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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

06
Jun18

Já tenho férias marcadas... e vou sozinha!

Decidi que vou passar férias sozinha. Foi rápido: lembrei-me do destino, encontrei um pacote apetecível e marquei. Não perguntei a ninguém se queria vir comigo e fi-lo de forma consciente, por duas razões: a primeira é porque já sabia as respostas que ia obter se perguntasse, a segunda é porque sempre quis viajar sem ninguém ao lado.

Há uns dias lia o blog da Beatriz, que foi sozinha até à Escócia (também hei-de ir!), e ela dizia lá uma coisa de que eu gostei muito, a propósito de viajar sem companhia: "Este silêncio, que só se quebra com o ruído dos locais, dos turistas, dos guias e das colegas de quarto, é um descanso. Adoro estar assim, principalmente porque sei que tenho o oposto em Portugal. Só daria valor a um e a outro cenário, tendo os dois. É o caso." Felizmente, também é o meu. Na verdade, esta frase aplica-se, para mim, não só nas viagens como no resto da vida. Eu sou das pessoas que conheço que mais gosta de estar sozinha - mas isso acontece porque sei que chego a casa e, se quiser, tenho o "colo" dos meus pais ou os meus irmãos a uma chamada de distância. Acho que só é bom estarmos sozinhos quando sabemos que também temos o outro lado da moeda - o que, pensando bem, até é um tanto ao quanto egoísta. A solidão completa é assustadora.

Mas voltando à viagem: é sabido que eu não tenho muitos amigos. Aliás, talvez seja melhor retificar: tenho mesmo muito poucos amigos. E a verdade é que os que tenho não estão na mesma "página" que eu. No que a companhias diz respeito é muitas vezes a família que me safa: para ir a concertos, a festivais, a viagens, às compras ou simplesmente dar um passeio. Sempre achei - e continuo a pensar o mesmo - que uma das maiores dificuldades nisto de arranjar alguém (seja esse alguém um namorado ou um amigo) que combine mesmo connosco é precisamente essa estar na mesma situação que nós, a todos os níveis (financeiros, familiares, sociais...); as coisas funcionam se isso não acontecer (senão, o mundo estava perdido!), mas vão sempre existir entraves. E eu tenho a plena consciência de que é muito difícil alguém estar nas condições em que eu estou neste momento. Neste verão eu devo ter um coisa que é rara: tempo. Para além disso, tenho dinheiro no bolso. E, acima de tudo, não tenho amarras: não tenho namorado, não tenho filhos, não tenho pais que precisem de mim a tempo inteiro, não tenho um trabalho que me exija uma presença permanente, não tenho eventos para ir, não tenho nada marcado. Tenho um freepass e quero aproveita-lo. E sei que mais ninguém à minha volta tem todas estas condições reunidas. Ora porque as amigas têm namorados, ora porque os meus irmãos têm filhos, ora porque todos os outros têm trabalho ou preferem aplicar o seu dinheiro noutra coisa qualquer. E eu percebo e respeito isso. Só não posso é deixar escapar esta oportunidade. Porque, como cheguei à conclusão aqui, acho que já chega de esperar pelos outros. Sinceramente, acho que já chega de esperar por alguém que eu acho que não vai chegar.

Não marquei esta viagem por querer estar sozinha, por querer fazer uma auto-descoberta ou qualquer uma dessas coisas meias-espirituais com as quais não me identifico. Foi uma questão prática: vi, quis e marquei. E que bom que foi, não ter de esperar pelos outros; não ter de me adequar aos gostos e opiniões alheias; não ficar em stand-by à espera de autorizações, de consultas de budgets ou impasses. Que bom que foi, querer algo e fazer. E eu sei que sou muito egoísta nesta minha forma de ser, de estar, de pensar. Mas acho que esta vai ser a única forma de eu fazer alguma coisa na vida - ou de, pelo menos, não me irritar tanto no processo.

E ainda que eu não esta não seja, como disse acima, uma viagem de auto-descoberta, acho que vai ser uma boa prova para eu ver como me safo, realmente, sozinha. As expectativas estão altas. E, caraças, estou a contar os dias! Tem tudo para ser incrível.

