Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

16
Out21

Voltar ao Japão passado dois anos (... em memórias)

Há dois anos estava a meio de um dos conjuntos de dias mais felizes da minha vida. De mochila às costas, carregada até ao fecho não dar mais, uma mão estava colada à do amor da minha vida e a outra já devia arrastar por esta altura uma mala - uma das que tivemos de comprar para transportar tudo aquilo que compramos. Adoro souvenirs. Gosto muito de ter em minha casa um pedacinho de todos os sítios por onde andei - lembram-me como sou feliz a viajar, recordam-me coisas boas, fazem de mim grata pela vida que tenho e ansiosa pela próxima aventura. E gosto de dar estes pequenos presentes aos outros para eles saberem que, enquanto deambulava, passeava ou mergulhava num qualquer destino, parte de mim estava aqui, com eles.

Uma das coisas mais preciosas da vida, para mim, é a memória. Sou saudosista, adoro recordar - e uso todos os meios que tenho ao meu dispor para não me esquecer. Já o disse aqui muitas vezes: este blog, a escrita, é o maior inimigo para o esquecimento, e por isso faço questão de registar tudo aquilo que foi importante para mim, o que gostei e não gostei, tudo o que aprendi. Mas também tiro fotos, faço vídeos e, no que diz respeito às viagens, guardo todos os pedacinhos que me façam lembrar de um determinado sítio. Durante muitos anos estas minhas memórias foram sendo acumuladas em forma de entulho virtual (excluindo aqui no blog, que sempre foi muito organizadinho) e físico - e sei que funciona assim com a maioria das pessoas e as suas próprias recordações. Até ao momento em que tentava revisitar os locais e me perdia no meio das minhas próprias tralhas: no que diz respeito às fotos, depositadas numa pasta virtual, metade era lixo e eu chegava a meio cansada de ver fotografias feias, desfocadas, cortadas ou sem nada de interessante. Quando chegava aos vídeos, já tinha perdido a paciência. E quando me dava ao trabalho de ir buscar a minha caixa de recordações para ir ver os bilhetes de avião e coisas que tais, tinha de passar por tudo o resto até lá chegar - e entretanto perdia-me a olhar para o meu primeiro telemóvel, a chave de casa do Algarve, uma carta que a minha irmã me escreveu e outras relíquias que lá tenho guardadas, isto enquanto me cruzava com coisas caídas e perdidas de outras viagens que já não conseguia recordar ou distinguir.

Este caos acabou quando comecei a editar fotografias e a escolhê-las criteriosamente. Assim, em vez de 500 fotografias de uma viagem, fico com 150 - todas boas, todas com significado. Depois disso, vieram os álbuns - tanto de cada viagem como anuais, com o best of de cada ano, resumindo todos os eventos de família que existiram e mostrando um bocadinho de cada um, para mais tarde recordar. Dos vídeos acabei por fazer outros vídeos - mais curtos, mais divertidos, mais dinâmicos; que não necessitassem de doses astronómicas de paciência e tempo de cada vez que os via, mas sim que me dessem gozo sempre que clicava no play. As tralhas e recordações que trazia do estrangeiro, passei a colocá-las no meu viajário, organizadas e bonitas, para mais tarde poder viajar enquanto folheio.

Todos estes trabalhos são, por si só, inimigos do esquecimento - é quase como fazer copianços antes do teste: sem querer, enquanto os fazemos, estamos a aprender. E ali, enquanto revemos todas aquelas imagens e momentos, estamos a absorver tudo de uma forma mais profunda, a reviver tudo aquilo que vivemos.

No caso do Japão fiz um álbum, um vídeo e vários posts (embora não todos os que queria) - para além de ter trazido muitos souvernirs, claro. Faltava guardar todos os talões, papéis e recordações que de lá trouxe. Desta vez não iriam para o viajário, mas sim para aquela que foi a primeira prenda que o Miguel me deu: um livro de recordações de viagens da Mr. Wonderful. Comecei a fazê-lo pouco depois de voltarmos mas desisti, até porque sentia que faltava algo. Tratei do "algo" - sentia que o álbum estava despido, que lhe faltava contexto, e por isso mandei fazer umas fotos tipo polaroid no LaLaLab - mas depois nunca mais lhe peguei. Até há um mês, em que finalmente o concluí. E se por um lado é bom fazermos estas coisas enquanto a memória está fresca, por outro tive a plena consciência de que viajei outra vez enquanto o completava.

De cada vez que viajamos parte do coração fica com aqueles que amamos. Mas a outra - a que levamos connosco - está muitas vezes destinada a desfazer-se, a ser obrigada a deixar-se ficar no lugar onde fomos. Há dois anos eu estava no Japão com duas das pessoas que mais gosto - e foi tão especial que parte de mim ficou lá, naquele lugar, para sempre. E a única forma de o recuperar é voltar lá sempre que posso - se não for de avião, que seja pelas tantas memórias que deixei espalhadas de tantas formas e por todo o lado, para saber que é sempre possível ser feliz.

 

Sobre o álbum: sempre adorei estes cadernos tipo scrapbooks, como via nos filmes americanos. Não tenho a arte, a mão ou a paciência para os fazer tão bonitos como imagino, mas faço o melhor possível, e o resultado não é mau de todo. O livro é da Mr. Wonderful, comprado na Fnac. As fotos mandei fazer na LaLaLab e os "cantos" colados à moda antiga foram comprados na Tiger. Já tinha lá comprado um caderno de scrapbook que tinha vários autocolantes que utilizei aqui (outros são da Mr. Wonderful, tanto deste álbum como de agendas deles que tive há uns anos), assim como aqueles envelopes pequeninos; a washi tape também foi comprada na Tiger. 

 

AmbumJapao-1.jpg

AmbumJapao-2.jpg

AmbumJapao-3.jpg

AmbumJapao-4.jpg

 

AmbumJapao-5.jpg

AmbumJapao-6.jpg

AmbumJapao-7.jpg

09
Out20

Há um ano estava no Japão

Lembro-me de estar à entrada do prédio e pensar para mim: "tu estás completamente louca". Estava a subir, pela primeira vez, à casa daquele que viria a ser o meu namorado. As borboletas na barriga já existiam há muito, mas este seria apenas um jantar de amigos, com a irmã dele. Há dias fui pesquisar na memória do WhatsApp e descobri: foi dia 1 de Março.

Nesse jantar, enquanto me impediam de lavar a loiça ou ajudar a arrumar a mesa de jantar, eu decidi que ia fazer a inscrição para a minha viagem de grupo para a Islândia. Não demorou muito até perceber que estava esgotada. Fiquei triste - era "A" viagem que tinha destinada para 2019 - exteriorizei tudo aquilo, enquanto ouvia a água a correr e os pratos a tilintar. Entretanto fiz scroll nas restantes viagens disponíveis e saiu-me: "olha, acho que vou ao Japão".

Palavra que disse. Abri ali uma caixa de pandora - o que é estranho, tendo em conta que só nos conhecíamos há meio ano e, do nada, achamos perfeitamente normal ir para o outro lado do mundo juntos. 

Tive medo - fazer férias com amigos (principalmente que se conhecem há tão pouco tempo) é uma jogada arriscada. Falei com os meus pais, pensei no assunto, olhei para a conta bancária. Três semanas depois, acabada de me sentar na cadeira do anfiteatro que viu nascer a maior das paixões, disse ao ouvido do Miguel: vamos ao Japão. Daí a uma semana - ainda amigos! - estávamos a marcar a viagem.

Faz hoje um ano que aterrei no Japão - nessa altura já com um namorado e uma cunhada-wannabe: duas pessoas que se reafirmaram acima de tudo grandes amigas, antes de qualquer relação "familiar". E é difícil não dizer que foi perfeito. Porque foi! Sim: estivemos no meio de um dos piores tufões dos últimos anos no Japão e passamos um dia inteiro trancados num mínimo quarto de hotel. Sim: sentimos o prédio a oscilar de um lado para o outro. Sim: todos tivemos o nosso momento mais chato, mais frágil, mais impaciente. Mas foi nesses momentos que a cumplicidade veio ao de cima; a empatia, a compreensão, a compaixão. A amizade. O amor. 

Foi o cimentar dos alicerces de uma relação que queremos que seja para a vida. Foi um voto de confiança de todos para com todos, com a abertura necessária para fazer tanto cedências como exigências - e encontrar, no meio de tudo isso, um equilíbrio.

Tenho nas memórias do Japão o epíteto da felicidade. É difícil viver momentos contínuos com um sorriso no rosto - independentemente do cansaço, das saudades, do jet lag ou de algum mal estar. Mas lá tudo isso era ultrapassado - por me sentir tão grata por aquela oportunidade, tão fascinada por tudo o que me rodeava e tão contente por ter aquelas pessoas ao meu lado.

A viagem para o Japão estava destinada - tal como aquele jantar e a minha ideia estapafurdia de marcar naquele momento as minhas férias. O meu namoro estava destinado no momento em que toquei à porta. E a altura em viajamos também foi a perfeita, longe de saber que, se fosse hoje, provavelmente não a faríamos.

Tenho um feeling de que um dia voltarei ao Japão. Até lá, ficam as saudades. E as memórias de uma viagem inesquecível.

 

 

JapaoOut2019-486.jpg

 

 

02
Fev20

Osaka, a cidade boémia

Já passaram quase quatro meses desde que fui ao Japão e acho que não há semana em que não fale dos locais por onde viajei durante aqueles dez dias - ora porque me perguntam, ora porque me dão as saudades, ora porque avanço num dos muitos projetos que tinha em mente neste pós-viagem, que acabou por se revelar gigante.

