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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

06
Out19

Não se esqueçam de ir às urnas - até porque há alternativas

Não sou ninguém para pedir aos outros para ir votar. Não que tenha telhados de vidro - se a memória não me falha, não faltei a nenhumas eleições desde que sou maior de idade. Mas percebo o porquê dos outros não votarem. Percebo a descredibilização dos políticos e da política. Percebo a indignação. Percebo o descontentamento e a necessidade de o demonstrar de alguma forma. Percebo a sensação de não nos sentirmos representados. Até percebo a falta de credibilidade da própria democracia! Sinto tudo isso. E também sinto que está tudo tão mau que nem vale a pena tentar, que o meu tempo "perdido" entre filas de voto e trânsito nem sequer é bem empregue. Mas tenho ido - por teimosia e por saber que não encontro nada melhor do que uma democracia no cardápio dos sistemas políticos.

Uma das coisas que se ouve muito é o argumento de que "são sempre os mesmos que vão para lá". Também concordo. Mas hoje decido fazer de advogada do diabo e contra-argumentar. Muito embora não possamos escolher quem encabeça os partidos (a menos que sejamos filiados), quem os forma, quem lhes dá a cara ou as ideias que transmitem, a culpa de serem sempre os mesmos a encabeçar as sondagens é nossa. Da sociedade em geral. Porque cada vez mais me apercebo que há pequenos movimentos que apresentam alternativas - nós é que não as ouvimos ou procuramos. Porque desistimos da política e não tomamos a iniciativa de ir procurar, de desbravar para além do que está na superfície. Porque não vemos mais do que os primeiros minutos dos telejornais, em que são sempre os mesmos que falam. Porque, como tudo na vida, os mais pequenos são os oprimidos e não têm voz.

Eu, penso que como a maioria do país, estou farta de muita coisa. Acima de tudo, estou cansada da corrupção e dos abusos de poder. E decidi ser ativa e procurar alternativas. Perdi tempo a ler as ideias, os ideias e as propostas dos partidos mais pequenos; entraram na minha lista mental nomes de novos políticos que não fazia ideia existirem, muito para além de Costa, Rio, Cristas, Martins ou Sousa. E a verdade é que são vários, para todos os gostos e pessoas; da direita à esquerda, dos radicais aos centralistas. Podemos não nos sentir 100% representados (alguma vez isso acontece?) mas, ao menos, tentamos uma alternativa àquilo de que dizemos mal diariamente. Acredito mesmo que é esse o caminho. 

São dez da manhã e eu já fui votar. Votei num partido pequeno, na esperança de fazer a máquina mudar - e, de todas as eleições de que fiz parte, este é sem dúvida o voto que faço de consciência mais tranquila. E por aí, vão votar nos mesmos e ter o gosto de resmungar nos próximos quatro anos ou vão tentar mudar qualquer coisinha? Independentemente da vossa escolha, nos grandes ou pequenos, votem. Não se esqueçam.

 

P.S. Para quem ainda não decidiu, partilho dois links que podem ajudar - e que me ajudaram a consolidar a minha decisão. O primeiro é uma bússola política, que através de um pequeno quizz sobre vários tópicos um tanto ao quanto fraturantes da sociedade, acaba por nos ajudar a posicionar relativamente ao quadrante político em que melhor nos inserimos. 

O segundo é um artigo do Público que, consoante as nossas características pessoais e os temas que mais nos importam, nos mostra as medidas que cada partido propõe nos segmentos que provavelmente mais nos importarão (justiça, ambiente, saúde, por exemplo).

 

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16
Jul19

Um passeio pela Costa Vicentina

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Já o disse: ir ao Alentejo era um desejo antigo. Tinha imaginado esta viagem de muitas formas: ora com amigos, ora sozinha numa espécie de retiro, ora na loucura numa autocaravana alugada, pronta para dormir ao som do bater das ondas. Acabou por não ser de nenhuma dessas formas: fui com o meu namorado e foi maravilhoso. 

O Alentejo não desiludiu. Mas soube a pouco - embora tentássemos aproveitar tudo ao máximo. Ainda deu para ver algumas praias, comer bem (viva a sericaia e o peixinho grelhado!), conhecer mais um bocadinho e até dar um mergulhinho!

Optamos por não fazer a viagem de rajada e fizemos algumas paragens estratégicas. A primeira foi nas Grutas da Moeda - uma estreia para mim, que nunca tinha entrado em nada do género. Apanhamos a última visita guiada do dia, a uma sexta-feira, por isso estava tudo muito calmo. Não me fez aflição nenhuma estar debaixo de terra e achei as grutas em muito bom estado de conservação. Todo o tratamento que lhe deram, ao nível das luzes, torna tudo ainda mais giro - e até mágico. O guia, sempre simpático, também ajudou a que fosse tudo muito agradável - explicou a formação das estalactites e estalagmites, mostrou-nos ossadas de uns animais que caíram para dentro da gruta e fazia-nos sempre puxar pela imaginação, tentado fazer-nos visualizar animais e outras formas nas rochas por onde íamos passando. A visita dura cerca de meia hora (não chega para nos sentirmos sufocados) e eu lembrei-me recorrentemente de uma coisa que o meu pai sempre me disse: se nos queixamos da nossa profissão, agora pensem nos mineiros! Dos poucos minutos que lá estive fiquei com a pele toda oleosa e sempre com alguma vontade de, literalmente, ver a luz ao fundo do túnel. E foi só meia hora! Tentar imaginar o que é passar dias inteiros ali fechados é só aterrador - já para não falar do próprio trabalho, exigente a nível físico e cujo fator segurança não é lá muito positivo. Deu para pôr as coisas em perspetiva e, só por isso, já valeu a pena! Para além de que foi uma experiência nova, bonita, que aconselho a todos. 

 

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Nas Grutas da Moeda

 

A primeira noite foi passada em Óbidos - terra onde já tinha feito uma paragem rápida o ano passado, que nem tinha dado para absorver bem a coisa. Fiquei surpreendida porque de noite não se via vivalma - lembrei-me até de Veneza, onde tive exatamente a mesma sensação. A dicotomia noite-dia é impressionante. Esperei que no dia seguinte estivesse uma avalanche de gente (tal como estava quando lá tinha ido), mas não: o facto de não estar a decorrer nenhum daqueles eventos dentro do castelo deve ter ajudado, tornando o passeio muito mais agradável e as ruas bem mais transitáveis. Confirmei aquilo que já desconfiava: Óbidos é um mimo. Adoro o conceito, adoro a cores, adoro as lojinhas, adoro as muralhas, adoro as vielas, os declives e os pormenores em cada recanto. As lojinhas com um toque tradicional derretem-me, os espaços alterados para a conjugação de duas coisas improváveis (tipo uma livraria e uma mercearia ou uma livraria e uma igreja) fazem de mim uma criança feliz. Gosto mesmo muito de vilas com história e sei que um dia lá vou voltar. 

