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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

29
Abr19

Crónicas de uma ex-solteira: A decisão

Vamos lá fazer isto estilo penso rápido. 1, 2, 3... Tenho namorado!

Agora que já todos recuperamos do choque (eu incluída - talvez tenha sido a pessoa com mais dificuldade em aceitar, na verdade) vou explicar o título deste texto. O "ex-solteira" é agora óbvio para todos, a parte d'"a decisão" pode não ser clara. Mas passar a ter namorado foi mesmo isso: uma decisão. Sinto que de alguma forma isto pode tirar algum encantamento à coisa, quase como se não houvesse magia e o amor não fosse lindo e essas coisas todas dos contos de fadas - mas, desculpem dizer-vos, é a verdade. Não decidi conhece-lo nem criar a ligação que rapidamente criei com ele, mas foi de forma totalmente consciente que avancei para lá disso. Pensando em todos os prós e em todos os contras, vantagens e desvantagens, medos e receios; só me faltou mesmo pesar numa balança física para me ajudar a decidir.

Isto porque quando eu dizia que não queria ter namorado não era só para fazer conversa. Quando dizia que queria ser totalmente independente, capaz de nunca abdicar de algo por não ter alguém ao meu lado, não era para me convencer a mim própria - era a atitude que eu assumia perante o mundo. E quando dizia que a vida era melhor sem aturar homens, também era algo em que eu acreditava (na verdade, ainda acredito).

Para mim, arranjar um namorado foi muito mais do que um simples "arranjar um namorado". Foi abdicar das minhas crenças, contrariar aquilo que tenho dito desde há muitos anos. E seria hipócrita da minha parte dizer que isso não me custou.

Porque a verdade é que são muito poucos os relacionamentos que eu vejo e penso: "gostava de ter uma pessoa assim ao meu lado, ter aquela dinâmica com alguém". E não se trata da pessoa ser bonita ou feia, trabalhar ali ou acolá, ter mais ou menos dinheiro. Trata-se das atitudes, da tolerância, do respeito. Às vezes, entre amigas, discutia-se o "homem perfeito". E eu não tinha como o descrever, não sabia a cor do cabelo, dos olhos, a altura, o tipo de cara ou de corpo; sabia, somente, aquilo que não queria. E, acreditem, a lista é grande. Porque assisti a muita coisa ao longo dos anos e disse a mim mesma que nunca quereria aquilo para mim; percebo perfeitamente o porquê das pessoas se manterem nos relacionamentos apesar de certas atitudes - porque já não concebem a vida sem essa pessoa, porque já estão habituadas, porque são financeiramente dependentes ou porque compreendem que foi simplesmente um dia mau - mas eu não queria (nem quero!) isso para mim. Se para ter umas coisas precisava de ter outras, como quem compra um pack que não é possível vender em partes separadas, então eu preferia estar sozinha. Sempre levei o ditado "mais vale só que mal acompanhada" muito a sério.

Já gostei de outras pessoas antes, mas sempre achei que não eram para mim - e que por isso não valia a pena fomentar coisas que na minha cabeça, logo à partida e por uma série de razões, não tinham futuro. Mas houve, neste caso, um detalhe que fez a diferença: fui sempre honesta, disse sempre a verdade. O que, atenção!, não faz de mim uma mentirosa até aqui, mas é aquilo que sempre fui: extremamente cuidadosa em exteriorizar sentimentos. Eu não mentia, só não dizia; quanto muito... fugia.

Ao aperceber-me do que se passava disse logo tudo: a minha posição perante os relacionamentos, a minha visão futura relativamente a filhos, aquilo que eu não tolerava nos outros e aquilo que possivelmente os outros não tolerariam em mim - neste último caso, fiz uma lista muitooo grande. E esperei que ele fugisse.

Ele ficou.

E eu diria que aquilo que aconteceu a partir do momento em que ele decidiu não arredar pé não foi um processo de conquista e muito menos de sedução. Foi de convencimento. De me mostrar que podia valer a pena e que as coisas são como nós as fazemos, que o nosso relacionamento não tem de ser como o dos outros: é como nós o quisermos. E eu avancei com essa premissa sempre presente: de que quando as coisas não estiverem bem, diz-se; e se depois de serem faladas não continuarem bem, ter em mente que o "para sempre" não existe e que foi bom enquanto tudo durou.