Nunca demorei tanto tempo a terminar um diário de bordo - e isso pesa-me na consciência porque esta viagem, mais do que as outras, deve mesmo ficar registada com detalhe aqui, para quando a minha memória deixar de estar tão fresca. E a verdade é que já não está. Não sinto que algo se tenha perdido (não mais do que os pequenos detalhes, que por vezes fazem a diferença, mas que só no momento são possíveis de ser registados), mas sei que as emoções e os sentimentos se transformam, muito por culpa da saudade. São poucas as coisas de que me lembro de não ter gostado. O cansaço da viagem já se varreu, a lembrança do jet lag já era - e eu já ia outra vez, nem que fosse para lembrar tudo de novo. Apesar do diário de bordo ter ficado em stand by, avancei noutras coisas: o álbum físico de fotos já está nas minhas mãos (mais uma vez aproveitei uma promoção do Sapo Voucher, na sua parceria com a Dreambooks) e o vídeo já está praticamente terminado, faltam apenas algumas legendas. Só resta mesmo acabar a minha série de textos aqui e colar as minhas lembranças no viajário. Pouco a pouco, o ciclo vai-se fechando. E acho por bem eliminar o peso que há tantos meses anda na minha cabeça: o de ter deixado o diário de bordo pendurado. 'Bora conhecer Osaka?

 

Osaka, de todas as cidades onde fomos, é sem dúvida a mais ocidental. E não digo isto num bom sentido - muitos dos hábitos dos japoneses que mencionei nos textos anteriores deixam de se praticar quando vamos a Osaka. Dos quatro locais que conhecemos, foi o mais sujo e mais caótico; foi o único onde vimos pessoas a fumar na rua e bêbados a deambular. Foi o único local do Japão onde me senti ligeiramente insegura, numa determinada parte da cidade. Dá a sensação que importaram uma série de hábitos ocidentais... que nunca deviam ter viajado até àquele lado do globo. Gosto muito mais do "outro Japão", limpinho e meticulosamente organizado que conheci em Tóquio, por exemplo. Importa também dizer que Osaka é a capital dos negócios onde, mais uma vez, os arranha-céus (escritórios de grandes empresas) convivem em plena harmonia com locais históricos com centenas de anos.  

 

JapaoOut2019-681.jpg

É difícil distinguir estes mercados "cobertos", que existem um pouco por todo o Japão, com lojas em ambos os lados; sem certezas, diria que este é o Shinsaibashi. Normalmente são ruas pedonais, intersetadas por outras perpendiculares onde circulam carros, cuja única diferença é não serem a céu aberto - muito para ajudar os comerciantes a não perder clientela devido às diferentes condições climatéricas. 

 

Dotonbori é, talvez, a rua mais movimentada de Osaka - e talvez a metáfora perfeita para a própria cidade. Faz-se, acima de tudo, de comida e bebida - e, mais adiante, de lojas de roupa e outras diversões. E não é só direcionada para estrangeiros - vêem-se mesmo japoneses nas filas para comprar uns petiscos e a deambular por lá, mesclando-se perfeitamente no meio dos ocidentais curiosos, que passam a vida a olhar para cima, apreciando as montras dos restaurantes, diferentes de todas as que também nós tínhamos visto. Tem especial encanto à noite, quando todas elas têm as luzes acesas, e tudo aquilo parece um parque de diversões em modo restauração.

 

JapaoOut2019-686.jpg

Algumas das montras de Dotonbori. O caranguejo real é um dos pratos típicos mais apreciados (e caros) que por lá havia.

 

JapaoOut2019-690.jpg

Mais uma montra - desta vez muito famosa. O Kukuru é talvez o restaurante de takoyaki (umas bolinhas fritas, com pedaços de polvo dentro) mais conhecido de Osaka.

 

JapaoOut2019-687.jpg

E mais uma montra.

 

JapaoOut2019-688.jpg

O movimento típico de Dotonbori.

 

JapaoOut2019-704.jpg

Não podia deixar de utilizar uma das minhas técnicas preferidas de fotografia numa rua tão movimentada!

 

IMG-20191026-WA0297.jpg

Para além das típicas gyozas e takoyakis, experimentamos o melon pan que, como o nome indica, é um pão em forma de melão. Todos gostamos muito!

 

Caminhando um pouco vamos dar a Minami - uma parte da cidade com as mesmas cores vibrantes de Dotonbori, mas mais calma e atravessada por um canal (o Rio Tombori), onde se podem dar passeios de barco - não o fizemos, porque estava frio, nós muito cansados e o trajeto ainda demorava algum tempo. Tem uma série de restaurantes (mais exteriores que em Dotonbori, que está mais pejado de "take aways" e coisas tipo tapas) e lojas, mais uma vez com montras gigantes e luzes que atraem toda a nossa atenção.

Já aqui tinha falado no Don Quijote - uma loja com tudo e mais alguma coisa, onde já tínhamos ido várias vezes em Tóquio. Aqui, o "mais alguma coisa" é um carrossel com vista para Osaka, integrado na própria loja. Decidimos experimentar. Não tem nada de assustador (a subida é lenta e muito gradual), mas também nada de excelente. A parte boa é que íamos só nós dentro da cápsula, e foi divertido vivermos isso juntos; a parte má é que estávamos basicamente dentro de uma redoma de plástico, que devido aos inúmeros riscos (do uso) nem sequer permitia tirar fotos à paisagem, ou até aprecia-la devidamente. Podia ser uma coisa muito melhor do que é.

JapaoOut2019-699.jpg

A zona de Minami e o Rio Tombori. Do lado esquerdo consegue-se ver a roda gigante do Don Quijote

 

IMG_20191016_181532.jpg

A vista (muito "desfocada" e "riscada") do topo da roda

 

IMG_20191016_182425.jpg

Na nossa cápsula da roda gigante

 

Foi também nesta zona que fizemos a coisa mais estúpida desta viagem (e, consequentemente, onde pior gastamos o dinheiro): irmos a um "Mameshiba Café". Trata-se de um café... com cães. Paga-se para estar lá, tomar um café ou um chá e "conviver" com eles. A questão está no conceito de "conviver": não se podia brincar com eles, mexer nos brinquedos e tantas outras regras que já não me recordo, porque aquilo era só absolutamente absurdo. O pior é que os cães, de tão habituados que estavam àquele entra e sai, não ligavam nada às pessoas. Mais: até evitavam contacto. Foi um desastre total. Mas desenganem-se se acham isto estranho; este tipo de cafés são  muito comuns lá: se não é com cães, é com gatos, corujas, porquinhos-anões, ouriços-cacheiros, coelhos ou até cobras, para quem quiser ser mais hardcore. Há para todos os gostos, feitios e carteiras - mas não é certamente para mim.

JapaoOut2019-692.jpg

Os cães no Mameshiba Café

 

Mas não só de festa se faz Osaka. Também tem uma parte histórica, com edifícios que entraram para o nosso top de favoritos. O Castelo de Osaka é, provavelmente, o ponto turístico mais especial. E que bonito que é! Tão diferente dos nossos castelos aqui... A parte interior do Castelo está transformado num museu com vários pisos, cuja entrada é grátis. Pensando em retrospetiva, esta acabou por ser a única parte mais "teórica" da nossa viagem, em que paramos mesmo para perceber um bocadinho da história do Japão, ali inteligentemente contada, em forma de imagens interativas e pequenos textos. Hoje vejo que essa é uma falha global de 90% dos monumentos - há falta de contexto. Ou se vai previamente preparado, ou então não se aprende muito sobre aquilo que se está apreciar.

Dentro do museu apercebemo-nos de algo interessante e que não esperávamos: a relativa influência que Portugal teve no Japão - nomeadamente na língua. Havia dois exemplos bem explicados: os calções, que passaram a "karusan", e o escritório (shotansu), que é no fundo uma mini-cómoda com arrumação. Havia ainda uma espécie de carta, escrita em português arcaico, que nos encheu de orgulho: das centenas de pessoas que por lá andavam tínhamos quase a certeza absoluta que éramos as únicas que percebiam o que lá dizia. Não é todos os dias, hã?

 

JapaoOut2019-705.jpg

A entrada do Castelo, rodeada por água. Este tipo de paisagem, neste monumentos, é muito comum no Japão; recordo-me, por exemplo, do Palácio Imperial em Tóquio ou do Castelo de Nijo em Quioto.

 

JapaoOut2019-709.jpg

A fronte do edifício, muito ornamentada com a talha de ouro e os seus telhados com formas tipicamente japonesas

 

JapaoOut2019-716.jpg

Um templo dentro do Castelo

 

JapaoOut2019-719.jpg

Detalhes em frente ao templo. É muito comum este tipo de estátuas estarem mais brilhantes em determinados sítios, pois muitas pessoas crêem que esfregando-as terão mais sorte na vida.

 

JapaoOut2019-737.jpg

Muito amor à frente do edifício mais popular do Castelo

 

JapaoOut2019-711.jpg

Figuras em representação das batalhas no Japão

 

portugues_osaka.jpg

Vestígios da cultura e língua portuguesas no Japão (em cima o calção e em baixo o "escritório")

 

JapaoOut2019-746.jpg

No topo do Castelo

 

JapaoOut2019-720.jpg

A vista do topo do Castelo e o contraste da história com os edifícios contemporâneos

 

JapaoOut2019-774.jpg

Posando em frente ao Castelo

 

A visita ao Castelo ficou ainda marcada por outro episódio engraçado, que acabou por satisfazer (melhor do que alguma vez esperamos) um dos nossos desejos: vestirmo-nos de gueixas e samurai (nós, raparigas, e ele, respetivamente). Em Quioto a oferta era imensa - tanto para comprar fatos, como para alugar, ou até fazer sessões fotográficas muito pomposas, em que éramos maquilhadas e penteadas exatamente como elas. Achamos que o dinheiro e o tempo empregues nisto não iam valer a pena - e muito menos andar o dia todo vestidos com roupa desconfortável e uns chinelos de bradar aos céus. 

