Na noite se S.João fui a única que não fui para a baixa. Apesar de várias pessoas terem exame na segunda-feira seguinte (sendo que o São joão foi num sábado), ninguém se fez de acanhado e foram todos para o meio da multidão e dos martelos.
Eu não me sentia preparada para o exame de geografia e sabia que um dia de estudo podia fazer toda a diferença, pelo que não iria arriscar andar o dia inteiro tipo zombie só por uma noite de (suposta) diversão. E apesar de toda a gente me ter "empurrado" para ir sair, a minha decisão estava mais do que tomada - e não foi difícil de tomar, apesar de ter ficado sozinha só com pessoal à volta dos 50 anos.
A verdade é que eu não gosto mesmo de sair. Chego a sentir-me mal por isto ser uma realidade, porque enquanto jovem sou quase arrastada e empurrada por toda a gente para a baixa, para "me divertir" e "beber um copo". A mãe de uma amiga minha, naquela noite, disse-me mesmo: "eles vêem-se sempre gregos para ires sair com eles".
Chego a lamentar não me divertir naquele tipo de ambientes e a não gostar de álcool. Estar numa enchente de gente, no exterior ou no interior, não me traz prazer. Quando estou na rua, encontro-me rodeada de pessoas, a levar encontrões por todos os lados e, com algum azar, a apanhar com uma bebida de um bêbado em cima; se estou num bar, a conversa torna-se impossível e respirar também, visto que a quantidade de gente é absolutamente inacreditável. Dançar? Não gosto. Álcool para desinibir? Não bebo, porque também não gosto - e ainda há uns tempos tive uma conversa com uma pessoa mais velha, a quem chamaria "desencaminhador". Este defendia que beber álcool faz parte de um culto e de uma convivência; que chegava a parecer mal não beber um copito quando estamos reunidos num grupo de amigos. Que é um factor de integração. A questão é que eu não vou beber algo por ser um factor de integração, de forma a este ou aquele gostarem mais de mim e pensarem que sou uma fixolas. E eu nem sequer preciso de entrar em questão complexas como a do mal que o álcool faz ou coisas parecidas: eu não gosto. E tal como não bebo sumo de laranja, porque não gosto, mesmo sabendo que este faz muito bem porque tem imensa vitamina C, também não bebo álcool, porque não gosto, mesmo sabendo que este é um "factor de integração".
"Aprendes a gostar". Para quê que eu vou aprender a gostar de coisas que, provavelmente, só me farão mal? Porquê que vou fazer o mesmo que todos os outros, se muito do que eles fazem acho errado? Para mim, ver uma pessoa a rir como uma perdida e a não responder a nenhuma das minhas questões convenientemente não tem piada; para mim ver uma pessoa vomitar tem pouco de bonito. Não quero precisar de álcool para me divertir - divirto-me muito sem ele. E portanto não vou aprender a gostar de algo que não preciso.
Não sou fixolas, não gosto de álcool, não gosto de ir para a baixa ou para um bar algures, não gosto da música a altos berros e dispenso lidar com pessoas bêbadas. As vezes que saio, saio pela companhia - e, infelizmente, são raras as vezes que consigo usufruir dela. Porque, das duas, uma: ou estou num bar em que não as ouço ou porque elas estão demasiado empenhadas em "integrar-se", bebendo, tornando impossível uma conversa decente.