Habemus licenciada!
A semana passada comecei a trabalhar. Esta semana acabei a minha licenciatura.
Em Janeiro, por causa da minha operação, não consegui fazer o trabalho nem ir a nenhuma das fases de exame de uma as cadeiras que tinha para fazer. Muito contrariada - até porque não gostei nada da cadeira - vi-me obrigada a deixa-la para Setembro. Na altura não imaginava que, para além da chatice de ter e fazer um exame fora de época, ainda iria ter de faltar a parte do meu segundo dia de trabalho - que foi o que, efetivamente, aconteceu.
Fiz o trabalho em três dias, sob a pressão do costume e uma falta de vontade e inspiração de bradar aos céus. Achei que tinha ficado terrível - aliás, admiti-o na conclusão do trabalho (ainda que não por estas palavras, porque dava-me jeito uma nota decente). Talvez tenha sido esta capacidade crítica e humildade que me safaram, a par de um exame que me correu aparentemente bem, embora eu tenha saído de lá com medo do que me iria sair na rifa. Nunca reprovei a nenhuma cadeira ou disciplina em 15 anos de escola/faculdade e era muito azar que acontecesse na última que iria fazer - mas nunca fiando!
Acabei por tirar 16, não sei bem como. Quando vi a pauta, foi como se três elefantes tivessem saltado subitamente das minhas costas e senti um alívio incrível. E orgulho. Talvez fique mal admiti-lo, mas fiquei orgulhosa de mim por ter acabado esta jornada. Não foi fácil e sinto que estive a debater-me com este caminho que decidi para mim desde o 11º ano - e até há bem pouco tempo perguntei-me se teria sido a decisão certa. Chorei que me fartei, quis desistir, houve dias em que detestei a faculdade, aquele pólo, quem me rodeava. Mas, caraças, consegui deitar isso para trás das costas e seguir caminho - e ainda acabar o curso com média de 15.91!
Hoje tenho trabalho na minha área - a comunicação -, dentro de uma área que, desde que nasci, é a minha vida - a têxtil. Vejo o "fio" da minha vida e, olhando para trás, fico feliz por ter tido a coragem de abrir portas a uma ideia e uma vida que nunca tinha imaginado para mim até então; e olho para a frente e vejo... enfim, vejo o mundo. Vejo muitas pedras no caminho (mais aquelas que sei que são invisíveis), mas sei que estou na rua certa para tudo aquilo que quero para mim e para a minha vida. Tudo por mérito próprio. E por isso acho que não há como não estar orgulhosa e seriamente feliz.
"Achei muitas vezes que não ia acontecer. Perguntei-me porque raio é que a pessoa menos comunicadora do mundo tinha ido para um curso de comunicação; porquê que passando uma vida a idolatrar quem gostava dos números e das engenharias, me iria meter num curso de letras; porquê que sendo uma apaixonada pela têxtil me meti no meio das palavras e não no meio dos fios.
Podem não ter sido os anos que toda a gente descreve, de loucura e felicidade constante. Talvez pelo contrário. Mas foram três anos de uma riqueza intangível e de um crescimento inexplicável para mim, que compensam todos os contratempos, todas as lutas, possíveis arrependimentos e momentos menos felizes.
Levo comigo tudo isso, a par de todos aqueles momentos de felicidade pura, em que entreguei um trabalho a 3 minutos do fim do prazo ou em que tive um notão quando achava que ia reprovar. Levo o Fora da Caixa - os meses mais felizes da faculdade e por ventura da minha vida - e, acima de tudo, algumas pessoas, que me ajudaram a sobreviver nos momentos de aperto e a saber viver em todos os outros.
Hoje fecho esta jornada e penso que apesar de todos os "se's" e "porquês", tudo isto foi porque tinha de ser. Porque a vida é aquilo que fazemos dela e nada é permanente e estático, e esta é só uma porta para todo um universo de janelas que ainda há por abrir. E, a sério!, eu quero muito espreitar."
[parte de um texto que escrevi no meu facebook]