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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

12
Jun17

E assim foi mais um Primavera

Dizem que nunca devemos voltar ao sítio onde fomos felizes - e talvez isso tenha alguma razão de ser, porque o termo de comparação é sempre alto e difícil de superar. Mas eu voltei: dois anos depois, lá fui eu para três dias de Primavera Sound. Em 2015 foi mágico por tudo: pela fase maravilhosa que eu estava a viver, por ter estado ali juntinho dos artistas e da ação em pleno fosso, por conhecer imensa gente que por lá andava e sentir uma mística incrível durante todo aquele tempo. E depois do ano passado ter ficado tristíssima por não ter ido - dizia mal da minha vida de cada vez que via uma foto nas redes sociais - prometi a mim mesma que não voltava a falhar e corri o risco de voltar. E voltei. E a verdade é que o tempo não anda para trás e as condições nunca são as mesmas - e, por isso, não foi igual. Nunca poderia ter sido. Mas, dentro dos possíveis, foi bom. 

Foram três dias que passaram a correr. Para mim, foi em crescendo - cada dia melhor que o anterior, em todos os aspetos. Confesso que na quinta-feira vim para casa a pensar que não voltava a comprar bilhetes para o festival - a música da noite era pesada, estava ali com amigos e não queria fazer a "desfeita" de ir embora cedo quase por capricho (ou, por outras palavras, por não gostar da música) mas, acima de tudo, foi a droga que me fez chatear a sério. Eu sentia o cheiro a erva por todo o lado, toda eu tinha aquele odor pestilento empestado na roupa e no cabelo, já estava com os olhos espelhados de tanto fumo e tanto canábis e, no meio de tudo aquilo, levantou-se a questão de eu não beber, nem fumar nem o diabo a quatro. Tenho, em rascunho, um texto escrito em cima do acontecimento - e muito a quente - sobre o assunto, que ainda vou pensar se publico. Esta é uma questão sobre a qual eu deixei de falar com as outras pessoas; sei que não vou mudar o mundo e sabia perfeitamente ao que ia. Mas se eu quase não posso questionar os outros por se drogarem, como é que os outros ousam sequer questionar-me pelo facto de eu não o fazer ou querer beber uma água, num sítio onde - pelos vistos - só fica bem beber álcool? É algo que me tira do sério e, por um triz, me estragou o dia. (De qualquer das formas, vale a pena anotar de que este acaba por ser um festival descontraído, onde é raro ver pessoas a cair de bêbadas ou em estados completamente fora de si - pelo menos até horas razoáveis da noite, daí a presença de tantas crianças). Mas os dias seguintes foram mais calmos e melhores, até porque me mentalizei de que paguei o bilhete e, como tal, estava de consciência tranquila sobre as horas a que entrava ou saía do festival e de tudo o que lá consumia (e sim, bebi água). Era uma escolha minha. E assim foi.

Fui sempre cedo - de forma a apanhar os primeiros concertos da tarde, que começavam às 17h - e voltei, no máximo, à uma da manhã. Ficaram muitos concertos por ouvir, é um facto, mas a verdade é que muitos deles não eram a minha onda. Este ano o cartaz era mais pesado, mais eletrónico e eu não sou propriamente fã de "barulho". Isso fez com que se acentuasse uma característica que eu acho que já era visível antes: o Primavera muda, literalmente, do dia para a noite. E eu adoro o festival de dia - da descontração, do sol, da calma, da música alternativa mas descontraída, de estar sentada na relva enquanto ouço algo que aprecio - e não gosto assim tanto à noite, onde já está tudo de pé, numa envolvência mais normal de "festival" e onde as drogas começam a ganhar terreno, o álcool começa a fazer efeito e, acima de tudo, onde a música é muito mais violenta. 