Mas à saída do Castelo deparamo-nos com um pequeno cenário verde e um conjunto de roupas e acessórios que, em menos de um minuto, fazia de nós japoneses da antiguidade - e por tuta e meia, comparado com aquilo que tínhamos visto em Quioto. Nem pensamos duas vezes. Foi muito divertido e o resultado das fotos giríssimo. 

 

CarolinaGueixa_Melhor-1.jpg

 

Nos entretantos fizemos várias paragens - uma delas foi no Umeda Sky Building, onde ponderamos subir, mas o preço não era convidativo. E, verdade seja dita, as vertigens também não. Na foto abaixo não se percebe muito bem, mas as duas "linhas" que cruzam o "círculo" são escadas rolantes. Ao ar livre. A não sei quantos metros do solo. Com as correntes de ar que lá devem correr, deve ser uma boa experiência para cardíacos - pelo que decidimos não arriscar e ficar só lá em baixo, a ver.

Enquanto apreciávamos o edifício, mais uma história gira para contar: ao ver que falávamos português, um senhor que estava sentado próximo de nós abordou-nos (também muito por culpa do seu cão, a quem comecei a dar festinhas - a ressaca e as saudades dos meus já eram muitas, nesta fase). Perguntou de onde éramos e, surpreendentemente, sabia onde ficava Portugal. Mais: já tinha ido a Espanha, há muitos anos atrás. Arranhava bastante bem o inglês - melhor do que alguns funcionários de hotel - e falou-nos também do edifício que tínhamos à frente. No fim, sacou do bolso uma máquina fotográfica analógica, daquelas descartáveis, e perguntou se podia tirar-me uma fotografia com o seu cão. Perguntei-lhe o nome do bichinho: "Kokurochan, do you remember?", disse-me, como quem pede para eu não me esquecer. E a verdade é que não esqueci. Já o meu nome ele não sabe, mas ficará para a posteridade com uma fotografia de uma portuguesa com o seu cãozinho. 

 

JapaoOut2019-780.jpg

Umeda Sky Building

 

IMG-20191026-WA0365.jpg

O senhor, o Kokurochan e eu, enquanto nos explicava algo sobre o Umeda Sky Building

 

A paragem seguinte foi America Mura. Todos concordamos que, de todos os sítios que visitamos no Japão, este foi aquele em que nos sentimos mais desconfortáveis. Dizer inseguros é um exagero... mas a sensação que tivemos sobre as pessoas que nos rodeavam não foi, de todo, boa. Este é o sítio dos jovens em Osaka e corresponde bem ao estereótipo dos miúdos com penteados malucos, cabelos coloridos e rádio nos ombros com música hip-hop japonesa; há direito a freaks, graffitis nas paredes e tantas outras coisas "modernas", que dispensava no Japão que tanto gostei. Existem muitas lojas e restaurantes, numa mistura entre as montras de Dotonbori e a loucura americana, que claramente inspira este bairro. Gostei de conhecer, mas está longe de ter sido um sítio que me conquistou - e há muitos outros que o podem substituir, tanto ao nível das lojas (tem algum anime, mas nada comparado com Akihabara em Tóquio) como de restauração. 

 

JapaoOut2019-782.jpg

America Mura

 

JapaoOut2019-783.jpg

Uma das ruas de America Mura

 

JapaoOut2019-787.jpg

Montras ao estilo de Dotonbori em America Mura

JapaoOut2019-792.jpg

America Mura

Percebemos rapidamente que Osaka não tocou, a nenhum de nós, no coração. Tínhamos, como em toda a viagem, dois dias de roteiro bem delineados, mas improvisamos - optamos por ir a alguns sítios, prescindimos de outros - de forma a deixar o segundo dia livre. Para quê? Para ir à Universal Studios, que tem um dos poucos "Castelos de Hogwarts" de todo o mundo, assim como todo um espaço temático dedicado ao Harry Potter - saga de que todos somos fãs. Eu nunca tinha ido a um parque de diversões, prefiro manter as montanhas russas e esse tipo de divertimentos longe de mim, mas estávamos a falar de Harry Potter. E pronto: cedi.

Antes irmos para os estúdios - e depois voltar a Tóquio, onde dormiríamos a nossa última noite no Japão - fizemos a nossa última paragem num templo óptimo para portistas, o Namba Yasaka Shrine, cuja arquitetura é em forma de dragão.

 

JapaoOut2019-797.jpg

Depois foi entrar no comboio (não na plataforma 9 3/4, mas foi o que se arranjou) e seguir para o mundo encantado de Hogwarts. A entrada no parque rondou os 70 euros - e, claro, tinha muito mais do que Harry Potter. Tinha a vila dos Minions, espaços dedicados ao Homem-Aranha, uma réplica dos bairros americanos dos anos 50, o espaço "interdito" do Jurassic Park e também do Shark, entre tantas outras coisas - muitas que nem sequer vimos, porque íamos com um objetivo muito definido: Hogwarts. 

E, de facto, a caracterização é só incrível. Tinha desde a estufa das aulas de herbologia (que servia de espaço para as longas filas de espera), passando pelo Sorting Hat e o retrato da mulher gorda, que dá acesso à sala comum dos Griffyndor; tudo isto acaba numa incrível viagem (que é, na verdade, uma pequena montanha russa) que, numa mistura entre imagens projetadas num ecrã gigante e o nosso próprio movimento nos dá a sensação de que estamos mesmo em cima de uma vassoura a voar com o Harry, o Ron e a Hermione. Não faltou a snitch para apanhar nem os dementors para nos assustar. Foi só incrível, algo inexplicável por palavras. Só um senão: toda a narrativa da história desta viagem (que deve ter durado pouco mais de cinco minutos) era toda feita em japonês, pelo que não percebemos nada. O que vale é que as imagens não precisam de tradução - e, como se sabe, valem mais que mil palavras.

A zona que envolvia o Castelo era igualmente incrível - com particular destaque para o Olivander's, onde também há uma pequena exibição e onde um sortudo/a pode até ganhar uma varinha. Todos os detalhes são pensados ao pormenor e os espaços são realmente bonitos. Não falta a loja de brincadeiras dos gémeos Weasley, das guloseimas, dos materiais de escola ou sequer a Butter Beer. Diagon Alley está ali em peso, até com direito a "neve" no topo dos edifícios, e é só incrível.

Como sei que esta parte só interessa a alguns - e, àqueles que interessa, a curiosidade é muita - deixo uma série de fotos que tirei na galeria abaixo, onde só têm de clicar nos botões (direita ou esquerda) para percorrer as fotografias.

 

 

IMG-20191019-WA0003.jpg

 

E assim terminou a nossa passagem por Osaka - sem uma paixão desmesurada, mas com muito divertimento à mistura. De todas as cidades que visitei, será certamente a que menos recomendo - mas há locais, como o Castelo de Osaka, que me ficaram no coração e que adoro.

Não há arrependimentos nesta viagem. Houve coisas que gostamos mais, outras menos - e isto nem sempre foi consensual - mas foi bom conhecer tudo. Fazer tudo. Provar tudo. Tentar tudo - principalmente absorver toda a magnífica cultura japonesa. 

Só ficam duas coisas: saudade. Mas, acima de tudo, a felicidade por termos ido. 

13
Nov19

Nara, um mimo em forma de cidade

Quando me perguntam aquilo que mais gostei no Japão eu não sei responder. Mas sei aquilo que mais me surpreendeu. Chama-se Nara. Se eu já conhecia, nem que fosse por alto, os nomes de Tóquio, Quioto e Osaka, o mesmo não se passava com aquela que é tida como a primeira capital do Japão. E digo, com toda a certeza, que vale a pena conhecer - ainda por cima basta um pequeno desvio (cerca de 45 minutos) de Quioto para lá chegar, o que é óptimo!

 

IMG_20191016_074230_1.jpg

Com muito sono e de mochilas (muito cheias) às costas, prontos para apanhar o comboio que liga Quioto a Nara

 

Nara é um mimo em forma de cidade. Quer dizer... Pelo menos a parte que eu vi. A passagem por lá ocupou-nos pouco mais de uma manhã, mas não saímos do centro histórico - que, ainda que muito turístico, é muito "respirável" e agradável. Tivemos a sorte de ir num dia de sol, algo essencial para um passeio por lá, que se faz quase todo ar livre. E que agradável que é! Tem tudo aquilo que eu gosto: espaços verdes, lugares históricos e grandiosos, lojinhas de souvenirs e de gelados, paz se a procurarmos e... bambis. Tem bambis aos magotes! São pequenos veados por todo o lado, a fazer vénias em troca de bolachas e a posar para fotos como ninguém. É só maravilhoso. A interação com estes animais e a forma como eles já se habituaram à presença humana, usando sabiamente a sua fofice para receberem comida, é coisa para fazer o dia de alguém. A mim não só me fez o dia como a viagem inteira. Teria ficado o dia todo a tirar-lhes fotos e a comprar bolachas para os engordar (há vendedores de rua específicos para estas bolachinhas, cujo pacote custa cerca de euro e meio).

 

JapaoOut2019-591.jpg

Um dos meus novos amigos

 

JapaoOut2019-599.jpg

Já davamos abracinhos e tudo! (Ele na verdade estava só a cheirar o meu bolso, que tinha bolachas...)