Muita gente me diz que eu não pareço nada apaixonada, que estou a ser mega racional, ficando confusas perante os meus comportamentos ou simplesmente com coisas que eu digo. A verdade é que eu detesto estar apaixonada - sempre detestei. Aquela sensação de estar na corda bamba, da nossa felicidade estar dependente de outra pessoa - deixo-a alegremente para os outros, que tanto parecem gostar dela e que a vendem quase como se da melhor lagosta se tratasse! O coração na boca, o estômago em mil bocadinhos, as mãos que tremem, o vai-não-vai, a dúvida inicial. A irracionalidade, sentir que não temos pleno controlo das nossas atitudes porque as nossas hormonas tomam conta do comando e deixam o cérebro de lado... Não é para mim. Deixa-me num sofrimento atroz, numa angústia diária (tira-me a fome, dá-me vómitos) e obriga-me a um controlo muito mais apertado das minhas ações, quase como um doublecheck para verificar que os meus comportamentos foram solicitados pelo cérebro e não por outro órgão qualquer. E por isso, quando esta sensação passou e eu pude descomprimir - ser eu! - tudo ficou melhor.

E ele continuava lá.

Não sei o que estou, nem quero saber. Se calhar é isto, a paixão, e o que sempre senti antes era outra coisa qualquer - mas, pelo que descrevem, não me parece. Se calhar isto que vivo é outra coisa, uma palavra que ninguém inventou. Mas a verdade é que não tenho necessidade de rotular o que sinto, porque não tenho dúvidas. E ele também não, que é o que mais importa.

Sei que se não gostasse dele não escreveria este texto. Sei que se não gostasse dele não teria baixado as armas, desfeito os muros e as paredes e baixado as inúmeras pontes de forma a permitir que ele entrasse na minha vida. Sei que se não gostasse dele nunca abdicaria daquilo em que acreditei e preguei durante tantos anos. Sei que se não gostasse dele, e não confiasse nele a 100%, nunca me disponibilizaria para estar nas suas mãos.

Nunca fui de ter namorados, "curtes" ou amigos coloridos. Nunca fui sequer de reparar em quem passava à minha volta. Digo-lhe muitas vezes: és tudo o que nunca quis. Porque não podemos ter aquilo que achamos não existir. E se é difícil eu apaixonar-me por alguém, impossível é eu gostar tanto assim de uma pessoa, mesmo sabendo que quem me comanda é a cabeça. Esse é "O" feito.

Devo-o a ele.

 

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18
Jan18

Porque é que os homens discutem pormenorizadamente os lances de futebol?

Acho que hoje em dia passo mais tempo rodeada de homens do que por mulheres, muito por culpa do trabalho. E, como não podia deixar de ser, um os tópicos recorrentes é o futebol. Mas uma das coisas que eu não percebo - nem nunca percebi, para dizer a verdade - é a necessidade que eles têm de descrever pormenorizadamente as jogadas de futebol.

"Bom, aquilo foi um golaço que nem te passa. O Danilo passou a bola ao Marega do meio campo e ele, no lado esquerdo, finta o defesa lateral do Ave, depois centra para o Aboubakar, que chuta para a baliza mas a bola bate na trave. O Herrera está na recarga, ganha a bola de cabeça com um salto incrível, passa para o Brahimi e ele com um chuto de uma potencia incrível remata para o canto superior direito da baliza. O redes ainda tentou atirar-se, a luva quase chegava lá, mas aquilo era indefensável, pá." (Sim, o "pá" é um detalhe importante nas conversas masculinas).

Eu tenho a teoria de que os homens que escutam isto só apanham a parte de quem fez o centro e quem marcou o golo. Mas, se estiver enganada, quero desde já dar os parabéns aos homens deste mundo por terem a capacidade de imaginar todo este cenário nas suas cabeças. E congratular também todos os outros que decoram estes lances e detalhes, prontos para ir para o café discutir tudo ao pormenor, como quem estudou aplicadamente para um exame.