Por falar em música, confesso que só conhecia Bon Iver. Comprei o bilhete muito antes de sair o cartaz e a verdade é que fui à descoberta. Ouvi algumas coisas antes de ir, só para ter uma ideia, e o padrão manteve-se: tarde muito fixe, noite nem sempre. A assinalar: Cigarrettes after sex, Rodrigo Leão&Scott Mathew, Whitney, Frst Breath After Comma, Sampha, Nuria Graham e, para mim, o melhor concerto (principalmente ao nível dos cabeças de cartaz) Metronomy. E perguntam vocês: e então Bon Iver? Não gostei. Não sou fã acérrima, conheço algumas músicas e às vezes ouço-as enquanto escrevo e trabalho - mas aquilo que aconteceu no concerto, ou pelo menos em grande parte dele, não era aquilo que eu conhecia dele: uma voz incrível, músicas calmas e bonitas. Foi uma cena algo conceptual, onde a voz dele estava irreconhecível e totalmente alterada e onde ele estava tipo DJ, com os seus phones nos ouvidos, quase a viver aquilo só para si próprio. Nem sequer percebi se o concerto tinha uma linha, uma história qualquer, mas para mim acabou por ser entediante. Para além do mais, era um concerto óptimo para ver sentado, porque aquilo não era dançável - mas, como muitos estavam de pé, todos o outros se levantaram e acabou por ser uma multidão de cabeças. Para quem acompanha os trabalhos recentes dele e gosta da sua veia mais eletrónica, acredito que não tenha saído desiludido - mas não foi, de todo, o meu caso.

Há muitas queixas, este ano, em relação à organização e eu também tenho algumas, mas não vos vou maçar com as coisas más. O festival tem crescido mas, infelizmente, não tem sabido muito bem acompanhar esse crescimento e, em alguns "pormaiores", isso notava-se. Só a título de exemplo posso dizer-vos que estive duas horas para ter a minha coroa de flores. Sim, leram bem, duas horas. E porquê que fiquei? Bom, já estava na fila e não me apetecia desistir a meio do caminho; o pensamento era sempre aquele de "isto vai andar" e, no fim, o ponteiro pequenino já tinha dado duas voltas certas.

Para mim, o melhor do Primavera é mesmo ter uma desculpa para sair de casa, ir ao Parque da Cidade (sítio que nunca frequento), estar com amigos e ouvir boa música de fundo. A verdade é que acaba por ser muito mais para além da música - e há muita gente que critica isso ("é só hipsters, nem sequer conhecem as músicas, é só para ver e serem vistos"), mas a verdade é que o Primavera é especial por tudo o resto que o caracteriza - as coroas de flores, a irreverência nas roupas, a presença de famílias, as mochilas com toalhas de pic-nic, a gigante praça da alimentação. Porque música todos têm, é isso que o diferencia. E, como está mesmo aqui à mão de semear, é uma óptima razão para sair de casa, descontrair e conviver - o que, convenhamos, é algo que faço muito pouco.

Este ano teve uma particularidade interessante: para a TVI, eu parecia ter mel. Na segunda noite, já estava meia KO e pronta para ir para a cama quando vejo o Pedro Teixeira - que, para quem não sabe, sempre foi a minha celebrity crush - perto de mim. Mando mensagem a uma amiga a dizer uma parvoíce qualquer sobre ele e, ainda não tinha eu acabado de a enviar, quando o vejo a vir na nossa direção de microfone em punho para nos fazer umas perguntas. Como não respondi aquilo que claramente era suposto ("O concerto do Bon Iver era aquilo que esperavas?", "Não..."), achei que a entrevista não ia passar - mas enganei-me, porque aproveitaram um bocadinho e tive, vá, uns cinco segundos de fama. Mas no dia seguinte, enquanto esperava pela minha coroa de flores, uma jornalista veio ter comigo, em pleno direto, para fazer umas perguntas sobre o festival. Logo depois recebi uma mensagem a dizer que tinha aparecido na "tebê" - o que tem sempre graça e foi motivo de galhofa até ao último minuto de festival.

