O meu Can Can (ou a minha evolução às teclas de um piano)
Sempre que tenho um tempinho livre e a minha cabeça não está preocupada com trinta mil coisas diferentes dedico-me a arrumar as minhas pastas de fotos - o meu projeto para este ano, como já tinha contado por aqui. Ainda estou a "destralhar" milhares de fotografias que tinha tiradas no telemóvel e que simplesmente depositava em pastas quando a memória ficava cheia...
E se tudo isto é por vezes uma chatice, algo que nos dá cabo da paciência, noutras alturas é uma autêntica viagem no tempo (ainda há uma hora estava a ver fotos tiradas com o meu telemóvel algures em 2008, onde se vê mais granulado que pessoas, mas tem graça na mesma). E uma das coisas em que eu noto mais diferença - e, neste caso, evolução - é no piano.
Sempre me filmei a tocar (porque gosto de me ouvir, de mostrar ao mundo que toco e porque é uma boa forma de me auto-avaliar). No próprio estúdio temos essa política - depois dos alunos aprenderem bem a peça que prepararam para o recital, gravamos sempre para que ele fique com aquele registo para a posteridade. Muitos fazem fita, que não querem, que não gostam de câmaras nem deste tipo de registos, mas a verdade é que é algo muito valiosos - pela graça de nos ver tocar algo e, acima de tudo, para muitas vezes percebermos a nossa própria evolução. Quando estamos em frente às teclas não temos bem a noção do quanto crescemos e melhoramos, mesmo que seja em poucos meses.
Em mim, a diferença foi abismal. Dei por mim a rever a primeira peça que toquei neste estúdio e parte da 5ª Sinfonia de Beethoven (em modo hiper simplificado, como é lógico) e nunca diria que aquela miúda estaria, desde há meio ano para cá, a dar aulas de piano. Foi um salto gigante, muito impulsionado pelo amor que fui ganhando pelas teclas, pela sorte que tive em encontrar alguém certo para me ensinar e pelo apoio que tive em casa, por me darem liberdade para ir aprender, me impulsionarem a fazer mais e me darem o presente de uma vida (o meu querido piano de cauda). Tive sorte, mas também tive (e tenho) muita vontade de fazer mais, e esforço-me sempre para melhorar.
O início de 2019 foi altura de duetos - um dos meus temas favoritos! - e escolhi tocar o Can Can. Diverti-me à brava a tocar isto, a fazer ajustes, a ensaiar a quatro mãos para que no dia do recital fizéssemos (eu e a minha professora) um brilharete. E conseguimos. Adoro esta música e o resultado final! Quem vê este vídeo e os vídeos de há ano e meio atrás, não acharia que eu era a mesma pessoa...
Partilho hoje convosco. O nosso Can Can: