmo dizer: "volta Verão, estás perdoado" com todo o significado que isso implica. 

Da forma como a meteorogia anda - invernos teríveis, verões maus - vamos querer a solução menos má. Nessa altura, quando estivemos a bater o dente, vamos perdoar o verão e - como sempre, porque somos humanos e temos este eterno defeito de esquecer as coisas más do passado - pedir para que estes dias fraquitos (ainda que melhores do que aqueles em dias de Janeiro) voltem a acontecer. 

Eu cá acho que este ano não perdoo o Verão. Nem o S. Pedro. Acho que nunca estive com tanto pó a um santo como agora. Chato!

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