Uma viagem virtual à exposição do Harry Potter
Numa altura em que a maioria das pessoas estão em casa - eu excluo-me deste grupo, não sei se feliz ou infelizmente - apercebi-me que muitos museus estão a fazer visitas guiadas, virtuais, aos seus espaços. E eu pensei em oferecer-me para fazer o mesmo relativamente a uma exposição que quase toda a gente ouviu falar mas que, de certo, nem todos puderam visitar. Eu fi-lo no último fim-de-semana possível, antes de tudo ser encerrado, e já o fiz com muitas restrições. Do que falo? Da "Harry Potter - The Exhibition", que teve até há bem pouco tempo no Pavilhão de Portugal, em Lisboa. Não sei até que ponto irá reabrir, por isso, se tiverem com esperanças e não quiserem spoilers, fiquem-se por aqui na leitura deste texto.
Os bilhetes para a exposição foram-me oferecidos em forma de presente de convalescença, mal cheguei a casa depois de ter sido operada, em Dezembro. Foi uma forma bonita que o meu namorado encontrou para me animar numa fase em que eu estava logicamente mais fragilizada. Tive de me pôr boa entretanto e, assim num piscar de olhos, passaram-se três meses e o prazo para visitar a exposição estava perto do fim. Entretanto o Covid-19 piorou a olhos vistos, tanto na Europa como também em Portugal, e tivemos consciência que ou era naquele sábado ou, provavelmente, perderíamos não só o dinheiro como a oportunidade de estarmos mais próximos daquele universo que nos diz tanto a ambos.
Foi a visita mais rápida que fiz a Lisboa, desde sempre. Foi ir, visitar a exposição, e voltar para a segurança de casa - num ato que, só por si, já foi de maluquice e de paixão por aquela saga. As coisas já estavam muito controladas - fomos logo pela fresca, nos primeiros slots da manhã, e só entravam grupos de 10 pessoas de cada vez (sendo que só nós éramos 4, portanto 40% do grupo já estava preenchido). Todas as atividades interativas, excluído a de apanhar mandráguas na "aula de herbologia", estavam fechadas; tudo aquilo que foi publicitado, como poder jogar um mini-jogo de quidditch, interagir na cabana do Hagrid e até as fotos em fundo verde estavam vedadas. Tudo isto condicionou, claro, a minha opinião sobre a exposição. Mas vamos por partes.
A viagem começa como nos filmes: o comboio de Hogwarts. Com direito a neve e tudo! A caracterização é ótima, mas a passagem nesta secção é tão rápida que nem dá direito a uma foto. Quase como a professora McGonagall, dizem-nos rapidamente para nos dirigirmos para a sala seguinte, todos atrás do responsável. E lá fomos... ter com o chapéu selecionador. Só uma sortuda teve a oportunidade de saber qual era o seu destino e que casa a esperava - e não é que foi mesmo para a casa que queria, Slytherin? Que todos os nossos desejos se realizassem assim tão rápido!
A visita guiada termina aí (não seria assim se continuassem com a possibilidade de termos um audio-guia, algo que graças ao Covid-19 também deixou de ser possível). Cada um é livre de seguir o seu ritmo e demorar o tempo que quiser a apreciar as coisas. A partir daí o mote é, como se diz às criancinhas, "ver com os olhos e não com as mãos". É uma exposição com muitos artigos, mas que pode saber a pouco aos fãs mais exigentes. Há contextualizações junto aos objetos, para quem não tiver a memória tão fresca ou simplesmente seja acompanhante de um potterhead desesperado por companhia.
O início da exposição é dedicado ao trio maravilha, claro. Podemos ver partes do dormitório de Gryffindor, como a cama do Ron e do Harry, as suas fardas (utilizadas mesmo pelos atores) e alguns outros detalhes dos seus aposentos. Esta dinâmica é replicada ao longo de todo o espaço - há "quadrantes" dedicados a várias personagens, disciplinas ou temas, como poderão ir vendo nas fotos a seguir:
A cama, a farda e as roupas informais de Ron, assim como alguns dos seus objetos pessoais.
Objetos da Hermione, como o livro "A History of Magic", a lista do Exército de Dumbledore, o time-turner e a mala mais invejada de todas as mulheres - aquela onde tudo cabia lá dentro. Como se percebe, tudo isto roda à volta da personagem, independentemente do filme em que o objeto tenha sido utilizado (à semelhança do que acontecia em toda a exposição).
Roupas formais e informais de vários alunos de Hogwarts. É possível ver quais são réplicas e quais as vestes que foram mesmo utilizadas pelos atores.
A carta que todos nós queríamos receber. Quem não perceber isto é, sem dúvida, um muggle.
Existem vários cantinhos dedicados às aulas - neste caso, a adivinhação, com as roupas tresloucadas da professora Sibila Trelawney, a sua bola de cristal e a chávena que previu a maldição de Harry Potter, entre outros objetos.
Poções também tinha o seu espaço dedicado - obviamente com as roupas do professor Snape, utilizadas de facto por Alan Rickman. Faz um bocadinho de impressão pensar que quem deu vida àquela personagem já não está cá para contar a história - e é, acima de tudo, triste. Não faltam tubos de ensaio e outros objetos utilizados nestas aulas.
Herbologia não ficou esquecida - e muito menos as mandrágoas. Pudemos puxa-las e ouvi-las aos berros, tal e qual como nos filmes. Chaaaatas!
Dentro do armário dos medos saíram várias coisas que também se podiam ver: entre elas este palhaço gigante, extremamente fotogénico. Para quem tem medo de aranhas, nada temam: mais à frente a Aragog aparece para vos fazer uma visitinha.
