O meu lado triste
Sou uma pessoa naturalmente negativa e triste. Vou-me abaixo com facilidade, entro em espirais depressivas de um dia para o outro e sem razão aparente. E principalmente no auge da minha adolescência (que não foi difícil, tirando por isto) passei um bocadinho mal devido a essa minha característica; havia momentos em que havia demasiada coisa a passar-se à minha volta com que eu não conseguia lidar nem digerir e fechei-me ainda mais na minha redoma.
Enfim, mas a questão aqui é que tenho feito um esforço enorme para melhorar. Tento ver o lado positivo das coisas e levantar-me mal me sinto a cair. E a verdade é que, principalmente desde que a minha avó adoeceu (há quase um ano, meu deus!), que senti que estava um bocadinho diferente - para melhor. Enfrentei as coisas como elas eram, sempre, até ao culminar daqueles meses todos, com a morte dela. Penso que mesmo exteriormente é algo que se nota e que as pessoas se apercebem - o semblante anda um bocadinho menos carregado e a forma de reagir é outra. Arrisco até em dizer que os leitores assíduos e mais antigos do meu blog notaram essa mudança, uma vez que algures nos arquivos desta casa virtual estão textos em que o meu estado de espírito era abaixo de zero e onde o sofrimento era latente.
Mas é claro que continuo a ter os meus momentos - principalmente quando estou mais cansada da faculdade (o que me fragiliza) ou em momentos-chave que têm mais impacto em mim. Um desses momentos foi há três noites atrás, quando escrevi o texto "Há dias", que passou a ser uma das publicações mais "favoritadas" deste blog e com muitos mais comentários do que o normal, todos com elogios que tão bem me souberam.
O curioso disto tudo é que apesar dos imensos posts que aqui faço, são quase sempre esses que sobressaem. Os mais tristes, os mais profundos, os mais sentidos, onde a minha dor está latente (seja em que forma for - naquele dia era o pesar de ser "diferente" e de ter de lutar todos os dias por isso). Acho que apesar de tentar atenuar essa minha característica (nomeadamente a nível de conteúdo de posts, que tento o mais possível que sejam positivos e divertidos), essa minha faceta nunca mais se vai desvanecer. E quando sou impelida a deixa-la vir ao de cima, saem coisas daquelas - aparentemente mais bonitas, mas sempre as mais dolorosas.
A verdade é esta. Nunca deixamos de ser quem somos, por mais que tentemos.