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Paragem seguinte: Peniche. Também foi uma estreia para mim, nunca lá tinha ido. Estava tudo um bocado caótico: apanhamos uma prova de triatlo, que ia fechar muitas das ruas da cidade, por isso foi praticamente almoçar e vir embora. Também, sejamos sinceros: aquela ventania não convidava a grandes passeios. O vento estava presente em todo o país e não passamos por nenhum sítio onde não o sentíssemos, mas Peniche ganhou aos pontos neste campeonato. Ainda assim deu para fazer uma visita ao Cabo Carvoeiro e à Fortaleza de Peniche, prisão de muitos presos políticos, conhecida pela fuga de muitos deles (incluindo Álvaro Cunhal). Neste momento está transformado no Museu da Resistência e da Liberdade e a entrada é livre - só pagam se quiserem os audio-guias, que não me parecem muito necessários, até porque têm descrições em todos os locais. Os espaços abertos são poucos - têm o parlatório (local de conversa entre os prisioneiros e os visitantes), a sala de visitas (onde chegaram a decorrer alguns casamentos) e o segredo (a solitária). Isto para além das vistas da Fortaleza para o mar, obviamente muito bonitas (segunda foto do lado direito, na montagem abaixo). Mas confesso que fiquei um pouco desiludida, acho que há muito mais a explorar num local destes - nem que fosse a oportunidade de ver uma cela, para se ter noção das condições em que lá se vivia. Esperemos que seja uma coisa a melhorar a médio prazo. 

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As Berlengas lá atrás

 

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Depois sim, rumamos até Milfontes, onde ficava o nosso hotel - As Três Marias, conforme já contei aqui. Visitamos várias praias (pelo menos aquelas com acessos minimamente decentes) e tentamos encontrar aquela que estivesse mais protegida do vento, para podermos tomar um banho. Escolhemos a Zambujeira no Mar, que tem toda uma arriba que nos protegia daquelas rajadas do diabo. E se cá em cima estava frio, lá em baixo estava um pequeno forno, mesmo com os singelos 22ºC de temperatura que se faziam sentir. Foi o primeiro mergulho do ano e soube pela vida!

Ainda fomos a Porto Côvo (enquanto ouvíamos o Rui Veloso no carro, obviamente) e demos outros passeios pela costa, meios à deriva e a ver até onde as estradas nos levavam. Não tínhamos grandes horas nem planos, por isso fomos à descoberta. Também por isso acabo por não conseguir precisar muitos dos sítios por onde passamos.

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Na Zambujeira da Mar

 

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No dia da vinda, em que tínhamos pensado fazer praia, acabamos por mudar de planos e ir até ao Badoca Safari Park. A verdade é que podemos ir à praia muitas vezes, mas não é todos os dias que estamos a lado do único safari em Portugal. E eu adianto-me já e ponho as fichas na mesa: fiquei muito desiludida.

Arrependi-me mal cheguei, quando vi uma fila enorme só para comprar os bilhetes. Aliás: arrependi-me amargamente quando percebi que ela não andava. Demoramos 40 minutos só para comprar as entradas, o que acho absurdo e inaceitável. O sistema de filas era muito confuso, as funcionárias não punham ordem (havia ultrapassagens, a fila prioritária era usada indiscriminadamente) e dava logo vontade de atirar a toalha ao chão. Mas sobrevivemos.

A questão é que lá dentro não foi muito melhor. A única coisa que se safa são, precisamente, os animais - que também não são muitos. Cadê os leões e os tigres e essas coisas todas que se deviam ver na selva africana? As placas informativas sobre as espécies, quando existiam, estavam muito degradadas, tornando muitas vezes impossível a leitura; muitos dos animais estavam sozinhos; algumas das proteções eram mal pensadas, sendo quase impossível perceber que bichos é que viviam em cada espaço; a ilha dos primatas, para além de ficar longíssima, é deprimente - os animais estão tristes, a água à volta completamente suja e choca e a própria visibilidade para as ilhas era má, não sendo bom nem para eles nem para quem visita. Isto para não falar do próprio safari! Acho que nunca snifei tanto pó e tanto cheiro a gasolina de uma só vez. O guia do safari era muito simpático, é uma experiência gira, mas as condições em que é feito deixam muito a desejar. Pontos altos: a proximidade com as girafas (o animal mais bonito que vi, de uma imponência inacreditável), as jaulas abertas dos pássaros, em que é possível a interação com eles e um sentimento de proximidade maior que o normal e, claro, os suricatas. Adoptava um, já, já, já! 

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De resto, fica a vontade de voltar e ver tudo o que ficou por visitar ❤️ Mas voltar. Sempre.

 

Onde ficamos: em Óbidos, na Josefa d'Óbidos - é uma antiga hospedaria, remodelada em algumas partes, mas que não merece as 4 estrelas que lhe foram atribuídas. Os quartos de banho precisavam de uma reforma e o pequeno-almoço merecia mais. O aspeto exterior é mau, mas o interior é melhor, por isso não se assustem. A localização é muito boa. Já em Vila Nova de Milfontes ficamos no Três Marias, que mereceu um post meu, que podem ler aqui.

Onde jantamos: tivemos sempre muita dificuldade em arranjar onde jantar, não por falta de oferta, mas por estar tudo cheio! Convém pensar no assunto e reservar com antecedência. O jantar em Óbidos foi razoável, no Jamón Jamón; o melhor foram, de longe, os croquetes de alheira. O polvo assado que comemos depois também estava bom, mas não era nenhuma especialidade. Em Porto Covo jantamos na Taska do Xico um bom peixe grelhado, em Milfontes fomos a um dos restaurantes mais conhecidos (Porto das Barcas), onde acho que elevamos demasiado as expectativas e o preço foi um bocadinho puxado. A maior surpresa foi num restaurante a caminho da Zambujeira do Mar, a Barca Traquitanas, onde comemos uma massada de peixe de bradar aos céus! Tínhamos passado pelo restaurante, não demos nada por ele, mas acabamos por voltar... e valeu tanto a pena. Ainda hoje sonho com aquilo, foi mesmo o petisco que marcou todas as férias, aconselho vivamente.

22
Jun19

Um mar de calmia em pleno Alentejo

No início do mês realizei um desejo que já tinha há muito: ir ao Alentejo. Passo sempre esta região de rajada, ignorando-a por completo devido a uma vontade cega de chegar ao destino do costume: o Algarve. Mas desta vez fizemos daquele sítio o nosso destino e lá fomos nós, país abaixo, prontos para uns dias de descanso.

Não descansamos muito, porque parecíamos baratas tontas a querer ver as praias, as vistas e tudo o que a natureza tivesse para nos eferecer. Conto todos os locais por onde passamos e o nosso itenerário num próximo post, porque agora quero só falar do sítio maravilhoso que nos acolheu durante aqueles dias, em Vila Nova de Milfontes. Um local pautado pela cor branca, pelo simplismo e, acima de tudo, pela calmia.

O Três Marias, turismo rural, era tudo o que eu precisava nesta fase mais louca da minha vida. Adorei o espaço, a filosofia e a decoração. Mais: adorei o facto de acolherem uma avestruz, ovelhas e... três burros naquela quintinha, que se passeavam calmamente por lá enquanto tomávamos o pequeno-almoço! É caso para dizer que este hotel foi feito a pensar em mim ;)

Tinha ficado com o espaço debaixo de olho depois de o ter visto num blog e correspondeu a todas as expectativas que tinha sobre ele. É, literalmente, um sítio para se descansar. Para se ouvir o vento a correr nas árvores e a ver as estrelas no cair da noite. Onde o único trânsito que existe é no ar, onde as andorinhas fazem corridas para chegar primeiro às migalhas. Onde nos apetece falar baixinho para não interromper o estado de calmia em que estamos todos mergulhados. Onde não há televisão – nem no quarto nem na sala comum. É mesmo um retiro da sociedade – ou, para lá chegar, não tivessemos de percorrer dois quilómetros de terra batida!

O nosso quarto era uma mezannine, com um sofá em baixo e o quarto e a casa de banho em cima. Vivia dos detalhes: a cama protegida por uma rede mosquiteira, num cenário mega romântico-fofinho; as portas feitas em tábuas de madeira, que davam um ar rústico a todo o espaço; o chão aquecido na zona da casa de banho; a chaleira e as chávenas prontas para servir um chá. Tudo perfeito. Para mim só faltava uma coisa para ser algo do outro mundo: uma piscina, para uma pessoa não ter de fazer mais do que uns metros para poder estar de papo para o ar e aproveitar as maravilhas do mundo rural.

Adorei o pequeno-almoço, não muito grande mas com comida muito fresca (como um bolo quentinho, acabado de sair do forno) e toda a simpatia das pessoas. Tive pena de não jantar lá, pois creio que a comida devia ser tão caseira como nas nossas casas – e, pelo que li, onde se promove o convívio entre os hóspedes, numa mesa grande onde todos se sentam tal e qual uma grande família.

À saída peguei num cartão, nos postais que têm à disposição de quem lá fica e prometi voltar. Gostava muito de conseguir cumprir essa promessa.

 

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10
Mai19

Vale a pena ir ao Palácio da Pena

Sintra sempre foi uma das minhas cidades favoritas. Fui lá várias vezes em passeio, outras somente para comprar queijadas (ninguém me pode condenar por isto, aquele doce devia ser considerado a 8ª maravilha do mundo) e até em visita de estudo - e em cada uma destas paragens me apaixonei mais por aquele serra, aquelas estradinhas e a sua aura mística. Já tinha ido à Quinta da Regaleira (maravilhosa, aconselho vivamente e com visita guiada!) e ao Palácio Nacional, mas tinha uma falta gravíssima no currículo: o Palácio da Pena.

Já há muito que queria lá ter ido e aproveitei o feriado para concretizar este desejo - tivemos sorte, porque estava um dia de sol lindo, que dava uma luz especial às cores que pintam o palácio. E apesar do mar de gente que lá estava (e não era por ser feriado, uma vez que 95% eram estrangeiros) e de ter suado um bocadinho para subir aquilo tudo, valeu muito a pena. É este tipo de coisas que vamos ver no estrangeiro e que nos deixam maravilhados e a verdade é que nos esquecemos que temos locais tão ou mais bonitos em Portugal do que os que vemos lá fora. As salas do palácio (onde, infelizmente, não deixam fotografar) têm decorações lindíssimas, tetos muito trabalhados e de um bom gosto imenso. Mas a verdade é que fica muita coisa por ver e explicar, muito por culpa da falta de organização do próprio palácio.

Mal fomos comprar o bilhete disseram-nos logo: havia 40 minutos de fila para entrar. Isto porque Sintra padece do mesmo mal que o resto do país - excesso de turistas. Portugueses, nem vê-los! A nossa língua mãe era a menos falada ali no meio, só mitigada por um número razoável de brasileiros que andava por lá a deambular. 

Sintra sofre pela proximidade de Lisboa e pela beleza incrível da cidade, que atrai qualquer pessoa... mas a verdade é que ali tudo ali é pequeno, os acessos são maus, as estradas estreitas, os parques de estacionamento minúsculos. Sintra é linda, mas só se não tiver um mar de pessoas. E o pior é que a questão não é só chegar lá: é também a visita ao próprio palácio, que é feita por ordem de chegada, em filinha indiana (qual meninos da escola - com contínuas e tudo a vigiar!), o que não potencia minimamente a visita. Somos quase obrigados pelo resto da fila a ir avançando pelos corredores fora, sem tempo para poder olhar à volta ou ler as pequenas descrições na sala (que são as únicas informações que nos contextualizam sobre o sítio onde estamos). Senti mesmo muita falta de uma visita guiada, de alguém que me explicasse o que estava a ver, para dizer quem eram as pessoas que estavam pintadas nos quadros pendurados na parede, contar histórias engraçadas sobre aqueles espaços e dar-lhes alguma vida, assim como a noção de como eram as coisas naquele tempo. Acima de tudo senti falta de parar e apreciar o que estava à minha volta. Penso que se houvesse visitas com hora marcada, para um determinado número de pessoas, tudo funcionaria melhor e todos os visitantes desfrutariam e sairiam muito mais enriquecidos do palácio, bebendo muito mais da cultura e da história de Portugal.

Estou com esperança de que, se um dia voltar, as coisas já sejam diferentes e mais organizadas. Acho que é dos locais no nosso país que mais merece protagonismo e um planeamento estruturado, com cabeça, tronco e membros. O Palácio da Pena (e toda a sua envolvência) é incrível, com vistas de cortar a respiração, com uma mística mesmo muito especial e que merece a visita de todos nós. Oupa, façam-se ao caminho!

 

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29
Ago18

Vamos falar sobre o "perigo" do Gerês?

Estava ontem no meio de uma insónia, a fazer scroll no facebook, quando me deparei com mais uma notícia que contava o desaparecimento de duas pessoas no Gerês. A pergunta que se impõe é: até quando é que isto vai durar? Até quando é que vão continuar a “diabolizar” uma das zonas mais bonitas do país? Porque a continuar assim, tenho medo que tomem medidas radicais e mais ninguém possa voltar a ver as cascatas.

A verdade é que há três principais razões pelas quais as pessoas morrem, se magoam e/ou se perdem nas zonas das cascatas do Gerês: a primeira é estupidez, a segunda é falta de sorte e a terceira é falta de indicações e condições. As primeiras duas são altamente faladas nas notícias e nas redes sociais, a última parece ser ignorada, quando não devia.

Estou longe de conhecer a região como a palma da minha mão, mas há três anos consecutivos que vou às cascatas - nos últimos dois anos acampei, este ano fiz só uma visita de médico. Já fui a todos os ex-libris - a Portela do Homem, o Arado, o Thaithi, as 7 Lagoas - e desta vez fui a dois sítios menos conhecidos - a Cascata de Pincães e a Cela de Cavalos. E antes de mais nada, é preciso fazer aqui um disclaimer: eu considero-me uma pessoa muito responsável e ajuizada, que corre poucos riscos e que mede sempre as consequências. E, apesar de tudo isso, fui.

