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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

31
Jul17

O dia em que conheci o Jamie Cullum (ou o fim-de-semana em que vi dois concertos dele)

IMG_7320.JPG

 

Eu sei o que estão a pensar: "lá vai esta maluca começar a falar do Jamie Cullum - como se nós já não soubéssemos tudoooo o que ela pensa sobre ele". Têm razão, eu sei que sou uma chata. Mas este fim-de-semana foi especial: não só porque foi em dose dupla, como teve a cereja em cima do bolo - tive, basicamente, um encontro de 37 segundos com ele. 

Mas voltemos atrás, porque eu não quero que pensem - levianamente - que eu fui a dois concertos dele, em dois dias seguidos, assim do nada. Eu comprei os bilhetes para o EDP Cool Jazz mal eles foram postos à venda, porque tento sempre nunca faltar aos concertos que ele dá cá em Portugal e não se sabia que ele viria cá ao Porto. Quando anunciaram o concerto nos Jardins de Serralves eu pensei "não posso faltar a um concerto do Jamie aqui tão perto de casa!" - e, por isso, comprei bilhetes. Confesso: a partir do momento em que me vi com dois bilhetes na mão a minha intenção era, e sempre foi, ir aos dois. Eu sei que é amalucado, mas o dinheiro já me tinha saído da conta e, para mim, não existe a expressão "demasiado Jamie". De qualquer das formas, depois de ouvir tanta gente a chatear-me o juízo por ir a dois concertos, supostamente iguais, em dois dias seguidos (e ainda por cima ter de comportar os custos da ida e estada em Lisboa) comecei mesmo a ponderar vender os bilhetes do CoolJazz.

No entanto, e como no fundo sempre quis ir aos dois, fui adiando e adiando a questão, até que na quarta-feira vi no instagram da Rádio Comercial que iam oferecer a entrada para um Meet&Greet. Dizia qualquer coisa como "esteja atento à emissão" e, meus amigos, o meu coração parou. Depois de ter andado a navegar na emissão, de ter ouvido durante todos os segundos possíveis a rádio e de não ter passado nada... fui obrigada a desistir. Mas no dia seguinte vi um instastorie dizendo que dali a nada iriam oferecer as entradas para o conhecer! Para se ganhar tinha de se ligar para lá e eu percebi que as minhas hipóteses eram poucas: as linhas estão sempre, sempre cheias. Mas eu fui teimosa, liguei e tornei a ligar. Aquilo nem chamava, era só ir clicando e desligando - já quase o fazia automaticamente. Até que, do outro lado, dizem "bom dia". E, como era algo demasiado bom para ser verdade, eu já só esperava um "desculpe, já oferecemos os meet&greets todos". Mas não. A última entrada era para mim. WHAT? Nem me queria acreditar que tinha conseguido! Sou uma azarenta neste tipo de coisas e há muito que me deixei de jogos de sorte, mas o Jamie estava em jogo e tinha, pelo menos, de tentar.

E é só essa a razão pela qual fiz isto. Quem me conhece sabe que sou a miúda mais tímida para falar com alguém conhecido, que sou praticamente incapaz de pedir um autógrafo e muito menos uma fotografia. Sinto sempre que estou a perturbar as pessoas, nunca me sinto à vontade para as abordar. E, por outro lado, acho que quando conhecemos alguém que admiramos lhes passamos a dar uma componente humana que antes, na nossa cabeça, não existia; isso implica que as pessoas possam estar a ter um dia mau e serem antipáticas connosco (ou simplesmente serem assim no resto dos dias), que transmitam uma energia negativa em vez de algo bom. Sei lá! Há tanta coisa que não conhecemos sobre os famosos e que nos podem desiludir que, quando nos chegamos perto deles, temos de ter em conta esse risco. Mas, independentemente de tudo isso, era o Jamie. O meu Jamie, que já ouvi centenas de horas e sobre o qual já tanto escrevi. Que me acompanha desde o básico, passando pelo secundário, pela faculdade até aos dias de hoje, enquanto escrevo para o jornal; aquele que, sem saber, me dá a mão em momentos tão felizes e tão tristes. E esta era uma oportunidade que eu não podia perder.