 

JapaoOut2019-618.jpg

O verde reina no Parque de Nara

 

Desde a saída do comboio até aos monumentos, as distâncias são todas relativamente curtas - pouco mais de um quilómetro, se tanto, entre elas. Por isso começamos pelo primeiro que nos apareceu, o Kofukuji Temple - que na verdade é um complexo deles. Contempla, entre outras coisas, o Central Golden Hall (cuja entrada é paga), o Kofukuji Pagoda (a segunda maior pagoda do Japão) e o Southern Octagonal Hall - tudo construções muito bonitas, que ganham ainda mais vida pela envolvência verde do parque e a animação dos bambis a passearem-se por todo o lado. Mas, olhando para trás, não teria gasto dinheiro na entrada no Golden Hall (que, no seu interior, tem um buda e uma série de figuras de bronze - nada de estrondoso) e aproveitado para entrar no Todaji Temple, o mais grandioso e famoso templo em Nara (onde passamos depois mas que decidimos não pagar para entrar).

 

JapaoOut2019-605.jpg

Central Golden Hall no Kofukuji Temple. Esta é a primeira foto que tiramos em grupo durante a viagem. Um conjunto de rapazes espanhóis e franceses pediu-nos uma foto e nós, como cobrança, pedimos outra ;)

 

JapaoOut2019-594.jpg

Kofukuji Pagoda. Foi construída em 730 e restaurada mais recentemente em 1426 e é a segunda maior pagoda do Japão, com 5 andares!

 

JapaoOut2019-611.jpg

Em frente ao Southern Octagonal Hall 

 

JapaoOut2019-609.jpg

Um outro ponto de vista do Golden Hall

 

JapaoOut2019-595.jpg

O Southern Octagonal Hall visto a partir do recinto fechado do Golden Hall

 

Mas não foi só à conta dos bambis e da beleza da cidade que Nara ficou cravada no meu coração. Houve um episódio particularmente especial, passado em frente ao portão do Todaji, que acho que tão cedo não vou esquecer.

As visitas de estudo são, aparentemente, muito comuns no Japão. Não havia local histórico que visitassemos que não tivesse montes de miúdos com chapéus amarelos, ora organizados em fila indiana, ora de livros na mão a tirar apontamentos enquanto ouviam o professor. Em Nara deambulavam por lá centenas de meninos e meninas, em pequenos grupos, e enquanto tirava fotografias apercebi-me que estavam a abordar os turistas de forma a treinar o seu inglês. Usei os meus ouvidos de tísica para ouvir a conversa alheia (eu sei que é feio, mas não resisti!) e comentei com os meus companheiros de viagem o quão incrível era aquela iniciativa. Até que percebi que nós próprios estávamos na mira de uns pequenos estudantes que, depois de muito hesitarem (e de nós fazermos cara de gente simpática) vieram ter connosco. "Hello, can we talk to you?", perguntou uma das meninas a medo, sendo ainda assim, e claramente, a mais aventureira de todas. Perguntaram-nos o nosso nome e de onde vínhamos, enquanto liam atentamente aquilo que estava escrito nos seus cadernos e tiravam apontamentos com as nossas respostas. Quando nos disseram de onde eram, questionando-nos se conhecíamos o sítio (a resposta era óbvia...), abriram um mapa do Japão e apontaram para o local, provando que tinham a lição bem estudada. Na folha seguinte tinham um mapa mundo - e nós fizemos questão de mostrar onde era o nosso cantinho à beira-mar plantado. No fim, um último pedido: "can we take a photo with you?". A resposta era óbvia, a condição era só uma: que nós também pudéssemos tirar uma como recordação. E assim foi. 

Achei a delicadeza e a educação com que nos abordaram absolutamente maravilhosa. E passei a admirar ainda mais os japoneses, por perceberem os seus próprios pontos fracos e trabalharem-nos desde cedo. A socialização e a capacidade de comunicar é claramente um problema para este povo - e aliar uma visita de estudo (que é sempre uma coisa "fixe") a uma tarefa que os obriga a lidar com pessoas totalmente desconhecidas e ainda falar uma língua estrangeira é só genial.

 

JapaoOut2019-643.jpg

O portão principal que dá acesso ao Todaji.

 

JapaoOut2019-638.jpg

O Nandaimon Gate é outro dos portões que dá acesso ao Todaji.

 

JapaoOut2019-636.jpg

Ei-lo: Todaji Temple, onde não entramos, e que era claramente o local com mais afluência de turistas. Foi construído em 752 e era, até há bem pouco tempo, a maior construção do mundo em madeira. Este templo tem, no seu interior, uma das maiores estátuas de Buda de todo o Japão, feito em bronze, com 15 metros de altura.

 

IMG_20191016_110356.jpg

A foto para mais tarde recordar, com o grupo de crianças japonesas que nos "entrevistou".

 

No topo da colina, em Nara, encontramos o Nigatsudo Hall, que dá acesso a umas vistas privilegiadas da cidade. É aqui que acontece um do eventos mais populares do Japão: o Omizutori, uma série de rituais budistas (dos mais antigos do Japão), que tomam lugar no início de Março. São, no fundo, rituais com fogo e água, feitos pelos monges, maioritariamente dando uso a tochas gigantes - que fazem deste um autêntico espetáculo visual. A altura em que é festejado, a água, o fogo, as tochas e tudo o resto têm os seus simbolismos próprios, mas de uma forma geral o objetivo é apagar os pecados do ano que passou. É claro que não nos foi possível assistir a isto, mas fica a informação para um próxima visita (cof cof).

 

JapaoOut2019-650.jpg

Nigatsudo Hall

 

JapaoOut2019-657.jpg

Nigatsudo Hall

 

JapaoOut2019-651.jpg

A vista no topo da varanda do Nigatsudo Hall

 

JapaoOut2019-665.jpg

Detalhes do Nigatsudo Hall

 

JapaoOut2019-668.jpg

Detalhes do Nigatsudo Hall

 

JapaoOut2019-654.jpg

Um sino gigante que encontramos no caminho para o Nigatsudo Hall

 

E Nara foi isto - e foi muito! Agora que pesquisei mais a fundo sobre os locais que visitei, percebi que ficou ainda outro tanto por ver - e que a própria cidade, para além daquilo que circunda o parque, também pode ser uma visita interessante. Houve alguns templos que ficaram de fora e um ou dois locais de potencial interesse por onde não passamos... mas o tempo não esticava e Osaka esperava por nós. 

Até lá... só mais umas fotos com os bambis.

 

JapaoOut2019-634.jpg

JapaoOut2019-670.jpg

IMG_20191016_140741.jpg

 

10
Nov19

Quioto, onde mora a história do Japão

JapaoOut2019-298.jpg

Eu, millenial de gema, achava que Quioto só era conhecida pelo tratado. Acho que a ideia que nos está implantada desde pequenos sobre esta cidade é precisamente essa, uma série de assinaturas com o nome de uma cidade com uma data de medidas (infrutíferas) para prevenir a emissão em excesso de gases de efeito de estufa. Mas não. Descobri que o Japão é um daqueles casos em que a capital acaba por ser preterida, no que diz respeito à preferência dos turistas, por outra cidade qualquer. Como acontece com Brasília, no Brasil. Com Berna, na Suíça. Ou com Camberra, na Austrália. 

Apesar de Tóquio ser gigantesco e ter tudo para agradar a qualquer tipo de turista, foi em Quioto que vi mais enchentes, tours e excursões. A ideia de que a história antiga está toda ali deve atrair a maior parte dos estrangeiros. Quioto foi a capital do Japão até há relativamente pouco tempo (século XIX) e, como ficou fora do mapa da bomba atómica (que era suposto ter atingido a cidade mas que foi movida para Nagasaki à "ultima da hora"), acabou por conseguir conservar muitas das coisas antigas e mais tradicionalistas da nação nipónica. Mas a verdade é esta: quase tudo são templos. E ou se é um grande entusiasta e conhecedor deste tipo de monumentos ou, a certa altura, tudo nos parece igual. 

É por isso que dissociar esta cidade dos imensos templos que tem (colocando-os num post à parte) é uma estratégica "editorial" algo arriscada - mas é mais uma tentativa de tornar isto menos pesado e extenso. Percebo que em termos de roteiro possa confundir um pouco as coisas, mas talvez juntando-os a todos consiga provar o meu ponto: de que não vale a pena visitar tudo, tudo, tudo o que é templo. É essencial escolher.

Mas voltemos ao passeio. O nosso roteiro por Quioto era extenso e exaustivo, até porque implicava acordar muito cedo num dos dias. Mas, de uma forma natural, acabamos por ir aligeirando o plano, porque deixamos de ter vontade de visitar as dezenas de templos que tínhamos em mente visitar. Percebemos que era demais e que já não estávamos a enriquecer com isso. E em parte senti-me desiludida com a cidade por causa dessa vertente meio monótona, em que as coisas são efetivamente diferentes mas nos parecem todas iguais. Ou o roteiro é mesmo muito dinâmico e inclui coisas diferentes, ou Quioto acaba por se tornar chato. Foi um pouco o que aconteceu connosco. E, para mim, revelou-se na cidade (das que visitamos) que mais me desiludiu. O facto de ter sido a cidade onde pior comemos também não ajudou, assim como a falta de algum contexto histórico que por ventura podia ter enriquecido a nossa estadia.

