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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

12
Ago14

Sobre a morte e a solidão

Não era uma grande fã de Robin Williams mas, como todo o mundo, fiquei chocada com a sua morte. Era um excelente ator, que me marcou particularmente pelo filme do "Clube dos Poetas Mortos", que já vi há uns anos atrás mas, que me lembro bem, mexeu comigo e com a forma como via as coisas.

Em conversa cá em casa - e mesmo nas redes sociais, onde não se fala de outra coisa - muita gente se pergunta como é que uma pessoa que passou a vida a fazer os outros rir e sorrir, se suicida - enforcando-se, ainda por cima, que deve ser uma morte horrível. Pois que eu acho que muitas das pessoas que se mostram das mais felizes do mundo por fora, são o inverso por dentro, e não duvido que o mesmo se passasse naquele caso. Para além do mais, od atores de Hollywood devem viver numa vida de solidão, na medida em que vivem rodeados de pessoas mas que são poucas as que lhes dizem alguma coisa, em quem podem confiar - têm uma vida abastada, com supostamente tudo o que desejam, mas muita vezes falta-lhes o essencial. É aquela história de que tanto falo em relação a mim: os sítios onde me sinto mais sozinha, são quase sempre os mais populados. Por mais triste que seja, não há fãs que colmatem essa solidão, não há admiradores que façam essa tarefa: principalmente num mundo onde já não se pode confiar em ninguém. Apercebi-me muito disso quando, há uns dias, traduzi uma entrevista do Robert Pattinson para o Sunday Times, que estava tremendamente bem escrita e que me fez adormecer a pensar no assunto. Deixo-vos o trecho final da mesma, não antes de dizer - ainda em relação ao Williams - o mundo perdeu um grande ator que, sem grandes extravagâncias e pelo lado positivo, deixou a sua marca no mundo.

 

"After our interview, I hear him struggle with ­questions about superheroes, and if he could survive an apocalypse. Later, he heads for another cigarette in the rain. “I’m quite good at being by myself,” he told me earlier and, as I watch him, soaking, I believe him. Actually, somewhere in his mind, I think he’s already by himself, all the time."

21
Ago13

Encontrado algures no facebook

"Há dois tipos de pessoas, o escorpião e a rã. Um escorpião não consegue atravessar o rio. Vai ter com uma rã, que consegue, e pede boleia. A rã diz: "não posso levar-te às costas, picar-me-ás"; o escorpião responde: "será contra os meus interesses picar-te, pois morreríamos juntos". A rã pensa nisso um bocado e aceita o acordo, entrando na água com o escorpião às costas. A meio caminho, sente uma dolorosa ferroada no dorso e apercebe-se que o escorpião vai morrer, de qualquer forma. Vão afogar-se juntos. A rã chora: "por que me picaste? Vamos morrer os dois"; o escorpião responde: "não pude evitá-lo. Está na minha natureza."

Há duas formas de viver a vida*: Uma é que não conseguimos mudar a natureza de ninguém. E a outra é que nada pode mudar a nossa natureza."


*não quis modificar o texto original, mas suponho que a intenção do autor seja dizer que há duas "lições na vida".

16
Ago13

Textos redondos

No primeiro exame de português, já depois de ter entrado em parafuso depois de ler as perguntas de interpretação, achei piada a um pormenor do texto seguinte do teste, assinado por António Lobo Antunes. Este transpirava arrogância - pormenor pelo qual não gosto muito do autor - e carregava demasiadas rasteiras para as perguntas de gramática que se seguiam.

Mas transcrevendo o que o senhor escreveu: "Se tiver tempo, e embora a obra esteja redonda (sempre esteve na minha cabeça deixar a obra redonda) é possível, seria possível acrescentar uma espécie de post-scriptum". Caiu-me o queixo quando li que ele queria que a obra fosse redonda. Algo que pode ser estranho para a maioria das pessoas, é-me ridiculamente familiar. E eu posso jurar a pés juntos que é uma metáfora que nunca vi em nenhum lado, mas que apenas descreve a forma como vejo o que escrevo.

Há muitos textos que aqui escrevo que são quadrados: ou sejam possuem arestas, partes que, por não terem sido muito pensadas, não foram suficientemente limadas e aperfeiçoadas. Eu só me sinto completa com textos redondos - mas estes demoram muito tempo a "arredondar". E, curiosamente, os textos redondos são aqueles que têm menos feedback - os outros, que por vezes me fazem doer a alma ao clicar no botão "publicar", são a maioria das vezes os que têm mais sucesso. Se calhar os redondos para mim, são são quadrados para vocês. Talvez as arestas sejam uma coisa boa e eu ainda não descobri. E, pelos vistos, o Lobo Antunes também não.

23
Jul13

Boa noite

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade. Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo. Porque metade de mim é o que eu penso, mas a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Porque metade de mim é amor e a outra metade também.


Oswaldo Montenegro

13
Mai13

Ir até ao fim das coisas

Escreveu Miguel Esteves Cardoso em "Explicações de Português":

 

"Nunca vou ao fim das coisas. Tudo começa. Nada acaba. Eu não deixo. No meu sonho, tudo continua, tudo se repete, mesmo que seja preciso interrompe-las de vez em quando. Tenho medo que acabem. Por que é que se hão-de levar as coisas ao fim?"

 

Resta-me dizer: somos dois, Miguel, somos dois...

30
Abr13

*

"Love never dies a natural death. It dies of blindness and errors and betrayals. It dies of weariness, of witherings, of tarnishings."

- Anais Nin

(Criminal Minds)

 

20
Abr13

Ele sabe descrever a coisa

Nos dias em que não estou "nos meus dias" e em que me faltam as palavras, reduzo-me à minha insignificância e sei que, algures na minha biblioteca ou na internet, um certo génio terá descrito aquilo que eu não consegui sequer rabiscar.

 

"Nem há maior cansaço que o da antecipação desiludida - aquela ironia da alma consigo mesma em que, por viver, não pode deixar de esperar (...)".

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, p. 536

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