Não se esqueçam de ir às urnas - até porque há alternativas
Não sou ninguém para pedir aos outros para ir votar. Não que tenha telhados de vidro - se a memória não me falha, não faltei a nenhumas eleições desde que sou maior de idade. Mas percebo o porquê dos outros não votarem. Percebo a descredibilização dos políticos e da política. Percebo a indignação. Percebo o descontentamento e a necessidade de o demonstrar de alguma forma. Percebo a sensação de não nos sentirmos representados. Até percebo a falta de credibilidade da própria democracia! Sinto tudo isso. E também sinto que está tudo tão mau que nem vale a pena tentar, que o meu tempo "perdido" entre filas de voto e trânsito nem sequer é bem empregue. Mas tenho ido - por teimosia e por saber que não encontro nada melhor do que uma democracia no cardápio dos sistemas políticos.
Uma das coisas que se ouve muito é o argumento de que "são sempre os mesmos que vão para lá". Também concordo. Mas hoje decido fazer de advogada do diabo e contra-argumentar. Muito embora não possamos escolher quem encabeça os partidos (a menos que sejamos filiados), quem os forma, quem lhes dá a cara ou as ideias que transmitem, a culpa de serem sempre os mesmos a encabeçar as sondagens é nossa. Da sociedade em geral. Porque cada vez mais me apercebo que há pequenos movimentos que apresentam alternativas - nós é que não as ouvimos ou procuramos. Porque desistimos da política e não tomamos a iniciativa de ir procurar, de desbravar para além do que está na superfície. Porque não vemos mais do que os primeiros minutos dos telejornais, em que são sempre os mesmos que falam. Porque, como tudo na vida, os mais pequenos são os oprimidos e não têm voz.
Eu, penso que como a maioria do país, estou farta de muita coisa. Acima de tudo, estou cansada da corrupção e dos abusos de poder. E decidi ser ativa e procurar alternativas. Perdi tempo a ler as ideias, os ideias e as propostas dos partidos mais pequenos; entraram na minha lista mental nomes de novos políticos que não fazia ideia existirem, muito para além de Costa, Rio, Cristas, Martins ou Sousa. E a verdade é que são vários, para todos os gostos e pessoas; da direita à esquerda, dos radicais aos centralistas. Podemos não nos sentir 100% representados (alguma vez isso acontece?) mas, ao menos, tentamos uma alternativa àquilo de que dizemos mal diariamente. Acredito mesmo que é esse o caminho.
São dez da manhã e eu já fui votar. Votei num partido pequeno, na esperança de fazer a máquina mudar - e, de todas as eleições de que fiz parte, este é sem dúvida o voto que faço de consciência mais tranquila. E por aí, vão votar nos mesmos e ter o gosto de resmungar nos próximos quatro anos ou vão tentar mudar qualquer coisinha? Independentemente da vossa escolha, nos grandes ou pequenos, votem. Não se esqueçam.
P.S. Para quem ainda não decidiu, partilho dois links que podem ajudar - e que me ajudaram a consolidar a minha decisão. O primeiro é uma bússola política, que através de um pequeno quizz sobre vários tópicos um tanto ao quanto fraturantes da sociedade, acaba por nos ajudar a posicionar relativamente ao quadrante político em que melhor nos inserimos.
O segundo é um artigo do Público que, consoante as nossas características pessoais e os temas que mais nos importam, nos mostra as medidas que cada partido propõe nos segmentos que provavelmente mais nos importarão (justiça, ambiente, saúde, por exemplo).