Comecemos por analisar os problemas, um a um:

- A estupidez humana. Começa por fazer aqueles trilhos, subidas e descidas de rochas com havaianas. Se cair com havaianas, em solo normal, já é fácil, num sítio daqueles ainda mais. Depois há uma percentagem enorme de pessoas que é incapaz de medir os riscos: já disse aqui que saí várias vezes das cascatas por me sentir agoniada ao ver dezenas de pessoas a saltar, muitas vezes sem sequer testar o sítio onde vão cair, e com rochas no caminho (que, quando um salto não é bem dado e a distância mínima não é assegurada, pode acabar em morte). Depois existem ainda as crianças, que para além de também saltarem (sem reprimendas dos pais) não tomam muitas vezes as precauções devidas, nem durante o caminho, nem enquanto lá estão.

Para mim, as cascatas do Gerês são como o Monte Palace nos Açores: não se deve ir nem com amigos parvos nem com crianças, uma vez que a segurança de ninguém está assegurada e não há margem para grandes brincadeiras. Parte do problema reside também no facto das pessoas acharem que aquilo se trata de uma praia e acamparem nestes locais o dia inteiro - vi várias grupos a fazer aqueles caminhos com lancheiras, garrafões de água e até carrinhos de bebé (quem é que vai com um bebé de colo para estes sítios?!), o que depois dificulta a circulação na própria lagoa, o que faz com que as outras pessoas circulem por caminhos mais perigosos e os acidentes aconteçam.

 

- Má sorte. Está em todo o lado. Ir num dia mau para o Gerês não é uma boa escolha. Basta uma pedra mal assente ou musgo escondido numa rocha para um dia divertido dar para o torto. A única hipótese é ter cuidados redobrados.

 

- Falta de indicações ou condições. Este fator tem quase tanta culpa como o da estupidez humana. Eu acho que a autarquia, de forma a evitar que as pessoas vão para aqueles sítios que só lhes dão problemas, coloca pouca ou nenhuma informação acerca do caminho para as cascatas. O sítio delas está indicado em placas de trânsito mas, quando uma pessoa lá chega, nada. A forma típica de encontrar caminhos é ir perguntando às pessoas que estão a voltar. Lembro-me que nas cascatas do Thaithi a senhora onde estacionei o carro me disse qualquer coisa como "siga sempre pelas oliveiras e depois vire à direita". E, atenção, eu sei distinguir oliveiras, mas no meio de outras 300 espécies e quando se está concentrado em não cair, a tarefa não é assim tão fácil. Desta última vez, em Pincães, disseram-me para seguir sempre o curso de água e já estaria logo lá: o "logo" era meia hora depois, o curso de água acabava num sítio e depois uma pessoa tinha de aventurar. Nesse mesmo dia, para ir à Cela de Cavalos, andei uns 3kms a mais do que devia; no fundo, perdi-me. Tive a sorte de, num certo ponto, ter apanhado rede e visto no GPS que me estava a afastar do sítio onde a lagoa estava sinalizada. E sabem que mais? Eu tinha estado a 300 metros da dita cascata, mas em vez de virar à direita na ponte, virei à esquerda. Uma simples seta faria a diferença! Uma porcaria de madeira lá pendurada. Isto faz sentido?

Mesmo no que diz respeito aos caminhos e aos trilhos, para além das indicações, tudo devia estar melhor definido e em melhores condições. Lembro-me de, nos Açores, existirem grandes desníveis onde eles "inventaram" umas escadas, feitas com troncos de madeira, que não tornava o ambiente menos natural mas que era muito mais seguro para quem viajasse. E os caminhos eram visíveis, não tinham mato a confundir, não tínhamos de nos seguir por indicações fatelas tipo "vira à direita depois das oliveiras". É claro que isso vai dar asneira, sempre, até decidirem que têm de fazer alguma coisa.

As pessoas não vão deixar de visitar estes sítios porque são potencialmente perigosos (ou não sabem que as coisas más só acontecem aos outros?!). Mais: sem as cascatas e as lagoas, o Gerês não teria metade do movimento que tem hoje em dia, incluindo turismo internacional. Está mais que na altura de quem manda naquela zona pôr mãos à obra, valorizar estes locais, dar-lhes mais condições de segurança e parar de se esconder por detrás da peneira, de pesares de morte e de apelos que caem em saco roto. Assim como está na altura das pessoas terem mais noção das suas limitações e dos perigos por detrás destas belezas naturais. 

Como sei que a primeira opção é mais fácil que a segunda - a estupidez natural das pessoas é praticamente incurável -, estou a torcer para que alguém faça força para se intervir no local.

 

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Cascata do Thaiti (2017) - para mim uma das que tem os acessos mais perigosos e menos evidentes e, por outro lado, das que tem mais gente

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Cascata do Thaithi (2017)

 

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7 lagoas (2017) - um dos caminhos mais bonitos

 

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Cascata de Pincães - a tal onde se segue o curso de água e depois se sobe uma série de rochas até se chegar a esta vista

 

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Cascata de Pincães

 

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Cascata de Cela Cavalos - o acesso é feito pela capela de Cela (o caminho até lá é em terra e há pouco espaço para carros) e o caminho é óptimo. Virar à direita depois da ponte em madeira (foto em baixo). Caminho de cerca de 1,5 kms. Como nos perdemos, chegamos tarde à cascata e estávamos sozinhos.

 

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A tal ponte, em Cela de Cavalos, onde devem virar à direita (se vierem da capela).

08
Mar18

Um fim-de-semana no centro do país

Eu sou provavelmente a pessoa mais caseira do universo. Adoro estar em casa mas, com a crescente quantidade de trabalho e coisas extra (ginásio e piano), acabo por estar menos no meu habitat natural do que aquilo que gostaria. E apesar dos meus dias serem todos diferentes, de não ter uma rotina e de estar mais tempo fora de casa do que alguma vez estive, sinto-me numa prisão - sinto-me presa nesta vida, ando a sentir-me a sufocar nas minhas crescentes responsabilidades, nas minhas constantes pressões sobre mim própria e nos meus planos para o futuro, enquanto olho à minha volta e toda a gente da minha idade está a usufruir do "bom da vida".

Normalmente, quando estou assim, é quando tomo as decisões mais malucas ou arriscadas para mim. Ainda não saí bem desse estado e ainda não sei o que vem por aí, mas de uma coisa eu sei - ou soube, naquela altura: eu precisava de sair de casa durante um bocadinho. Não tenho possibilidade de tirar férias para já, pelo que já tinha um dos fins-de-semana que se avizinhavam como alvo. Já andava a dizer aos meus pais para irmos a algum lado, fiz uma lista de sítios bonitos em Portugal onde queria ir e estava à espera que os dias chegassem e a meteorologia ajudasse. Mas acabou por resultar mais cedo do que pensei.

