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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

22
Nov24

Um mês de saudade

Faz hoje um mês da morte da minha irmã. E eu tenho saudades.

O tempo sana muita coisa, mas as saudades não são uma delas. A falta da presença física constata-se nas pequenas coisas, nos detalhes. O luto vem em ondas - tanto o mar está calmo como, do nada, de um pormenor se faz um tsunami. 

Vejo o luto dos outros e, de facto, cada um tem o seu processo. A mim não me dá para os porquês e não ponho em causa as decisões tomadas durante aqueles oito meses; também não tenho remorsos do que fiz ou deixei de fazer com a minha irmã, tanto antes como depois de ela saber que estava doente. Estou serena com as decisões dela e com as minhas. Mas a mim, o que me pesa, são as memórias.

Há pouca coisa na minha vida que não se ligue à minha irmã, porque as minhas raízes cresceram em conjunto com as dela; é indiferente aquilo que eventualmente nos distanciava nos últimos anos, porque o que nos unia era um iceberg invisível e gigante que vem de tudo aquilo que ela me transmitiu e que fez de mim a Carolina que sou hoje. O monte de gelo que está por cima do iceberg, mais sujeito às intempéries da vida, podia ir variando... mas nunca, nunca o iceberg diminuiu de tamanho. E tudo o que fiz por ela e com ela neste ano foi tudo, tudo vindo de uma fístula profunda que se chama, simplesmente, de amor. Todo o iceberg é tecido por milhões de laços de amor, que são no fundo memórias e ensinamentos que ela me transmitiu e que agora vêm à superfície, por um canal que não se fechou e que vai trazendo ao de cima coisas que estavam lá escondidas há muito tempo. 

Ultimamente sou assolada por canções que ela me cantava ("Era uma vez um cavalo que vivia num lindo carrossel, Tinha as orelhas furadas e a cabeça era feita de papel" ou a "De olhos vermelhos, e pelo branquinho, aos saltos bem altos, eu sou um coelhinho", com a qual me cruzei hoje) e a dor que isto causa é de uma dimensão que desconhecia. São coisas tão pequenas e aleatórias que são totalmente arrebatadoras. Todos os dias, vindo de um gatilho que até agora não era disparado, lá vêm uma ou duas memórias novas, que me atingem como tiros: porque não a posso ver, não lhe posso tocar, não a posso ouvir a cantar aquela canção da minha infância. A dureza da finitude, da incapacidade de realizar todos os pequenos atos, é por vezes incapacitante. E mais do que injustiça, tristeza ou zanga com a vida... o que me resta é uma saudade do tamanho desse iceberg que nos une. 

 

Passado um mês, acho que faz sentido deixar aqui o texto que lhe escrevi e li no seu funeral. Gosto daquela ideia de cerimónia americana que vemos nos filmes, em que se tenta celebrar a vida em vez de a chorar. Tentei que aquele momento fosse uma ode à sua vida, sobre quem ela foi e aquilo que representa para mim, e não um reflexo da tristeza com que a sua doença e consequente partida nos deixou. Ao contrário do meu costume, tentei pontuar o discurso com algumas piadas e com uma leveza que a situação não refletia. Quando me perguntam como é que consegui ler isto sem uma única lágrima, eu digo que não sei. Mas sei que foi por ela: porque ela merecia um funeral que a celebrasse, que fosse lembrado, que fosse único. Tal como ela.

Antes de mais queria agradecer a presença de todos vós neste momento tão difícil para mim e para a minha família, assim como todo o apoio que nos foi dado ao longo desta jornada; agradecer também ao Sr. Padre por me disponibilizar este espaço para dedicar à minha irmã umas últimas palavras.

A Joana era uma mulher simpática, de sorriso fácil e um coração gigante. Era bondosa, intuitiva e generosa. Era linda - por dentro e por fora - e, para quem realmente a conhece, um ser especial. Também era teimosa, ciumenta e tantas outras coisas que normalmente não se mencionam nestas altura da vida; no entanto, o que importa é dizer que a balança era aqui muito desequilibrada, e pendia largamente para o lado positivo. A Joana era boa pessoa. E a verdade é que, dependendo do contexto em que a conheceram e das fases da vida em tiveram oportunidade de privar com ela, todos vós terão uma noção diferente daquilo que era a Joana, as suas qualidades e defeitos. Mas eu tenho uma noção privilegiada - porque a Joana não era a Joana para mim. Era a minha irmã. E sei que falo também pelo Zé e pelo João, dizendo que era uma irmã extraordinária, mas ela era a minha única irmã, tendo sido, desde sempre, muito mais que isso.

Acho que poderia resumir tudo isto com uma história breve: das muitas e tantas vezes que a chamei - para me limpar o rabo, para me ajudar a fazer os trabalhos de casa, para me chegar alguma coisa, para jogarmos um jogo, para tirar uma carraça a um cão ou simplesmente para a ter ao meu lado - o substantivo mana começou a ficar gasto. E, sem querer, lá me fugia a boca para a verdade: em vez de mana, saía-me um "mãena", uma mistura entre mãe e mana. O que, por si só, já explica bem a nossa relação.