A ideia de antiquidade de Quioto, quando comparada com Tóquio, é de facto realista. Isso nota-se nas estruturas, nas ruas, nos edifícios. Há muito ruído visual, proporcionado pelas centenas de linhas de eletricidade que se prolongam e cruzam pelas ruas fora. E tudo isto confere uma certa aura de desorganização e até de alguma ruralidade à cidade. As casas são mais largas e espaçosas, não se vendo grandes construções em altura, e não são aqueles cubículos com os metros quadrados contados como se vê na capital. 

O nosso primeiro ponto de paragem foi o Nishiki Market - uma rua gigantesca, com lojas de ambos os lados. Comida, souvernirs, roupa - havia de tudo. E, como todos os mercados, tinha uma magia especial. Eu, pelo menos, gosto muito deste tipo de espaços; de perceber o que é típico, de interagir com as pessoas que fazem daquilo vida. Ao fim do mercado há um templo, o Nishiki Tenmangu Shrine, que também visitamos. 

 

JapaoOut2019-296.jpg

No Nishiki Market

 

JapaoOut2019-312.jpg

Em frente ao Nishiki Tenmangu Shrine

 

A caminho de um outro templo (eu não disse que eram só templos?), passamos pela Torre de Quioto. Está longe, muito longe, de ter a beleza da Tokyo Tower, mas é um ponto de passagem considerado obrigatório.

 

JapaoOut2019-348.jpg

Ao chegar ao Kyo-o-gokoku-ji, conhecido por To-ji (outro templo), deparamo-nos com um conjunto de pessoas a fazer uma festa rija ao lado de uma espécie de andor. Não sei o que festejavam, mas muitos deles estavam (com a ajuda do álcool) contentes e felizes - de tal forma que um posou para a foto, com o seu traje tradicional, porque não é todos os dias que um ocidental se enfia no meio de uma festa de japoneses.

JapaoOut2019-349.jpg

 

JapaoOut2019-350.jpg

Jackie Chan, és tu?

 

A parte mais bonita de Quioto é, infelizmente, aquela de que mais dificilmente conseguimos desfrutar. Gion é o bairro mais conhecido da cidade, popularizado pelas gueixas e por um complexo de templos gigantesco (o mais conhecido é o Kiyomizu-dera), mas que se tornou altamente turístico e, por isso, acabou por perder um pouco da sua beleza. Até porque é difícil circular, parar no meio da multidão ou ver com tempo e espaço o que quer que seja. Temos de fazer um grande esforço de abstração para conseguir saborear as vistas devidamente. Porque, de facto, merecem que paremos e apreciemos tudo aquilo. 

 

JapaoOut2019-373.jpg

Se vi alguma gueixa verdadeira, contam-se pelos dedos das mãos. Mas turistas (especialmente mulheres) vestidas desta forma tradicional, principalmente em Gion, era aos magotes. E depois aconteciam contrastes destes: a tradição junta-se à atualidade; um padrão típico faz par com uma mochila adidas e... adeus magia!

 

JapaoOut2019-374.jpg

Gion e as suas ruas movimentadas

 

JapaoOut2019-383.jpg

A entrada para o Jishu-jinja, um dos templos na área de Gion

 

JapaoOut2019-393.jpg

Os leques são um dos souvenirs mais populares no Japão - mas são longe de ser os mais baratos.

JapaoOut2019-401.jpg

Um grupo de gueixas (falsas?) aproveita a paragem para tirar umas fotos de grupo. Gosto muitíssimo desta foto.

Os trilhos de Gion merecem bem ser percorridos, pelo menos até encontrarmos um cantinho que não seja assim tão movimentado. Nós fomos andando sempre até encontrarmos um dos ex-libris de Quioto, a Yasaka Pagoda, que figura na maioria das fotos que nos aparecem quando pesquisamos algo sobre o Japão. Confirma-se que é bonita e que a envolvência do bairro, com todas as casinhas de madeira, lhe dá uma mística especial. Principalmente de noite, ou ao entardecer, hora a que passamos por lá.

Antes disso ainda fizemos uma paragem estratégica para um cafézinho no único Starbucks do mundo em tatami, o chão tradicional japonês, feito de um tipo de tecido de palha entrelaçada. Não é nada do outro mundo: é um Starbucks em que o pessoal toma café descalço (quando se tem lugar), com pernas à chinês e rabo no chão. Se é diferente? É. Tão diferente que têm mesmo de ir? Não. Mas é um bom sítio para uma paragem, um café quente (que não é muito fácil de encontrar por aquelas bandas) e um bocadinho de descanso.

 

JapaoOut2019-433.jpg

As ruas de Gion

JapaoOut2019-432.jpg

O detalhe do cabelo de uma suposta gueixa, algures pelo bairro de Gion.

 

JapaoOut2019-398.jpg

Vista para Quioto

JapaoOut2019-441.jpg

Yasaka Pagoda

JapaoOut2019-443.jpg

Yasaka Pagoda

 

O segundo dia em Quioto começou muito, muito cedo - aí pelas 5h da manhã. A razão? As multidões. Ou, neste caso, para fugir delas naquela que foi, talvez, a minha parte preferida da cidade: a floresta de bambus. Eram 7h30 quando chegamos e já havia gente a passear-se por lá (ir ainda mais cedo não é, portanto, algo de todo descabido). Ainda assim conseguimos desfrutar do espaço sem muito barulho e sem muita gente - o que, mais do que ser essencial para boas fotos, é imprescindível para saborearmos bem aquele momento. Como àquela hora o sol ainda estava fraquinho, a luz entrava suavemente por entre as imensas canas do bambu, conferindo a todo aquele espaço uma aura especial e muito bonita.

Não esperem uma coisa gigante, um caminho infinito; as imagens, em particular neste sítio, enganam. E a sensação que fica é que aquilo deveria ser maior, para podermos absorver aquela energia boa; uma espécie de labirinto por entre os bambus era um sonho para mim. A floresta é constituída apenas por um caminho relativamente estreito, portanto não dá para sentar, parar ou até respirar sossegado durante muito tempo. Por muito que tentemos acabamos por ficar sempre na fotografia de alguém ou a interromper o caminho, pelo que acaba por ser algo que obrigatoriamente se vê de passagem, em movimento - e é tão bonito que passa num fósforo. Queria mais. Muito mais! Mas, ainda assim, este foi o lugar em Quioto que ocupou um lugar mais especial no meu coração.

 

JapaoOut2019-469.jpg

JapaoOut2019-480.jpg

Para além da floresta de bambu, toda a envolvência de Arashiyama (aquela zona) é bonita. A saída da floresta leva-nos ao Parque Kameyama, com uma bela vista à beira rio, e a uma das pontes mais conhecidas da zona, a Togetsu-do. É bom sítio para fazer devagarinho, enquanto os minutos passam - especialmente se tiverem ido cedo à floresta e estejam a fazer tempo para visitar outros locais. Se na altura soubesse - e aproveitando o belo tempo que estava nesse dia - tinha levado uma pequena merenda na mochila e feito um mini-picnic à beira daqueles barquinhos. Fica a dica!

JapaoOut2019-498.jpg

Parque Kameyama, à beira rio, e os seus típicos barquinhos de madeira

 

JapaoOut2019-571.jpg

A zona de Arashiyama 

Por meio de visitas a templos e mais templos, que fomos intercalando tanto devido a uma boa gestão de tempo e de trajetos como para desenjoar, ainda fomos a outros dois locais conhecidos: a floresta de kimonos (que não acho que mereça uma paragem propositada, só se estiverem a caminho) e ao Passeio dos Filósofos - mais uma caminhada à beira rio, repleta de banquinhos, e onde se pode fazer a travessia de um lado ao outro das margens saltitando entre as pedras lá estrategicamente colocadas.

JapaoOut2019-491.jpg

Floresta de Kimonos

 

JapaoOut2019-572.jpg

Passeio dos Filósofos

O fim do segundo dia ainda deu tempo para visitar dois locais de peso: o Palácio Imperial e o Castelo de Niju. Nós estávamos claramente com azar no que aos palácios dizia respeito: mais uma vez não conseguimos visitar, pois estava fechado. E, no caso de não se poder entrar (pelo que sei a visita é curta e gratuita), não acho que valha a pena passar por lá; é apenas um conjunto de paredes e de pórticos (semelhantes a tantos que se vêem em templos e edifícios históricos) envoltos num grande jardim que não tem nada de imperdível.

Já no que diz respeito ao Castelo de Niju também foi por uma unha negra que conseguimos entrar - mas ainda bem que conseguimos! Sobre isto é importante dizer que a maior parte dos monumentos encerra muito cedo - entre as 16h e as 17h - o que também obriga a um bom planeamento de tudo aquilo que se visita. Se a memória não me falha também este castelo estava a meio gás, com obras e um circuito para os turistas bem definido e nada flexível. Mas é um local que merece a visita, até porque é diferente de tudo o que vimos até ali. O ex-libris do Castelo é o Ninomaru Palace, onde é permitida a entrada (ainda que paga), algo que não é assim tão comum. Enormes corredores com o chão forrado a tatami circundam as salas enormes que faziam daquele sítio a casa e o escritório de uma das pessoas mais importantes do Japão há alguns séculos - o Shogon, o general que comandava o exército e que era diretamente nomeado pelo imperador. As descrições sobre as divisões são mesmo muito breves, sendo que o enfoque ia mais para as pinturas que forravam as paredes do interior palácio do que propriamente das salas em si, o que me deixou com pena. Diria que este é um dos locais que merece a presença de um guia para percebermos melhor a forma como funcionava antigamente e um pouco sobre a sua história, assim como de quem lá viveu. E, já agora, responder a algumas questões bastante pertinentes: como é que um castelo não tem muralhas?! Fiquei com vontade de saber mais. (Do interior do palácio não tenho fotos, pois era proibido).