Quando acedi a fazer um inquérito de satisfação sobre o festival, perguntaram-me que palavra usaria para o descrever. Sou uma rapariga de palavras e, das muitas que me surgiram, escolhi "especial". Porque este é, de facto, um festival diferente dos restantes. Tinha tudo para não o ser - por causa da música eletrónica em demasia, por me sentir tão "normal" ali no meio que até me sinto "anormal" - mas acaba por ser mesmo o meu festival preferido. E, apesar da neura de quinta-feira e de todas as razões que tenho para não ir, acho que não resisto a voltar.

 

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E, como remate final... (o meu olhar embevecido fala por si #shameonme)

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08
Jun16

Um ano sem Primavera Sound (ou o fim dos voluntários nos festivais?)

Queremos sempre voltar aos sítios onde fomos felizes. Sendo assim, este ano queria mesmo muito repetir a experiência do ano passado e ir ao NOS Primavera Sound. Esses dias são como um nevoeiro para mim, quase como se andasse nas nuvens na altura em que os vivi. Estava mesmo muito feliz.

Há uns tempos, quando disse a uma das minhas cunhadas que ia tentar ir de novo, ela advertiu-me: "nunca vai ser tão bom". E eu acredito que seja verdade - os momentos fazem-se não só daquilo que eles são mas também pelas circunstâncias em que os vivemos (e com quem os vivemos). O ano passado eu ainda estava em êxtase com o melhor ano de faculdade da minha vida, depois de uma semana de adrenalina com entregas de trabalhos e, acima de tudo, partilhei aqueles três dias com as duas pessoas mais importantes que encontrei na vida académica. Não podia ter sido melhor - e sei que este ano qualquer coisa ia falhar; mesmo que os concertos fossem melhores, mesmo que a companhia tivesse sido a mesma (o que seria difícil). Porque as circunstâncias não se repetem e a vida é mesmo assim.

De qualquer das formas, e mesmo sabendo que, relativamente ao ano passado, tinha a fasquia muito alta, queria muito voltar - só para viver a experiência de novo. Mas, ao que parece, este ano não há voluntários nos festivais. Já no Rock in Rio, que normalmente conta com uma base de voluntários gigante, não houve - causou alguma polémica e indignação por entre os "habituais", mas contra ordens não há nada que se possa fazer. Não esperava que a medida se alargasse mas, aparentemente, é um "mal" geral. 

Da pouca informação que há sobre assunto - e que não sei se se aplica só ao Rock in Rio ou também aos outros festivais -, esta decisão prende-se com a taxa de desemprego jovem e as leis relacionadas com esse assunto. De facto, não faz sentido entidades gigantes como estas não pagarem às pessoas para fazer este tipo de serviços - porque não pagar para apanhar copos do chão, tirar fotografias, fazer vídeos, controlar os fotógrafos, ajudar na zona VIP ou no backstage? A premissa está correta: se não se permitir ter voluntários, os festivais contratam para esses serviços. Mas será que contratam mesmo, ou reduzem-se aos "serviços mínimos", só porque são uns agarrados e são incapazes de pagar por um serviço que antes tinham de borla? Eu aposto mais na segunda hipótese.

No fundo, mesmo que paguem, a verdade é que o valor total não chegaria para pagar um bilhete do festival. E, infelizmente, nós (os jovens) não nos importamos de trabalhar para ouvir boa música e estarmos integrados num bom ambiente. É triste, é errado, mas é assim que funciona. E eu, honestamente, adorei o trabalho que fiz - por isso faria tudo de novo, de olhos fechados.

A vontade e as saudades são tantas que, depois de perceber que este ano não havia voluntários para ninguém, até ponderei comprar um bilhete. Mas a verdade é que não faz sentido absolutamente nenhum, porque - apesar de tudo - este é um festival de música e, de todos os artistas que vão (e são muitos), eu conheço uns 3. E eu iria apenas para os ouvir como música de fundo e viver acima de tudo todo aquele ambiente fantástico outra vez, o que, pensando com todos os neurónios, não faz lá muito sentido.

Este ano fico-me então apenas pelas saudades e resta-me fazer figas para que para o ano o panorama mude e eu possa viver mais um festival sem pagar nada.