O concerto no Porto foi fenomenal e, arrisco a dizer, melhor do que o de Lisboa. Foi giro poder comparar os dois públicos e os dois concertos porque há uma ideia pré-concebida de que o público no Porto é mais caloroso que o lisboeta - e, para além do mais, sei que ele não faz dois concertos iguais, mas não sabia o quão diferentes poderiam ser. Quanto à primeira afirmação, penso que se confirma: acho que aqui no Porto há uma entrega maior e, pareceu-me, o público era ligeiramente mais jovem, o que ajudava à festa. Ele parecia mesmo comovido - as pessoas foram incríveis, sempre muito entregues, a mãe dele fazia anos e estava lá, e cantamos-lhe todos os parabéns; ele fez dois encores, cantou a Blackbird dos Beatles (que lhe estavam a pedir, no público) e ainda inventou uma canção estilo "Porto, I love you", que fez com que saíssemos dos jardins todos derretidos. Uma pessoa nunca sabe se aquilo que eles transparecem é real ou não, se é só um docinho para nos adoçar a boca e pensarmos "ai que ele estava tão emocionado" -  porque, tal como os encores, muito daquilo que vemos hoje (as piadas e os "improvisos") é muitas vezes planeado. O alinhamento foi muito semelhante, com excepção das músicas finais. Em Lisboa ele terminou com o Grand Torino - um pedido de um fã, que levava um cartaz a dizer "If you play Grand Torino, I'll buy a beer to everyone". E é esta uma das coisas que eu adoro nele: ele repara, ouve e toca as músicas que lhe pedem. Fala com os fãs, tira fotos a meio do concerto, está atento. Vive aquilo, fá-lo com gosto e não vê isto só como "mais um chaché", como muitos. Cada concerto do Jamie é único - e por isso eu não me importo de ir a vários seguidos, porque sei que o alinhamento pode ser semelhante mas terá sempre as suas nuances.

Em ambos os concertos aconteceu algo engraçado: a meio do espétaculo ele salta do palco, vai até à plateia em pé (em frente estavam lugares sentados) e abre as barreiras de proteção, deixando as pessoas ir para a frente do palco. Confesso que aquilo mexeu com o meu sentido de justiça - eu estava na segunda fila, paguei uma pipa de massa para lá estar e, no entanto, quem pagou menos estava agora ali, à minha frente, impedindo-me até de ver o concerto sentada. Isto sou eu a fazer advogada do diabo, porque eu não tenho problema nenhum em ir para a frente do palco e saltar como uma louca - se há momento em que me sinto feliz e disponível para dançar e cantar como nunca faço, é quando o Jamie canta. Mas, ainda assim, fiquei retraída. Aqui no Porto não me levantei logo, fiquei a ver até onde é que aquilo ia - mas quando percebi que o pessoal não ia arredar pé e que estava a curtir muito mais do que eu, fui para o meio da confusão divertir-me como eles; já em Lisboa, mal ele saltou do palco, já estava eu a ir para a frente, pelo que acabei por ficar mesmo encostada às colunas e ver o resto do espetáculo em primeiro plano. Acho que isto também acontece porque muito do pessoal que está à frente é uma verdadeira seca - são pessoas mais velhas, que muitas vezes nem conhecem as músicas e que dão pouca dinâmica ao concerto, enquanto que o pessoal lá atrás está a divertir-se à grande. Foi uma forma que ele arranjou de trazer a festa até ele e divertir-se tanto ou mais do que as pessoas que estão lá aos pinchos e aos berros enquanto desfrutam.