 

29
Ago17

Meu querido mês de Agosto

Este Agosto foi estranho e muito atípico para mim que, pela primeira vez na vida, tive de fazer alguma coisa durante um mês onde sempre tive férias. Foi estranho, confuso, mas bom, até porque percebi as maravilhas de trabalhar enquanto tudo está de férias.

Trabalhar em Agosto é não apanhar trânsito na comum hora de ponta, mesmo nas piores estradas; é ter lugar à porta do prédio onde trabalhas e ainda escolher qual a melhor sombra; é não receber vinte emails por hora, mas receber de volta muitas mensagens com o assunto “Férias / Vacations / Vacances”; é teres silêncio no escritório porque está tudo de férias; é ter metade das coisas para fazer e deixar a vida correr.

Mas trabalhar em Agosto, principalmente quando tens 22 anos e os teus amigos ainda estudam, é ver o pessoal todo de papo para o ar enquanto tu tens de ir para o escritório; é ter muito sono quando vamos tomar café a um dia da semana e começar a olhar para o relógio quando batem as 23h; é ver as agendas deles vazias, prontas para umas férias improvisadas, e tu teres de fazer contas à vida; é acordar para ir trabalhar, ver os instastories, e perceber que a maioria das pessoas que segues está, àquela mesma hora, a sair do Lick ou do Bliss, algures em Vilamoura. Mas tudo isto só seria mau se eu fizesse muitas destas coisas nos meus tempos de estudante – e não fazia.

Tudo o que queria fazer este mês, fiz – com mais ou menos stress, adiantando mais ou menos trabalho, a correr ou devagarinho, com mais ou menos tempo do que queria… fiz tudo. Provei o sabor a férias enquanto trabalhava, num mês de Agosto sossegado – e descobri que a cidade é maravilhosa de se viver nestes meses onde todos se retiram para outros pontos do país e do mundo.

Ontem, quando cheguei ao trabalho, já não tinha os lugares de estacionamento todos só para mim e soube que, apesar de Agosto ainda não ter chegado ao fim no calendário, já se finou. Acabou a calma, começa a vida, a agitação, a correria do costume. E a mim está a custar-me a acordar desta calmia, desta desorganização organizada, deste arrastar bom, deste misto de trabalho com cheiro a férias – ainda que mais dos outros do que minhas.

Meu querido mês de Agosto… não sabia o quanto eras bom. Até para o ano.

 

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(Gerês, Agosto 2017)

11
Jul17

Vou mesmo de férias ou isto é um sonho?

É difícil acreditar que vou mesmo de férias. Sim, já tinha ido para o Algarve há três semanas, mas levei o computador comigo e estava sempre com aquele medo de receber uma chamada urgente e de ter de pôr as mãos na massa; passava a vida a fazer refresh no email, algo que quase se tornou um vício no último ano, porque é aí que vejo tudo o que tenho por fazer, consoante o que me vai caindo durante o dia.

Mas agora vou sem computador e sem grandes margens para pensar noutra coisa senão viver, conhecer, viajar, escrever e tirar fotos. Vou ser obrigada, durante duas semanas, a cortar o cordão umbilical com o trabalho e a viver sem aquele stress dos emails, dos textos por entregar e dos alertas do Google a trazerem-me coisas para escrever. Vai ser estranho, mas tão bom ao mesmo tempo.

O blog vai continuar ativo, até porque agora que o roaming deixou de existir é mais fácil dar notícias sem nos sentirmos roubados. Comprei, inclusivamente, um cartão com dados para poder utilizar enquanto o barco estiver aportado, de forma a utilizar o menos possível a internet do navio (que é um absoluto balúrdio).

Fiz um esforço para, nos últimos dias, escrever sobre muitos dos temas que queria ter escrito ao longo dos últimos meses e que, por falta de tempo, não tinha conseguido escrever. Vou intercalando esses textos com aqueles que vou escrevendo em viagem, por isso podem continuar a passar, que eu vou dando notícias. Relativamente aos diários de bordo, só os escreverei quando estiver em terra, para poder ter tudo mais esquematizado, as ideias todas no sítio e as fotos já seleccionadas e direitinhas, para fazer dos relatos deste ano tão bons como os do ano passado no Báltico (e não são poucas as vezes em que os releio, para matar saudades).