 

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(descobri esta foto há um par de semanas no "repositório" de fotos dos voluntários do festival - não sei quem a tirou, nem quando tirou, mas adorei-a mal a vi. é a prova de que uma boa foto não tem necessariamente de ser espetacular tecnicamente (uma vez que está desfocada) para passar a mensagem - o sorriso e as olheiras nos meus olhos dizem tudo o que aqui há para dizer)

23
Jul15

Em review: um mês e meio de festivais

Antes deste verão só tinha ido a um festival. Foi há uns quatro anos, no MEO Marés Vivas, quando fui ver - muito inocentemente - Manu Chao, Xutos e Natiruts. Fui mais pela companhia do que pela música, mas Manu Chao era algo que me lembrava a infância (o que eu saltei em cima da cama da minha irmã enquanto ouvia os discos deles...) e por isso fui de bom grado.

Arrependi-me amargamente e disse que nunca mais punha os pés noutro festival. Apanhei com tanta ganza no nariz, na cara, na boca, nas orelhas, nas costas e em todas as partes do meu corpo que eu própria saí de lá, às 4 da manhã, aos caídos, a dizer coisas que não lembravam ao menino Jesus. 

A verdade é que, em plena idade de ir e desfrutar deste tipo de eventos, me recusei a ir durante estes quatro anos. Não se cumpriu o "nunca mais", mas quatro anos, na minha idade, é quase uma vida. Este tempo, no fundo, foi bom e serviu para me esquecer e, finalmente, querer voltar. Em grande. Porque em menos de dois meses foram três festivais, sete dias ao todo. Cheguei ao fim estouradinha.

Guardo as melhores memórias do NOS Primavera Sound, porque me deu uma outra visão de tudo isto que são os festivais e a possibilidade de entrar no mundo da imprensa e dos jornalistas; não foi tanto pela música em si mas mais pela experiência inesquecível que me proporcionou. Admito também que a onda do festival - mais calma, com pessoal mais velho e um bocadinho mais "premium" e toda aquela história de se estar deitadinho na relva a ouvir música - me atraiu enormemente. Ainda assim, deu para perceber que três dias de festival é uma estopada valente.

Como se já não chegasse, meti-me no Alive (com uma viagem ao Porto pelo meio). Não acho que este tenha sido o melhor cartaz de sempre mas, mais uma vez, fui muito pela companhia e pela experiência. Nunca tinha ido a um festival tão grande, com nomes tão grandes, filas tão grandes, um público tão grande e... pronto, tudo muito grande. Retiro coisas positivas e negativas, mas repetiria a experiência num abrir e fechar de olhos. Mais uma vez, cheguei aos três dias a pedir misericórdia, mas com o coração cheio e o Sam Smith ainda nos ouvidos e na memória. 

Por fim, e para fechar esta época de festivais em beleza, fui ao último dia do MEO Marés Vivas, fazer as pazes com o festival que me manteve há distância de todos os outros festivais durante todo este tempo. Foi depois do picnic, eu estava arrasada após de um dia de praia e de uma noite metida na cozinha, mas ia subir ao palco o meu Jamie Cullum e eu não podia faltar. Onde ele está, eu estou - faltar nunca é opção, a não ser por um motivo de força maior. Gritei muito, cantei tudo o que havia para cantar (só não sabia uma das músicas da setlist), verti umas lágrimas pelo caminho e, num ápice, o concerto acabou. Passou a voar, acabou cedo demais. Apesar das minhas pernas gritarem por descanso, ficava a noite toda a ouvi-lo. Depois subiram ao palco os The Script, que eu gosto, mas sem a adrenalina do Jamie Cullum fui-me abaixo e não aguentei (estava a ver que precisava de chamar um táxi para subir a avenida até onde tinha o carro estacionado, tal era o cansaço).

E pronto, foi isto. Foi bom. Foi um início de verão promissor (por ventura demasiado...), que ansiei muito e que aproveitei em toda a sua plenitude. Fiquei cansada até ao tutano, a minha conta bancária bem mais leve (não foi só o dinheiro dos bilhetes mas também as viagens, alimentação e etc.) mas, em compensação, toda eu sou mais rica em experiências e felicidade que trouxe na bagagem de mim mesma. Para o ano há mais!