E a verdade é que eu acharia isto natural se estivéssemos em 1979, quando não havia jogos na televisão, repetições e internet - não havia outra forma de dar a entender ou mostrar as coisas. Mas porquê que esta prática se mantém agora quando, passado dez minutos, está tudo no Sapo Desporto e daí a umas horas os lances passam cinco vezes nos noticiários, 12 vezes naqueles debates com gente-que-finge-que-discute-futebol e 31 vezes nos canais especializados? Porquê que no café não sacam do telemóvel e vêem no youtube, em vez de fingirem que estão num daqueles relatos de rádio?

Porque o mais curioso disto tudo é que até podia ser uma coisa geracional - mas não é! Lembro-me desde sempre de ouvir os meus colegas rapazes a discutirem lances como se fosse a coisa mais interessante do mundo - ou, pior, a descrever aquele "golaço" que marcaram no campo da escola que, como é lógico, ninguém tem interesse em saber. 

Enfim, homens e futebol. Vai ser sempre uma cena estranha.

04
Jun14

Não sou assim tão desatenta

As pessoas - para além de ficarem sempre muito preocupadas por eu não ter namorado há dezanove anos - ficam sempre atónitas com o meu "balde do lixo". O que é isto? É, supostamente, aqueles que eu "deito fora". Não no sentido literal, claro, mas aqueles rapazes/homens que dispenso, que não acho giros ou atraentes, que não me chamam à atenção. Pelos vistos sou muito rígida e esquisita e não gosto de nada, pelo que todas as mulheres me perguntam onde é o meu balde do lixo para irem lá espreitar. Enfim.

É verdade que sou esquisita e também é verdade que não reparo em mais de metade dos rapazes/homens que me passam à frente. Sou assim. Até porque - já o disse - acho que há poucos homens verdadeiramente bonitos. Há muitos com charme, outros tantos atraentes... mas bonitos? Nã.

Mas enfim, venho falar-vos de duas coisas que adoro nos homens, que é para não ficarem assim tão preocupados e não pensarem que não reparo de todo naquilo que se passa à minha volta. Primeiro, adoro ver as mãos deles - acho as mãos uma das partes mais bonitas tanto do homem como da mulher, mas os homens, quando têm umas mãos bonitas, têm cá uma pinta... e outra coisa é vê-los desapertar, só com uma mão, o botão do blazer. Normalmente andam com ele apertado mas, por exemplo, quando se sentam, desapartam-no muito rapidamente, com uma agilidade que só visto. E é tãããão sexy.

Estão a ver? Acham que eu não reparo em nada e, no fim, reparo em mais pormenores do que aquilo que as pessoas pensam.

04
Dez13

Be careful what you wish for

Lembro-me bem de estar em Londres, algures em 2007, e ver num cartaz sobre um filme o slogan "be careful what you wish for". Apontei prontamente aquilo no telemóvel para mais tarde recordar. Como se vê, não ficou só na memória do telemóvel, mas também na minha, até aos dias de hoje.

Lembram-se daquela brincadeira que eu já disse aqui, do "Don't worry if your single, God is looking at you and saying: I'm saving this girl for a british boy."? Pronto, eu devia era ter mais cuidadinho com as palavras que estas coisas realizam-se. Estava eu aproveitar umas horas de sossego no cinema com uma amiga, a semana passada, quando ao nosso lado se senta um rapaz (na casa dos vinte e tal anos) que não era português. Parecia britânico, pelo sotaque das poucas palavras que proferiu. Sentou-se, sacou de um Mac que pôs no colo até ao início do filme. Ele, só por si, já era estranho, não sei bem explicar porquê. Disse: "é gay" (e não num sentido pejorativo mas sim no sentido de não-é-água-para-o-nosso-bico) e a minha amiga anuiu. 