Há dois fins-de-semana atrás rumamos por isso até Palmela. Porquê Palmela? Nem eu sei. Foi quase olhar para o mapa, ver uma pousada bonita e seguir viagem. Acho cada vez mais que tenho de conhecer melhor o meu país, já que conheço cada vez mais do mundo. É hipócrita andarmos por aí em aviões quando, a poucas horas de carro, temos tantas coisas incríveis para ver. Tenho especial interesse no interior do país, mas as temperaturas mais altas e o bom tempo arrastaram-nos mais para a região centro, que eu também não conhecia. Tantas vezes fui a Lisboa e nunca tinha posto um pé em Setúbal. Enfim, agora já ;)

O roteiro do fim-de-semana foi simples: Palmela, Serra da Arrábida, Sesimbra, Setúbal, Óbidos, Caldas da Rainha, Mealhada e de volta ao Porto.

 

A nossa visita por Palmela resume-se ao castelo, que ficava a um minuto do sítio onde dormíamos. Aliás, a pousada fica mesmo dentro das suas muralhas. Acho que, tal como a maioria das pousadas, não é super barata, mas é excepcionalmente bonita; os quartos são muito agradáveis e o pequeno-almoço muito bem servido para a dimensão do espaço. Não tem piscina (nesta altura também era a última coisa que queríamos) mas no verão o claustro da Pousada (que foi em tempos um convento) deve ser o sítio ideal para se ler um livro em pleno sossego.

No interior do castelo tem várias lojinhas e um restaurante, bem classificado nos sites conhecidos, mas que estava fechado quando lá fomos (assim como os restantes espaços comerciais). Há, no entanto, uma vista boa para desfrutar e uma série de recantos por entre as muralhas giros de se explorar. Antes de se subir para o castelo há também a indicação de um miradouro, onde se vê, por um lado, a cidade e por outro as serras.

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A vista da cidade

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A vista das serras

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Dentro do Castelo

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A vista do meu quarto

 

No sábado fomos imediatamente ao sítio que eu mais queria ver: Portinho da Arrábida. A minha reação combinou com aquelas águas - foi um banho de água fria. Sim, a cor da água é incrível, mas não passa muito disso. Passamos por várias praias, descemos mesmo até ao Portinho e eu só pensava "é só isto?". Não sei se parei nos lugares errados, se ia com as expectativas demasiado altas ou se tinha simplesmente uma ideia errada do que ia ver, mas nada na serra me tirou a respiração como eu esperava.

Ficamos os três um bocadinho sem graça depois daquela desilusão e deixamos de ter planos. Fomos vendo as placas e seguimos até onde as estradas nos levavam. Primeiro paramos no Castelo de Sesimbra, onde não exploramos muito, mas vimos um dos cemitérios mais curiosos onde já estive - pequeno, com uma organização muito aleatória mas mesmo junto à muralha, dentro do Castelo. Depois vimos a indicação do Cabo Espichel e decidimos seguir caminho até lá. Aquilo sim, era o que esperava. Achei o sítio lindíssimo, uma lufada de ar fresco, fez-me lembrar as praias do Adriático (ainda que à distância). 

 

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A vista do Castelo de Sesimbra

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Cemitério do Castelo junto à muralha

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Cabo Espichel 1

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Cabo Espichel 2

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Cabo Espichel 2

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Igreja no Cabo Espichel (bonita por dentro)

 

Depois disto foi uma confusão. Já eram 13h30 e queríamos almoçar. Pensamos ir a Sesimbra - sítio onde nenhum de nós havia estado mas que sabíamos ser bonito - e seguimos caminho até à marginal, onde havia muitos restaurantes. O problema é que, dado o belo dia que estava, também havia muitas pessoas, muitos carros e zero lugares para estacionar. Já em desespero de causa decidimos pôr o carro num parque coberto - e a experiência foi tão desastrosa que eu até fixei o nome do dito: Parque da Praia da Califórnia. Nunca vi nada assim. No primeiro andar não havia lugares e não havia saída, obrigando a uma inversão de marcha mal parida quando queríamos sair (isto nem devia ser permitido... em caso de incêndio fica lá tudo); a cancela do segundo andar não abria, mas não havia qualquer indicações disso; o terceiro andar era para hóspedes de um hotel; no quarto deu para estacionar mas, quando percebemos que não havia elevador, arrepiamos caminho (o meu pai não consegue fazer esse tipo de esforços) - e quando fomos obrigados a voltar a fazer inversão de marcha dentro do parque para ir embora, demos de caras com um casal escondido atrás de uma parede, que ou estava a namorar (embora a posição não o indicasse) ou estava à espera de ter os carros à sua mercê para poder "explorar". Eu, quando cheguei ao segundo andar, já estava a dizer para irmos embora - todos os meus instintos de defesa (e acreditem que tenho muitos) gritavam para que eu saísse dali para fora. Foi dos parques mais manhosos, mal iluminados e estranhos que entrei em toda a minha vida. E só descansei quando saí de lá.

Depois disso seguimos até Setúbal, onde almoçamos (e depois à noite voltamos). Provei, finalmente, o famoso choco frito! Não sei se foi daquele prato em particular, mas achei o choco muito gordo e grande, estava à espera de algo mais pequeno; também já não estou muito habituada a tanta fritura numa só refeição, mas de facto é um bom petisco. Para comer uma vez por ano, talvez ;) Também não me escapou a torta de azeitão (boa) e o doce do abade, que não me caiu tanto no goto. À noite fiquei-me pelo peixinho grelhado, que parece ser o ex-libris de Setúbal - as montras acabam por ser parecidas com as que vemos aqui em Matosinhos (e eu adoro peixe!), mas os preços são bem mais apetecíveis lá do que aqui.

Entre o pouco tempo que tivemos entre o almoço tardio e o jantar, demos uma volta pela marginal de Setúbal e, mais uma vez, fomos levados pelas placas até ao Moinho de Maré da Mourisca. Infelizmente chegamos já à hora de fecho, mas ainda conseguimos entrar e ver as mós, embora tenha sido só mesmo entrar com um pé e sair com o outro. Há um café no exterior agradável e toda a envolvente é também muito bonita, com o Sado à nossa volta (embora fosse "pouco" Sado, devido à seca). Ainda passeamos e fomos até ao observatório dos pássaros, onde não vimos grande coisa, mas que compensou pelo passeio.