Pelos dezasseis anos que nos distanciavam mas, acima de tudo, pela dedicação e o amor infinitos que me deu, a minha irmã foi a minha segunda mãe. Não me carregou no ventre, mas eu e ela teremos para sempre uma série de cordões umbilicais que jamais poderão ser cortados. Nem a morte tem esse poder. A minha irmã foi o primeiro amor da minha vida; foi a primeira e a única pessoa a quem eu pedi em casamento, porque na minha cabeça de criança era o que fazia sentido. Se o casamento é a união de duas pessoas que se amam, porque é que eu não podia casar com a minha pessoa preferida, aquela que eu amava com todo o meu coração? Foi ela que me explicou - como fez com tantas outras coisas da vida, umas mais difíceis que outras - que os irmãos não se podiam casar, que as coisas não funcionavam assim. Foi a tampa mais dura da minha vida.

Acho que é por causa da minha irmã que adoro animais - não só porque adormeci durante sete anos ao lado dela a ver o National Geographic mas porque foi ela que, por via do exemplo, me mostrou o que era a amar os nossos animais de estimação. Foi a minha irmã que me ensinou a apertar os cordões, ainda que de uma maneira que, ainda hoje, toda a gente goza comigo, pois eu era incapaz de dar o nó clássico como as pessoas normais. Era a minha irmã que me acompanhava aos médicos, os seres de quem tinha mais medo na vida, e me confortava enquanto agarrava as minhas mãos suadas. Era a minha irmã quem me penteava todos os dias de manhã e me fazia os dois puxinhos que tanto caracterizaram a minha infância. Foi com a minha irmã que dei os primeiros passos. Era a minha irmã que passava os níveis mais difíceis dos jogos de Playstation por mim, porque eu ficava frustrada e nunca conseguia. E ficaríamos por aqui horas se vos continuasse a dizer tudo o que ela fez por mim ao longo dos 29 anos que partilhámos.

Fiz questão de lhe dedicar estas últimas palavras porque, até há bem pouco tempo, achava que escrever era o meu maior talento. Mas entretanto descobri que cuidar da minha irmã foi não só a tarefa mais árdua da minha vida mas também aquela para a qual senti que estava genuína e instintivamente talhada. Nunca gostei de cuidar fisicamente dos outros, mas senti que ajudá-la a atravessar esta sua era uma tarefa minha. E tudo me saía tão naturalmente que houve alturas em que pensei que o destino existe mesmo, que esta tragédia estava escrita e que esta era hora de retribuir todo o amor e dedicação que ela me havia dado, principalmente nos primeiros anos da minha vida. E agora que a luta acabou, agora que ela não está mais aqui, volto para aquela que passou a ser a segunda coisa que tenho mais jeito para fazer: usar as palavras. E espero que ela as ouça.

Primeiro dizendo que sei que estás bem, meu amor. Finalmente em paz. Mas, acima de tudo, bem acompanhada, pelos avós que sempre e tanto te amaram e mimaram. Tenho a certeza que a D. Odete te recebeu com as tuas omeletes preferidas.

Segundo, relembrar que uma pessoa só morre quando a última pessoa que se lembra dela morre também. A minha irmã deixa uma herança enorme: não só os seus dois maravilhosos filhos mas também um conjunto gigante de memórias que lhe permitirá viver durante muitos anos no coração de muita gente. E, no que depender de mim, essas memórias serão tantas e tão cheias de amor que ela se tornará eterna.

Obrigada.

 

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(Uma foto representativa da verdade do meu discurso: eu no pote, ela ao meu lado. Sempre. Para sempre.)

26
Out24

O fim de uma luta, o término de uma vida e o início de outra

A minha irmã morreu na terça-feira.

Foram oito meses de luta. Talvez, lendo isto, pensem: "caramba, foi tão rápido". Mas a verdade é que passou muito, muito lentamente. Sei que os relógios me vão contrariar, mas ninguém me tira da cabeça que alguns dos dias que vivi tiveram cerca de 129 horas. Eram intermináveis. Aquele pesadelo nunca mais terminava. A notícia boa nunca vinha, o alento nunca chegava. Os momentos maus foram imensos, incontáveis, indescritíveis, de uma dor que não consigo pôr em palavras. Mas, caramba, como desfrutei dos bons! Como vivi com ela! Como fiz dos momentos mais pequeninos as joias mais preciosas..!

E foi isso que me permitiu usufruir de uma tranquilidade que nunca achei possível aquando da sua morte. A minha irmã morreu em casa e eu soube que ela ia morrer. Eram três da manhã quando acordei repentinamente e o meu corpo se ergueu como se tivesse uma mola nos pés, sabendo claramente ao que ia. Quando fui até ao seu quarto percebi que ela já não estava no mesmo plano que eu. E é com muito orgulho que digo que, ainda que com ajuda dos meus irmãos, fui eu que decidi todos os pormenores das cerimónias que iriam celebrar a sua vida - e que bonito que foi! Porque mesmo na tristeza profunda, na dor e no luto pode haver beleza. A minha irmã estava linda e em paz da última vez que a vi, com o sorriso que lhe era tão característico. 