Ao longo do filme ele ria-se e olhava - a certa altura, já era eu que me ria do akward da situação. No intervalo, a minha companhia foi ao quarto de banho e ali fiquei eu, sem protecção, perante o rapaz-estranho-de-mac-no-colo. E ele olhava. E olhava mais um bocadinho. E eu fazia-que-fazia no meu telemóvel, que dentro do cinema nem rede para internet tinha (porquê, senhores, porquêêê?), tentando não olhar para lado nenhum em específico. Quando a minha amiga chegou, agradeceu por ele lhe te dado um jeito para passar, e ele disse, com um sorriso rasgado "no problem".

No fim do filme, despachamo-nos rapidinho, mas ele acabou por ir à nossa frente. E, qual descaramento, fez metade do caminho a olhar para trás, desde que descíamos as escadas da sala até à saída do próprio cinema! Nessa altura eu já não me conseguia conter: como é meu costume, já chorava de tanto rir. A A. perguntou-me: "Estamos a ser perseguidas ou é de mim?". Eu anuí. Depois, tornou a questionar: "ainda achas que ele é gay?". Pois. Claramente que não.

27
Nov13

Uma questão de encantamento

A verdade é que não é assim tão difícil deslumbrar-me. Não acontece muitas vezes porque, simplesmente, as qualidades que têm esse poder sobre mim não são fáceis de encontrar. Talvez seja por isso que continuo solteira ao de eterno: não é uma questão de exigência por si só. Quando nos apaixonamos, há um encantamento que vem associado - quando isso não acontece, não há nada a fazer.

Ao contrário da maioria, não é um corpo bem definido ou uma carinha laroca que me deixam a babar. Quer dizer, ajudam, como é óbvio - quem não gosta de ter um namorado que dá gosto olhar todos os dias e que faz com que todas as outras se roam de inveja? Pois claro. Mas isso não é tudo. Aliás, é muito pouco. Há duas coisas que me deixam louca logo à partida: um rapaz que seja rico culturalmente (que goste de cinema, que vá ao teatro, que leia!!) e tenha interesses fora do comum (se souber, por exemplo, coisas sobre físicas e químicas e biologias e introduza isso numa conversa perfeitamente casual é um bom início); saber tocar um instrumento musical - um rapaz que se sente em frente a um piano e que faça sair dali uma melodia qualquer de Beethoven ou de Mozart ou a Comptine d'Un Autre Été do "Amélie" conquista automaticamente metade do meu coração. 

Infelizmente, não são qualidades que se encontrem aí a cada canto. As consequências estão à vista (ó pra mim solteira) - e não me incomodam particularmente, mas não impedem que eu pense no assunto, como outra coisa qualquer. É algo que me intriga, embora devesse ser eu a pessoa que mais percebesse a razão desta minha "síndrome de solteirice" - a verdade é que não sou e por isso é que às vezes me ponho aqui a divagar. Lembro-me de vez em quando e as pessoas fazem também questão de mo lembrar, tendo em conta que não são poucas as pessoas que me vêem e perguntam de rajada "e então, namorado, já tens?"

Ontem, enquanto a voz do Jamie ecoava na minha cabeça, lembrei-me de mais esta razão (a falta de encantamento ou, por outras palavras, rapazes que se aproveitem) e decidi que era mais uma para juntar à lista. Nada como o Jamie para me inspirar.

11
Nov13

A verdade sobre os british boys

Nós estamos rodeados de maus exemplos. Nós - mulheres, na nossa pura inocência - achamos que todos os rapazes ingleses são Robert Pattinson's, Jude Law's, Jack's e Finn's Harries'; continuamos a achar, por grande influência dos media, que são o cúmulo do cavalheirismo, uns verdadeiros gentlemans; acreditamos que aqueles velhotes todos vermelhos e barrigudos que vemos no Algarve não são os exemplos mais fiéis da "raça" inglesa. 

Pois bem, deixem que vos atire com um balde de água fria: sim, os turistas ingleses que habitam as praias algarvias no verão são os melhores protótipos que podem arranjar. Já agora, a maioria dos rapazes britânicos são feiinhos, uns copinhos de leite. Como se tal não bastasse, são broncos (é que podiam nem ser giros, mas um rapaz educado já é sexy só por si)! Broncos mesmo. E, last but not the least, no meio da amostra da população que vive em Inglaterra, o difícil é arranjar um inglês de gema. Já o sabia, mas confirmo-o de cada vez que lá vou: o meu irmão vive rodeado de jamaicanos, espanhóis, indianos e pessoal do resto do mundo... com excepção de ingleses.