 

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Setúbal

 

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Moinho de Maré da Mourisca

 

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O Sado um tanto ao quanto pantanal no Moinho de Maré da Mourisca, onde supostamente havia pássaros para observar

 

No dia seguinte rumamos a Óbidos, onde eu já queria ir há muito tempo, mas de onde passo a vida a fugir por haver todo o tipo de eventos que enchem aquilo até ao tutano. Achei que estava safa por ser início de ano e qual não é o meu espanto quando vejo cartazes sobre a festa do chocolate que começava nesse fim-de-semana. Arg! Para minha sorte não estavam multidões gulosas prontas para entrar na vila, pelo que foi tudo mais ao menos tranquilo. Não explorei aquilo como queria (estava imenso calor e nós estávamos vestidos para um dia de inverno rigoroso, estávamos com fome e os altos e baixo não são bons para o coração do meu pai), mas prometi a mim mesma voltar em breve. Acho que tudo tem a minha cara. Parece uma feira medieval constante! E, guess what... tinha pão com chouriço! E eu, como boa lontra que sou, não deixei escapar!

 

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Muito glamour enquanto comia o meu pão com chouriço. Mas não dá para esconder aquela esguelha de felicidade típica de lontra ;)

 

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Um autêntico altar dos livros, em Óbidos

 

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Óbidos

 

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Óbidos 2

 

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Óbidos 3

 

Antes de pararmos na Mealhada para almoçar, pedi só mais uma paragem: Caldas da Rainha. Estávamos perto e eu sabia que tão cedo não ia ter uma oportunidade destas. Eu sou doida por loiças e ali fica, nem mais nem menos, que a loja da Bordallo Pinheiro. Pior: tem um outlet! Ainda estivemos à espera que a loja abrisse e depois, com o carro cheio de loiça, rumamos a norte - enchemos a barriga na Mealhada e voltamos a casa. É bom passear, mas a sensação de voltar ao sítio onde realmente pertencemos enche-nos a alma. E dá-nos força para mais umas semanas na rotina-sem-rotina, que era aquilo que eu precisava.

 

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"A" loja

 

10
Out17

Há um equilíbrio possível entre o turismo e as gentes da cidade?

O meu facebook está inundado com uma notícia sobre um alfarrabista portuense que foi despejado do local onde estava há quase duas décadas, na Rua das Flores, aqui no Porto. A razão? O prédio foi vendido e querem pô-lo fora para fazer render o peixe. Para quem não conhece, a Rua das Flores é atualmente uma das mais movimentadas da cidade, cheia de lojas, restaurantes, bares e tasquinhas - a maioria vocacionadas para turistas, como é óbvio. É uma rua pedonal que, como quase todas as ruas, estava deserta há pouco mais de cinco anos. Hoje em dia desenvolveu-se de tal forma que, por vezes, não se consegue andar normalmente sem atropelarmos meio mundo e a calcarmos outro meio.

Há duas posições que quero deixar aqui claras: a primeira é a minha "admiração" perante um feed de facebook tão culto e intelectual. Eu não conheço o alfarrabista em questão, mas aparentemente toda a gente o conhece - ou, pelo menos, finge que conhece (esse e muitos outros...)! A verdade é que eu, que adoro livros, raramente entro em lojas deste género - não sei bem explicar porquê, mas sinto que há um maior sentimento de pertença por parte dos donos e por isso sinto-me um pouco "vigiada", não sei explicar. Por outro lado também sinto que está tudo mais apertado, é mais difícil encontrar o que quer que seja, por isso desisto com facilidade de encontrar algo que me agrade. Ou seja, surpreende-me que eu, que gosto de ler, não conheça estes sítios mas metade do facebook sim. Mas ainda bem, é sinal de que somos todos muito cultos e que queremos que a cidade continue super intelectual (cof cof cof).

A segunda questão que quero deixar evidente é que, como é óbvio, não apoio este tipo de atos. Tenho muita, muita pena que o comércio local esteja a desaparecer e a dar a vez a lojas de souvernirs, Nut's e coisas do género - porque eram essas lojas que também faziam do Porto, o Porto e o seu desaparecimento é também o esquecimento de uma identidade muito própria e muito nossa, com a qual me identifico quando digo que sou "uma mulher do norte". Mas a hipocrisia que se vive nas redes sociais é coisa para me irritar. Porque a verdade é esta: se o alfarrabista em questão fosse um sucesso, se vendesse imensos livros, não tinha de sair, porque provavelmente conseguiria pagar a renda pedida pelos novos donos - ainda que seja provavelmente absurda, dado os preços impossíveis que se praticam hoje em dia na cidade.

Mas não vende. Porque nós queremos as lojas lá, porque são bonitas, porque fazem parte da nossa identidade, mas não as apoiamos, não compramos lá coisas - e eu contra mim falo, como se leu acima. Porque nós somos práticos e preferimos mandar vir os livros da net, onde muitas vezes podemos ler o primeiro capítulo do livro que nos interessa sem estarmos a ocupar o corredor de uma loja e ter a obra em mãos em dois dias úteis sem termos levantado o rabo da cadeira. Porque nós adoramos as lojas de ferragens ali na zona de Ceuta, mas quando precisamos de uns parafusos vamos ao Leroy Merlin, onde até aproveitamos para comprar o tapete da casa de banho que fazia falta. Porque nós achamos imensa graça aos joelheiros na baixa do Porto, mas quando precisamos de um anel para oferecer às nossas mães vamos ao NorteShopping porque há mais variedade. Porque nós gostamos imenso daquele tasco na Rua dos Caldeireiros, mas arranjar estacionamento lá é uma loucura e por isso preferimos ir ao Madureira's que oferece o bilhete do parque lá ao lado. Porque nós simpatizamos com a senhora da frutaria ali ao pé do trabalho, mas esta semana o Continente está com 15% na secção de fruta fresca por isso temos de ir aproveitar. Porque aquelas lojas de artigos em segunda mão na Rua do Almada também têm boas pechinchas... mas para quê comprar um armário que ainda vamos ter de lixar, limpar, pintar e envernizar quando podemos comprar um no IKEA pelo mesmo preço? 

É muito fácil criticar o estado, o governo e as políticas quando somos incapazes de olhar para o nosso próprio umbigo. As coisas não acontecem por acaso e a evolução que estamos a assistir não aconteceu só graças aos estrangeiros, mas também por nossa causa. As gerações mudaram, as necessidades e os hábitos são outros. Nas redes sociais e nos blogs pede-se mudança, uma política que proteja os habitantes das cidades - e, meus amigos, eu compreendo e concordo! Principalmente quando demoro meia hora a percorrer um quilómetro de carro na baixa, só porque a afluência de turistas a passar nas passadeiras é de tal forma que não dá folga para os veículos circularem. Mas não se pode ter tudo. E eu acho que, neste caso em particular, não há um equilíbrio - havemos de ter passado por ele no meio de todo este processo, mas há muito que a balança se desequilibrou. Porque isto é um ciclo vicioso difícil de quebrar: o turismo gera emprego, algo que nós precisamos de como pão para a boca; o crescimento do emprego faz dinamizar a economia, que por si só atrai investimento e por aí fora. E o dinheiro, como quase sempre, está primeiro que as pessoas. É "apenas" o mal estar de alguns, enquanto muitos outros esfregam a barriga de contentes. E enquanto forem mais os que estão contentes do que aqueles que são despejados, que são obrigados a ir viver nos suburbios ou os que não conseguem dinheiro para uma renda, as coisas vão continuar assim. 