E da mesma forma que cuidei da minha irmã sem "se's" ou "mas" - ignorando opiniões alheias e não perdendo tempo naquilo que era ou não suposto ser o meu papel - foi assim que encarei os últimos dias do corpo dela em terra. Sei que as flores dos funerais são normalmente brancas, mas posicionei estrategicamente todos ramos coloridos que lhe haviam traziado em cima e à frente do caixão. Quis ir para as cerimónias fúnebres com roupas de cor (era, provavelmente, a única pessoa da igreja com um vestido vermelho às flores - um ultraje!, terá pensado a beata e outros tantos, mas não é isso que alguma vez me tirará o sono à noite). Quis ler no seu funeral uma homenagem, porque não queria que aquele fosse um momento igual aos outros. A minha irmã era, para mim, sinónimo de cor e sol; de algo especial e marcante. E eu tentei fazer com que estes últimos momentos fossem um reflexo disso. Não fazia sentido ir de preto quando aquilo que ela me ensinou foi a ver o arco-íris todo; não fazia sentido chorar quando ela me proporcionou dos momentos mais felizes da minha vida.  

Muitos acharão que a minha forma de estar durante aqueles dois dias eram uma capa, uma defesa. Sei que pensam que o meu sorriso era um muro que acabaria por desabar em casa ou nos dias seguintes. Mas saibam que foi tudo genuíno - o que não implica que, quando eu me aperceber que não posso ligar à minha irmã para contar um evento da minha vida ou que quando vir o seu lugar da mesa vago aquando de uma celebração ou aniversário, não irei desabar. Mas a minha postura leve e pouco chorosa daqueles dias foi o espelho da paz de espírito que vai na minha alma; a paz de quem acredita que fez tudo, tudo, tudo o que podia ter feito. E a serenidade de saber que tinha de a deixar ir. Porque esse talvez seja o supremo ato de amor - largar a mão, pôr a nossa vontade de parte e dizer: vai. 

Não fazia sentido eu não partilhar isto aqui no blog - primeiro por respeito às pessoas que têm acompanhado os parcos desenvolvimentos que aqui deixei e que clara e facilmente perceberam que algo muito destruturante se estava a passar na minha vida, mas também por respeito à história deste que acaba por ser o livro aberto da minha vida. Há treze anos que aqui escrevo, que partilho alegrias e depressões, e sentia-me na obrigação de aqui registar a maior tristeza desta minha jornada de vinte e nove anos: a minha irmã morreu. A Joana. A minha, e eterna, mana.

Esta luta - sem dúvida a maior da minha vida - acabou, o que não significa que isso se reflita no fim de um capítulo aqui no blog. O poder e o impacto do cancro e da partida da minha irmã foram cravados a ferro quente na minha alma e isso não são feridas que se possam ignorar. Há ainda um texto importante, já meio escrito, que quero partilhar... mas eventualmente, ao longo do caminho, surgirão outros, onde certamente a saudade será o ponto central. Talvez, também, seja pertinente explicar a forma como cheguei até aqui - é provável que soe a cliché, mas posso tentar descrever a maneira como percorri o caminho de forma a ir fazendo um luto pacífico, usufruindo do percurso e não me focando simplesmente na crueldade deste destino. Quiçá partilhe o elogio fúnebre que lhe escrevi. E que, pelo meio, volte ao meu registo habitual (ainda há o roteiro de uma viagem à Islândia para terminar). 

Quinta-feira, depois de todas as cerimónias oficiais, ainda fomos enterrar as suas cinzas. No entanto, foi o primeiro dia depois de todas "obrigações" e protocolos habituais que um evento destes acarreta. E, mal acordei, surgiu logo na minha cabeça uma música de que nem sequer gosto particularmente mas que não me deixou o cérebro em paz: Sérgio Godinho não parecia cansar-se de me cantar ao ouvido de que "hoje é o primeiro dia do resto da tua vida". Uma vida que eu não queria estar a viver mas que vou ter de aprender a navegar.

Porque a verdade é que uma vida se perdeu no dia 22 de Outubro de 2024, mas eu não quero que a minha se perca também no meio do luto e de uma dor sem fim. Sei que não é isso que a minha irmã quereria para mim. Por isso, quero viver por mim e por ela. Quero saborear, ainda que sinta que estou a comer uma goma ácida. Só o futuro o dirá, mas é possível que fique para sempre com um amargo de boca. Que isso, no entanto, não me impeça de testar novos sabores, de comer a minha comida preferida e de sempre, sempre, sempre ir comendo. Vivendo. Seguindo. Lutando. Agora com a garantia de que ela está comigo. Sempre. Para sempre. Porque a morte, sendo o sinónimo de tudo o temos de mais temível e terrível nesta vida, leva muita coisa mas não tem a capacidade de quebrar um amor destes.

