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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

22
Nov20

Olá? Está alguém desse lado?

Um desabafo sobre rotinas e reajustes

Alguns anos depois da minha irmã ter saído de casa dos meus pais eu ocupei o quarto dela. Não por ser maior, mas por ter mais luz. Pedi-lhe autorização e fui de móveis e bagagens para o quarto na outra ala da casa - e foi lá que fiquei até sair. Na altura da mudança achei que me ia enganar dezenas de vezes no caminho para o quarto; que ia continuar a virar à esquerda no corredor quando agora tinha de virar à direita. E desde o dia em que para lá fui que nunca me enganei. Nem uma vez. A mudança na minha cabeça foi automática e a rotina pareceu nunca ter sido alterada.

Mas nem todas as mudanças são assim. Saí de casa dos meus pais (vou chamar-lhe assim para vos facilitar a vida, pois para todos os efeitos continuo a considera-la a ser a "minha casa") há sensivelmente um ano e a minha cabeça ainda não se ambientou. Não é que me engane e vá para casa dos meus pais quando quero ir para a minha, ou vice-versa; trata-se mesmo de, mentalmente, ainda não estar totalmente situada. Acontece-me muito acordar de noite desnorteada, pensando estar no meu antigo quarto. Não me faz sentido estar a ver luz num determinado sítio, nem ouvir barulhos da rua... e por momentos tenho de me re-localizar. "Ah, espera. Não estou no meu quarto. A porta é ali. Tenho alguém a dormir ao meu lado".

Acho que isto acontece porque a minha saída de casa foi dos maiores desafios da minha vida, um ajuste constante, uma dor terrível. Não lhe chamo decisão (porque não foi), mas sim um acontecimento natural - fui ficando e ficando... até que um dia fiquei de vez. E se por um lado isso tornou as coisas mais soft, por outro não houve o romper de toda uma rotina que até aí tinha vindo a construir.

O que fiz foi adequar a minha rotina - e a minha vida - às minhas duas casas; às pessoas mais importantes para mim - os meus pais (e irmãos) e o meu namorado. E essa rotina, hoje, não é igual há de um ano quando tudo se transformou. Muda constantemente, num incessante equilíbrio de uma balança com muito mais de dois pratos. Isto porque também eu tenho de entrar na equação - preciso de ter tempo para mim, para as minhas coisas, para estar mentalmente sã. Porque também tem de entrar o meu trabalho, a minha nova vida doméstica e a parca vida social que me resta. E eu vou constantemente mudando, adequando, tentando, ajustando. Até acertar.

Houve uma altura em que tirava as pré-manhãs (o tempo que estou em casa entre acordar e ir trabalhar) para fazer coisas que gostava: tocava 15 minutos de piano, às vezes começava um texto ou acabava de editar outro... Mas era um tempo tão limitado que passava-o constantemente a olhar para o relógio, a saber que tinha de sair dali a cinco minutos. Entretanto, através da Rita Ferro Alvim, descobri o método da "fly lady" (trabalhado pela Secret Slob), que pretende optimizar e organizar a limpeza de uma casa; diria que a base deste método é nunca deixar as coisas em modo-caos, de forma a que em pouco tempo consigamos ter tudo minimamente organizado sem perdermos uma vida a arrumar a casa. Não me quero esticar sobre este assunto (no instagram da Rita há um destaque só dedicado a isto), até porque estou longe de ser especialista e não implementei o método na íntegra, tendo aproveitado apenas algumas coisas que achei que poderiam fazer diferença no meu dia-a-dia.

Alguns exemplos: deixar o lava-loiças limpo à noite e no dia seguinte arrumar logo de manhã toda a loiça que esteve a secar ou na máquina de lavar; fazer a cama antes de sair de casa (não fazia porque preferia deixar a arejar, mas a verdade é que chegava à hora de deitar e só puxava os lençóis para cima e não entrava numa cama feita, tal como gosto); tirar dois minutos do dia para arrumar o(s) hotspot(s) - locais onde temos tendência para acumular tralha (no meu caso é o banco da entrada e a cadeira que acumula roupa no quarto). O objetivo é não deixar acumular tudo para o final do dia, em que já temos de fazer jantares, estender, apanhar e dobrar roupas, entre tantas outras tarefas que fazem parte do dia-a-dia da maioria das famílias. 

Assim, no que diz respeito ao equilíbrio em termos de tempo que dedico às pessoas que amo, diria que o dia é dedicado à família (tomo o pequeno-almoço com a minha mãe e irmã, almoço com os meus pais e por vezes irmãos) e o fim do dia ao meu namorado. A premissa é simples: passar tempo de qualidade com cada um deles. E isso implica uma gestão de tempo muito bem calculada.

No meio disto tudo nem sempre sobra tempo de qualidade para passar comigo mesma, para os meus passatempos. Tocar piano. Tirar fotografias, editá-las. Escrever.

