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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

07
Jan15

Charlie Hebdo (ou brincar com o que não se deve)

Acho que já confessei aqui um dos meus maiores preconceitos - que tende a crescer e a agravar-se à medida que o tempo passa - é em relação aos muçulmanos. Já fui à Turquia, um país relativamente ocidentalizado, e não gostei. Gostei das mesquitas, gostei de muitas outras coisas: mas não das pessoas. Mesmo sabendo que só uma pequena parcela daquele povo é terrorista, mesmo sabendo que são pessoas, como nós, ocidentais.

Mas, gostando ou não, acima de tudo deve haver respeito mútuo. É óbvio que, com o SIS a executar jornalistas e outros cidadãos todos os dias, respeito é algo que não existe, mas creio que por os outros errarem, não devemos fazer o mesmo. Sempre me ensinaram que a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros, e aqui se insere a liberdade de expressão. "Charlie Hebdo", um jornal satírico francês, brincou várias vezes com o fogo. Numa das 398 reportagens que já vi hoje sobre o assunto, viam-se várias capas do jornal, algumas delas bem fortes, com Maomé em posições duvidosas e em brincadeiras, para mim, pouco respeitosas e que passavam claramente dos limites.

É claro que a sangria que aconteceu hoje em Paris não tem justificação possível - muito menos meia dúzia de imagens publicadas ao longo dos anos sobre esse assunto. É terrorismo puro. E, sim, um atentado à liberdade de expressão - mas também esta tem limites. Podemos criticar, investigar, argumentar, descobrir, difundir - é esse o papel do jornalistas. Porque, como tanto se apregoa aí por esse facebook neste dia de tragédia, "não há armas que travem o papel e a caneta". Mas há barreiras (quase) intransponíveis. Da mesma forma que os cristãos não gostam que brinquem com a figura do Papa ou de Deus, acho natural que os muçulmanos se sintam ofendidos quando trabalham com a imagem de Maomé ou líderes muçulmanos da forma como os cartoonistas daquela revista faziam. A diferença é que nós, ocidentais, pomos processos em tribunal por difamação - já eles: matam. E fazem-no à grande, de forma a que nós nos recordemos.

Mas, enfim, o que podíamos esperar de uma religião que mata as mulheres à pedrada? 

 

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10
Mai14

Ele não vai trazer as meninas de volta

A propósito das mais de duzentas meninas que foram raptadas na Nigéria por um grupo radicalista islâmico foi criado o movimento "Bring Back Our Girls". Penso que é óbvio para todos os ocidentais que isto não faça sentido - raptar centenas de raparigas para as vender e as tirar de uma "praga" que é o ensino ocidental? Vende-las porque é uma mensagem de deus e porque elas nasceram para trabalhar e não para estudar? Isto é uma barbaridade, uma coisa de todos os séculos menos o XXI, que por acaso é o que nós vivemos mas que às vezes não parece. 

E eu acho muito bem que as pessoas estejam contra, que estejam alerta, que saibam que estas coisas horrorosas se passam no mundo e que exista uma mudança de mentalidades. Mas não percebo muito bem o quê que não sei quantos famosos podem fazer publicando fotos com caras tristes e um cartaz a dizer "bring back our girls". Não esperam que o líder do grupo que pronunciou aquelas barbaridades acima descritas fique sensibilizado só porque a Michelle Obama, a Alicia Keys, a Joss Stone, a Anne Athaway e o Ricardo Quaresma publicaram fotos pedindo a libertação das meninas, pois não? Sim, porque Abubakar Shekau - o líder do grupo - vai mesmo ficar tocado ao ver que a Alicia Keys - uma mulher que canta uma música chamada "Superwoman" frisando as super capacidades das mulheres - ou que a Michelle Obama - que é casada com o Presidente dos Estados Unidos, algo que eles amam do coração com toda a certeza - lhe está a pedir para soltar as raparigas. É que eu cá acho que não.

Acho muito bonito ver a união e a entreajuda. Só acho que neste caso não serve para rigorosamente nada - porque casos destes não têm resoluções fáceis e não vão lá com manifestações e cartazes, que os fazem pensar que nós, ocidentais, somos ainda mais estúpidos. Só vai a mal. E a mal... bem, fazer as coisas a mal raramente traz algo de bom. Resta-nos pesar os pesos na balança - porque fotos com cara triste não vão trazer aquelas meninas de volta a casa.

18
Set13

O silêncio coordenado dos media

Há pouco mais de uma semana, no 11 de Setembro, estranhei não terem passado imagens do atentado, não terem feito (mais) reportagens sobre o memorial e aquelas coisas do costume. Mas enfim, achei que se calhar tinham achado que era melhor começar a fase o luto e deixar aquela tragédia passar, ficar nos livros e andar para a frente. Falou-se aqui em casa sobre este "silêncio" e se não poderia ter sido coordenado pelos EUA, por exemplo, dada a iminência da guerra com a Síria, mas achei que não.

Mas ontem o assunto surgiu-me de novo, quando me apercebi que tinha havido um atentado em Washington e que morreram doze pessoas. Num dia normal, isso seria notícia de abertura, algo de última hora; fariam chamadas, reportagens com os enviados especiais. Mas nada. No jornal da noite, só passado uma hora do inicio do programa é que se ouviu falar em tal coisa e foi de forma simples, passageira e estranhamento descomplexada. Como uma cereja em cima do bolo, na Áustria, um caçador matou dos polícias e um paramédico e depois suicidou-se - e sobre isso não ouvi nada. Todos os (poucos) detalhes que aqui escrevo foram retirados da internet, mas também sem nenhum destaque particular. São mais duas notícias no meio de tantas outras. Mas, num dia "normal", teriam um destaque diferente, sei disso. Um atentado nos EUA é sempre um atentado, tem sempre uma exposição tremenda e uma resolução quase imediata, como uma mensagem do país, dizendo que "vocês fazem asneiras, mas nós remediamos, nós conseguimos, nós somos os melhores". 