Para além do blog, podem acompanhar-me no meu instagram (@carolinagongui), onde postarei fotos mais imediatamente, de forma a provocar inveja alheia a todos os meus seguidores. Vemo-nos por lá e por aqui!

27
Jun17

O meu primeiro ano sem férias grandes

Ir de férias é óptimo. Aquilo que ninguém nos diz é o trabalhão que dá ir laurear a pevide - e não, não falo de escolher destinos, marcar viagens e hotéis; falo de tudo o que se tem de deixar pronto antes de ir passar uns dias longe do trabalho. Ah, e também o que custa voltar: mesmo que a vontade de voltar exista, sentimo-nos a arrastarmo-nos pelos corredores, cheios de sono, com saudades dos nossos livros e dos pés na areia - e trememos só de pensar no trilião de emails que temos por ler. Mas pronto, já passou, já é terça-feira e a rotina está a invadir-me outra vez - até daqui a quinze dias, em que me estrearei em Itália.

Mas continuando: eu estava cheia de medo de não me conseguir desligar do mundo do trabalho enquanto estivesse de férias. Trabalhei durante dez meses seguidos e o trabalho é, em grande parte, a minha vida; são preocupações e stresses que já estão entranhados em mim e que me movem, uma vez que não tenho muitas mais forças motoras na minha vida. Estar sem internet e com pouquíssima rede ajudou a que me desligasse do mundo laboral, mas sempre que ia ao email e não me caía nada quase que ficava desiludida - passo a vida com "pim"'s, com emails sempre a chegar e só agora percebi que também faço disso uma companhia. E sim, confesso uma coisa: é estranho ver as coisas funcionarem sem nós estarmos lá dentro; percebermos que coisas que nós criamos ou ajudamos a criar rolam sem nós, aparentemente sem grandes sobressaltos. No fundo, entendermos que somos substituíveis. Ninguém é igual a ninguém, é um facto, mas as coisas fazem-se: e eu tenho um medo incrível de um dia ir ao mar e perder o lugar. Sou muito pouco confiante em tudo o que faço e acho que devido também a feridas antigas estou sempre à espera que me passem a perna, que me digam "olha, já não podes entrar no nosso grupo, já está cheio..." (oh, como eu ouvi isto tantas vezes). Mas enfim, sosseguei-me - na verdade, não tenho outro remédio.

A verdade é esta (e eu sei que é estranha): cheguei ao fim das férias já com vontade de trabalhar. Adoro sopas e descanso e, como já toda a gente está farta de saber, amo o Algarve. Mas acaba por ser a trabalhar que convivo com as pessoas, que guio os meus dias, que lhes dou algum significado - e numa semana sem nada para fazer já estava a fazer com que perdesse o rumo. Quando falo com amigos que ainda estão na faculdade e entraram agora em época de férias - 3 meses, hoje em dia, parece-me ainda mais tempo! - o primeiro pensamento que tenho é "que sorte!". E depois abano-me, olho para mim mesma e percebo que a única coisa boa no dessas férias grandes é a possibilidade: o ter tempo para tudo, não ter de fazer contas às semanas, ter mais de 90 dias para fazer tudo o que se quiser.

Mas isso só importa quando, de facto, aproveitamos os dias: e eu nunca o fiz; a possibilidade ficava sozinha, assim como eu. Ainda no outro dia me cruzei com um post antigo, nos arquivos aqui do blog, onde no fim de Junho me queixava dos meses entediantes e solitários que tinha pela frente; por isso, sempre que penso "que sorte" relativamente aqueles que ainda têm férias grandes... repenso e vejo que gosto muito mais das coisas como elas estão agora. Porque a verdade é que agora conto os dias: mas também os faço valer a pena. Planeio-os com cuidado, anseio por eles, penso e repenso a melhor forma de os aproveitar ao máximo... e não me deambulo por aí, meio deprimida, sem saber o que fazer da vida.