Mas foi antes do concerto (em Lisboa) que eu estive com ele. Não estava stressada nem preocupada - contei a muito pouca gente que o ia conhecer, para não criarem expectativas por mim e sabia ao que ia, não esperava muita coisa. Éramos um grupo de oito pessoas, mais mulheres que homens, e elas em particular estavam todas super bem arranjadas, maquilhadas, algumas com vestidinho e salto alto. E depois havia eu: acaba de chegar do Porto, meio desgrenhada devido aos ventos quase ciclónicos do Parque dos Poetas, sem qualquer maquilhagem porque sabia que me ia borratar toda e que a humidade não ia ajudar à festa e com o meu uniforme de festival: as sapatilhas-brancas-sujas, calças de ganga, t-shirt e um enorme blusão para quando o frio chegasse. Sabia que ele não se ia apaixonar por mim de uma maneira ou outra, por isso optei pela via confortável. Só foi pena ter sido apanhada nas rédeas da Rádio Comercial para fazer uma entrevista e ter sido apanhada naquele estado meio caótico - mas enfim, ao menos estava feliz! (E fiquei com o momento registado para a posteridade <3)

Nestes meet&greets há um ponto assente: aquela não é uma situação confortável para nenhum dos lados. É estranho para nós conhecermos alguém que tanto admiramos mas também é estranho para ele ver mais de meia dúzia de pessoas que nunca viu mais gordas a entrar num sítio só para o cumprimentar - e ter de ser simpático, sorrir para as fotos, ter de fazer conversa. Toda a situação é muito pouco natural. E, na minha visão, muito fútil. 

É lógico que eu gostava de ter uma foto com ele - acho que a vou imprimir e pôr algures, porque é uma recordação importante. Mas eu queria mais do que isso - e se me dessem a oportunidade de escolher, eu preferia mais um minuto de conversa. Porque eu gosto dele como um todo, não o vejo como um trunfo para as minhas redes sociais; acho-o intelectualmente interessante e gostava de o ouvir dizer algo que ficasse para além do "thank you". E, acima de tudo, queria poder agradecer; poder dizer-lhe que o conheço há oito anos, que me lembro como se fosse ontem da primeira vez que o ouvi, que ele é a banda sonora da minha vida; que, apesar de ele não saber, esteve comigo em todos os momentos importantes ao longo dos anos. E isto pode parecer cheesy, mas eu acho que a música é isto e muitas vezes - no meio do reboliço que é a vida deles, a correria, as entrevistas, estes encontros impostos - eles se esquecem de que tocam mesmo a vida de alguém. E lembrar isso, acho eu, nunca é demais.

Claro que, no nosso encontro de sensivelmente 37 segundos, não consegui fazer nada disso. Fomos postos em fila, em frente ao placard das entrevistas, e fomos, um a um, tirar uma foto com ele. Percebi que aquilo era muito pior que um pitch - não era sequer um minuto! O esperado era que o cumprimentássemos, tirássemos uma foto e déssemos o lugar ao próximo - e se falássemos mais do que o suposto sentiamos que já estavam a olhar para nós como quem diz "demoras muito? Há todooooo um line-up que precisa de ser cumprido, amiga!". Se calhar fui eu que, no stress do momento, senti isto tudo - mas foi, de facto, a sensação com que fiquei. Só tive tempo de lhe dizer que tinha ido ver o concerto dele no dia anterior e que tinha sido incrível - e ele agradeceu (daquilo que me lembro... sinto que tudo foi tão rápido e poderoso que se eclipsou da minha memória). Sorrimos para a foto, click, click, adeus. Foi isto.

Se saí um bocadinho desiludida? Sim. Se voltava a repetir? CLARO! Não se pode ter tudo nesta vida e acho que este tipo de contactos com celebridades, principalmente quando são "forçados", nunca dão em muito mais do que isto. Disse-lhe um thank you rápido, entalei-me toda quando lhe disse "it's such a pleasure" e calculo que, para ele, tenha sido uma situação igual a tantas outras. A diferença é que para ele foi igual, para mim foi especial. Aqueles treze segundos de conversa (o que restou entre o cumprimento e a pose para a foto) foram mais do que alguma vez sonhei.

Sei que nos veremos em breve. Muito provavelmente sem o beijinho e os segundinhos de conversa, mas num palco aí algures. Desde que o conheço que tento não faltar a nenhum concerto. E, porque me conheço, sei que vai continuar a ser assim. Espero que por muitos e bons anos. 