 

"Em fim de uma escolha faz-se um desafioEnfrenta-se a vida de fio a pavioNavega-se sem mar sem vela ou navioBebe-se a coragem até dum copo vazioE vem-nos à memória uma frase batida

Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida"
 
 

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Joana Gonçalves Lemos, o primeiro amor da minha vida

27/01/1979  //  22/10/2024

30
Jan18

(Tentar) Voltar aos sabores de infância

Acho que todos nós temos alguns sabores idílicos dos nossos tempos idos; paladares que guardamos em recantos da nossa memória e que deixam muitas saudades, porque são quase sempre irrecuperáveis. Normalmente são de comidas feitas por alguém que já cá não está (quantos elogios já ouvi às comidas de tantas avós!), provadas em sítios onde não voltaremos ou que simplesmente fazem parte de um pacote de memórias irrepetível.

Felizmente eu não tenho muitas lembranças dessas. Nunca tive avós que cozinhassem para mim e a pessoa que faz as minhas comidas preferidas - a minha mãe - ainda está cá para as fazer sempre que lhe peço. Tenho vários sabores que me remontam à infância, alguns dos quais nem sei dizer se eram bons ou maus... são apenas lembranças. Assim de repente só me lembro de duas coisas que adorava e que tenho realmente saudades: a primeira são as verdadeiras tapiocas brasileiras, que comia todos os dias ao pequeno-almoço quando fui ao Brasil. Durante muitos anos nem soube o nome daquilo e só recentemente, quando a moda apareceu por cá, é que me caiu a ficha e percebi que era aquilo que eu tanto tinha adorada na minha primeira viagem ao estrangeiro; ainda não experimentei em restaurantes, mas tentei fazer várias vezes cá em casa e o resultado foi desastroso.

A segunda coisa era o meu bolo favorito do mundo, feito numa pastelaria que fechou aqui há uns anos e da qual eu guardo as melhores memórias. Sempre que alguém fazia anos cá em casa era lá que íamos - e normalmente era a mim e ao meu pai que recaía a (difícil) tarefa de ir levantar a encomenda. Esta não era uma pastelaria qualquer: era uma coisa antiga, só com venda ao público (sem sítio para sentar ou estar), localizada numa viela sem acesso a carros, longe da vista de qualquer consumidor comum. Tenho as melhores memórias desses momentos: eu e o meu pai, gulosos como somos, atacávamos imediatamente a caixa das miniaturas e depois tentavamos disfarçar os doces em falta, afastando-os entre si, para que em casa ninguém desse por nada. Ele comia os jesuítas, eu os éclairs: eram o meu pastel favorito. Entretanto, deixaram de ser - foi ali que defini o meu padrão, eram aqueles os meus éclairs de referência, e nunca mais encontrei uns sequer parecidos.

Para além disso, faziam o melhor bolo-pão-de-ló com ovos moles do mundo (com cobertura de massapão, de açúcar e amêndoa) e, muito antes de sermos invadidos por esta moda do cake design, já eles faziam coisas incríveis. Eu tive direito a Minnie's, a Tweeties, a Borboletas, a Capuchinhos Vermelhos e, entre outros que já não me recordo, o meu favorito de sempre: um palhaço (de tal forma que até repeti ao longo dos anos). Era a coisa que eu mais ansiava no meu aniversário: aquele bolo. Até ao dia em que eu fiz anos, a minha mãe tentou ligar para a pastelaria para encomendar o bolo e ninguém atendeu. Foi lá e bateu com o nariz na grade, já que a porta estava entreaberta. Pesquisei, perguntei, quis muito que aquela decisão voltasse atrás. Mas nunca mais. 90% das vezes que passo na rua que dava acesso à tal viela, sinto o sabor e a suavidade daquele bolo na minha boca. E tenho saudades.

Tantas que fiz uma coisa que quase nunca dá resultado: tentei reproduzir o bolo. Por mero acaso a minha pasteleira de eleição (a La Dolce Rita) deu a receita deste bolo, tipicamente servido em aniversários, e eu aproveitei que a minha irmã fazia anos para pôr a mão na massa (dado que estou em dieta e não posso fazer doces para além das datas excepcionais). Fiz a receita direitinha (com muito custo, diga-se de passagem: só à terceira é que consegui que o doce de ovos me saísse direito), fui pesquisar receitas de massapão (que também tive de repetir, porque a primeira correu mal) e lá montei o bolo. Acho que nunca estive tão ansiosa para cantar os parabéns! Queria tanto, tanto, tanto que o sabor estivesse lá. Queria tanto acertar.

E estive perto. Quando meti uma garfada à boca, quis pôr logo outra. O sabor estava lá. Faltava alguma humidade no bolo, precisava de mais doce de ovos e o manuseamento da massapão também não foi o ideal (embora fosse algo meramente estético). Mas tudo estava lá. Viajei no tempo enquanto saboreei a minha própria obra e desfrutei do meu dia da asneira. Tirei notas mentais sobre o que tinha de melhorar da próxima vez e já anseio pelo próximo aniversário para o meu paladar voltar aos tempos de criança. Que saudades traz um simples bolo...