 

 

14
Jul15

Então e o Alive?

Foi bom! Saí de Lisboa com a sensação de que tinha apanhado uma sova, de tão cansada que estava, mas foram uns dias de beleza.

Quinta foi a maior enchente: não se passava, eram horas para comer o que quer que fosse, passar em frente a qualquer palco era um filme. Vi a minha vida a andar para trás porque ambientes demasiado cheios dão cabo de mim - felizmente, os outros dois dias foram mais calmos. Arrisco a dizer que gostei mais deste concerto de Muse do que o que vi aqui no Porto - ainda assim, ao contrário da maioria das pessoas, não fiquei tipo "WOW" ou a ansiar por mais; foi fixe, foi o concerto com mais festa e efeitos em todo o festival (tivemos direito a confetis e fitinhas no ar, que deram um efeito super giro) mas... é isso. James Bay é muito boa onda, Ben Harper tem aquelas músicas clássicas que sabe sempre bem ouvir e, honestamente, Alt-J foi o que menos gostei desse dia (não sou grande conhecedora da banda mas gosto da onda, mas achei-os muito murchos). 

A sexta-feira foi a estopada que toda a gente sabe: depois de me ter deitado às quatro da manhã, acordei às oito para me meter no comboio e fazer o exame. O plano era estudar na viagem e ir com tudo na ponta da língua (e colado a cuspo), mas estava a enjoar e com um sono dos demónios; acabou por ser a melhor viagem de comboio da minha vida. Dormi, praticamente, durante toda a viagem! Cheguei cá, almocei, tomei banho e segui para o exame (com muito medo e muito peso na consciência). Contra tudo o que esperava, até correu bem (acho eu, estou à espera da nota!). Mal acabei fui para a estação e tornei a meter-me num comboio para a capital - desta vez sem dormir, só com enjoos e muita vontade de chegar. Mal pus os pés na estação de Santa Apolónia (onde nunca tinha estado, e ainda por cima aquilo é grande e confuso quanto baste) segui para o metro, para sair no Cais do Sodré; lá apanhei o comboio urbano para sair em Algés. Achei aquilo tudo muito creepy mas meti-me no primeiro comboio que vi à frente - limitei-me a seguir pessoas que, como eu, tinham pulseiras no pulso e, vá-se lá saber como, cheguei ao festival! Comecei logo a encher o bucho com a melhor refeição que fiz no recinto - um waffle com morangos e chantilly. Ainda ouvi, assim estilo barulho de fundo, os Kodaline, sendo que depois segui para os Mumford and Sons, que gostei muito. Têm uma onda super gira, dançante e festiva, embora o concerto tenha sido calminho - se calhar é a lei da vida, para compensar os The Prodigy, que vieram a seguir. E uma palavra para aquilo: MEDO! Não os conhecia... e fiquei feliz por isso. Não é que seja intragável, mas não é claramente o estilo de música que mais aprecio. Muito barulho, muitos gritos, muitas luzes (óptima para epilépticos...) e muitos "fucking" em tudo o que o senhor dos corninhos pronunciava. Pelo meio ainda houve petardos e alguma confusão, pelo que viemos embora a meio (passamos por polícia de intervenção e tudo, por isso acho que foi a melhor decisão possível). No meio de tudo isso ainda tivemos tempo para ir ver o Herman na tenda dos comediantes e eu, que até nem gosto destas coisas e não sou grande fã dele, achei muita graça. O ambiente era giro, podíamos estar sentados (amén!) e só foi pena por ser curtinho.