 

13
Dez16

Prenda de Natal antecipada

A 12 dias de Natal recebi uma prenda antecipada mas não menos deliciosa: o "meu" Jamie Cullum volta ao EDP Cool Jazz no próximo verão. Como podem imaginar só não dei saltinhos de alegria porque estava no trabalho e uma pessoa tem de fingir que é séria e não vibra com estas coisas.

É claro que, no meio do faz e não faz, nem me apercebi que os bilhetes já estavam à venda. Só agora ao fim da tarde é que li uma notícia dos pés à cabeça e, quando fui ver, os bilhetes da primeira fila já tinham ido todinhos. Uma tragédia. E eu sei que falta mais de meio ano para o concerto: não sei onde vou estar, o que vou estar a fazer, se tenho férias ou sequer se estou viva. Mas faz parte da minha condição não perder um concerto do Jamie - já perdi alguns e só eu sei o que me doeu - por isso, e assim na loucura, comprei dois bilhetes (um para mim e outro para quem o apanhar) na plateia VIP, logo na segunda fila, que é para o ver bem pertinho. 

É caro, é imprevisível, é daqui a muito tempo - eu sei de tudo isso. Mas bolas, se ando a poupar os meus salários é para estas coisas maravilhosas da vida. E não há nada mais maravilhoso do que ouvir o Jamie Cullum a meia dúzia de passos de distância, não é verdade? Já conto os dias.

  

 

20
Ago16

History repeats itself

E aqui estou eu, numa noite de Agosto, a ouvir Jamie Cullum. Deitada numa cama que ainda é a mesma, outra vez com um portátil no regaço, mas com mais seis anos em cima do lombo. Num quarto diferente, mas igualmente sozinha - literalmente e em espírito, sentindo-me melhor do que nunca em relação a essa solidão crónica que me acompanha desde sempre (e que nessa altura me consumia seriamente).

Desta vez tenho cortinas no quarto, mas faltam-me as bolachas madrilenas que na altura me adoçavam a boca. Ainda assim, mesmo sem hoje ter bolachas ao lado, sinto a vida bem mais doce do que há seis anos atrás. 

Não me perguntem porquê que me lembro tão bem daquele fim de tarde de 2010 em que descobri o Jamie Cullum e em que ouvi a "If I Rulled the World" pela noite dentro. Nunca duvidem quando digo que tenho na minha memória os mais ínfimos pormenores de coisas aparentemente insignificantes - ainda que, neste caso, esse dia tenha pouco de insignificante; descobri aí a minha paixão musical, a maior de todas, que creio que vai durar até ao fim dos meus dias.

Hoje, que o (meu) Jamie faz anos, ouço-o com o mesmo arrepio na espinha com que ouvi há seis anos pela primeira vez. O mundo inteiro pode ter mudado; eu posso ter mudado. Mas esta paixão continua igual.

 

 

18
Out13

Não aguentei

Este momento vai ter de se repetir. Desta vez na minha cidade Natal. Sem chuva. Sem frio. Só não garanto que as minhas pestanas não se tornem a molhar perante tamanha perfeição. 

Vemo-nos dia 26 de Novembro, Jamie.

 

[Jamie Cullum, If I Rulled the Worl, EDP Cool Jazz, 2013]

24
Ago13

A dualidade típica dos concertos

Sempre que vou a concertos fico numa terrível dualidade: vivo o momento ou gravo-o para todo o sempre?

Dizer que podemos fazer os dois é mentira. Podemos tentar - e a maior parte das vezes é o que fazemos -, mas nunca vivemos o momento a 100%. Há sempre aquela tensão: tentamos não nos mexer muito ou saltar, de modo a que a filmagem não fique tremida; tentamos olhar o máximo para o palco com os nossos olhinhos mas, quando damos conta, a câmara já está filmar o lado oposto do palco; queremos cantar com todos os nossos pulmões, mas sabemos que a nossa voz se irá sobrepor à do cantor que estamos, a tanto custo, tentar filmar.... enfim, não dá.