 

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 (alguns dos meus bolos antigos)

 

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(o bolo que fiz para a minha irmã. as flores de açúcar, comestíveis, foram compradas - não tenho arte para tanto)

21
Mai16

366 dias depois... (ou uma viagem no tempo até ao Fora da Caixa)

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Há cerca de um mês atrás tinha planeado escrever um post a propósito de fazer um ano desde que filmamos a primeira reportagem para o Fora da Caixa. Quem acompanha o blog diariamente deve ter-se apercebido que esse post não foi para o ar - porque nunca o consegui acabar de escrever. Há experiências tão complexas e indescritíveis na nossa vida que se torna difícil falar sobre elas - pelo menos de uma forma justa; é difícil dar a entender aos outros aquilo que essas experiências foram para nós, porque por serem tão "grandes" e terem tomado determinadas dimensões na nossa vida parece que, por mais que digamos e escrevamos, tudo fica aquém da realidade.

Isto serve para o bem e para o mau - há coisas indescritivelmente felizes e outras indescritivelmente tristes. Já tive das duas e todas me marcaram de tal forma que sinto que chegaram mesmo a mudar o rumo da minha vida. O Fora da Caixa foi a última experiência desse género que tive - e pode não ter mudado a minha vida completamente, mas foi definitivamente um ponto de viragem, tanto a nível pessoal como universitário.

Faz hoje um ano em que o programa foi para o ar, o culminar de vários meses de trabalho e de vivências intensas que não consigo esquecer. E por muito que não faça jus a tudo isto, hoje não podia deixar de escrever sobre o programa que marcou a minha vida, o meu "bebé". Faço, por isso, um post um bocadinho diferente do normal - quase que como uma "viagem", entre texto e fotografias, algumas que ainda não tinha mostrado a quase ninguém.

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Porque eu posso, de facto, escrever os quilómetros que quiser sobre esta experiência - mas nunca vou deixar de sentir que não estou a transmitir de forma digna e fidedigna o suficiente aquela experiência, de forma a explicar o efeito colossal que aqueles três meses de stress, pressão e trabalho brutais surtiram na minha vida. Talvez só as pessoas mais próximas consigam entender, até por verem o "antes do Fora da Caixa" e o "depois do Fora da Caixa" da Carolina. Acho que a minha família e amigos mais próximos nunca duvidaram das minhas capacidades, e todo o orgulho que sentiram em mim foi para além daquilo que foi para o ar e do trabalho que fiz - foi por perceberem que os outros também perceberam um bocadinho de quem eu era, algo que em todos os anos de escola e faculdade eu nunca tinha sido capaz de fazer.

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 A frase que mais ouvi depois do programa é que quem tinha saído fora da caixa tinha sido eu - e não posso nega-lo. A minha relação com a universidade mudou assim como a minha relação com os meus colegas - que deixaram de ser só caras e passaram a ser pessoas, a ter qualidades e defeitos, para além de estigmas e rótulos que atribuímos inevitavelmente às pessoas antes de as conhecermos devidamente. Fiz amigos e criei conexões, que foi algo que nunca tinha feito - e que a vida, no fundo, me obrigou a aprender. E tive experiências que não esperava - não esperava nunca sair em reportagem, falar com as pessoas, interagir com elas. Não esperava ter de idealizar um cenário, ter o stresse de não ter quase um convidado em estúdio. Na verdade, nem sequer esperava ter sido tão feliz como fui, uma vez que os relatos dos anos anteriores eram de zangas, brigas e chatices, mais do que outra coisa qualquer. Mas, pelo contrário, o Fora da Caixa deu-me tudo o que era previsto e muito, muito, muito mais.

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Digo-o, sem pudores, que foram dos 3 meses mais felizes da minha vida - também por terem sido vividos depois de um meio ano particularmente difícil para mim e para a minha família. Eu tenho muitos defeitos na minha lista para apontar - e sei que o meu constante estado pessimista, de não aproveitar tudo o que a vida me dá e a sorte que tenho é um deles. Mas, por outro lado, tenho a capacidade de perceber os momentos em que estou feliz e de os aproveitar ao máximo; de lhes tirar todo o sumo, até à última gota, até só ficar mesmo a casquinha. E foi isso que fiz. Dei tudo de mim, até à última gota de suor, a última lágrima, o último grito de irritação ou de vitória e o máximo dos minutos do meu dia, até cair todos os dias redonda de cansaço na cama.

