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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

03
Jul20

Não pode haver verão sem pão com chouriço - !ajuda é necessária!

Num ano normal eu já estaria a fazer contas à vida, por entre calendários, planos de fim-de-semana e fins de tarde (que passariam dissimulados por "jantares ligeiros"). Já estaria a fazer reconhecimento no terreno, a programar onde estacionar nos dias de mais confusão. Já teria marcado na agenda os dias de começo e fins de festa - e agilizado até as minhas férias, qual gincana, de forma a poder ir passear e simultaneamente parar nas romarias e feiras medieval que existissem pelo caminho. Já estaria a salivar com antecedência.

A primeira semana de Julho marca o início dos meses-do-pão-com-chouriço do meu ano, que só terminam em meados de Setembro, com a última feira medieval que acontece nas redondezas. Durante dois meses o objetivo é trincar o maior número de pães com chouriço possível, e quiçá mistura-los com umas boas papinhas de sarrabulho e uns crepes recheados com doce de frutos vermelhos ou maçã com canela, feitos sob caldeirões de fogo. 

Mas este ano não. 

Este não não há papinhas de sarrabulho em bancos corridos. Não há crepes gigantes embrulhados em guardanapos de papel. E, mais do que tudo, não há pães com chouriço. 

Eu não quero saber das tatuagens de hena, das barracas de gomas ou sequer dos doces conventuais. Não quero saber das banquinhas onde os árabes vendem perfumes e roupas inspiradas no deserto, dos brinquedos de madeira, das velas, dos incensos ou dos cheirinhos. Não quero saber da ginginha e nem sequer do copo de chocolate. Não quero saber da bijutaria arcaica nem dos nomes escritos em árabe. Não quero saber de farturas ou churros. Só para verem: já nem quero saber dos burrinhos, das cabras ou dos porquinhos! Na loucura, até dispenso as papas e os crepes.

Mas e os pães com chouriço? Como é que eu vou sobreviver sem trincar aquele pãozinho acabado de sair do forno, a fumegar como quem implora por ser comido? Como é que vou conseguir passar um verão sem sentir aquele calor a invadir a minha boca - e a minha alma! -, à medida que vou trincando aquela massa mal cozida? Como é que se faz um verão sem pão com chouriço? Mais: como é que se consegue ser feliz sem ter pão com chouriço à mistura?

Soluções como "há pão com chouriço à venda no Continente" não são aceites. Mais: são consideradas uma heresia! Quem compara uma coisa com outra não sabe distinguir o bom do mau; a realidade e a imitação. Não sabe o que é sentir a fuligem do forno de lenha na crosta do pão nem o cheirinho da gordura do chouriço deixada na sua massa. Diria que, quem diz ou acha tal coisa, não devia ter direito a papilas gustativas, pois não lhes sabe dar o devido valor.

Por isso, almas-caridosas-com-gostos-gastronómicos-decentes-que-não-se-contentam-com-coisas-de-supermercado, digam-me: onde é que, neste país, eu consigo encontrar aqueles pães com chouriço que se vendem nas romarias, principalmente o pão com chouriço do Marco de Canaveses? Na terra que lhe dá nome há alguma padaria que seja famosa por ter destas delícias à venda, sempre quentinhas e fresquinhas? Ou é tudo marketing para enganar esta velha alma gulosa? 2020 já está a ser mau o suficiente - e não poder comer nem um pãozinho com chouriço faria dele, sem dúvida, um ano para enterrar até à eternidade.

Ajudem!

 

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20
Mar20

25 anos em tempo de Corona

Sempre levei muito a sério o provérbio do "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti".