Eu amo a minha cidade e adoro vê-la dinamizada - já disse aqui várias vezes que me lembro de ver o Porto morto, deserto e de ficar triste ao ver aquele cenário. Mas sabem: mesmo aí, as coisas estavam prestes a fechar. Porque nessa altura, nem nós comprávamos no comércio de rua, nem os turistas - porque eles simplesmente não existiam. E por isso é ainda mais difícil comparar esses tempos com os atuais, decidir o que é melhor para nós enquanto habitantes.

O ideal era ter o melhor de dois mundos: sermos o melhor destino Europeu, mas impedir grandes franchisings de vir para cá ganhar dinheiro; aumentarmos a qualidade de vida, mas não sermos confrontados com rendas e preços impraticáveis dentro da nossa própria cidade; mantermos vivo o tradicional, mas preferindo usufruir das novas tecnologias e do conforto. Mas, para já, os milagres ainda não existem. E uma coisa é certa: todo este problema não se vai resolver enquanto olharmos para ele com olhos hipócritas, como todos nós não estivessemos também a usufruir ou a contribuir - um bocadinho que seja! - para este fenómeno.

18
Jun17

Quando as tragédias batem na porta ao lado

Não sei o que distingue os momentos que nos ficam a memória e aqueles que se esvaem como que água por entre os dedos, mas gostava muito de saber. Às vezes penso "quero lembrar-me disto até ao resto dos meus dias" e, no dia seguinte, já nem sei do que se trata; em tantas outra coisas normais, do dia a dia, a memória não pára de trabalhar e lembro-me dos pormenores mais insignificantes que possam existir. E depois há certos momentos que passam e que eu sei imediatamente que, bons ou maus, me vão ficar registados para sempre.

Lembro-me de um dia estar a ir para qualquer lado com o meu pai e passar em frente ao Hospital de São João, onde há um corrupio de ambulâncias constantes, onde o estacionamento é caótico e se vêem pessoas por todo o lado. Na altura, o meu pai disse-me que não gostava de passar ali. Lá íamos nós, na nossa vida, provavelmente a caminho de um restaurante ou simplesmente a passear; e ali, a meia dúzia de metros, estavam pessoas no mais puro dos sofrimentos - quer físico quer emocional, ora por serem elas próprias a estar na cama ou os que desesperam na sala de espera. Quando ele me disse isto eu soube que era uma das coisas que eu, mesmo que quisesse, não ia esquecer. Por ser tão real, tão duro, tão inevitável; por não podermos fazer nada para o alterar. Um dia somos nós, outro dia são os outros. E não podemos deixar de aproveitar os nossos momentos bons por outros, que não conhecemos, estarem a viver momentos maus - porque assim viveríamos numa infelicidade cíclica e viciosa que não tornaria o mundo melhor.

Agora, enquanto estou estendida numa espreguiçadeira a apanhar sol e a escrever isto, sei que está um país de luto e uma cidade devastada pelas chamas e por uma das maiores tragédias que todos já testemunhamos em Portugal. Ainda ontem, enquanto vinha para o Algarve, parei em Leiria para comer algo, mal sabendo que o pior estava por acontecer por aqueles lados. Mais uma vez passamos ao lado do mal, do inferno, do desespero e da infelicidade enquanto caminhávamos para algo de bom - tal e qual no hospital. E hoje, aqui deitada enquanto muitos lutam contra as chamas, outros perderam casas e familiares e 62 (até ao momento) perderam a vida, só me resta esperar o melhor. Vejo posts de lamento e consternação no facebook e penso "mais um", porque para nada servem as palavras quando o sofrimento mora ao lado e nada podemos fazer para o diminuir. Mas tal como todas essas pessoas, também eu sinto necessidade de dedicar uma palavra de pesar; ainda que ninguém leia, ainda que seja só mais um no meio de tantos outros que nem sonham o sofrimento que se deve estar a viver naquela terra. Ainda que sejam só palavras que não devolvem terra, casas ou vida e que, ao contrário do que quem lá está, venham de quem está hoje de bem com a vida.

Porque ela é mesmo assim. Umas vezes toca aos outros, outras vezes toca-nos a nós. E tudo o que podemos fazer - não estando no local, não conhecendo ninguém e estando só a ver de longe, ainda com a preocupação de quem se sente - é esperar o melhor e rezar que a vida seja branda até nas horas mais difíceis.

10
Abr17

Fomos lá para fora... cá dentro 2#

No segundo dia da nossa viagem pelo Alentejo começamos por dar uma volta pelo Castelo de Marvão (que mostrei no post anterior) e depois rumamos a Estremoz. Para mim tudo aquilo era novo, nunca tinha andado por aqueles lados e foi bom conhecer aquela paz e calmia. Mesmo nas estradas nacionais, onde andamos o dia todo, mal passava vivalma. Por um lado é triste, porque só mostra o despovoamento que se vive nestas zonas interiores, mas por outro proporciona uma paz que é raro encontrar.

Em Estremoz fomos almoçar à Pousada Rainha Santa Isabel, toda construída em mármore (que abunda por aqueles lados - nunca tinha visto tanta pedreira junta). A comida não foi famosa, mas o serviço era muito bom e o sítio muito bonito (apesar de estarmos totalmente sozinhos no restaurante). O interior da pousada é incrível, cheia de tapeçarias, móveis e objetos antigos que nos transportam para uma outra época.

 

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 A seguir fomos a Vila Viçosa. Adorei Marvão e foi, claro, a minha parte favorita da viagem - mas como momento singular, este foi o meu preferido. Adorei aquela vilinha. Ela já morava no meu subconsciente há muito, não sei onde ouvi falar dela - se em livros ou numa daquelas séries juvenis - mas desde sempre que achei que misturava a calmia com a história, e é mesmo verdade. Primeiro visitamos o palácio, que serviu de local de férias para muitos reis e onde D. Carlos passou a última noite da sua vida, antes do regicídio.

Pagam-se sete euros por entrada, mas vale muito a pena - o guia que nos acompanhou era uma autêntica peça e conhecia o palácio melhor do que as próprias mãos e satisfazia quaisquer curiosidades que o grupo tivesse (e por acaso tivemos sorte, porque toda a gente era muito interessada e ouvia com atenção). No palácio há imensas pinturas feitas por D. Carlos, que pintava lindamente; os quartos foram as únicas divisões mantidas intactas depois do palácio virar museu e é incrível pensar que ali já dormiram e viveram antigos reis de Portugal. Por fora, o palácio também é bonito e imponente. Não se podiam tirar fotos no interior mas eu tirei um par delas para vos poder mostrar aqui.