A única coisa que me falta é mesmo o mar de possibilidades. Não ter de chatear os meus amigos porque tenho de marcar férias... ter apenas de ir. Mas de possibilidades, tal como as boas intenções, está o inferno cheio. E eu quero coisas concretas, quero planos, quero dias cheios - porque caso contrário, é a cabeça que se enche de coisas más, como aconteceu em todos os verões antes deste. Por isso, mesmo que Agosto vá ser passado a trabalhar, mesmo que não tenha três meses pela frente, sei que este ano vai ser melhor.

25
Fev17

Uma semana de verão enganador

Esta semana foi divinal no que à meteorologia diz respeito. Parecia verão. Tirei a barriga de misérias e, sempre que pude, pus-me a fazer a fotossíntese - e é quase impossível descrever por palavras o quão bem é que isto me soube e quão bem, efetivamente, me fez.

O mais engraçado é que esta semana de bom tempo fez com que, na minha cabeça, parecesse que o verão estava aí ao virar da esquina. A certa altura pensei para os meus botões "ah, o Senhor de Matosinhos deve estar mesmo aí à porta!". Só que não. O senhor de Matosinhos - uma das maiores festas populares aqui nas redondezas - é entre Maio e Junho... ou seja, ainda falta um par de meses para lá chegarmos. 

Num dos outros dias, depois de jantar, abri a porta para sacudir a toalha e cheirou-me a sardinhas assadas. Para mim, churrascos de sardinhas assadas e febras são o típico sinal de que o verão chegou - adoro receber gente aqui em casa, ir à lota buscar peixe ou ao Continente comprar carne, e ficarmos lá fora pela noite dentro, sem que o frio nos enregele a espinha. Mas enfim: também era psicológico. Ainda não há sardinhas para assar e o nosso barbecue já não se liga há mais de meio ano, por isso foi só uma mera ilusão olfativa.

Outro dos sintomas é que, pela primeira vez desde que trabalho, apeteceu-me ter férias. Pegar na tenda e ir para o Alentejo e para o Algarve. Já ando aqui a magicar para onde quero ir, o que vou ter de comprar, as coisas que tenho de marcar. Apetece-me muito o mar, o sol e a praia do sul. 

Acho que para a semana volta o Inverno, com a sua chuva típica. É a vida. Esta semaninha de verão enganador já foi suficiente para subir o espírito e dar fôlego para os tempos mais frios que ainda temos pela frente, mas já deixou água na boca para os meses quentes que hão-de vir. Pela primeira vez na vida não vou ter dois ou três meses de férias para gozar; a parte boa é que, tendo menos dias de férias, tenho a certeza que não vou desperdiçar nenhum deles e planeio-o vive-los ao máximo, aperta-los até ficarem sem sumo, tirar tudo o que me tiverem para dar. Até lá, vou trabalhando, que esta vida não se faz (só) de sonhos.

04
Set16

3 dias no Gerês

Depois de sair de Penacova e voltar a casa, nem tive grande oportunidade de tirar as coisas das malas. No fundo, fiz só uma "reciclagem" daquilo que precisava de levar no dia seguinte e dormi na minha cama, da qual já estava a morrer de saudades. Combinei, super em cima do joelho, uma ida de três dias ao Gerês com as minhas amigas - eram os únicos dias que tinha livres até começar a trabalhar (depois acabei por não começar na quinta-feira, ficou adiado para a semana) e cheguei várias vezes a pensar em cancelar estes planos: no dia seguinte ao fim de férias ia trabalhar, tinha um trabalho por fazer e coisas para estudar para o meu último exame da faculdade, pelo que seria tudo feito com temporizador e já muito à rasca. Acabei por arriscar e, felizmente, o universo conspirou a meu favor e deu-me mais dois dias de férias para organizar a minha vida.