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Não sei se foi isso que fez deste um dos melhores programas que CC já viu (e não, não vou ser modesta em algo que tenho a certeza), mas tenho a consciência tranquila relativamente ao meu trabalho. Ainda hoje há quem me fale do programa, que me dê os parabéns. Fiquei espantada quando há uns tempos, numa reunião pré-estágio, um professor veio ter comigo e me perguntou o que estava ali a fazer. Eu olhei para ele de soslaio, como quem diz "queria que estivesse onde?!" e ele, percebendo o meu olhar confuso, disse: "achei que estivesse em multimédia". Eu achei aquilo estranho, porque tinha a certeza que nunca tinha partilhado com nenhum professor a minha antiga ideia de ir para engenharia informática - só daí é poderia vir a ideia que enveredaria por um ramo que não assessoria. Perguntei porquê e ele respondeu, para meu espanto, que achava que a minha posição de realizadora no Fora da Caixa me tivesse feito perceber que tinha um dom. E sim, ele disse a palavra "dom". E eu fiquei abanada, sem sequer conseguir ouvir bem a conversa que se seguiu, sobre o facto de se precisarem de pessoas no cinema em Portugal e etc. Fiquei orgulhosa, não posso esconder.

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Agora restam-me as saudades - e, acreditem, tenho muitas. Agora que a faculdade está definitivamente a ficar para trás das costas, esta é a única altura de que sinto saudades e que sei que voltava atrás mal me dessem essa oportunidade. Só tenho pena que uma faculdade destas não promova mais atividades deste género e que não incentive (ou permita) os alunos a continuarem este tipo de coisas, como era a nossa vontade. Por mim ainda hoje ali estava, a fazer um programinha uma vez por mês e a alimentar o bichinho que nasceu em mim no que diz respeito à realização. Acreditem que nunca mais vi programas de televisão da mesma forma.

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Hoje, quando assisto aos novos programas de CC dos novos alunos de segundo ano, quase que consigo sentir a adrenalina deles. E, claro, o que mais sinto é saudade. Vivia tudo de novo. As alegrias, as tristezas, os fracassos, as zangas, as amizades, as conquistas, os dramas, a descoberta, o stress, a pressão, o trabalho. Tudo. 

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Mas o tempo não volta atrás e restam-me as memórias. As fotografias que partilho em cima (e muitas outras que tenho guardadas algures nos arquivos do computador) e os vídeos, do programa e do making of. Termino apenas com uma confissão: mesmo passado um ano, nunca vi o programa na íntegra. De cada vez que ligo o vídeo, a minha mente avança para as milhares de memórias que tenho em relação a isto. Lembro-me do que se estava a passar na régie, do que dizia, do stresse - e quando olho outra vez para o ecrã, os minutos tornaram a passar sem eu dar conta e sem eu ouvir - de novo! - o que estava a ser dito.

É demasiado para um coração que, mesmo passado um ano, ainda não aguenta tanta emoção. Há experiências maiores que nós próprios e esta é uma delas. 

 

 

08
Nov15

Chávena de Letras - "Vida e Morte" (Versão alternativa de "Crepúsculo")

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 É bom voltarmos aos sítios onde fomos felizes mas também pode ser difícil. Passados (acho) sete anos depois de ter lido o "Crepúsculo" pela primeira vez, soube-me bem recordar (não fosse eu uma saudosista por natureza), viajar atrás no tempo e refletir no que mudou; por outro lado, ler esta história "invertida" não foi algo que apreciasse por aí além, nem acho que a mudança tenha trazido algo de muito positivo.

Convém afirmar que, desde o primeiro momento, achei esta história da inversão das personagens totalmente ridícula - quando li a notícia, apeteceu-me chorar de rir. Ainda assim, saber que podia reviver um bocadinho de tudo isto fez-me pegar no livro e lê-lo quase sem parar, numa tentativa (infrutífera) de voltar atrás no tempo. As emoções, as saudades e toda a ligação emocional que tenho com estes livros falou mais alto - e haver algo novo para ler puxou por mim, uma vez que não sou de reler livros (nunca reli nenhum, nem mesmo da saga - posso apenas ler partes, mas não mais que isso).
O facto da autora ter trocado as personagens fez com que sempre que lia um nome novo pensava logo em quem era quem - tentava "traduzir" sempre as personagens para a história original e isso fez com que não conseguisse saborear a história por completo, por estar sempre a estabelecer paralelismos (e por me confundir bastante, principalmente em relação aos irmãos Cullen). Por outro lado, ler esta história narrada por um rapaz e a forma como ele fica completa e totalmente apaixonado por uma rapariga também me baralha - pode (e deve) ser uma falha minha, mas eu acho sempre que os homens são menos sensíveis, mais racionais, menos dados a todos os floreados que as paixões - no caso das mulheres - parecem trazer atrelados. Ler a história do Beau e a forma como ele fica completamente "babado" pela Edythe soa-me a algo pouco natural, até forçado - isto porque, no fundo (e é um defeito meu), é algo em que não acredito. Percebo a intenção da Stephenie Meyer de tentar dar a entender que a Bella não era fraca, que toda a saga do Twilight podia ter sido vivida tanto por um homem como uma mulher (no que a sentimentos diz respeito, claro, uma vez que há coisas nos livros seguintes que nunca poderiam ser vivenciados por um homem), mas não concordo - acho que esta história só faz sentido tal e qual foi escrita no primeiro momento, com a "minha" Bella e o "meu" Edward, cada um no seu lugar e com a sua história própria.
A edição portuguesa tem bastantes erros, principalmente de género (uma vez que aquilo que deve ter sido feito foi um "copy paste" da tradução anterior e onde apenas se mudou aquilo que a autora tinha escrito a mais em relação à edição original do Crepúsculo). Há muitos "ela" que deviam ser "ele" e outras gralhas do género.
Atribuí três estrelas ao livro porque o meu coração não deixa dar menos - se a ligação que tenho com este mundo não fosse tão forte e o lado racional falasse mais alto, uma pontuação mais baixa era mais do que possível. A única razão pela qual esta leitura valeu a pena foi mesmo para matar saudades e perceber que toda esta paixão - lida na sua versão original e no contexto em que eu estava na altura - teve mesmo uma razão de ser. E que estou eternamente grata por todas as coisas boas que todos estes livros e filmes trouxeram para a minha vida.