Eu detesto festas de anos. Sempre detestei. Já é assim desde miúda, mas nessa altura as razões prendiam-se com o medo que tinha dos escorregas nos parques de diversões escolhidos para festejar a data e porque abominava aqueles bicos de pato com queijo e fiambre que antecediam ao soprar das velas, num bolo de pastelaria igualmente abominável. Agora que penso, passaram os anos e eu não mudei assim tanto: não ando em escorregas e não vou a parques de diversões; detesto bicos de pato e ainda por cima não como queijo; e continuo a achar que um bolo de pastelaria não é digno o suficiente para festejar uma data tão importante. Se é bolo de anos, é para ser em bom - nem que seja feito pelo próprio aniversariante (que é, na maior parte das vezes, o meu caso).

Pois que hoje completo 25 anos de vida. E, dado ser um quarto de século, ia abrir uma exceção: fazer uma festa. Queríamos que não fosse o simples "soprar das velas"; íamos convidar a toda a minha família e até, na loucura, alguns amigos - algo que sempre evitei, porque me faz confusão a mistura de núcleos que não têm nada em comum entre si a não ser conhecerem o aniversariante. Foi sempre isto que detestei em festas de anos; se no dia-a-dia já me sentia muitas vezes excluída e posta de parte, nestas festas a sensação agudizava-se, pois chegava a não conhecer ninguém, e via-me sozinha no meio de uma multidão. Posta de parte porque não alinhava nas brincadeiras. E à parte, porque nunca fui fã do conceito de festa, que envolve barulho e muita confusão.

Mas são 25 anos. Era ano de exceção - não só pelo número bem redondo mas também pela fase da vida que vivo. É o primeiro ano que festejo com um namorado ao lado, que retirou de mim a sensação eterna de estar só, independentemente de estar só com ele ou ter o mundo à minha volta; é o afirmar de uma nova fase, pessoal e profissional - tão importantes e tão vincadas que é impossível ignorar. Por ter toda a gente que importa à minha volta.

Por todos percebermos isso, queríamos celebrar.

Esquecemo-nos que a vida dá muitas voltas. E que raio de volta esta, que mexeu não só comigo, não só como os outros, mas com o mundo inteiro. As séries e os livros de suspense e ficção científica não podiam ter adivinhado o que se avizinhava - num dia tínhamos uma vida normal, noutro estamos presos em casa. As notícias gritam estado de emergência. Contágio à mínima coisa. Mortes. Infetados. De um dia para o outro fecha tudo, de uma noite para a outra não sabemos se continuamos a trabalhar ou se devemos ficar em casa.

Hoje faço 25 anos. Em 25 anos é a primeira vez que não estou com os meus irmãos, seus cônjuges e filhos neste dia que marca o meu nascimento. Foi a primeira vez que não pude abraçar a minha mãe mal abri a porta da cozinha. Em que não pude dar um beijo ao meu pai quando o vi a chegar. Foi a primeira vez desde que cozinho que não fiz um bolinho para que todos pudéssemos comer ao jantar, depois do cabrito assado da minha mãe (o meu prato de eleição). 

É um dia tão feliz como triste: por saber que os anos continuam a contar e que a minha vida está recheada de coisas boas, mas por outro lado por não as conseguir partilhar com quem verdadeiramente amo e faz parte de mim e desta jornada. Que estes tempos de isolamento e de diversidade sirvam para percebermos a importância de pequenas coisas que há um par de dias tínhamos como garantidas. E não falo da festa de anos.

O beijo de uma mãe.

O abraço de um pai.

O canto em uníssono dos meus irmãos a entoarem-me o "Parabéns a Você" - um momento que até hoje passava à frente sem grandes dramas -, enquanto espero para soprar as velas, sem medo de infetar o bolo. 

 

Façamo-nos valer das novas tecnologias, que nos aproximam em tempos de distância. E que este aniversário, que decerto ficará para sempre na minha memória, sirva de exemplo para perceber o que realmente importa. Bem dizem que a "velhice" traz conhecimento associado.  E um quarto de século já é alguma coisinha ;)

 

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22
Jun17

Um S. João na praia

Desde que me conheço e que me mudei para a casa onde estou atualmente que festejo o São João. Para além do Natal, sempre foi a minha altura favorita do ano e quando os meus irmãos viviam cá em casa eram festas de 50, 60 ou 70 pessoas - para além dos familiares, vinham os amigos e os amigos dos amigos; fazia-se aqui uma festa a sério. Decorávamos a casa a rigor com grinaldas, manjericos, enfeites de papel e luzinhas de várias cores, montávamos vários grelhadores para as carnes e para as sardinhas e púnhamos uma quantidade infindável de cerveja dentro de um barril que, uma semana antes, já estava dentro da piscina para a madeira inchar.