É por isso que desde há uns tempos para cá tenho deixado a câmara de lado. A vez em que mais senti isso foi quando fui ver o Robert a Lisboa e, quando senti que ele se aproximava de mim (mas não vinha em direcção a mim, apenas estava a passar), tive de tomar uma decisão: "ou gravo isto para todo o sempre nesta plaquinha super fina e nada pessoal, ou pouso tudo e guardo uma das melhores imagens de sempre na minha memória". Escolhi a última. E não me arrependi. Porque a verdade é que houve tantas outras pessoas que tomaram a decisão oposta à minha e esse momento de passagem ficou gravado em centenas de máquinas, pelo que a minha seria só mais uma. Mas aquele frame especial, aquele em que o senti mesmo, mesmo à minha frente, está num sítio bem mais acessível, rápido e pessoal: na minha cabeça.

Já no concerto do Jamie Cullum, que tanto ansiava, decidi fazer no mesmo. Apenas no momento de maior pressão - na música If I Rulled the World -, é que não consegui decidir. Ao invés, acabei por descobrir outra alternativa: atirei com a câmara para cima da minha irmã e pedi-lhe para gravar. Assim, vivi o momento e fiquei com ele gravado para todo o sempre no meu computador. Afinal sempre é possível ter as duas coisas - só precisam é de levar um ajudante super-hiper-mega-simpático convosco. Fica a dica.

27
Jul13

Ele (en)cantou(-me)

Eu sou perita em visitas relâmpago a Lisboa. Ontem uma, segunda-feira vai ser outra. Desta vez não tive sequer direito a Santini, voltinha no Chiado ou visita às minhas gentes alfacinhas que tanto gosto. Foi um vai e vem, por entre trânsito e multidões. Chegamos, ainda por cima, em hora de ponta e o nosso hotel ficava por entre um bairro típico difícil de alcançar.

Começando exactamente por isso, o hotel era uma delícia. Fiquei no Bed&Breakfast Casa do Pátio que é, precisamente, um pátio típico dos bairros de Lisboa em forma de U. No meio tem uma esplanada onde se tomam os pequenos-almoços (que, para que conste, e apesar do tamanho do "hotel", é muito bom, com bolos e compotas caseiras, panquecas acabadas de sair, rabanadas e um serviço impecável e simpatiquíssimo) e à volta vários apartamentozinhos, muito bem decorados, fofinhos, pequeninos, limpinhos e modernos. Um mimo. Aconselho vivamente a todos os que um dia forem à capital e queiram ficar num ambiente mais cozy, com gente simpática e no meio da verdadeira Lisboa.

Mas falando no essencial: o concerto. Foi de bradar aos céus. Em termos musicais, sem dúvida, o melhor concerto a que já fui (em termos teatrais e gerais, ninguém bate a Gaga). Não consigo descrever o quão bom é irmos a um concerto e sabermos 95% das canções que são cantadas - acho que foi o primeiro a que fui em que sou uma fã assoberbada, que sei tudo, adoro tudo, amo tudo. Costumo ir a estes espectáculos porque acho piada às bandas, gosto de meia dúzia de músicas: mas não era este o caso - eu ouvi todos os álbuns dele, vezes sem conta, durante anos. É, sem dúvida, uma das minhas paixões musicais e, como seria de esperar, delirei.

Aquele foi um concerto do Jamie e não do seu último álbum. O que quero dizer com isto é que ele foi lá para promover a sua música e não só um conjunto de canções que acabou de compor. De uma maneira bastante inteligente, cantou músicas de todos os seus álbuns, se não estão em erro - algumas na íntegra, outras em forma de rapsódias que misturavam 4 ou 5 músicas, abrangendo assim muito mais composições. Foi fantástico. O seu à vontade no piano, a forma como ele vive a música que produz e que os seus companheiros tocam... é apaixonante. Lá pelo meio ainda fez um "número" de beatbox, misturado com um batuque improvisado: o piano. Enfim, os adjetivos não chegam para descrever o quão espectacular foi.