Apesar de às vezes até me sobrar tempo nas alturas em que é suposto - quando o jantar acabou, a cozinha está arrumada, o banho tomado e o sofá e a manta à minha espera -, hoje em dia não consigo ter a disponibilidade mental que tinha há dois anos para conseguir fazer certas coisas. Chego às 21h mentalmente exausta - do trabalho, do planeamento rígido da minha vida, do stress constante em que já me estou a habituar a viver. E talvez por isso (ou por influência do meu namorado) tenha de dormir mais do que antigamente, para no dia seguinte ter forças para fazer tudo de novo. Escrever e até ler exigem um tempo, uma concentração e uma dedicação que, neste momento, não consigo dispensar a essas horas. Preferia mil vezes escrever do que ter visto uma ou duas séries da Netflix - mas as séries não me cansam e, entre isso e jogar Candy Crush, prefiro algo cultural. 

Quando comecei a escrever num blog, fazia-o por necessidade de libertar a alma. Tinha 14 anos - e tinha tempo. Hoje tenho 25 - e aquilo que perdi em tempo ganhei em responsabilidades. Já passei por muitas fases em relação à escrita: já precisei de escrever de como quem precisa de pão para a boca; já me apeteceu não escrever; já me obriguei a escrever; houve alturas em que, em dois dias, escrevia textos para a semana inteira. Passei por fases de desleixo e por fases de um rigor imenso, quase digno de colégio militar. Já estive totalmente desinspirada e, outras vezes, inspiradíssima. Já estive cheia de motivação e ideias - mas também já estive desmotivada ao ponto de achar que não valia a pena continuar com esta página aberta.

Mas este blog é como a vida: ele continua. E por muito que me custe não o atualizar durante duas semanas, obrigo-me a aceitar esta realidade. Se ainda hoje acordo a meio da noite a pensar que estou no meu antigo quarto, completamente desnorteada, é sinal de que ainda não atingi o equilíbrio certo na minha vida - e não posso exigir de mim aquilo que exigia antes, como escrever todos os dias. A minha vida ficou virada do avesso e é natural que eu demore a encontrar as novas costuras. E, desenganem-se: o avesso não é uma coisa má - mas é uma coisa nova. E eu ainda estou a aprender como gerir tudo isto.

Não sei se vocês ainda estão desse lado - mas eu ainda estou aqui. E planeio ficar. 

Continuo a acreditar no ditado inglês que diz que "practice makes perfect" (a prática leva à perfeição). Continuo a desejar escrever todos os dias, porque sei que quanto mais escrever, melhor o vou fazer. Continuo a acreditar em sonhos - e que um dia vou escrever livros. E contínuo a achar que esta é a plataforma certa para ir treinando e ir ganhando uma base de leitores que, construtivamente, me fazem crescer e ser melhor a todos os níveis.

Sei que agora não escrevo todos os dias - mas gostava de o fazer e sei que um dia hei-de voltar a conseguir. E vocês? Ficam por aí?

13
Abr12

A massagem demasiado tardia

Com esta história do pé sempre fui muito cumpridora e dei o braço a torcer, mesmo no que tocou a fazer exames e ir a a consultas; podia ficar uma semana de trombas, mas nunca disse que não. Fiz fisioterapia durante meses (em férias e em aulas), habituei-me a andar com o pé elástico em toda e qualquer circunstância - calções, vestidos, salto alto - e, apesar de me ter queixado variadas vezes (da fisioterapia, principalmente, na recta final), sempre cumpri com aquilo que os médicos disseram.

Mas a última médica a que fui disse-me para andar sem meia (até aqui tudo ok) e para massajar o pé todas a noites. Ora, nesta última tarefa é que está o senão. É que eu deito-me tarde e a más horas, e quando o faço já estou a cair de sono e não vejo um palmo à frente dos olhos. Ou seja, tornar esta tarefa realidade não tem sido fácil. Mas eu vou conseguir, eu vou conseguir *boceja*.

07
Fev12

Das rotinas

Não sei se gosto de rotinas ou não. Mas o que é facto é que sou extremamente rotineira.

As minhas manhãs são todas iguais. Tenho tempos definidos, sei quanto posso demorar a cada "tarefa". Sei que demoro 9 minutos a tomar banho e 4 minutos a secar o cabelo. Sei que posso ficar na cama, no máximo dos máximos, até às 7:10. Se me atrasar, diminuo o tempo do banho. Se tiver que pôr a meia elástica até ao joelho, tenho de me despachar porque demoro sempre mais dois minutos a pôr aquela porcaria.

O facto de fazer as coisas todos os dias faz com que conheça os meus tempos demasiado bem. Por outro lado, garanto que nunca chego atrasada (odeio chegar atrasada e que os outros chegem atrasados).

Acaba, no fundo, por não ser uma questão de gostar ou não, mas sim de ser muito mais prático e funcional. Assim garanto que tudo corre como eu gosto.

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