Decidimos ir para o Parque Cerdeira, em Campo do Gerês. A escolha foi super acertada, adoramos! É um parque de campismo a sério, grande, com imensas infraestruturas (campo de futebol, piscina, várias casas de banho, sala de jogos, mini-mercado, muitas atividades); tem também imensas árvores e muito espaço para tendas, não há forma de nos sentirmos apertados. Para além do mais, a nível geográfico, está perto de tudo, o que é a cereja no topo do bolo.

Mesmo o parque sendo maravilhoso, o que nós queríamos mesmo era explorar o Gerês. No primeiro dia, já a meio da tarde e depois de montarmos a tenda, fomos a uma das praias fluviais que lá há, na barragem de Vilarinho das Furnas. A praia era linda, super calma (estávamos cerca de 10 pessoas) e a água muito limpa e clarinha. O caminho para lá chegar não é difícil - implica uma descida grande, no início em pedras e depois em monte, mas faz-se relativamente bem. Acima de tudo, vale imenso a pena pela paisagem, pela calma e pela água. É uma daquelas visões indescritíveis de tão belas; as palavras não chegam, as fotografias não são fidedignas o suficiente. É de tirar a respiração e uma pessoa só quer poder ficar mais um minuto para poder desfrutar daquelas vistas.

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

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Baía da barragem de Vilarinho das Furnas

 

O dia seguinte foi dedicado a alguma caminhada e às cascatas. Fomos pelo caminho romano até à Portela do Homem, onde passamos parte da manhã. Descer até à água, para mim, não foi fácil - sou muito naba no que a estas atividades "radicais" diz respeito e imagino-me sempre com menos dois dentes, a cabeça rachada e uma perna partida só de ver aquele amontoado de rochas. Tive medo e fui sempre com mil cuidados, muitas vezes com as duas mãos e pés nos chão, para ter o máximo de equilíbrio possível - ou isso, ou ia mesmo de rabo. 

A Portela do Homem é bonita mas, nesta altura do ano, não é aquela cascata que vemos nas fotografias: por um lado, tem muito menos água; por outro, tem muito mais pessoas. É difícil tirar uma fotografia sem um emplastro atrás. Ainda assim, vale a pena a visita. A água é geladíssima, mas é linda, linda, linda - e faz com que os cabelos fiquem mais macios do que com quilos de amaciador! Na minha opinião, este é um sítio para visitar, tomar um banho, tirar umas fotografias e ir embora - não há muito espaço para circular, há sempre pessoas à volta, tem de se ter sempre mil e um cuidados para dar um passo e o calor das pedras consegue ser infernal. Uma coisa que a mim me perturbou particularmente foram as pessoas a saltar: a lagoa é baixinha e havia pessoas a darem saltos de 4 ou 5 metros, muitas vezes com rochas salientes pelo caminho. Eu não digo nada, mas fico com o coração na boca - e sei que as pessoas que morrem todos os anos nestes sítios devem-no a maluquices mal calculadas deste género.

 

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Portela do Homem

 

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Portela do Homem

 

 

Depois da Portela do Homem fomos até lá cima, à Cascata do Arado. Estava super seca, a cascata limitava-se a um fio de água e esta era muito menos límpida, muito provavelmente por não circular. O caminho até lá foi mais difícil e longo do que para a Portela do Homem, por isso não achei que valesse muito a pena. Em alturas de mais chuva deve ser linda, porque o "caminho" da água é bastante maior, mas nesta altura não se revela nada de especial. Faltou-nos a cascata do Thaiti, mas decidimos não arriscar: segundo dizem, é a mais perigosa de todas e já nenhuma de nós estava virada para mais riscos. Eu confesso que, apesar de ter gostado muito das vistas, respirei de alívio.

 

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Cascata do Arado

 

Nesse dia passamos ainda pela Vila do Gerês e depois voltamos para Campo por um caminho lindíssimo, que repetimos no dia seguinte por termos gostado tanto dele.

O último dia foi um bocadinho diferente: de manhã decidimos fazer uma das atividades do parque, a que chamam "Parque Aventura". No fundo, consiste em algumas atividades que eles lá têm, que incluem arvorismo, slide e escalada. Tudo em ponto pequeno, mas o suficiente para pôr a adrenalina do nosso corpo a circular - em  mim, pelo menos, teve esse efeito! O monitor era incrível, super simpático e engraçado, o que tornou a experiência ainda mais gira. Se forem a esta parque, aconselho muito!