 

JapaoOut2019-580.jpg

Palácio Imperial

 

JapaoOut2019-583.jpg

Castelo de Niju

JapaoOut2019-584.jpg

Entrada Castelo de Nijo

JapaoOut2019-585.jpg

Castelo de Nijo. Estes pórticos altamente trabalhados são uma das atrações principais.

 

O pior dos dias que começam cedo é que tendem, também, a terminar cedo. Os muitos quilómetros que percorríamos e o tempo húmido não ajudavam à resistência nem ao cansaço acumulado, pelo que o nosso último dia em Quioto terminou a jantar cedo e a desfrutar do conforto de um banho quente e das nossas camas. O dia seguinte seria longo e de mochila às costas - mas valeria totalmente a pena. Rumo a Nara!

27
Out19

Tóquio, uma capital com lugar para todos

Uma introdução sobre o Japão; os bairros de Tóquio; e alguns pontos turísticos

Mentiria se dissesse que Tóquio é uma cidade lindíssima. Não é. Não tem a delicadeza das cidades italianas, a doçura de Paris ou uma linha conceptual estável como Praga. Não é uma capital que nos deixa de queixo caído por aquilo que tem – mas talvez pela forma como vive. Pelo rigor e a organização que reinam no meio do caos. Pela heterogeneidade que, por estranho que pareça, é fator de união. Pela cultura que, apesar de tão diferente da nossa, tem pontos em que cheira a ocidentalização - e, nesse momento, percebemos que é melhor ficar como está e deixar o que é nosso deste lado do mundo.

Há lugar para cada um de nós em Tóquio; sítios para todos os gostos e estilos, dos freaks aos mais clássicos. Independemente de quem somos... é só uma questão de procurar. E foi isso que mais me fascinou: como é que tanta coisa pode caber num só sítio?!

A ideia que temos dos japoneses malucos é errada e demasiado restrita. Em Tóquio, principalmente durante a semana, a cidade é invadida por engravatados e roupa mais formal, incluindo todos os alunos, que usam fardas para ir para escola. Ao todo, entre 90 a 95% das pessoas usa este dresscode. Aquela concepção que temos dos japoneses com roupas estranhas, cabelos com cores extravagantes e penteados estrambólicos aplica-se a grupos mais restritos, jovens na faixa dos 20 anos, e que não se encontram em todas as partes da cidade. Akihabara é um dos sítios mais propícios a encontrarmos estas espécimens – mais abaixo vão perceber porquê. Ah!, e não posso deixar de elogiar o estilo das japonesas. Gostei muito, muito, muito da forma como as mulheres se vestem e queria levar os guarda-roupas delas comigo (e em parte trouxe, porque me desgracei na Uniqlo...). Regra geral não há decotes nem saias curtas; os conjuntos são originais e pouco óbvios, com peças menos mainstream e formas irregulares mas que, ainda assim, prezam pelo incrível bom gosto e um equilíbrio surpreendente. Queria tudo!

Ainda falando de ideias pré-concebidas, e ao contrário da anterior, devo dizer que tudo o que achamos sobre a organização e limpeza dos japoneses é mesmo verdade. Diria que são os alemães ou suíços do oriente. E eu, que adoro regras e organização, achei aquilo o paraíso na terra. Eles fazem filas para entrar no metro! E deixam sempre os sapatos à porta de tudo - mesmo nos quartos dos hotéis, nos templos e até nos provadores das lojas! E não deitam lixo para o chão! E limpam tudo - até o espaço entre os azulejos em plenas ruas! E têm o sentido por onde se deve circular em cada sítio, ora pela esquerda ou direita, com mais espaço para o sentido com mais afluência. É o paraíso na terra!

 

Como há muita coisa para fazer e ver, convém mesmo que esta seja uma viagem bem planeada – o que exige muito tempo de preparação, mas que compensa com o tempo que não se perde in loco (até porque para pedir ajuda é preciso encontrar um japonês que saiba falar bem inglês, o que não é fácil...). Analisar as rotas mais curtas para visitar o maior número de locais é essencial - e, para mim, fazê-lo a pé (pelo menos na sua maioria) é importante. Complementamos os caminhos com a ajuda do metro, mas eu acho que uma cidade conhece-se a pé - e os 18kms que fizemos em média, diariamente, comprovam-no bem. Para nós o planeamento prévio foi ainda mais importante, uma vez que tivemos de cortar um dia inteiro em Tóquio por causa do dilúvio e dos ventos que se fizeram sentir.

Os nossos roteiros não tinham só como enfoque os monumentos ou pontos turísticos mas também os bairros em si – ir lá, passear, perceber o tipo de pessoas que os frequentam e tirar-lhes a pinta. Percebemos que na maior parte das vezes éramos os únicos ocidentais num raio alargado, o que só prova que conseguimos imiscuir-nos no mundo dos japoneses, o que tornou a experiência ainda mais rica. Não sei se foi por ser época baixa ou devido às notícias do furacão, mas a verdade é que fiquei surpreendida pela pouca quantidade de turistas que vi na cidade. Se a memória não me falha, só num ou dois templos é que realmente nos apercebemos da diversidade de pessoas que lá andavam; de resto, eram os japoneses e nós, os três estarolas ocidentais ;)

Para me facilitar a vida agrupei as minhas considerações e fotos por bairros. Esta divisão não é mega precisa, até porque as fronteiras entre uns e outros nem sempre são perfeitas, mas dá para ter uma ideia do espírito de cada um dos locais. Os sítios mais deslocados, em que não visitamos o bairro em si, estão no final. Tenham em atenção que aqui não incluo tudo o que é templos, que mostrarei numa publicação futura. Vamos a isto.

 

Ginza, o bairro fancy de Tóquio

O nosso primeiro hotel ficava em Ginza – o que por um lado é bom, porque foi a zona que indiretamente mais exploramos, mas que por outro acabou por ser aquela que mais “desprezamos”. É o bairro com as ruas mais amplas e luminosas, com edifícios grandes, mais atuais e cosmopolitas, cheios de vidro e formas estranhas e bonitas. É aquele onde o passeio é agradável mas em que nos sentimos um bocadinho pequeninos perante a impossibilidade de comprar ou até aceder à grande parte das coisas que lá está. Ele é Gucci's, Chanel, Hermés e coisas que tais – mas também tem Zara's e, adivinhem, a maior Uniqlo do mundo. Era nosso plano entrar lá (e fazer compras, óbviooo) mas, por uma questão de logística, acabamos por ir à loja de Shibuya, que já foi grande o suficiente para eu desgraçar a minha carteira. Mal por mal, talvez tenha poupado o meu porta-moedas de uma tragédia ainda maior.

Muito perto do nosso hotel ficava o Kabukiza Theater, um teatro com 130 anos. Só apreciamos por fora, mas vale a passagem.

Apesar de Ginza ser o centro fancy e de compras da cidade ficou marcada, para mim, pelo Mercado Tsukiji – o antigo mercado do peixe, onde se vendiam aqueles atuns enormes em leilões que se realizavam às tantas da manhã. Atualmente é um mercado, estilo Bolhão, em que tanto locais como turistas compram os mais variados alimentos – entre vegetais e frutas, até marisco. Fiquei espantada com a quantidade de peixe que eles lá têm e a forma como o apresentam; há imenso peixe seco (sabiam que até as espinhas se comem?), outros em molhos estranhos... Vende-se também comida confecionada, como os mini-polvos e as lulas grelhadas na hora, entre outros pitéus. Eu adorei o ambiente, a comida e a variedade – e foi sem dúvida o meu sítio preferido das redondezas de Ginza. Foi lá o nosso primeiro almoço, num restaurante totalmente escolhido ao calhas e que não sei o nome – era de sushi, com tapete rolante, só com japoneses que já sabiam o funcionamente daquilo de cor e salteado e que ficavam a olhar para nós – e provavelmente para as nossas maneiras horríveis – como se fossem burros a olhar para um palácio. Adorei!

 

JapaoOut2019-38.jpg

Kabukiza Theater

JapaoOut2019-41.jpg

Banca do mercado Tsukiji

 

JapaoOut2019-44.jpg

Os céus de Ginza

comidatokyo.jpg

Várias comidas no mercado Tsukiji

 

 

Akihabara, o paraíso dos geeks

Este bairro é o sonho de qualquer geek. São lojas e lojas e lojas e lojas cheias de livros de anime, figuras de anime, autocolantes de anime, jogos de anime, legos de anime... basicamente tudo o que possam imaginar e que envolve anime. E manga. Muitas destes items com preços absurdos, claramente dedicados a colecionadores e apreciadores. E, acreditem, há muitos! Vi adultos de fato e gravata a jogarem a cartas de Pokémon's, Invizimals e outras séries que não sei o nome como se aquele fosse o último dia das suas vidas! 

Não sou fã deste tipo de coisas mas fui com duas pessoas que eram – e andei atrás dos melhores preços em lojas que não lembram ao diabo, pequenas, estreitas, em quartos e oitavos andares com escadas que convidam à queda, apurando o olho para uns bonequinhos em específico por entre corredores minúsculos, atulhadas de bonecos estranhos que nunca antes tinha visto na vida. Fica a dica: os melhores preços estão nas lojas mais escondidas e remotas, por isso abram a pestana! Toda esta correria foi estranha, cansativa, mas boa ao mesmo tempo. E gostei particularmente do par de lojas que vi com coisas vintage – GameBoys e outras consolas antigas, centenas de jogos e outros objetos que me levaram a uma viagem no tempo.