Era uma festa muito animada, com muita música, em que o álcool e os amigos do meu irmão enchiam a casa inteira. Mesmo as crianças - da qual eu fazia parte - eram tantas que enchiam os quartos, os viravam do avesso e a circulação se fazia de forma difícil ainda que a casa seja grande. Quando tocava a meia-noite, enquanto no Porto todos olhavam para o céu, nós olhávamos para baixo - mais propriamente para a piscina para onde nós íamos atirar. E depois por lá ficávamos, ríamo-nos por os nossos pais não se estarem a aperceber daquilo que estávamos a fazer e tentávamos não estar em silêncio - coisa que não é fácil quando se anda aos saltos para dentro de água. Para nós, ver os corpos sair dentro da água  - que à noite parece negra  - e ter a sensação de que, cá fora, estavam a "fumegar" já era tradição - assim como era tradição eu ligar para todos a meio da tarde e lembrar para trazerem os fatos de banho para festejarmos a noite mais curta do ano.

Mas as tradições acabam, assim como as crianças crescem e os irmãos saem de casa. E nos últimos anos, fazer o S. João era - para mim - uma tristeza, porque ainda me lembro dos tempos de casa cheia. Os miúdos passaram a graúdos, já não andam necessariamente com os pais e já não ficam assim tão felizes por ser a noite mais curta do ano (menos noite, menos diversão, não é verdade?); o meu irmão emigrou e raramente está cá, os outros nem sempre comparecem por terem outros compromissos; os amigos vão para casa de outros amigos - e eu, que não tenho praticamente nenhuns e quase nunca os trouxe a minha casa, também não alimento essa prática. Por isso, nos últimos anos, a festa foi ficando vazia, só com os habituais e os fortes, que não arredam pé.

Mas pior que ter um São João vazio, achava eu, era não fazer São João. E isso aconteceu há dois anos, à custa da meteorologia que nos deu chuva em vez do sol e do bom tempo típico dessa altura do ano. Abortamos os planos e ficamos em casa, como num dia normal - só mais triste que o resto dos dias (mais tarde, quando o temporal abrandou, eu ainda fui sair mas a festa já não era a mesma). E eu diria que nesse ano, ainda que não tenha sido de propósito, se abriu um precedente perigoso: o de não se festejar o S. João.

Perigoso porque este ano decidimos repetir - e não foi pelo tempo. Vivemos sempre condicionados com o dia 23 de Junho, queríamos sempre estar cá e fazer um arraial - e fazíamos, melhor ou pior, adoentados ou em perfeita saúde, comigo tendo ou não exame nos dias seguintes. Mas este ano viemos de férias. Ao longo dos últimos anos têm caído tantas tradições como o número de pessoas que cá vem e a boa disposição que cá se vive, por isso deixamos cair a derradeira: este ano, aqui em casa, não há festa. E é estranho como isso me deixa triste mas, ao mesmo tempo, muitíssimo aliviada. Hoje não penso em doces, grinaldas, carregar mesas ou limpar cadeiras. Hoje vou para a praia e isso também é bom.