Mas dizem que o melhor fica para o fim, não é? Pois bem: o rapaz acabou o concerto, o público não o largava e ele fez um encore. E qual foi a música que ele tocou? Qual? Qual? A "If I rulled the world"!!! Morri ali. Foi TÃO bom que um par de lágrimas me escorreu pela cara abaixo - está é, sem dúvida, a música que mais gosto e que me toca bem lá no fundinho, por me ter acompanhado numa das melhores/piores fases da minha vida (sim, é paradoxal, e por isso tão tocante).

O público, como sempre, foi excelente. É quase impensável que num concerto de música jazz o público vibre tanto, cante e se mexa como aconteceu ontem. Jamie Cullum interagiu, tirou fotos enquanto cantava, falou connosco e, no fim, mostrou-se profundamente agradecido e arrebatado. Exactamente aquilo que eu também senti. Não podia ter sido melhor.

 

O grande momento, filmado pela minha irmã, enquanto eu me (en)cantava:

25
Jul13

É já amanhã, o dia por que tanto esperei

Ainda me lembro como se fosse hoje o dia em que ouvi a "If I Rulled The World" no blog da Marta (que, infelizmente, já não anda por estas bandas, com muitíssima pena minha). Apaixonei-me como nunca antes. Foi amor ao primeiro som e soube que um dia tinha de o ouvir ao vivo. Deixei-o escapar pelo menos duas vezes, numa profunda tristeza, mas à terceira é de vez. Amanhã rumo a Lisboa para ouvir um dos artistas do meu Top 3; um concerto que tanto ansiei.

Se me perguntassem, a "If I Rulled The World" - a fonte da minha paixão - era sem dúvida uma das músicas que gostaria de ouvir. Infelizmente, como já faz parte do álbum anterior e nem sequer foi um single, não estou com esperança de a ouvir directamente da voz do Jamie. A parte boa é que, como esta, há tantas outras músicas maravilhosas que tenho a certeza que ele vai tocar. Já falta pouco!

27
Abr13

Por falar em concertos

Estamos em crise, certo? A sério, preciso que me relembrem, porque depois do que vi ontem, não me acredito muito.

Enquanto via os bilhetes que havia de comprar para ambos os concertos - e talvez seja bom lembrar que o dos Deolinda tinha bilhetes dos 23 aos 30 euros e o Jamie Cullum dos 30 aos 60 euros -, apercebi-me que estavam quase esgotados. Mas a parte mais interessante está para vir: os mais caros eram os mais vendidos!

O acesso à cultura é tudo menos barato, e embora saiba que há muitas pessoas que pensam o contrário, na minha lista de prioridades, é das primeiras coisas a cortar quando o dinheiro começa a faltar. Não faz sentido eu querer comer algo melhor e abdicar disso para ir ver um concerto ou ir ao cinema (algo que eu fazia com muita frequência e que, infelizmente, cortei quase radicalmente) - embora tenha a plena noção de que é essencial e que nos enriquece, é a menor das minhas preocupações e são os primeiros cortes que farei se um dia precisar.

E, como tal, não acho que faça sentido nenhum os telejornais não falarem de outra coisa para além da "crise" e depois nós, portugueses pobres e sem dinheiro, o gastarmos em momentos efémeros como ir a um concerto. Assim como não percebo o facto de termos imensos (IMENSOS) carros topo de gama, enquanto que em países mais ricos não se vê nem metade. Lamento, mas não me cabe na cabeça. Porque embora sinta a crise mesmo ao meu lado - na família, nos amigos e mesmo cá em casa, felizmente não de forma tão "feroz" - acabo por perceber que esta não pode ser tão severa assim. Os portugueses têm as prioridades demasiado trocadas mas, quando começar a apertar a sério, suponho que estas irão ao sítio - e como ainda não foram, é porque a coisa não está assim tão má. Ou então está mesmo e nós continuamos a ser os mesmos casmurros, orgulhosos e a viver acima das nossas capacidades como o costume, à semelhança do que temos vindo a fazer ao longo dos anos.

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