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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

03
Ago13

Ditos populares

Gosto imenso de expressões populares. E ditados. A par da nossa gastronomia, acho que é do melhor que temos em Portugal.

E não acho que seja coisa de velhos! Pelo contrário, transmitem muitas vezes ideias, pensamentos e filosofias intemporais - que não mudam e que foram aprendidas com o tempo, limadas de geração em geração. Para mim continua a "chover a potes". Continuo a "rir a bandeiras despregadas". A "passar as passas do Algarve". A "fazer tempestades num copo de água". A não deixar para amanhã o que posso fazer hoje. A dizer a verdade porque não mereço castigo. A comer o que quero, "porque o que não mata, engorda". E outras coisas que tais.

Como tantas outras coisas péssimas da minha geração, penso que a tradição de se usarem estes ditos populares está a perder-se. A maioria das vezes que digo algum destes exemplos, as pessoas ficam a olhar para mim como quem pensa "mas o quê que tu acabaste de dizer"? E é triste esquecermo-nos ou ignorarmos à força (porque é coisa "de velho, já não se usa") algo que está tão enraizado na nossa cultura e que carrega tantas verdades - o mais provável, com a anomia que se vive, é que os jovens queiram mesmo esquece-las. Não ver o que está à frente dos nossos olhos e ignorar o essencial é o prato do dia na altura em que vivemos.

 

13
Jul13

(Des)Acreditar na juventude

Ontem, dia em que pensei seriamente em escrever um post sobre a desacreditação exagerada e massificada nos jovens de hoje, acabei por me redimir ao fim da noite e desistir da ideia de enaltecer algumas das boas coisas que a nossa juventude tem. Dois opostos no mesmo dia: tanto me apeteceu dizer muito bem como muito mal.

Com a saída dos resultados dos exames - praticamente todos negativos e piores em relação aos anos anteriores - disse-se mundos e fundos em relação aos estudantes. Que somos uma vergonha, que não vamos ser nada da vida, que não vamos chegar a lado nenhum. Enfim, é verdade para uma percentagem deles, receio. Mas os outros tantos que tiraram boas notas e fizeram com que as médias não chegassem aos 5 e 6 também merecem alguma consideração; sempre houve pessoas que não foram feitas para estudar, que não tiravam boas notas, que era inteligentes mas não queriam ou eram burras e não conseguiam. Sempre. A questão é que antes tinha que se fazer por ir à escola - ou as crianças ou os respetivos pais, dependendo do caso -, já hoje em dia é um dado adquirido (e obrigatório). No entanto não consigo deixar de me sentir injustiçada, sendo alvo de piadas e coisas que tais, quando me encontro num grupo tão grande como o da "juventude". E foi isto que pensei na maior parte do meu dia.

Depois, quando caiu a noite e fui jantar à Foz, apercebi-me que apesar de ser uma injustiça sermos todos incluídos no mesmo saco, era um erro eu estar a defender uma geração na qual nem eu própria acredito, apesar de fazer parte dela. Era sexta-feira à noite, dia de farra. Dezenas e dezenas de rapazes e raparigas passaram por mim - eles e mais as garrafas de vodka, os cigarros e respetivos copos na mão. A questão é que não eram só da minha idade: era meia-noite e miúdas de 10, 12 anos andavam à solta, na beira mar, com os calções mais reduzidos que encontraram na loja; muitas vezes acompanhadas de companhias mais velhas, até namorados, e também com garrafinhas na mão: umas a beber, outras a fazer que bebiam e a fazer as típicas cenas de "eu não estou bêbada, dá-me cá mais um golinho", com uma voz meia grogue de quem quer imitar alguém que está com uma borracheira mas que não sabe como o há-de fazer de forma convincente. Tabaco, àquela hora, também já havia - felizmente, retirei-me do local cedo o suficiente para não ver outro tipo de cigarros a circular.

Como é óbvio, depois do meu café, não poderia escrever o post que tinha previsto em defesa dos jovens. A minha saída fez questão de me lembrar que, tal como não se pode meter tudo no mesmo saco "mau", também não se pode fazer o mesmo em relação ao "bom". No meio das minhas próprias saídas pacíficas ao longo das últimas semanas, esqueci-me do outro lado da moeda que tanto evito: ontem recordei que a maior parte dos jovens só são felizes e se sabem divertir enfrascados no álcool, metidos na marijuana e com a maioria das prioridades trocadas. Afinal, eu não acredito na juventude: acredito em mim e em poucos mais.

15
Jan13

Para quem não sabe, o cinema é um sítio público

E já agora, serve para ver filmes, não para estar enrolado com a namorada ou o namorado a trocar fluidos, está certo?

Ontem fui ao cinema com a minha mãe e mesmo ao nosso lado estava um casal de jovens que, arrisco-me a dizer, não viram nem dez minutos de filme. Para nosso azar, este tinha bastantes momentos silenciosos, pelo que ouvíamos perfeitamente todos os sons que advinham da marmelada que para lá ia.

Opá, a sério? Primeiro, é uma falta de respeito para quem está no cinema e quer, de facto, ver um filme. Depois, porque gastam dez euros para nada (e estamos em crise, há que ter atenção), enquanto podiam fazer exactamente as mesmas coisas aí num beco qualquer ou num carro. Eu bem que compreendo que a expressão "get a room" possa não ser a ideial, porque ainda devem viver em casa dos pais e há todos aqueles problemas logísticos que sabemos - mas daí a terem de satisfazer todas as carências em pleno cinema vai um longo caminho.

Enquanto levava com aquele filme paralelo, todos os meus instintos me diziam para começar a atirar pipocas ou fazer um chuveirinho de Iced Tea para ver se as coisas arrefeciam ou, pelo menos, acalmavam. Mas contive-me - estava num bom dia, uma sorte. Saí de lá com vontade de lhes dar uma palavrinha e relembrar-lhes qual é o fim de um cinema, adicionando que o que é demais é erro e uma falta de respeito - mas era para me chatear e não compensaria o esforço.

04
Dez11

Jovens

E aqui estamos nós, homo sapiens sapiens, criaturas supostamente evoluídas. Século XXI. Temos a capacidade de pensar, dialogar. Exploramos as razões de tudo, críamos ciências, descobrimos coisas fantásticas.

No entanto, falhamos no básico. Estamos sempre a falhar no básico. E é triste.

 

Jovens, que depois de uma breve cena gay num filme, saem da sala de aula a dizer "odeio gays". "É muito triste, isso", limitei-me a dizer a uma delas. "Oh, não odeio, mas faz-me impressão!!". Olhei-a, nem sequer ponderando responder a tal afirmação.

Jovens, que fazem cara de mau agrado apenas por colocarmos a hipótese de entrarmos num bar com bom ambiente que é frequentado por gays. "Devias ter vergonha".

Jovens, do século XXI, homo sapiens sapiens, supostamente inteligentes, com capacidade lógica e que são o futuro do mundo. Jovens homofóbicos, onde a palavra "supostamente" tem de reinar, quando o seu nome é colocado junto a um adjectivo apreciativo como os apresentados acima. Jovens. Tristes jovens.

 

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