Em suma: já não é fácil arranjar ingleses a sério. E quando se arranja, já não são aquela pérola que tanto esperamos. Não quero, com isto, que percam as esperanças, tendo em conta que até eu continuo com aquela máxima do "Don't worry if your single, God is looking at you and saying: I'm saving this girl for a british boy.", mas diria para se despacharem e começarem a procurar a sério. É que se eles existem, estão bem escondidos na toca; tudo o resto é uma desilusão pegada. Vão por mim.

24
Jul13

Os olhos defeituosos dos homens

Nunca tive problemas em admitir que acho as mulheres mais bonitas que os homens; que reparo mais nas senhoras que nos senhores; que acho muito mais fácil uma rapariga ser mais vistosa que um rapaz. E isso não faz de mim lésbica ou bissexual.

Nós, mulheres, temos a oportunidade de nos fazermos passar por muita coisa que não somos: e aqui se pode incluir a beleza. Nós depilamo-nos, maquilhamo-nos, usamos cintas, saltos altos, pintamos as unhas, o cabelo, arranjamos as sobrancelhas, alongamos as pestanas, auto-bronzeamo-nos, utilizamos soutiens com almofadas... Temos, naturalmente, muito mais ferramentas que enganam assim a olho nu. Para além de tudo mais, temos mais curvas, um corpo que, na sua essência, e na minha opinião, é bem mais bonito que o masculino. É muito raro eu encontrar um homem bonito, que tenha aqueles traços que eu acho necessários para que se possa considerar ter essa qualidade - mas, mulheres bonitas, há quantas baste!

E quanto a esta última parte os homens não discordam - normalmente, passam metade do tempo a ver as "paisagens" envolventes. Mas da mesma forma que eu tenho olhos para ver e apreciar ambos os sexos, os homens dizem-se, muitas vezes, com uma limitação: não conseguem apreciar homens. Desculpem? Os olhinhos dos senhores têm filtros especiais que eu desconheço ou é só mesmo o machismo e o espírito másculo a falar mais alto? Sim, porque um homem admitir que consegue ver beleza num outro elemento do sexo masculino é algo que prova imediatamente a sua orientação sexual: é gay de certezinha. Mas... porquê? Porquê que é assim tão difícil admitirem que, tal como todos, têm olhos para olhar para tudo e responderem quando vos pedem uma opinião? Sim, vocês também olham para homens; sim, vocês conseguem ver quando um rapaz é mais giro que outro; sim, vocês sabem dar uma opinião; sim, vocês têm é medo das línguas alheias e dos estigmas que vocês próprios ajudam a criar. E, sim, é perfeitamente ridículo fingirem-se de cegos.

21
Mai13

Homens só de longe (ou depende, mas pronto, vocês percebem)

Infelizmente, já não sou da época dos meus irmãos - nunca brinquei na rua com os meus amigos, nunca fui para casa somente ao cair da noite, nunca andei livremente pela rua aos 7, 8 anos de idade. Eu sou da época das televisões - da Madeleine McCann, da Natacha Kampusch, das três mulheres presas num sótão em Cleveland... Sou da altura das Mentes Criminosas e do CSI, tudo óptimo para dar ideias para quem precisa delas. E isso, quer queiramos quer não, influencia-nos.

Não que antes não houvesse loucos, sádicos e assassinos - simplesmente não havia a projecção que há agora. E isso deve ter criado um medo inconsciente em mim de que só dou conta em algumas situações. Da mesma forma que tenho fobia de médicos sem ter tido um episódio dramático,  tenho uma desconfiança imensa (em alguns casos mesmo medo) nos homens em geral. Eu sou mesmo menina para não entrar numa loja quando vejo que só há um lojista e este é homem; odeio quando entram homens no elevador quando eu estou lá dentro; e sempre me fez aflição pensar em ter um homem como instrutor. Basicamente, estar sozinha com pessoas do sexo masculino em sítios fechados e preferencialmente pequenos deixa-me tudo menos confortável.