 

Spoiler! )

 

03
Set15

Regresso às aulas

Há um par de dias fui ao Staples comprar uns tinteiros com o meu pai e, mal entrei, fui envolvida por aquele cheirinho de papel e material escolar que sempre me acompanhou nos dias antes de ir para a escola.

Lembro-me bem da ansiedade de ir comprar as coisas - não a mochila, que não mudei assim tantas vezes como isso, mas dos cadernos pretos - que decorava em casa, todos os anos, com pinturas e colagens-, dos lápis, das canetas e das borrachas. Era um ritual que adorava. E sempre, sempre acompanhado por aquele cheiro característico do papel, misturado com o das mochilas e estojos a estrear.

Há um par de dias fui ao Staples e cheirou-me a regresso às aulas. E, para além do cheiro, inundaram-me as saudades.

22
Ago15

Pré-saudades agudas

Fui tia muito nova. Com dez anos ninguém consegue exercer tal cargo na sua plenitude e, talvez por isso, nunca fui tia: fui sempre Tili, o nome por que todos os meus sobrinhos me chamam. Nunca eles me chamaram "Tia Carolina" - o primeiro deu-me o diminutivo e ficou, até hoje, ao ponto de eles não saberem o meu nome verdadeiro.

Só há um que ainda nada me chama - porque ainda não fala e, provavelmente, nem me reconhece apesar das muitas horas que passo com ele. O David é o bebé mais sorridente do mundo - sorri para homens, mulheres, meninos e meninas, de cabelo curto ou longo, preto ou loiro, com barba ou sem pêlo à vista: sorri para quem vê e isso, desde o primeiro minuto, derreteu o meu coração. O David não chora - nos três meses que esteve aqui, ouvi-o a berrar mais seriamente uma vez, e a muito custo, porque chorar, ao contrário dos outros bebés, não é algo que ele pareça saber fazer. O David come tudo, abre a boca a tudo e não faz cara feia a nada. O David só não gosta de dormir, mas até para isso é pacífico: dez voltas no carrinho e ele sucumbe ao sono. O David é o meu sobrinho mais nenuco, mais redondo e simétrico, literalmente tirado de capa de revista.

A forma como sentimos as coisas depende muito da fase da vida que estamos a passar e eu sei que esta paixão que ganhou o meu coração também se deve ao facto de me ter agarrado a este bebé, com unhas e dentes, para me salvar deste verão desgraçado. Os meus dias mais felizes foram aqueles em que acordei, fui para a cozinha e já lá estava ele, a sorrir para mim mal passava a linha da porta. Foi quando passei meia hora com ele, só nós dois, a refinar o único método de locomoção que ele conhece: rebolar pela cama fora. Foi quando lhe dei os iogurtes da manhã e da tarde e não sujámos nem um bocadinho da babete. Foi quando fomos juntos para a piscina e ele se marimbou para a água mais fresca que o normal e deu às pernocas gordas. Foi até quando me apercebi que ele tinha um cocó gigante até às costas e tive de o limpar - com muito custo - e o enfiar no lavatório para me certificar que não ficava com vestígios colados ao rabo - e foi, claro, quando lhe ia enfiar a fralda e ele, sem aviso prévio, fez xixi sem avisar e com a fralda de fora.

Hoje tenho mais dez anos no lombo do que quando fui tia pela primeira vez e tenho a plena noção de que este foi o sobrinho por quem mais me perdi de amores até agora. Por andar triste e ele me alegrar todos os segundos que passa comigo, por ser mais velha e adorar recém-nascidos, por ele ser o bebé mais simpático e sossegado que conheci até hoje e me dar esperanças na classe das "crianças-que-afinal-não-são-birrentas". Não tem nada mais do que os outros, mas é simplesmente especial. Talvez por ser o único que nasceu comigo com idade para ser tia - ou por me ter apaixonado por aqueles bochechas e aquele sorriso desdentado como nunca aconteceu com outro bebé.

Amanhã o David vai embora - ele, o meu irmão, a minha cunhada e o meu sobrinho - e eu sinto que uma fatia grossa do meu coração vai com eles. Nas últimas "partidas" tenho conseguido conter-me mas sei que amanhã vai doer mais do que o costume - que o nó na garganta vai doer mais, que as lágrimas vão correr sem lhes dar ordem. A minha luz destes três meses vai embora e eu nem sei onde me meter.