Mas não só de rosas de faz esta exposição. Quer dizer - tem muito rosa. Principalmente no que diz respeito ao escritório de Dolores Umbridge. Isso e gatinhos. Mas todos sabemos que de cor-de-rosa a senhora não tinha nada. A caneta maléfica e as palavras "I must not tell lies", que não ficariam escritas apenas no papel, também estão lá para nos reavivar a memória. Para além dela, estava também lá o fato do Cornelius Fudge, o Ministro da Magia (que era feito da mesma massa que aquela bruxinha cor-de-rosa).
A dita.
Quidditch tem um espaço especialmente grande na exposição e uma das atividades que seria mais gira de praticar mas que, infelizmente e como já disse, estava vedada ao público. As vestes, bandeiras, bolas, vassouras voadoras (a Nimbus 2000, obviamente), taças e outros objetos estavam também em exposição.
Não podia faltar a famosa snitch!
Cedriiiiiiic! <3
A cabana do Hagrid é, para mim, dos sítios mais bem caracterizados. Mas também foi aquele onde senti que poderia haver mais interação, mais movimento, mais uau! Ainda assim, é muito giro. E ter a noção do tamanho do gigante? Caraaamba!
Como esquecer este guarda-chuva, que se encontrava entre alguns dos objetos do guarda de Hogwarts?
Se é giro apreciar o tamanho de Hagrid, também é engraçado perceber o quanto cresceu o trio ao longo de toda a saga. Começam pequeninos, pequeninos... e, claro, no fim já são homens e mulheres bem formados. Diria que o Neville é a grande surpresa, quando se vê ao vivo o tamanho das suas roupas no filme final. Este recanto, logo a seguir à cabana de Hagrid, retratava a cena em que Hermione, Ron e Harry salvam Buckbeak de um fim trágico. Se repararem bem, do lado esquerdo da foto, conseguem ver as roupas do carrasco.
A parte negra entra em ação. Alguns dos cartazes em busca dos feiticeiros mais malvados do mundo estavam lá em exposição. A Bellatrix não podia deixar de estar na lista.
As várias caras de Voldemort. Também aqui achei que poderia haver mais movimento e interação.
As horcruxes (excluindo a Nagini), todas em exposição. Assim até parece que foi fácil apanha-las a todas.
Um dos locais mais instagramáveis de toda a exposição: a parede dos decretos. Muito gira!
Rita Skeeter, a jornalista, tinha também o seu próprio espaço. Acho que para a maioria não é uma personagem nada de especial mas, para mim, sempre teve algo que invejei: aquela caneta que escrevia diretamente o que ela pensava ou dizia, sem ela ter o trabalho de redigir. Já aqui falei sobre o meu desejo de ter uma coisa parecida - principalmente quando me dá a inspiração quando já estou a adormecer e a vontade de pegar no telemóvel é pouca ou quando as ideias fluem quando estou ao volante. A magia dava mesmo muito jeito em certas situações...
O baile do filme do Cálice de Fogo tem, praticamente, uma sala que lhe é inteiramente dedicada. Não faltam os fatos de Hermione, de Victor Krum, de Harry Potter, de Ron, da Cho e do Cedric Diggory (mesmo usado pelo Robert!!!). Mais detalhes como a louça, a decoração, a mesa e até os bancos também estavam presentes.
Como não adorar a (pobre) roupa do Ron? Merece fotografia exclusiva, claro!
Os objetos vendidos nas lojas de doces e de travessuras também tinham uma vitrine, mas quase tudo isto era comprável na loja que antecipava o final da exposição e que tinha as "montras" das próprias lojas.
A parte mais nostálgica coincidia, claro, com o final da exposição. Primeiro, com a fénix de Dumbledore.
Depois com o próprio Dumbledore, tendo como pano de fundo as conhecidas janelas do grande salão, onde eram servidos os banquetes para as quatro equipas de Hogwarts e seus professores.
E, ao lado dele... Dobby, o elfo. Deu quase vontade de verter uma lágrima ao relembrar, sem dúvida, uma das cenas mais tristes de todos os filmes.
A exposição em si (antes da parte de compras) termina com o trio maravilha e o Neville, depois da batalha final - e é impossível não lembrar aquela imagem antes do flash-forward, em que Harry, Hermione e Ron olham o horizonte de mãos dadas, com o castelo de Hogwarts todo destruído à volta. E que arrepios, hã?
Fotografei tudo aquilo que achei essencial e que, para mim, era (e é) marcante. Este meu resumo está longe de mostrar tudo aquilo que a exposição tinha - mas cada um dá importância a diferentes coisas, e foi isto que me captou o olhar e me fez disparar o obturador. O sumo, penso, está todo aqui.
Se acho que é uma exposição gira para quem gosta dos filmes e quer fazer prolongar um bocadinho esta paixão? Sim. Se penso que podia ser melhor, maior, mais interativa e dinâmica? Sem dúvida.
Mas eu, para além de ser exigente por natureza, estive há meio ano no Castelo de Hogwarts, em Osaka (ver aqui, no final do post). Não havia nada na loja que não pudesse ter comprado no Japão; já para não falar dos espaços em si, não só Hogwarts mas também Hogsmeade ou Diagon Alley, e nada bate aquilo que lá vi - a não ser, talvez, em Londres. As minhas expectativas eram demasiado altas e não é justo compara-las com uma exposição que não tem o objetivo de recriar o ambiente mas sim de trazer cá objetos que foram mesmo utilizados nas filmagens e que ficarão para sempre no nosso imaginário. Se 20€ são o suficiente para voltarmos a sermos crianças e a acreditar na magia, no poder do amor e da força conjunta... nem que seja por uma hora... oupa! Se há altura em que precisamos de tudo isso é agora e nos próximos meses que se avizinham. Esperança. Magia. E muito amor.