27
Jun16

Em dia de São João nem tudo é festa

O meu São João não foi feliz nem triste; foi simplesmente normal (e este "normal" inclui sempre o stress e o trabalho de quem organiza este tipo de festas todos os anos). Já lá vai o tempo da festança até altas horas da manhã, das guitarradas, dos saltos para a piscina à meia noite - e sim, estou velha e saudosista.
Mas, honestamente, o meu São João foi marcado por um "evento" ainda antes da festa começar. Tinha ido ao supermercado para fazer umas compras de ultima hora com a minha irmã e a minha sobrinha e, à vinda para casa, a minha irmã grita que estava um cão a ser atropelado no meio da rua. Eu não vi, estava fora do meu ângulo de visão, mas os gritos da dona faziam-se ouvir para todos aqueles que não fossem surdos.
Para que conste, a culpa não foi do condutor do carro, que pelos vistos nem se apercebeu do que tinha feito (só com o estado de choque da dona é que caiu em si): o cão estava sem trela num passeio pequeno e, provavelmente assustado com algo que veio do lado das casas, saltou para o meio da rua e foi atropelado. Independentemente das culpas, estas situações mexem comigo; pedi à minha irmã para parar o carro para ver no que podia ajudar. Fui ter com a dona, uma rapariga mais nova que eu que estava em estado de choque, num pranto sem fim. Tentei acalma-la e percebi que o cão, aterrorizado, fugiu dali (mesmo com a para da frente praticamente ao dependuro). Não me perguntem como nem porquê, mas larguei a dona e fui numa correria desenfreada atrás do cão - a minha irmã ia no carro, num pára arranca e dentro e fora, tentando acompanhar-me e ajudando-me a apanhar o bicho. Corri umas centenas de metros até conseguir apanha-lo, no meio da rua, mas felizmente numa zona menos movimentada. O cão, que não me conhecia e estava cheio de medo, quando viu que o prendi acabou por me morder - mas as forças que lhe restavam não eram muitas, pelo que cedeu, vendo que não o largava.
Entretanto a minha irmã voltou para trás, foi buscar a dona e esperamos pela mãe dela, que espero que tenha levado o bichinho ao veterinário. A pata da frente estava em mau estado, com osso de fora e carne demasiado exposta, mas estou em crer que mesmo amputado o cão vai conseguir ter uma vida feliz (porque, apesar de não estar eximiamente tratado e da falta de sangue frio da dona, via-se que ela gostava dele).
Cheguei a casa com as pernas a tremer como varas verdes (tanto da adrenalina como do sprint que fiz é que não consta das minhas abolisses normais) e os braços ensanguentados, mas com a sensação de dever cumprido e consciência tranquila. Pode não ter sido o melhor São João de todos os tempos, mas não há nada que pague a sensação de dormirmos de consciência limpa.

(E, por favor, não andem com cães na rua sem trela!)

04
Out15

As festas rurais de família

Costumo dizer que vivo no campo dentro da cidade - e adoro. Tenho horta, animais e árvores de fruto - somos quase auto-suficientes neste campo (e o que não temos compramos na feira, só muito raramente em supermercados). Admito que não sou eu que cuido da bicharada ou que ando a regar ou plantar os legumes, mas adoro esta ideia de comer o que é nosso, sem todos aqueles produtos terríveis, com a compensação de que tudo tem mais sabor. Esta ideia mais tradicional encanta-me enormemente e é algo que quero que perdure pela minha vida fora. 

Felizmente, na minha família, não somos os únicos a ter este misto de vida rural/urbana e, durante vários anos, isto fez com que fizéssemos algumas celebrações um pouco fora do normal e das tradições básicas, como o Natal, o São João ou a Páscoa. Aqui em casa costumava festejar-se o São Martinho, com algumas (poucas) castanhas aqui de casa, aproveitando-se muitas vezes o "verão de S. Martinho" para fazer a última festa do ano no exterior.

Nos meus tios fazia-se tipicamente a desfolhada, onde passávamos uma tarde ou uma manhã a recolher o milho que normalmente se dá aos animais durante o resto do ano - acho que esta foi a primeira "celebração" do género e que fez com que o bichinho pegasse. Chegamos a fazer a apanha do milho em dias de calor abrasador, com direito a banhos de mangueira e tudo - e é claro que depois do trabalho vinha a comidinha e o convívio mais convencional. O ato de apanhar milho é muito giro e é claro que os gritinhos sempre que alguém tocava num "morcão" (nome que damos ao bicho do milho) ou caía eram sempre razão para risota - isso e a comichão terrível que a farinha do milho faz, tanto na pele como no nariz e pela garganta abaixo.