O dia seguinte era o meu dia, a razão para eu estar ali. Foi, de todos, o que mais gostei, também porque passei o dia todo na capital. Fui almoçar ao Noobai, no miradouro do Adamastor e a vista valeu por tu-do! Depois ainda andamos uns bons quilómetros, tudo porque eu quis ir ver a Amália do Vhils. Gostei imenso e foi a tarde perfeita para mais uma visita à capital. Cheguei a casa, tomei um banho refrescante e seguimos para o recinto, comigo já em pulgas para ouvir o Sam Smith. Antes dele ainda ouvimos um bocadinho dos HMB e de Dead Combo e depois... fez-se magia. Foi o único concerto que vi, literalmente, no meio da multidão (os outros ou estava mais afastada do palco, com mais espaço e ar para respirar, ou estava na zona de grávidas - que, já agora, era top! - com a minha amiga que está de esperanças). Deixei com ela as minhas tralhas e meti-me lá para o meio, a cantar tudo o que sabia, a dançar e a deixar as lágrimas escorregar pela cara fora quando assim exigiam (e sim, na "Lay me Down" elas caíam simplesmente). Foi, para mim, o melhor momento de todo o festival e teria pago o bilhete todo só para o ouvir a ele. Foi tudo o que queria e esperava: simples, genuíno e lindo de morrer. Adorei o facto de ele falar com o público, de explicar as coisas e, enfim, de ter aquela voz de anjo. Depois disso podia vir o que quer que fosse que eu já tinha o dia (e o verão) ganho. Chet Faker foi giro (não conhecia e gostei) e até os Disclosure subirem para palco demorou imenso tempo (acho que o público todo esmoreceu um bocado), o que deu para passar na tenda electrónica, ouvir um bocado de Azelia Banks e de vislumbrar Rui Unas a pôr músicas de outros tempos. A espera serviu de pouco, uma vez que os Disclosure foram uma desilusão e viemos para casa pouco depois de começarem.

Destes três dias intensos trago o bilhete, a pulseira e o cartaz comigo, para guardar na minha caixinha de recordações. Trago muito poucas fotos (já decidi que não vale mesmo a pena) mas muito boas recordações, para guardar no coração - dos momentos que tive, dos espaços que conheci e, acima de tudo, das pessoas com quem estive, que - a par desta cidade que me recebe sempre tão bem - fazem sempre de mim uma rapariga mais feliz.

 

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09
Jul15

4 dias de loucura

Tenho andado apática, sem força de vontade para nada - nem escrever. Não me apetece fazer nada, nem o que quero nem o que devo. Enfim, é aquela depressão pré-verão que me dá sempre. Mas está na altura de abanar comigo... a sério.

Hoje sigo de avião, para Lisboa, para o primeiro dia do NOS Alive. Amanhã de manhã meto-me num comboio, venho para o Porto; de tarde faço o exame e, mal acabe, torno a meter-me no comboio, diretamente para o recinto do festival. Sábado é dia de "descanso", que vai terminar em beleza com a voz do Sam Smith a entrar-me pelos ouvidos (basicamente, a razão porque vou ao festival). No domingo volto a meter-me no avião para voltar para casa.

Nem dá para acreditar que tenha falado em apatismo no parágrafo anterior. Os primeiros quatro dias de roda viva começam... agora!

30
Jun15

Os ódiozinhos de estimação

Fiz um post há mais de um ano a mostrar a minha irritação para com a apelidação das selfies e da conotação negativa que ganharam ao longo dos últimos tempos. Porque já antes de se chamarem selfies eu tirava fotos a mim mesma, por vinte e sete razões diferentes - e plausíveis - que não vale a pena enumerar, sendo a maior delas passar e passear muito sozinha. Sempre tirei fotos a mim mesma e vou continuar a fazê-lo - porque se isso não acontecer não tenho fotos praticamente nenhumas. 

Mas enfim, como se um ódio não chegasse, teve de se juntar outro: os selfie sticks. Mal vi aquilo achei uma ideia genial (ainda não estava em voga nem se via por aí, e custou me bem mais do que o que custa agora - e utilizei o pouquíssimas vezes). Todas as pessoas que tiram fotos a si próprias sabem que, muitas vezes,  o braço não chega e têm de se fazer manobras de contorcionista para que a foto fique como queremos - e só por isso aquilo dá jeito, uma vez que funciona como extensor.