Estas férias foram muito importantes para mim no sentido de superação de barreiras e obstáculos. Sempre fui a menina totó, dos livros, que detestava educação física; aquela que caiu de cara na primeira aula do 7º ano e ficou com um olho negro, a que não consegue fazer a roda, a mais gordinha e menos atlética das amigas. E aqui consegui fazer tudo a que me propus: subi e desci pedras terríveis, andei em cima de fios de uma árvore para a outra, fiz escalada, atirei-me num slide duas vezes (mesmo tendo detestado a primeira!). Limitei-me a não pensar muito e tentar, pelo menos uma vez na vida, e soube tão bem ver que conseguia! Foi óptimo para o meu ego, para a minha confiança e auto-estima.

 Depois das aventuras, desmanchamos a tenda e metemos tudo dentro do carro (outra aventura, portanto) e fomos dar uns passeios de carro, pelos vários miradouros. Ainda tentamos ir ver a vila de Vilarinho das Furnas, que está há muitos anos debaixo de água, mas acabamos por desistir por ainda termos de fazer uns quilómetros a pé. Como já disse, voltamos a fazer a tal estrada lindíssima entre a Vila do Gerês e Campo e parámos várias vezes para tirar fotos e apreciar as vistas. Pelo caminho passamos, claro, por vacas, bois e cabras - algo tão simples como maravilhoso.

A última paragem foi no miradouro da Pedra Bela, com uma vista linda e super completa do Gerês. Há lugar para o carro e sítios próprios para tirar fotos e até para fazer picnics, por isso é óptimo para uma paragem mais prolongada. Depois disso, engolimos as saudades que já apertavam e viemos embora. Eu, pelo menos, vim com a certeza de que quero voltar. O Gerês é aqui tão perto e é das coisas mais incríveis que este país tem.

 

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Caminho Vila do Gerês - Campo

 

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 Caminho Vila do Gerês - Campo

 

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Miradouro da Pedra Bela

 

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 Miradouro no caminho Vila do Gerês - Campo. Para mim o mais bonito de todos.

 

02
Set16

Segundo campismo de família em Penacova

A primeira vez que fiz campismo foi o ano passado, com toda a minha família, numa maluqueira que quis que se tornasse num ritual anual. Fomos para o Lima Escape durante dois dias - apenas uma noite - e a experiência correu super bem. Foi muito cansativo, foi uma logística muito complicada, mas valeu super a pena - soube apenas a pouco, ficamos quase com a sensação de que montamos e desmontamos as tendas ao mesmo tempo.

Por isso, este ano, decidi propor um alargamento dos dias do campismo de família - em vez de dois dias, ficaríamos três, e tínhamos um dia inteiro para desfrutar da companhia uns dos outros. Era algo que já estava a ser estudado há vários meses, pensamos em vários lugares, e acabamos por optar ir para o Parque de Campismo Municipal de Penacova. Primeiro porque era a pouco mais de um hora de carro e segundo porque tinha uma praia fluvial a um quilómetro; foi um golpe arriscado, porque não há praticamente informação nenhuma no Google sobre este parque. Pior: o Google só dá a informação de um parque quando, na verdade, há dois - ou seja, as fotos e os comentários de utilizadores centram-se só num parque (o da Federação e não o Municipal), pelo que nunca se sabe bem de que parque estamos a ver fotos ou reviews.

A ideia era ir sem expectativas e esperar ter sorte. Quando lá chegamos deparamo-nos com um parque muito pequenino e vazio e a reação não foi a melhor. Este não é um parque de campismo como o Lima Escape, cheio de vegetação e que transpira "natura". No entanto, acabou por se revelar óptimo para nós - pudemos ocupar o espaço que quisemos, fazer barulho à noite (tenho músicos na família, é inevitável haver baile e concertos pela noite dentro) e, a parte melhor, tínhamos um salão (que devia ser um antigo café) com cozinha, onde pudemos comer todos juntos, sentados e fazer toda a comida com maior conforto. Era uma das nossas maiores preocupações: levamos campingaz suficientes para tudo, mas não ia ser tarefa fácil fazer comida para trinta pessoas em pequenas bocas de gás e tachos gigantes. O facto de ter cozinha, frigorífico e arca congeladora (algo que não costuma haver em parques de campismo) foi uma ajuda incrível.