Outra coisa que chegamos a fazer um par de vezes foi a matança do porco - isto já requeria mais trabalho e experiência, pelo que era um fim-de-semana inteiro nisto. O primeiro dia era para matar (calma, não havia aqueles urros horríveis, já nessa altura se punha o porco inconsciente antes de se abater), queimar, esventrar e essas coisas horrendas e só no segundo é que ia lá o talhante, bem pela fresca, cortar e dividir a carne para todos os que quisessem. E, claro, depois comer - o almoço era carne bem fresquinha, com direito a papas de sarrabulho a acompanhar. Também era giro, mas acabamos por não fazer mais - primeiro porque a carne tinha um paladar muito forte (os porcos caseiros têm um sabor muito diferente daqueles que compramos nos supermercados), depois porque o ritual de tudo aquilo é, para além de macabro, bastante demorado e, por fim, porque quem cuidava dos porcos acabava por se afeiçoar e era todo um problema quando chegava o derradeiro dia. 

Hoje em dia, por falta de tempo, vontade ou dificuldade de reunião, este tipo de junções são cada vez menos vulgares - e eu tenho imensa pena, porque era dos eventos familiares que me davam mais gozo. Não era só comida e bebida mas também o trabalho conjunto com vista a um fim. Mas aquilo que eu gostava mesmo, mesmo mesmo para completar a panóplia de tarefas rurais era fazer uma vindima - nós temos algumas vinhas aqui em casa, mas são pouquinhas e para consumo próprio (nem sequer convém apanhar tudo de uma vez porque não damos vazão), por isso nunca seria uma vindima a sério. Resta esperar que alguém compre uma quintinha no Douro para pôr estas mãos a trabalhar...

 

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[primeira desfolhada, há 11 anos - eu de chapéu verde] 

23
Jun15

Bom S. João!

Depois de, no ano passado, ter passado o S. João mais triste da minha vida - sem festa, com chuva e praticamente sozinha -, este ano voltamos à animação habitual. Embora o tempo não esteja excelente, não vai ser por isso que a festa não se vai fazer.

Cá em casa esperam-se cerca de quarenta pessoas e já há sardinhas, carne, balões e martelos com fartura. Tudo pronto para a festa mais animada do ano. =)

A todos os que o festejam... Bom S. João!

 

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30
Dez14

Azul-bebé para o ano novo

A culpa foi da minha irmã. Há três anos atrás lembrou-se de me oferecer, numa caixinha de lata toda gira, umas cuecas azul-bebé. Disse que dava boa sorte para o ano que vinha, que tinha de as usar na passagem de ano e que tinham de ser sempre novas, a estrear, a cada ano que passasse. E eu assim fiz.

Não sou nada supersticiosa, mas sou uma rapariga de tradições e hábitos. Usei pela primeira vez porque achei piada, mas continuei a usar para não quebrar a tradição. A partir daquela prenda passei a comprar sempre roupa interior azul-bebé para a viragem do ano, mas vejo-me sempre enrascada e compro sempre à última da hora - ou porque não gosto de nada, ou porque não encontro (ou as lojas fazem poucas peças desta cor ou há muita gente com a mesma mania que eu), ou porque, simplesmente, não tenho tempo.

Hoje fui rapidamente à baixa, já em desespero de causa e quase pronta para abdicar desta minha superstição - mas, num rasgo de sorte, passei pela Oysho e lá estavam elas, numa caixa bem escondidas, aquele último par, à minha espera! Um alívio! A parte má destas coisas das tradições é que, mesmo achando que a parte da sorte é uma valente treta, ficamos sempre a matutar naquilo - e se acontece algo de mal, lá nos vêm as cuecas à cabeça: "se calhar se tivesses usado e acreditado isto não acontecia!".

