Eu já escrevi um post sobre isto - não sei há quanto tempo nem onde o escrevi, mas sei que já o fiz. O que, como estão a ver, não me impede de escrever sobre a mesma temática.
Escrever é uma das melhores coisas do mundo, para mim; e eu adoro ler, gosto da minha língua e gosto que, em tempo de aulas, me dêem a oportunidade de conhecer novos autores, aprender a escrever bem e a falar em público. Aprecio, em geral, aulas de português: mas há uma coisa que me irrita solenemente - a análise de poemas.
Não que não goste de poesia, não que não perceba os poemas - mas sim pela forma como são dados. A poesia é algo relativo e não analítico, e irrita-me profundamente que a interpretem de um só modo. Ninguém está na cabeça do autor e ninguém pode afirmar que aquela metáfora significa isto e aquela comparação aquilo; desde que siga uma linha condutora e não caia no ridículo, ninguém me pode dizer que a minha interpretação do poema está errada!
E, para além do mais, chateio-me com a sobreanálise das coisas: não sei bem porquê, mas acho que não devemos pensar demasiado naquilo que está escrito na poesia. É algo que interpretamos interiormente e que digerimos ao longo do tempo, mas que não temos de estar a olhar verso a verso para entender. É algo que se saboreia e desfruta, não algo que se engole só para não provar o sabor.
É por isto que, hoje em dia, vejo a maioria das pessoas a detestar poesia, a não perceber poesia e, acima de tudo, a descartar o mais rapidamente possível um dos nossos melhores escritores de sempre (que é Fernando Pessoa, obviamente). Eu própria começo a sentir uma aversão à análise dos seus poemas, tais as dores de cabeças que me dão e os meus desentendimentos interiores entre as minhas interpretações e as interpretações do livro/professora. Estou a tentar superar a coisa da forma mais leve possível.