Para além dos imensos (e alguns enormes) quadros do nosso antigo Rei, que só por si já terão um grande valor, a visita ao palácio fez-me lembrar um pouco da minha "saga" pelos palácios de São Petersburgo. É claro que o grau de grandeza e riqueza não é o mesmo, mas à nossa escala, eu diria que este é um dos palácios mais bonitos e mais ricos que Portugal tem. Há imensas salas com paredes e tetos a seda, há tapetes de arraiolos gigantes (o maior do país está lá), têm também a maior coleção da Europa de tachos e panelas em cobre, uma enorme coleção de vários tipos de loiças, muitos frescos... enfim, é lindíssimo.

 

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Frente do Palácio

 

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À esquerda o teto da pequena sala onde as mulheres rezavam e à esquerda uma outra sala de que já não me recordo.

 

Depois de Vila Viçosa ainda parámos no Redondo, que não mereceu sequer uma paragem para fotografias. No dia seguinte começamos a viagem de regresso e fizemos a nossa primeira paragem no Castelo de Almourol, que também já andávamos para visitar há muito. O Castelo é todo envolto em água, numa pequena ilha do Rio Tejo, o que o faz parecer um autêntico local de princesas. Nós não o visitamos, por uma questão de tempo, paciência e logística (a água estava muito baixa e o barco que faz a passagem de um lado ao outro estava a parar num sítio que não o normal). Mas mesmo fora do Castelo, a vista é incrível.

 

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A nossa última paragem também foi num sítio onde já estávamos para ir há muito e que fomos sempre adiando: Conímbriga. Agora vejo que ainda bem que adiamos: acho que é preciso ter alguma maturidade para visitar este espaço, assim como alguns conhecimentos de história. Senão não passam de pedras iguais às outras. Como há muitas ruínas em mau estado, é preciso ter também alguma capacidade de imaginação para conseguir projetar como é que aquilo seria. Acho que não é fácil e não é para todos. As coisas estão parcamente explicadas e é fácil uma pessoa cansar-se de ver "pedras". 

Ainda assim, gostei bastante. Por vezes é tentador pensar que aquilo foi ali posto por uns construtores de meia tigela e que é impensável que aquilo tenha sido construído - ainda para mais de forma tão evoluída! - ainda antes de Cristo. É assoberbador, porque ainda que saibamos que "sempre" houve mundo antes de nós, nem sempre é fácil tangibiliza-lo: e pensar que houve pessoas que há mais de dois mil anos puseram ali aquelas pedras, construíram aquela muralha e que moraram ali... é esquisito e giro ao mesmo tempo.

O museu, infelizmente, é fraquinho. É pequeno, tem apenas duas salas, que estão recheadas de objetos encontrados nas escavações. Nada de "uau", nada de interativo ou cativante.

 

 

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Pavimento de uma das "casas"

 

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Os "repuxos", a parte mais gira e mais bem conservada das ruínas.

 

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E é isto! Foi só um fim-de-semana, mas soube por muito mais - e sempre serviu para riscar uma série de coisas da bucket list. Que mais venham!

 

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08
Abr17

Fomos lá para fora... cá dentro 1#

A semana passada eu e os meus pais fomos fazer um fim-de-semana cultural. O intuito era ser de descanso - estávamos todos a precisar de arejar a cabeça - mas a verdade é que acabamos por conhecer tantas coisas e andar por tantos sítios que de descanso teve pouco. O ponto de partida foi a Vila de Marvão, que fica junto da fronteira, já na zona do Alentejo. Era um sítio que a minha mãe queria ir já há muitos anos e que, aparentemente, toda a gente conhecia menos nós. Fizemo-nos ao caminho na sexta-feira à tarde e três horas e pouco depois já lá estávamos. 

O meu pai chama aquilo a Massada de Portugal, porque a vila fica a 860 metros de altitude - mas o declive faz-se de forma muito repentina, não é algo gradual. Estamos cá em baixo e de repente olhamos para cima e vemos uma grande "montanha" de rocha e, lá em cima, a muralha e vislumbres da vilinha. Não é difícil chegar lá, apesar de ser estrada nacional - quem é menos experiente ou confiante ao volante pode é ter algumas dificuldades dentro da vila em si, por causa das estradinhas muito apertadas. 

Mas bom, voltando à parte interessante: a vista, tendo em conta a altura da vila e a muralha que a rodeia, é obviamente fabulosa. Mas a própria vila em si é super bonita e bem cuidada. Toda pintada de branco com alguns detalhes de cor e envolta numa muralha também muito bonita, que dá acesso a um castelo com vistas de tirar a respiração.

 

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Vista do Castelo

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Vista do Castelo

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Vista do Castelo

 

Pode andar-se livremente na muralha e há sítios fabulosos para tirar fotos - só não é aconselhável para desajeitados, distraídos e coisas que tais: não há qualquer tipo de proteção e a queda pode ser de uns três metros ou mais. Já dentro do Castelo de Marvão a entrada é paga: dois euros por pessoa. Não sei até que ponto vale a pena: pode subir-se até à torre, onde a vista é ainda melhor mas, para todos os efeitos, não deixa de ser mais um castelo. Acho que este tipo de monumentos é giro quando se vê pela primeira vez, mas a verdade é que acabam por ser um pouco "ocos" se não tivermos alguma capacidade de imaginação e alguns conhecimentos de história. Este, em particular, tem uma cisterna gira de ver (e visitável) e a torre.

Apesar do sol estar quente, fazia muito frio (acima de tudo por culpa do vento cortante), por o sítio ser muito alto. Mas enquanto chovia a potes no Porto, os dias estavam límpidos lá para baixo e um bom casaco fazia com que os passeios já se tornassem mais agradáveis. As fotos abaixo são tiradas na muralha, no dia da chegada, já o sol se tinha posto.

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Nós ficamos hospedados na Pousada de Santa Maria, uma pousada de Portugal - agora sob a chancela do Grupo Pestana - que fica mesmo no centro da vila. É um edifício antigo e os quartos são também eles antiquados mas não por isso menos cómodos. Faz tudo parte do encanto. Tem uma pequena sala comum, com televisão, onde no dia do clássico se juntaram os hóspedes (eu incluída, claro está) para torcer pelo seu clube - e até isso acabou por ter piada. O restaurante dentro da pousada é aceitável, mas eu confesso que também não sou fã da comida tradicional alentejana; também lá é servido o pequeno-almoço que, para o tamanho da pousada, também é bom. A vista? As imagens falam por si.

 

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À esquerda a vista do meu quarto e à direita a vista do pequeno-almoço.

 

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A vila em si vê-se num par de horas. É riquinha, um encanto, uma espécie de casinha de bonecas: bem tratada, com uma aura um bocadinho mágica e uma calmia que nós - gentes das cidades - já não estamos habituados. Acho que só ter aquela vista já ajuda a que a vida se leve com mais facilidade: sempre que me deparo com estes cenários sinto que ganho fôlego, porque me lembro da sorte que tenho em estar viva (coisa que, infelizmente, me esqueço demasiadas vezes). Mas, num fim-de-semana, fica tempo de sobra para visitar outros sítios - e foi o que fizemos. Para o post não ficar demasiado longo, conto o resto amanhã.

 

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    12. N
    13. D