Manias! Pelo menos para 2015 já estou safa. Só espero é que funcione - as de 2014 não tiveram lá muito resultado.

02
Jul14

Pão com chouriço mais barato na altura da engorda? Que mimo!

Toda esta história da descida do IVA nos pães com sementes, chouriço e coisas que tais deixou-me deveras satisfeita. Isto porquê?  Porque parece que adivinham, e veio mesmo na alturinha certa.

Esta é a altura do ano em que eu enfardo mais pães com chouriço. São o meu lanche, o meu jantar, a minha seia, ou basicamente o que calhar. Dizer que adoro aquele pãozinho, que me enche de farinha até ao couro cabeludo e que fica meio cru no meio é dizer pouco. Mas a verdade é que desembolsar dois euros e meio, várias vezes, durante mais de uma semana para degustar esta perdição não fica propriamente barato, portanto esta notícia veio mesmo a calhar, a tempo das festas da cidade (e já com vista à feira medieval, que daqui a nada está aí e que também tem uns pãezinhos de babar).

Já que estamos numa de baixar impostos, apontem também aí nas farturas e nos crepes com nutela, que são o que, depois dos pães com chouriço,  mais me empobrecem os  bolsos (e mais me acrescentam nas ancas). Obrigadinha. 

23
Jun14

Dia triste

Em dezanove anos, conto 18 São João's. Hoje seria o 19º. Claro que não me lembro das festas em bebé, mas lembro-me bem das festas aqui em casa; suponho que, desde que nos mudamos para aqui, há 16 anos, nunca deixamos passar esta data. E, por alguma razão, ao longo dos anos esta foi-se tornando a minha festa favorita. As sardinhas, a boa companhia, os foguetes, os balões, a tradição de ir para a piscina quando tocava a meia-noite sem os pais saberem.

Eram as únicas festas em que os amigos dos meus irmãos vinham em peso, traziam as guitarras, a boa disposição e bebidas alcoólicas a mais como "multa". Já lá vai o tempo em que a lista de "multas" era extensa e bem preparada, porque ter 50 pessoas em casa é algo que já exige uma boa organização. As luzes coloridas por cima das nossas cabeças, os enfeites, as grinaldas, os manjericos, a hora em que chegavam os doces e que os miúdos paravam tudo para darem de comer à gula. Enfim, o tempo passa. Agora os miúdos são os meus sobrinhos e não nós, os meus irmãos nem sempre vêem, e muito menos os amigos deles; também já não há luzes coloridas, apenas enfeites e grinaldas de papel que, por esta hora, estaria a colocar, porque é uma tarefa que sempre me compete.

Apesar de, ao longo dos anos, esta época festiva me ir entristecendo cada vez mais - pela falta gradual de pessoal, pela falta de alegria, de música, dança, bons vivãs e disposição - faz-me sempre bem celebra-la. É um dos dias mais longos do ano, é um dia alegre, o início do verão.

Mas hoje não há S. João. O S. Pedro, ao atirar-nos com previsões chuva para cima assim o ditou - e, verdade seja dita, a disposição para fazer uma festarola cá em casa também não é das melhores. Está tudo cansado, ou com dores, eu com exames, também cansada e sem tempo para grandes festas. E resultou nisto: uma casa vazia e sem movimento no que, nos anos atrás e por esta hora, já era uma confusão generalizada - as pessoas só chegam ao fim da tarde mas o começo da festa, para quem cá mora, começa sempre cedo e envolve muito trabalho braçal à mistura.

Não hoje. Não vou ao Porto, com 99% de certezas - será um dia como os outros, fechada em casa, com o barulho de fundo do meu computador e os papéis à frente, enquanto - mesmo com chuva - milhares de pessoas vão andar a martelar a cabeça de outras, beber cervejas, comer sardinhas e ver os 16 minutos de pirotecnia esperados à meia-noite na câmara municipal do Porto. Caraças, hoje é um dia triste para mim.

 

 

[23 Junho 2013]

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