Os tempos livres e fora das refeições foram passados na praia do Reconquinho, como todos queríamos. Apesar de ter uma areia pedras terrível, fazia um calor abrasador e os serviços disponibilizados na praia eram de fazer cair o queixo. Aliás, foi assim que todos ficamos quando percebemos que todas as atividades que lá tinham eram grátis. Podia-se atravessar o rio por um slide, andar de kayak, utilizar uma série de bóias e insufláveis que estavam sobre a água, usar guarda-sóis e cadeiras de sol: tudo completamente grátis! Até uma papelaria/livraria tinha, para se "alugar" o jornal do dia. Ficamos incrédulos e quase que desconfiados. Passamos a vida a dizer que "ninguém dá nada a ninguém" e a verdade é que já nem estamos habituados a não pagar por um bem ou serviço, por mais simples que seja. Podia ir-se a banhos, mas a água do Mondego é absolutamente gelada. Eu, que já fui de certeza peixe noutra vida, fui na mesma e a temperatura não impediu que eu passasse a vida a atirar-me à água, de uma ponte que lá havia. O choque térmico era tão grande que o corpo parava e os pulmões ardiam e gritavam por ar - mas depois a sensação era avassaladora. Nadar no rio é maravilhoso.

De resto, o convívio foi incrível. Não é fácil juntar uma família de mais de 30 pessoas e faze-las estar em consonância; não é fácil juntar 13 tendas num sítio, alinhavar jantares e multas, meter toda a gente dentro de carros e arranjar boleias, conseguir meter todas as tralhas dentro das bagagens sem nos esquecermos de nada. É preciso organização, é preciso ser muito chata, é preciso as pessoas quererem e alinharem. Aliás, sinto que depois disto já tenho uma espécie de pós-graduação em gestão de eventos! Mas com uma carga valente de paciência e boa vontade tudo se faz - e acho que ter uma família unida compensa todo o trabalho. Conheço muito poucas famílias como a minha, em que os laços vão para além da grande diversidade de opiniões e estilos de vida que existem entre nós. Já há muitos anos que alguns velhos do restelo vêm dizendo que estes encontros vão eventualmente acabar, que com o aumento da família começa a tornar-se insustentável. Talvez sim. Mas não será antes de eu me cansar de tentar. 

 

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Rio Mondego (a ponte atrás)

 

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Algumas das bóias que havia na praia. [Foto da minha prima]

 

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A minha sobrinha a fazer bolas de sabão. A minha foto preferida. 

 

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Não tenho por hábito partilhar aqui fotos com outras pessoas, mas penso que neste caso faz todo o sentido e acho que a minha família não se importa. Aqui, somos 32 - faltam 7 para a família estar completa mas que, por vários motivos, não puderam vir. Acreditem ou não, olho para esta foto e penso "não somos assim tantos...".

Por também ser a fotografa de serviço, esta é a única foto que tenho no campismo em si. 

 

01
Set16

É possível vir de férias mais cansada do que quando fomos?

É, porque eu estou toda partidinha. Mas partida num bom sentido, como quem vem do ginásio depois de um treino intensivo e já sente o corpo todo dorido, mas sabe que é para um bem maior. Eu estou dorida, cansada, pisada, com as pernas todas arranhadas e esfoladas, mas com aquela sensação maravilhosa de missão cumprida.