Esta é também a zona dos MaidenCafés – onde as empregadas de mesa levantam as saias enquanto servem os seus clientes. Não fomos a nenhum (dispenso ver cuequinhas ou até um pouco mais), mas fiquei com a sensação de que algumas das meninas que estavam sugestivamente vestidas na rua a atrair as pessoas não se limitavam a “mostrar coisas”. E eram muito novas para isso. Não gostei.

Em resumo: foi das zonas mais movimentadas e loucas onde estivemos, de tal forma que nos acabamos por sentir envolvidos por aquilo e vibrar tanto como eles.

 

JapaoOut2019-272.jpg

As bonecas à venda numa loja em Akihabara

JapaoOut2019-283.jpg

Anime... Anime everywhere!

JapaoOut2019-266.jpg

Alguns livros chegavam a custar mais de 100 euros!

 

JapaoOut2019-269.jpg

Figuras de animação de Dragon Ball - um autêntico must have no Japão

 

IMG_20191013_165756.jpg

Consolas vintage em Akihabara

 

 

Jimbocho, o sítio certo para quem ama livros

Achei este bairro um mimo. E há um ponto positivo: como não percebo nada do que diz nos livros, não tenho tentação de os comprar – até porque são caros... Mas, por momentos, vontade não me faltou; acho a forma como as páginas estão escritas (na vertical) giríssima, assim como todos aqueles caracteres desenhados, que tornam tudo muito mais bonito.

As lojas em si são encantadoras. Pequeninas, como quase tudo lá, e com as paredes todas forradas a livros, papel e lombadas antigas. No exterior havia sempre tabuleiros recheados de livros, assim como algumas livrarias de rua, que utilizavam as paredes como prateleiras. O sonho de qualquer pessoa que gosta de livros. Vale bem a pena.

Destaque para uma das livrarias mais populares, a Kitazawa. Tem dois pisos: o de baixo tem um café, o de cima tem livros estrangeiros e raros. Não é uma Lello, com uma beleza arquitetónica particular, mas é bonita.

 

JapaoOut2019-31.jpg

Loja em Jimbojo

JapaoOut2019-26.jpg

Uma livraria de rua

JapaoOut2019-30.jpg

Um cantinho da livraria Kitazawa

IMG_20191010_114734.jpg

Loja em Jimbojo

IMG_20191010_114806.jpg

Loja em Jimbojo

 

 

Harajuko, entretenimento e compras de mãos dadas

Em Harajuko passamos pela grande avenida que é dominada pela Omotesando Hills, um complexo de lojas muito grande; ora tem Gucci's e Chanel's, como lojas vintage de alto calibre que também não nos aventuramos a tentar. Destaque para duas lojas temáticas. A primeira é a Kiddy Land, o paraíso dos miúdos (e graúdos) que gostam de tudo o que seja desenho animado ou anime. Se a memória não me falha são seis pisos recheados de bonecos, peluches, merchandising, canecas... tudo! Passando por coisas tão diferentes como Star Wars, Snoopy, Lego, The Avengers, Hello Kitty, Pokémon, Doraemon e outros desenhos animados tipicamente japoneses. É um mundo – mesmo para quem não é fã destas coisas! A segunda loja situa-se no interior da Laforet, um espaço multi-loja, que tem lá dentro dois espaços recheados de coisas das Sailor Moon. Vale a pena para quem via estes desenhos animados em pequeno – caso contrário, na minha opinião, é totalmente dispensável.

Entre esta avenida e o templo Meiji (do qual gostei muito e de que falerei no outro post dedicado aos templos), passamos em Takeshita-Dori, uma rua muita conhecida pelo seu movimento e diversidade de lojas. Normalmente é quase impossível lá circular, mas dada a época do ano e o fenómeno meteorológico que se aproximava, não estava nada demais. Melhor que a Rua das Flores na maior parte dos dias ;)

 

JapaoOut2019-149.jpg

Omotesando Hills

JapaoOut2019-152.jpg

Takeshita Dori

 

Shinjuko, a energia em forma de bairro

Do templo Meiji seguimos a pé para Shinjuko, daí ser difícil perceber a fronteira entre um bairro e outro. De qualquer das formas, uma coisa é certa: o coração de Shinjuko tem uma energia eletrizante – e é enormeeeee. É talvez o sítio onde mais andamos entre pontos de interesse; parecia que as ruas nunca mais acabavam! Não tem propriamente uma razão para ser muito conhecida, mas vale a pena passar lá. Não sei se foi por ter lá estado ao final da tarde, mas gostei muito das luzes e da vida que têm – até mais que Shibuya, confesso.

É lá que podem encontrar a cabeça do Godzila no topo de um edifício. Se não souberem onde procurar é provável que nem reparem – para além de que têm de estar bem posicionados para o ver decentemente. É giro, vê-se se estiver de passagem, mas a menos que sejam grandes entusiastas do filme não acho que tenha de ser um ponto obrigatório. Mas as ruas à volta são bem agradáveis e merecem o passeio.

Foi lá que, do nada, entramos numa loja de jogos enorme, com uma barulheira astronómica. São jogos de dança, guitarras, tambores, jogos de terror, corrida. De tudo um pouco. Ainda nos aventuramos nos tambores, mas confesso que não fomos muito bem sucedidos. O negócio do jogo, em toda a capital, é brutal - e há ambientes realmente pesados. Há que escolher bem os sítios onde se entra, porque vale a pena a experiência, mas dispensa-se ficar mal disposto com o vício de algumas pessoas que claramente nos rodeiam nesses locais.

Foi lá que ficamos na nossa última noite (no hotel cápsula), numa zona que me deu uma outra percepção dessa parte da cidade – e não posso dizer que tenha sido muito boa. Se por um lado a rua principal estava invadida por lojas e restaurantes coreanos, com todo o caos que isso implica a uma sexta-feira à noite, as perpendiculares enchiam-se de “gentlemans bars”, meninas pouco vestidas e um ambiente um bocadinho pesado. Ainda assim, continuo na minha: aquilo é enorme. E com muitaaa gente!

Ficou por ver, lá, o Tokyo Metropolitan Government Building, que ofereceria uma vista panorâmica da cidade de forma gratuita, mas que está fechado aos fins-de-semana... altura em que contávamos lá ir. Por isso fica para uma próxima.

 

JapaoOut2019-193.jpg

Há milhares e milahres e milhares de máquinas deste género, com todo o tipo de objetos que possam imaginar, mas que engolem dinheiro como se não houvesse amanhã e que nuncaaa dão nada em troca. Ingratas!

JapaoOut2019-196.jpg

O Godzilla no topo do edifício

 

JapaoOut2019-192.jpg

As cores das ruas de Shinjuko

JapaoOut2019-195.jpg

As cores das ruas de Shinjuko

 

Shimokitazawa, o bairro vintage

Chegar a Shimokitazawa desde Ginza, através de metro e comboio, demora cerca de uma hora. É, por isso, um investimento de tempo. Mas, para mim, valeu totalmente a pena! Até o caminho é giro, porque sentimos que estamos a sair do Tóquio-grandioso para Tóquio-subúrbio, onde a vida real se desenrola; sem grandiosismos ou o sentimento cosmopolita que se sente noutros locais. É uma cidade simples, daquelas que víamos no Doraemon quando éramos miúdos – e se eu, que nunca gostei desse tipo de desenhos animados, gostei tanto, imagino quem de facto era fã!

Infelizmente, dadas as circunstâncias e a obrigatoriedade de encurtar tempos devido ao tufão, não dispus do tempo que queria lá; mas tive muita vontade de me perder totalmente naquelas ruas e ir à descoberta sem o GPS em modo de auxílio. Há muitas lojas de roupa em segunda mão e outras tantas de roupa nova mas original (não no sentido negativo da expressão), com decorações muito giras e uma vibe um bocadinho alternativa ou boho, tal como gosto. Os preços, esses, não eram assim tão acessíveis – mas dependiam, obviamente, do tipo de peça e de lojas onde estavam.

Mais uma vez, éramos os únicos ocidentais que por lá andavam, o que ainda dava mais a sensação de que estávamos nas profundezas do Japão. Adorei!

Um dos pontos altos lá foi o donut da Captain's Donuts, uma sugestão que já trazíamos no roteiro e que valeu totalmente a pena. Dado que é uma coisa conhecida (na loja existem várias fotos com grupos de música e de reportagens televisivas), esperávamos que fosse uma coisa grande; mas na verdade é uma lojinha minúscula, que deve ter pouco mais que cinco metros quadrados, apenas com uma senhora velhinha lá dentro, que simpaticamente nos atendeu. Serviu-nos dois donuts maravilhosos; uma espécie de bolas de berlim, sem aquele açúcar todo por cima, e levemente aromatizados com algo que não sei descrever, mas que equilibrava incrivelmente com o doce e a (pouca) gordura que o donut trazia. Aconselho.

Almoçamos numa hamburgueria, da qual não fiquei fã e que não guardei o nome.

 

JapaoOut2019-135.jpg

A típica loja de Shimokitazawa

JapaoOut2019-139.jpg

Os maravilhosos donuts da Captain's

 

IMG_20191011_120518.jpg

Eram mesmo bons!

 

JapaoOut2019-143.jpg

Uma montra apetecível nas ruas de Shimokitazawa

 

Shibuya e a sua mítica passadeira

É talvez dos sítios mais populares de Tokyo pela sua passadeira hiper-movimentada e pelos ecrãs gigantes, ao bom estilo de Times Square. É capaz de ter sido um dos sítios mais mexidos onde estivemos, mas não é nada do outro mundo; estivemos lá quando o tufão já estava a ameaçar chegar, e já chovia, pelo que não devia ser a altura mais popular naquele local. É lá que estão as lojas mais conhecidas como a Uniqlo, a H&M, entre outras – como a Don Quijote, uma loja gigantesca onde podem encontrar tudo o que há no mundo: desde roupa, fantasias, cosmética, comida... tudo!

