Entre Parêntesis

Mais um fim-de-semana que passou. Foi bom,  tão sossegado como podia ser - sem saídas, sem confusões, sem dramas de "ai que estão tão sozinha,  não sei que fazer da vida". Foi escrever,  ler e passear os cães, enquanto o sol me aquecia o corpo e a alma.

Soube a pouco.  Tão pouco que hoje de manhã baldei-me à aula que tinha (que já tinha planeado faltar - uma pessoa tem de fingir que é rebelde de alguma forma....) na esperança de continuar no bem bom. Mas a diferença entre o fim-de-semana e a semana não é meramente a ausência de aulas - é tudo um pouco. E hoje não foi igual nem o sol sorriu da mesma forma.  Espero ansiosamente pelo próximo sábado. 

Daqueles raros. Despenteados, de sapatilhas, roupa desportiva pronta a sujar e a levar com tudo o que é porcaria em cima. Ontem foi dia de ajudar nas limpezas e nas mudanças de uma casa, hoje voltamos à carga na desfolhada que acabamos por não completar há duas semanas atrás. Com tudo o que há direito: família, gargalhadas, discussões como de costume e, claro, comida, muita comida (ele é rojões, papas de sarrabulho, francesinhas, tartes de maça, bolos.... enfim!). Foi daqueles dias de em que que o rabo pouco pousou na cadeira e que não é fácil conseguir estar em frente a um computador durante mais do que dois minutos. Que venha mais uma semana (e eu sem vontade nenhuma).

Depois de tanta chuva e frio, estava ressacada com tanto mau tempo. O sol abriu este fim-de-semana e - coisa rara em mim - fui aproveita-lo para a beira-mar. A zona da Foz, apesar de muito bonita e cheirosa, não constitui um dos meus pontos favoritos da cidade, pelo que não é meu costume ir para lá arejar a cabeça - prefiro ir para baixa, até porque tem muitos melhores acessos.

Mas estes dias foi diferente. Não que tenha ido por livre e espontânea vontade - fui meio que arrastada pela amiga do costume. Ontem estivemos em frente ao edifício transparente - que eu prefiro muito mais, pois para além do mar tem umas vistas masculinas privilegiadas (os surfistas têm uma pinta inigualável, temos que admitir). Hoje estivemos mais na Foz, na praia da Luz, onde me sinto sempre mais que roubada (mais de seis euros por uma cola e um sumo de laranja). Mas pronto, sempre deu para estar refastelada num puff, a apanhar sol nesta cara que parece doente de tão pálida. Estava mesmo a precisar de uma dose de sol para começar esta semana e fazer com que não seja nem parecida com esta que acabou de passar, em que estive mais para baixo que para cima. E que os dias continuem assim, de um azul bem limpinho, que é disto que precisamos!

Sábado:

 Domingo:

Hoje era para ir à apresentação do livro da Cocó na Fralda, na Fnac de Santa Catarina, mas cedi à preguiça e ao calor da minha piscina.

Para além de ser um domingo e a baixa estar deserta, teria de pedir a alguém que me fosse levar e buscar. Já para não falar do facto de que iria ver a apresentação mas, como de costume, me iria depois acobardar em pedir um autógrafo (por favor, não façam isto se um dia conseguir lançar um livro).

Fico por isso por casa, sentada naquelas cadeiras laranjas almofadadas, a ler ou a escrever uma série de textos que ainda me faltam para concluir o meu projecto de verão. Isto do sol ajuda ao processo criativo. Que bom.

Tenho um grave problema: não gosto de nada. Não gosto de ter aulas mas também não gosto de estar de férias; não gosto das disciplinas de ciências mas também não acho grande piada às de humanidades; não gosto de me sentir sozinha mas também não gosto de estar rodeada de pessoas; não gosto de estar parada mas também não gosto de me mexer.

Percebem o dilema? Não tenho nada que me faça mexer, que me mova verdadeiramente.

Já vos falei nos meus fins-de-semana entediantes? São sempre iguais e cheios de boas intenções - e, bem dizem os velhos, que de boas intenções está o inferno cheio. Eu vou arrumar a secretária, eu vou ao cinema, eu vou ver um filme, eu vou escrever, eu vou sorrir. Tudo isto com um "supostamente" imediatamente antes. Dá-me uma moleza tal que passo os fins-de-semana inteiros sem fazer a ponta de um chavo, e depois fico chateada. Claro, obviamente que depois fico chateada.

Eu devia mudar qualquer coisa aqui, e já o devia ter descoberto há muito, muito tempo. Mas - visão triste da coisa - ainda não descobri, e quer-me parecer que os fins-de-semana vão continuar - e perdoem-me a expressão - merdosos. Até ao dia. 

O dia de ontem foi uma correria. Teste de manhã, teste de tarde. Natação. Preparar cábulas e passa-las de máquina para máquina. Ir à secretaria, e dizerem-me que sim, podia mudar. Falar com a senhora de lá, para saber tudo o que tinha de fazer. Ir comprar os papéis para anular as disciplinas. Ir para o teste de filosofia e aperceber-me que não tinha nem folhas de teste, nem resumos, nem cábulas, nem nada - porque me tinha esquecido de tudo em casa à hora de almoço.

Enfim, ainda bem que é fim-de-semana. É dia de passar a boa-nova a quem não lê este blog (que não são assim tantos..), porque ontem não disse nada a ninguém.

Ando praticamente a contar as horas que faltam para chegar o fim-de-semana (e, só de pensar que é prolongado, até deliro).

Aqui há uns dias recebemos uma brochura da fnac a fazer publicidade aos dias aderente (que foram ontem e hoje). Para além dos descontos, havia eventos pelas fnacs de todo o país, sendo que na fnac de Santa Catarina iam estar os Clã. 'Não é tarde nem é cedo', pensei. E assim foi.
A minha tarde foi passada na baixa, parte dela ao som do que, para mim, é uma das melhores bandas portuguesas. Reinou a boa disposição, simpatia e muita energia. Todos os elementos daquela banda parecem ser pessoas fantásticas.
No fim, e tal como faço com todos os artistas que acho que valem a pena, comprei o cd. E depois fui pedir um autógrafo a cada um deles, recebendo sempre um gigante sorriso de todos eles. A foto fica abaixo.
O meu fim-de-semana está ganho.

Depois de um banho quente, com o pijama vestido, com pantufas felpudas e uma hiper-camisola-mais-que-gigante-onde-em-cada-manga-cabem-3-braços-dos-meus dos looney tunes (vinda directamente de LA, há uns muitos anos atrás, para a minha irmã), estou mais confortável do que alguma vez tive durante esta semana. É fim-de-semana e eu nem acredito.

Puxou o banco que se encontra por debaixo da maca, preparando-se para me fazer os ultrassons.

- Carolina, não é? - perguntou.

- Sim - sorri.

- Olha, vamos combinar uma coisa: hoje temos de falar enquanto estiver aqui. Senão, adormeço...

- Combinado! Não é único com sono aqui... - mal ele sabia que eu já tinha passado pelas brasas nos tratamentos anteriores. - Mas é sexta-feira, o fim-de-semana está à porta - disse, tentado ser positiva.

- Yey! - disse ele, com um sorriso de orelha a orelha, enfatisando a sua satisfação com um gesto com o braço.

É fim-de-semana, e estamos todos felizes.