O mais interessante disto tudo é que, desta vez a embirração não é só das pessoas mas também das instituições e eventos, que baniram estes aparelhos. Começou pelos museus (onde posso admitir que faça algum sentido, tendo em conta haver peças de valor um pouco por todo o lado que podem estar em "perigo") e agora passou aos festivais - na lista de proibições, onde se incluem bebidas, comida e etc., passam também a constar os selfie-sticks. E eu para isto só tenho um nome: embirração.

Nunca vi ninguém a morrer por isto, nem sequer vi alguém muito incomodado. Se as pessoas parecem umas totós com aquilo? Parecem, mas não acho que ninguém deva intervir por causa disso. Tudo depende, como em tudo, do bom senso: de como é que usam e quando usam. Não é muito fixe esticar aquilo quando estamos quase na fila da frente de um concerto e estamos comprimidos e apertados até aos ossos... Mas também não é fixe que passem a vida a dançar ao nosso lado, com copos de cerveja a balançar ao som da música mesmo por cima das nossas cabeças e com os cigarros a passarem a poucos centímetros da nossa pele... E as pessoas fazem-no. Porquê? Por falta de bom senso. 

Se continuarmos assim, lá para 2030, vamos todos nus para os festivais, sem qualquer tipo de possibilidade de levar "bagagem". É que até a roupa, um dia destes, pode servir de arma de arremesso para atirar aos artistas ou as máquinas fotográficas um incómodo para os outros que nos rodeiam.

07
Jun15

Nos Primavera Sound

Ontem à noite, quando cheguei a casa, senti-me como que a voltar de férias, com aquela sensação de tristeza de que algo acabou mas com a alegria imensa de ter voltado. É estranho para mim estar tantas horas sem vir a casa, sair tão cedo e chegar tão tarde; dizer aos meus pais "até amanhã" logo a seguir ao almoço. Mas fez-se e foi muito bom. Foi mais um passo para, dentro daquilo que sou e quero ser, sair de dentro da caixa e da minha zona de conforto.

Aquilo que eu tinha de fazer era muito simples: controlar a entrada dos fotógrafos no fosso (o espaço entre o público e o palco) e os canais de TV e rádio na régie. Cada banda tem as suas restrições - umas deixam fotografar, outras não, outras deixam filmar, outras só as duas primeiras músicas, outros só os primeiros 90 segundos... e cabia-nos a nós fazer cumprir todas essas ordens. A nós e aos seguranças - o pessoal mais fixe do festival. Sempre simpáticos, sempre prontos para ajudar - a minha companhia e ajuda enquanto estive no fosso a acompanhar os concertos. Podiam ser os típicos "brutamontes" com cara de maus, mas eram super galanteadores e queridos comigo. 

Isto quer dizer que metade dos concertos que se passaram nos dois palcos principais... eu estive lá, ali ao ladinho, a fazer de polícia enquanto ouvia e via o concerto num lugar exclusivo. Gostei mesmo muito, mas os meus tímpanos e o meu corpo não concordaram. No primeiro concerto que fiz, achei que ia morrer com o impacto das colunas e que tanta vibração ia dar cabo, literalmente!, do meu coração. Mas sobrevivi. 

Serviu também para conhecer outras bandas, para mim desconhecidas, para além daquelas que queria ver. Mac DeMarco, apesar de não ser a minha onda, foi divertidíssimo; Banda do Mar (que vi na relva, sem trabalhar) transpirou boa onda; Belle and Sebastian foi super giro, com imensa interação com o público e com músicas muito bem dispostas; Foxygen, embora seja um estilo de música também fora do meu espectro, foi super divertido (embora, por momentos, tenha achado que o vocalista tivesse tomado uns ácidos antes de subir ao palco, de tão elétrico que estava - o que acabou por tornar tudo ainda mais divertido); Damien Rice, o último concerto que fiz e o que tinha mais restrições, foi muito... romântico e especial; e por fim, mas não menos importante, Antony and the Johnsons. Foi incrível. Inacreditável. Ver uma orquestra a tocar num festival já é estranho... mas ouvir tocar uma orquestra, com uma voz daquelas por detrás, e sentir que toda a gente naquele recinto se calou para ouvir... foi mágico. Achamos sempre que o barulho, os gritos e as vozes é que têm poder... mas claramente que subestimamos o silêncio. Todo o meu corpo se arrepiou naquele momento - e quase na hora e meia a seguir. As imagens que passavam por detrás eram estranhas, meias tétricas, mas completavam todo aquele cenário na perfeição. Vi muito boa gente a chorar copiosamente - e eu admito que me apeteceu fazer o mesmo. De uma forma estranha, foi o concerto que mais gostei e que, sem dúvida alguma, mais me marcou.