O pior é que, estas duas semanas, a minha instrutora vai de férias. E, lamento, há uma verdade quase indiscutível: as mulheres são umas cabras umas para as outras, más como as cobras... mas entre isso e estar num habitáculo com um homem que não conheço de lado nenhum, prefiro estar com as da minha espécie. A questão é que, à falta dela, não tenho escolha e vou mesmo ter meia dúzia de aulas com um instrutor, o que me tem andado a apoquentar, tenho de admitir. No fim, até devo gostar, mas até lá sofro por antecipação, especialidade aqui da casa.

(E sim, já sei, sou uma pessoa estranha... mas que raio querem que eu faça?!).

21
Abr13

Os homens choram

A questão não é se os homens choram: porque choram, todos choramos. Podem chorar menos que nós, mulheres, mas lá que choram, isso choram (não vos faltam as glândulas lacrimais, pois não?). A pergunta é: ficam menos "machos" por isso? Não são tão homens porque não conseguiram aguentar as lágrimas em frente a uma mulher, por exemplo?

A minha resposta é não. Bem sei que os homens têm a fama de serem mais durões que as mulheres, são aqueles que aguentam a pressão e as situações más sem arredar pé, mantendo-se intocáveis, como se as coisas não os atingissem. Mas eu acho que chega uma altura do dia - em que estão sozinhos, regra geral - que deixam essa fachada de ferro cair e as coisas acabam por os atingir - digo eu, que não conheço muito bem a espécie, verdade seja dita.

No entanto, não há só homens durões: também há mulheres, que agem exactamente da mesma forma e que preferem esconder as lágrimas e deita-las cá para fora quando estão sozinhas (e eu posso não ser durona, mas choro sempre quando estou só). Porque chorar sozinho é sempre melhor, na medida em que não preocupamos quem está connosco; por outro lado, é um ato profundamente egoísta, pois não somos capazes de partilhar a nossa dor e aquilo que se nos vai na alma com outra pessoa, mostrando-lhe as nossas fraquezas.

Como tal, um homem que chore, para mim, não é mariquinhas: é corajoso e sei que, de alguma forma, ultrapassou esses estéreótipos típicos de que "um homem não chora", mostrando realmente aquilo que se passa dentro dele e tendo a capacidade de o partilhar com alguém que, suspeito, será alguém que lhe é especial (porque os nossos pontos fracos não se partilham assim com qualquer um).

05
Jan13

O meu mau feitio perdura

Tenho uma mente um bocado antiquada e obtusa - sou, como se costuma dizer, quadradona. E há coisas que me irritam solenemente, não só porque não gosto que elas me aconteçam como não sei como lidar com elas.

Uma dessas coisas são os flirts - odeio flirts. Pode haver gente que ache piada àquelas indirectas ou piropos sem piada, e eu não condeno - agora não os usem é comigo. Aquelas conversas chatas e embaraçosas em que nos dizem que nos acham muito bonitas e inteligentes e nós não sabemos o que dizer porque, pura e simplesmente, não achamos o mesmo - ou então porque não estamos para aí viradas e não temos de dar justificações a ninguém (mas mesmo assim, lá estão eles, à espera de resposta).

Outra são as "introduções" - "ah e tal, tenho um amigo que te quer conhecer". Não, por favor, tirem-me deste filme. A menos que seja um deus grego e tenha uma inteligência mais que fantástica (e isso importa-me mais do que ser um deus grego), deixem-se estar - não atirem pessoas para cima de mim, com segundas intenções logo à partida. Não quero. Posso ficar solteira a vida toda à custa dessa minha casmurrice, mas não quero.

A melhor forma de me agradar (para além de ser muitooo inteligente e educado - e deixar-se das parvoíces que descrevi acima) é ser o mais discreto possível e, acima de tudo, não me chatear com cenas lamechas - porque quanto mais esporádicas sejam, mais agradável é a surpresa. Dizia-me há uns tempos um colega, que para eu gostar de alguém essa pessoa não pode gostar de mim ou pelo menos não o pode demonstrar - e foi a coisa mais acertada que ele disse nos últimos tempos.

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