 

IMG_20191010_183046_1.jpg

A passadeira mais famosa do Japão

 

Odaíba, a ilha tecnológica

Odaíba é uma ilha artificial de Tóquio, uma parte claramente mais recente e tecnológica da cidade. A travessia do centro da capital para lá, de comboio, é uma viagem bonita e que deve ser apreciada. O bairro está repleto de shoppings enormes, com centenas de lojas para todos os gostos, bolsos e feitios; alguns mais virados para a roupa, outros para a comida, outros para entretenimento.

Fomos lá no dia a seguir ao tufão e a maior parte das coisas só abriu da parte da tarde. A manhã foi dedicada a uma busca infindável de um sítio para comer (estava mesmo TUDO fechado, inclusivamente os supermercados abertos 24 horas), a apreciar as vistas da cidade e os monumentos ao ar livre – nomeadamente uma miniatura da estátua da Liberdade. Para fazermos tempo acabamos por ir à única coisa aberta no shopping – o piso das diversões, onde acabamos no típico karaoke japonês. E, digo-vos, é imperdível! Escolhem a sala onde querem estar, encomendam comida e cantam o que quiserem, durante o tempo que vos aprouver. Ri-me que nem uma perdida e adorei! Diria que é uma experiência obrigatória em Tóquio, mesmo para quem tem vergonha de cantar ou se acha uma cana rachada. Aquilo não é o Got Talent – o objetivo é divertirmo-nos. E isso, diria, é garantido.

Odaíba era para nós uma paragem obrigatória porque tínhamos comprado com antecedência bilhetes para o TeamLab, um museu de imagens e salas interativas, com projeções e luzes em movimento. Devo confessar que não adorei. Achei-o extremamente desorganizado (algo muito atípico entre os japoneses), com filas enormes para algumas das salas mais especiais, que pouco mais serviam do que para tirar fotos bonitas. O museu é isso: um palco para fotos, uma estrela para o instagram. E isso vende. E é uma verdade: quem tiver tempo e paciência tira lá fotos dignas de um book. Mas como não era para isso que lá estava, confesso que me passou um bocadinho ao lado e não voltaria a investir o meu dinheiro lá.

É em Odaíba que hoje em dia se situa o novo mercado do peixe mas, pelas mesmas razões que já falei acima, estava também fechado – o que se tornou numa das nossas grandes falhas nesta viagem. Mas, enfim, fugiu fora do nosso controlo.

 

JapaoOut2019-235.jpg

A vista de Odaiba

 

JapaoOut2019-243.jpg

A mini Estátua da Liberdade em Odaíba

JapaoOut2019-236.jpg

O majestoso edifício da FujiTV

 

IMG_20191013_142114.jpg

Team Lab

JapaoOut2019-255.jpg

A sala mais concorrida do Team Lab

JapaoOut2019-262.jpg

A sala mais concorrida do Team Lab

 

Um dos pontos de visita obrigatórios em Tóquio é o Palácio Imperial. Mas, se estiveram atentos às notícias, sabem que a coroação do novo imperador foi há dias - e isto fez com que este e outros locais estivessem fechados ou a meio-gás, com vista à preparação de um evento tão especial para os japoneses. O Palácio Imperial foi, obviamente, um deles - e apesar de termos lá ido na última manhã em que esteve aberto, só uma pequena partes dos jardins estavam acessíveis, pelo que foi uma desilusão. Ao menos fica o "check" neste ponto crucial da visita.

JapaoOut2019-6.jpg

A entrada do Palácio Imperial

JapaoOut2019-9.jpg

À entrada do Palácio Imperial com o meu mais que tudo

 

No caminho para o Palácio passamos pelo Hibiya Park, um dos muitos que preenchem de verde a capital japonesa. São todos extremamente bem cuidados e bonitos, como não podia deixar de ser. E uma das coisas que mais adorei foi ver crianças, das creches ou berçários, a passearem com as suas cuidadoras numa espécie de parques (aquelas mini-cercas para elas brincarem) ambulantes. Era só a coisa mais querida-fofa-cutxi-cutxi de todo o sempre. Tão fofo que até tinham um sinal de proibido fotografar - porque claramente toda a gente acha aquela imagem totalmente irresistível. Nota-se mesmo que a interação dos miúdos com a natureza é uma prioridade para eles.

Outro dos parque mais conhecidos é o Ueno, por onde também passámos.

JapaoOut2019-1.jpg

Hibiya Park

 

É a Torre Eiffel lá do sítio - e, tal como a própria, vale mais a pena visitá-la de noite, pois é muito mais bonita iluminada. A Tokyo Tower é outro ponto obrigatório na capital e optamos por a ver de fora, não subimos (para ir ao topo, rondam os 25 euros). Fiquei feliz só por a ver de perto e acho que foi uma boa aposta gastar o dinheiro noutras atrações ou compras que fizemos posteriormente.

JapaoOut2019-83.jpg

O topo da Tokyo Tower

Passamos por outros locais que, por só terem sido de passagem ou não ter achado que mereciam grande menção, deixei aqui para o fim. Alguns deles: Chidorigofuchi, Chuo-dori Avenue, Hamarikyu Gardens, Tokyo Station, Tokyo Skytree e a Mori Tower. 

Por outro lado houve sítios que tínhamos no roteiro que, por uma razão ou por outra (maioritariamente devido ao tufão), tivemo de descartar. Alguns deles: Tokyo Anime Center, Roppongi Hills, Park Hyatt Hotel (o bar do “Lost in Translation”), Omoide Yokocho (Piss Alley), Parque Yoyogi e Tomigaya.

 

A seguir... Quioto!

24
Out19

Um sem fim de aventuras no Japão

Seria de esperar que uma viagem ao Japão fosse uma coisa sonhada, muito planeada e desejada. Uma daquelas viagens que temos na nossa wish-list ao longo dos anos mas que, pela distância e pelo preço, vamos adiando consecutivamente.

Não foi o meu caso. Eu, perante a impossibilidade de este ano ir à Islândia, fiz scroll num site de viagens e saiu-me na rifa o País do Sol Nascente. Tinha visto uma série de coisas que me haviam aguçado a curiosidade nos últimos tempos e decidi que era para ali que iria. Ainda não sabia com quem. Nem para onde ao certo. Nem como. Mas seria o Japão.

Só mais tarde soube que iria com dois amigos – e que um viria a tornar-se meu namorado - e que passaria por quatro cidades durante uma semana e meia. Que iria dormir não só num quarto de hotel mas também num ryokan, os típicos quartos deles, assim como num hotel cápsula. E que ia para outro continente com a Emirates, a minha companhia de sonho.

E só muitos poucos dias antes é que me apercebi que ia experienciar o primeiro furacão da minha vida. E que me ia meter num parque de diversões.

E só no momento em que o estava a viver é que soube que estava a sentir a terra a tremer aos meus pés e que aquilo era o sismo mais forte que tinha vivido até então.

 

Ir para o Japão foi um salto gigante para fora da minha zona de conforto e as circunstâncias quiseram que essa zona fosse ainda melhor explorada do que aquilo que eu esperaria. Superei tudo e estou muito orgulhosa de mim mesma. Sobrevivi ao jet lag, ao cansaço de carregar demasiados quilos de mochila às costas; à comida estranha, à partilha constante de um quarto e ao convívio durante 24 horas com duas pessoas que até há um ano não conhecia (nomeadamente durante um dia inteiro fechados num quarto de hotel); aos momentos maus de cada um de nós, às saudades, às alturas de maior pressão. Até do medo. Como temos dito por brincadeira, fomos presenteados com a verdadeira “Japan Full Experience” - e saímos carregados de histórias para contar. O facto de nunca ter feito desta viagem um sonho fez com que não tivesse grandes expectativas – ia de espírito totalmente aberto, pronta para ser surpreendida. E fui.

Por isto, um ou dois posts não chegariam para contar tudo aquilo que preciso. Os próximos tempos aqui no blog vão ser de deixar os olhos em bico – quase literalmente. Abaixo deixo a lista de textos que deverão sair num curto período de tempo, numa planificação e um conjunto de ideias que fui fazendo (e tendo) ao longo da minha viagem para melhor explorar e expor cada uma das cidades onde passei, assim como as suas idiossincrasias. Vai ainda haver espaço para contar algumas das nossas aventuras e peripécias, assim como todas as dicas que tenho para vos dar quando se lembrarem de ir para o outro lado do mundo.

Ora aqui vai a ementa dos próximos tempos:

 

Tóquio, uma cidade com lugar para todos

Quioto, onde mora a história do Japão

Nara, um mimo em forma de cidade

Osaka, a capital da vida boémia

Um mundo de templos por descobrir

Experiências japonesas que não vou esquecer 

Dez curiosidades sobre o Japão (e os japoneses)

Detalhes práticos e úteis para quem um dia quiser visitar o País do Sol Nascente

 

JapaoOut2019-154.jpg

 

Pesquisar

Mais sobre mim

foto do autor

Redes Sociais

Deixem like no facebook:


E sigam o instagram em @carolinagongui

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Leituras

2024 Reading Challenge

2024 Reading Challenge
Carolina has read 0 books toward her goal of 25 books.
hide


Estou a ler:

O Segredo do Meu Marido
tagged: eboook and currently-reading
A Hipótese do Amor
tagged: currently-reading
I'm Glad My Mom Died
tagged: currently-reading
Spare
tagged: currently-reading

goodreads.com

Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D