Consegui. Consegui ultrapassar os dias depressivos e iguais de todos os verões e tornar este, o meu último verão grande, o melhor de todos. Fui sentido isso à medida que ele ia passando, mas nunca o quis dizer em voz alta: não sou de superstições, mas tinha medo que, exteriorizando, o prego virasse e algo corresse mal (não seria a primeira vez). Mas hoje, 1 de Setembro, data não-oficial para o fim do verão mas o prazo que auto-defini para tornar estes meses memoráveis, posso dizer sem medos ou meias palavras que este foi o verão mais completo e feliz da minha vida. Não foi só porque aconteceu ou porque as oportunidades surgiram, mas também porque eu quis: disse que "sim", atirei receios para trás das costas e disse para mim mesma "é só uma vez na vida" e "são só precisos 20 segundos de coragem, Carolina". Quis que este fosse O verão.

Sinto que estou em viagem desde Maio: Londres. Algarve. Estocolmo. Helsínquia. São Petersburgo. Tallinn. Riga. Peso da Régua. Penacova. Gerês. Pelo meio tive o cortejo académico, o lançamento do novo Harry Potter na Lello, perdi um avião a vir de Londres, vi a Adele ao vivo, Portugal ganhou o europeu, maravilhei-me com as vistas do Báltico, consegui arranjar tempo para ir uma vez à feira medieval de Santa Maria da Feira, fui ao museu do FCPorto, tornei a andar de kayak, estive quase uma semana a acampar.

Acho que não podia pedir mais nada, pois não?

 

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03
Ago16

Há vida para além do telemóvel?

Mal depois da "aventura" na Lello (que é como quem diz no dia seguinte, quando já conseguia andar e pensar normalmente) meti-me no carro com uns amigos e seguimos para Peso da Régua, onde outra amiga tem uma casa e nos convidou a passar uns dias. Já não é a primeira vez: já há dois anos tinha vindo e decidimos repetir a dose.

As vistas continuam lindas, perfeitas para fotos, e o convívio também é óptimo. Mas aconteceu uma pequenita tragédia - o meu telemóvel, que já grita reforma há demasiado tempo, decidiu pifar. Ele já está a funcionar mal há muito tempo, mas eu tenho ignorado todos os sinais. Está lentíssimo (dêem-lhe uns três minutos só para abrir o facebook), às vezes encrava e não me deixa fazer mais nada durante o dia inteiro e desta vez deixou de carregar. O carregador é novo, por isso quase de certeza que foi a entrada que deixou de funcionar. Já na Rússia tinha dado o berro, achei que era de vez, mas entretanto ressuscitou. Nos dias antes de vir para cá já estava a ameaçar, mas não achei que fosse definitivo. Enganei-me.

Estou há dois dias sem telemóvel e só volto para o Porto no sábado, por isso ainda tenho pelo menos mais três dias em abstinência de comunicações móveis. Admito que já andei aí a bater com a cabeça nas paredes, mas a "febre" já está a acalmar. Estou numas férias pacíficas, onde tudo o que se faz é ler e apanhar sol, por isso a ausência do telemóvel é particularmente sentida - são as férias ideais para uma pessoa andar sempre a fazer pausas, atualizar os emails e o facebook, fazer o upload de uma foto no instagram, ver os posts dos seus blogs favoritos. Ou então coisas tão simples como ver as horas ou ter uma luz para conseguir ligar o ar condicionado a meio da noite. Está a ser duro, portanto.

Apercebi-me que uso o telemóvel por tudo e por nada, nem que seja para me abrirem aqui a porta de casa (porque só temos uma chave para os 6). Coisas simples mas que hoje em dia, em que toda a gente tem telemóvel no bolso, já nem sabemos bem como contornar. Tenho-me limitado a usar os telemóveis alheios para fazer chamadas para os meus pais e a utilização da net fica restrita ao computador (que, graças a deus, trouxe comigo!). Quanto às horas, agora estou atenta aos sinos da igreja e o problema fica resolvido. 

Não está a ser agradável, mas é um "abre olhos" sobre a nossa dependência em relação aos smartphones. Os textos aqui no blog também se ressentem, assim como fotos no instagram e chamadas e SMS's com o mundo, mas é a vida. Há que sobreviver. No sábado já planeio ir à MEO mais próxima comprar um telemóvel e deixar a abstinência para traz. Espero não dar em louca.

 

(devo comprar um iPhone SE de 64gb. opiniões e críticas são bem-vindas!)

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