O ambiente do festival é todo muito cool e descontraído, o que me agradou imenso. Adorei estar sentada na relva, com a minha toalhinha amarela aos quadrados, a ver os concertos; adorei o equilíbrio das pessoas, o facto de não ter visto grandes excessos (que é como quem diz pessoas a caírem de bêbadas, em coma alcoólico ou a vomitarem pelos cantos); adorei as comidas (vou manter para mim a quantidade de pães com chouriço que comi) e da imensa escolha que tínhamos - particularmente daquelas pipocas, literalmente as melhores que comi em toda a minha vida; adorei todo o conceito de diferenciação do festival, das coroas de flores que ofereciam e de todos os detalhes tão bem pensados, em cada pormenor; e também adorei o sentimento de segurança generalizado - andei muito sozinha e foram raros os momentos em que me senti menos segura. Só me faltou mesmo uma companhia constante... mas é a vida.

Como é óbvio, também foi marcante o facto de ter, pela primeira vez, uma pulseira que diz "press" no pulso. Hoje em dia já não sei bem o que quero para o futuro (quer dizer, sei o que não quero - e jornalista está logo nos primeiros nomes da lista), mas foi algo muito especial para mim entrar numa tenda gigante dedicada à imprensa e dizerem-me "este espaço também é teu". É estranho ter acesso a um sítio destes, é estranho ir pela primeira vez na vida a um festival e estar num local "exclusivo" como o fosso. É estranho entrar no festival por uma fila diferente da do "comum dos mortais". É estranho, mas muito bom, à semelhança de muito do que se tem passado na minha vida nos últimos tempos. Tem sido uma fase muito especial e feliz para mim e estes três dias de festival enquadraram-se na perfeição neste quadro que tenho vindo a pintar. Foram diferentes. Foram Fora da Caixa.

Mas agora está na hora de voltar a casa. E aqui também estou bem.

 

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29
Mai14

Mais um ano, menos um festival

Ainda estive tentada a ir ver o Justin Timberlake ao RiR, este ano, mas a coisa acabou por não se compôr. Não tinha companhia certa (a companhia, para mim, é sempre o maior problema), ainda eram sessenta euros que iam "ao ar", mais a deslocação para Lisboa e todos esses "pormenores" que no fim saem caro.  Por outro lado, também gostava de ver o Ed Sheeran. E há sempre o problema de comprar os bilhetes com antecedência, nunca podendo adivinhar quais os afazeres que nos aparecem mais em cima do acontecimento.

Por acaso, sábado tenho uma reportagem para fazer, pelo que tomei a decisão mais acertada. Se preferia ir ver o Justin a lançar charme? Ai se preferia! E também vai estar no RiR o Ami James, o famoso tatuador do Miami Ink, que eu adorava do fundinho do meu coração. Nunca fui apreciadora de grandes tatuagens, mas nunca descorei o facto de aquilo ser pura arte - e ele um grande, grande artista. Se um dia fizesse uma mini-tatuagem, ele bem podia ser o escolhido. E, last but not the least, iria ao festival, coisa que nunca tive oportunidade de fazer. Ora porque é Lisboa, ora porque não tenho companhia, ora por não ter tempo ou porque simplesmente o cartaz não me atrai. Vai ser mais um ano sem lá pôr os pés, com muita pena minha.

Restam-me uns quantos no verão, onde me posso aventurar. Ainda não sei se vou a algum (mesmo o Optimus Alive está em banho-maria), mas vontadinha não me falta.

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