 

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29
Jul15

Eu já tive uma casa no Algarve

Eu já tive uma casa no Algarve. Era linda, pequenina; era a melhor casa do mundo. Apesar de não a visitar, como a deixei, há praticamente dez anos, podia desenha-la na perfeição, decoração incluída. Lembro-me da cozinha minúscula, onde não cabiam mais de três pessoas; lembro-me do jardim interior, um quadrado com um metro e meio de lado que não servia para nada mas que acrescentava uma mística à casa; lembro-me da ventoinha da sala, que de cada vez que se ligava dava a sensação de que ia voar; lembro-me do meu quarto, do quadro com as bolas de bilhar e dos dois guarda-fatos, um de cada lado, com uma espécie de toucador no meio; lembro-me da piscina, pequenina mas perfeita, para usar sempre que o calor não deixava respirar; lembro-me do quarto exterior, essa coisa que nunca vi em casa alguma e que fazia daquela a coisa mais gira deste universo - lembro-me dos dois beliches, da casa de banho horrenda e do cheiro a praia que lá morava; lembro-me do alpendre onde estendíamos a roupa, tapado por umas plantas de folhas fúxia que agora não me lembro do nome; lembro-me dos sofás, típicos de casa de praia, com um estampado de florzinhas cor-de-rosa; lembro-me da televisão da sala, que só dava os quatro canais e também do tabuleiro de xadrez que estava imediatamente por debaixo dela, onde, numa manhã, o meu pai me ensinou a jogar damas. 

Podia passar o dia nisto, a descrever-vos cada pormenor daquela casa. Já lá fui depois de a termos vendido, mas estava diferente - perdeu a simplicidade de uma casa de férias, deixou de ser a minha casa. Pintaram-na com mil e uma cores, em vez da simplicidade do branco; deram nomes aos quartos (o do fogo, o da água, o da terra) e anexaram o quarto exterior, dos beliches, à casa, fazendo com que se perdessem para a eternidade todas as noites de loucura que aquele quarto proporcionou. Ainda assim, e porque de cada vez que cheiro o Algarve as saudades apertam, gosto sempre de lá passar, ver que ainda é viva e que, ao menos, alguém é feliz nela. 

Ainda lhe guardo a chave principal, não deixei que a deitassem fora quando fechamos, pela última e derradeira vez, aquela porta de madeira branca. Mesmo quando falamos entre nós, quando temos a típica conversa do "se eu ganhasse o euro milhões", eu digo que não - não queria ter outra casa no Algarve. A casa que eu queria, já a tive, já existe e era aquela.

Eu já tive uma casa no Algarve e tenho muitas, muitas saudades. E hoje, se pudesse fugir, era para lá que ia. Hoje, mais do que as saudades, queria mesmo ter um sítio para onde escapar, um lugar seguro. Mais perto do sol, mais perto do mar quente, mais perto da praia que me faz feliz, mais perto do sossego de alma que só o Algarve me traz.

 

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06
Dez14

Snake original de volta aos nossos telemóveis

Ainda aqui há tempos falei nas saudades que tinha daqueles joguinhos mais simples tipo snake, que jogávamos no nossos antigos telemóveis, que pesavam como calhaus, mas que têm um lugarzinho especial no nosso coração.

Pois que, enquanto pesquisava jogos novos para me entreter nos minutos mortos, encontrei um jogo snake igualzinho ao original! Tem até a possíbilidade de escolherem por entre os vários telemóveis antigos, sendo que o jogo se adapta às (pequenas) diferenças que existiam entre eles. E, claro, joga-se clicando no teclado "original", através dos números do antigo telemóvel que escolhemos. Uma maravilha. Como diz a outra, "bateu forte cá dentro". 

Matem as saudades, descarregando esta aplicação (para android, não sei se há para iOS).

26
Jun14

Matar as saudades do bom futebol

Quando vi que ia haver um jogo de despedida do Deco pensei logo que tinha de ir. Mas depois vi que era um jogo do FC Porto de 2004 contra o FC Barcelona de 2006 e aí pensei MESMO que tinha de lá estar. Vão lá estar jogadores como o Messi, Ronaldinho Gaúcho, Eto'o a jogar pelo Barça e o Mourinho como treinador do FCP, e jogadores como Vitor Baía (oh meu deus!), Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Jorge Costa, Costinha, Maniche e Derlei (ai as saudades).

Os bilhetes, para sócios, não são muito caros e eu não podia perder a oportunidade de ver em campo os jogadores que me fizeram aprender a gostar de futebol, na época em que ganhamos a liga dos campeões. Ver o Deco e o Vítor Baía a jogar vai ser um sonho realizado. Já sinto o espírito de miúda de 10 anos apaixonada por futebol a crescer dentro de mim. 

Dia 25 estou por lá, para matar saudades do meu estádio azulinho, que o ano passado (graças a uma época desgraçada) nem visitei. Vai ser bom reviver esta paixão antiga!

 

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