E agora nada. Desde que se desconfiou (e soube) que a Síria usou armas químicas, algo mudou. Prova de que nós somos umas marionetas pequeninas, puxadas por cordéis bem longos e distintos - e quem os puxa são figuras indistintas com tamanho poder que se torna difícil de imaginar. Aquilo que vemos e sabemos é mais que controlado e nós ainda ousamos chamar a isto "pura liberdade". Imaginária, só se for.

09
Jul13

"Mensagem intersectada"

Por ter crescido num ambiente cheio de tecnologias e com um pai e um irmão super actualizados no que toca aos últimos aparelhos electrónicos e gadgets, sempre tive muito presente aquilo que estes "brinquedos" representavam. As suas vantagens e consequências.

Posso dizer-vos que nunca, nunca me passou pela cabeça ter completa privacidade a partir do momento em que comecei a usar telemóveis e computadores. Não são poucas as vezes em que envio uma mensagem e penso "se alguém intersecta isto vai-se rir à gargalhada". Ou seja: eu levo a questão da confidencialidade tão naturalmente que até chego a achar piada à coisa. Eu sei que o meu computador não é seguro, assim como o meu telemóvel; eu sei que, com uns pequenos truques, quem quiser entra pela minha vida dentro num piscar de olhos e tudo o que basta é querer. Apenas gosto de acreditar que não o farão.

Toda esta polémica que tem havido sobre o facto de os EUA fazerem escutas, romperam a privacidade de pessoas e organizações governamentais em busca de algo, para mim, é algo perfeitamente normal. Condenável? Sem dúvida. Mas digam-me, a sério: há alguém que ainda acredita que nós somos totalmente livres de fazermos o que quisermos, de dizermos o que quisermos?; há alguém - que nas suas totais capacidades intelectuais - não se aperceba que as tecnologias têm essa vertente e que tudo, em todo o mundo, é vigiado?

Se não têm, bem-vindos ao século XXI.

 

20
Abr13

Mesmo à americana

Eu fiquei pasmada quando, na quinta-feira à noite, o FBI lançou uma caça ao homem estilo filme pelo mundo inteiro. As fotos dos supostos suspeitos disseminaram-se pela internet num clique e até sites de gossip apelavam à atenção dos seus visitantes caso conhecessem ou tivessem visto os fulanos. Pouco depois, mandaram uma cidade inteira ficar dentro de suas casas até ordens em contrário! Uma cidade! Wow.

Eu vi os ataques do 11 de Setembro e, infelizmente, já vários outros ataques terroristas - mas nunca uma coisa tão CSI como nestes últimos dias. E apesar de gostar muito da América, não sei até que ponto este aparato é uma forma da afirmar "eles fizeram, nós apanhamo-los - faça o que fizer, venha o que vier: nós somos grandes, os melhores, ninguém nos pára!". Enfim, a típica glória americana. E não duvido que sejam aqueles dois irmãos que fizeram e planearam o ataque - há fotos (de qualidade duvidosa), vídeos e relatos, para além do comportamento que vieram a ter depois nas perseguições; no entanto, não duvido também que, se não fossem culpados, os EUA fariam com que eles passassem a ser, só para manterem a sua a imagem de poder inabalável.

10
Nov11

Postcrossing

Aqui há uns dias, um post da Laura cativou-me a participar neste "projecto".

Consiste no envio e na recepção de postais, para e de pessoas de todo o mundo. Basicamente, o que se tem de fazer é inscrever-se no site, colocando a morada e preenchendo um pequeno perfil, de modo às outras pessoas saberem algo sobre nós e poderem escrever algo que nos interesse no postal.

Por cada postal que enviar-mos, recebemos um. E como é que eles sabem se nós enviamos mesmo o postal? Imaginemos que eu vou enviar um postal para a Suécia. Dão-me a morada da pessoa, mostram-me o seu perfil (onde a maioria das vezes dizem onde moram, os seus hobbies, o tipo de postais que mais gostam de receber e as coisas que mais apreciam que lhes digam) e um código, que temos obrigatóriamente de escrever no postal. Quando a pessoa receber o postal, vai ao site e introduz o código em questão. E assim se sabe que os postais são enviados e recebidos.

Quando alguém recebe um postal, escreve uma pequena notinha a quem o enviou através do site, que depois poderemos ler.

 

Eu, que colecciono postais, apaixonei-me imediatamente pela ideia. Já enviei três postais: um para a Finlândia, um para a Rússia e outro para o Japão. Amanhã seguem mais dois, com destino à Ucrânia e à Holanda. Tanto o postal da Finlândia como o do Japão já chegaram ao destinatário! E agora estou eu à espera de receber, para alargar a minha colecção. Espero bem daqui a uns tempos ter a minha capa amarela recheada de postais escritos, provenientes de todos os cantos do mundo.

Eu vou-vos informando. Entretanto, enviem vocês uns postaizinhos. Aqui.

 

(o post que foi para a Finlândia)

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