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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

26
Set19

Eu quero viver fora da gaiola dourada

Desde que vi Narcos que gosto muito de ver documentários sobre narcotraficantes, as suas vidas e as inúmeras peripécias que passam (e que fazem os outros passar) para levar o negócio avante. Não faltam filmes e séries sobre o assunto - e como a televisão está quase sempre ligada no National Geographic ou no Odisseia, não é difícil ir deitando o olho em temas como este.

No outro dia estava a ver um documentário sobre o El Chapo e as suas inúmeras fugas. A certa altura mostram a casa segura em que ele vivia - um autêntico cubículo, com pouco mais do que aquilo que é necessário para viver (uma cama, mesa e cadeiras de plástico, uma mini-televisão) - e eu pensei: "para que raio é que um homem se preocupa em fazer milhões, ainda por cima ilicitamente, se depois tem de viver nestas condições?".

Para mim o dinheiro só faz sentido quando é para ser gasto - principalmente em coisas que nos fazem felizes. De que serve uma carteira recheada se estamos presos, se não somos livres dentro da nossa própria vida?

Poucos dias depois de ver o documentário, cruzei-me com um jogador do Porto num restaurante - a comer sozinho, com os auriculares nos ouvidos enquanto ouvia o resumo de uma partida qualquer de futebol. Só abriu a boca para fazer os pedidos. Tinha uma aliança no dedo - sinal de uma família dividida, que não vive com ele, e cujo fuso horário não ajuda à convivência. Nem um sorriso durante aquele par de horas. E eu voltei a perguntar-me: "para que servem aqueles milhões que eles ganham, a fama, os nomes nos jornais e as camisolas estampadas nas montras das lojas de desporto se depois vivem assim?". Ricos mas isolados do mundo.

Não é que isto seja uma coisa nova. Penso muitas vezes nesta questão de cada vez que vou a um popular restaurante, sempre a arrebentar pelas costuras, e vejo lá o patrão, a correr de um lado para o outro. "Isto é uma mina de ouro", comentamos. E deve ser. Mas muitas vezes não nos lembramos que as minas são, precisamente, locais fechados, onde nos encontramos encurralados e sem grande folga para respirar. Aquele homem pode ser alguém com os bolsos cheios, mas que trabalha de manhã à noite, com apenas uma folga semanal e com 15 dias de férias por ano. De que serve tanto dinheiro se não se pode ir jantar fora com a família - ou, tão simplesmente, jantar em casa com eles, sem o stress do trabalho? Se não se pode ir de férias a não ser na época mais popular do ano? Se nas datas especiais também tiveres de trabalhar? Para mim, serve de pouco.

O meu pai sempre me disse que, no que diz respeito ao trabalho (e mais propriamente aos negócios), o mais difícil é encontrar um equilíbrio. A gestão entre aquilo que ganhamos e a forma como usufruímos é muito, muito complicada. A quantidade de dinheiro que obtemos é normalmente proporcional ao trabalho que temos (e às responsabilidades que somos obrigados a acatar); chega uma altura em que o dinheiro é muito - até porque o tempo é tão pouco que as notas se vão acumulando, por falta de oportunidade para as gastar. Mas e usufruir? Qual é a razão principal para a qual trabalhamos? 

Costumo dizer que este tipo de vidas estão enjauladas numa gaiola dourada. É tudo muito bonito, tudo pintado a ouro: mas as pessoas não deixam de estar por detrás das grades, presas dentro das suas próprias vidas, trabalhos e decisões. E se há coisa que eu sei é que não quero isso para mim.

Quero muito o sucesso da minha empresa. Aliás, luto e anseio pelo meu próprio sucesso - e, admito-o sem problemas, gosto muito de ter dinheiro na carteira e de não ter preocupações de maior. Mas espero perceber quando (e se), um dia, passar por esta ténue linha. Entender que já não estou a lutar para uma melhor qualidade de vida mas, pelo contrário, a pôr um pé na minha própria prisão. Porque nem tudo o que é pintado a ouro é bom. E porque uma vida livre e desafogada pode valer mais do que muitos milhões juntos.

26
Set16

Uma compra memorável com o primeiro salário

Ahhhh, o primeiro salário - essa coisa tão marcante e mágica na vida de uma pessoa! Confesso que estou ansiosa por o ter na minha conta, não pelo dinheiro em si, mas pela carga simbólica que esta primeira transferência simboliza. A partir daquele momento podia, em teoria e se quisesse, ser independente. Acho que é um momento importante para qualquer um e é uma sensação tão ou mais aditiva do que qualquer droga que metamos para a veia - não precisar de pedir dinheiro aos pais, não estar à espera de uma mesada, receber o dinheiro que merecemos e para o qual trabalhamos arduamente durante um mês a fio. 

Há muita gente que, com o primeiro salário, compra qualquer coisa memorável para ter como recordação e para memória futura deste acontecimento chave. Eu acho piada a essa ideia de se materializar o primeiro dinheiro que recebemos em algo que gostemos muito e que nos fique para a vida (ou perto disso), por isso ando a pensar o quê que vou adquirir no início do mês como festejo da minha nova vida (e sim, o mês enquanto se trabalha demora mais a passar...).

Estou altamente dividida entre duas coisas que adoro de paixão, que uso todos os dias, mas que não tenho em diversidade. Ou compro uns óculos de sol ou um relógio. Por um lado, uns óculos de sol diferentes davam-me jeito, até porque os meus queridos e fofinhos do coração já estão usados e riscados até ao tutano; por outro lado, e mesmo por causa dessa durabilidade reduzida e até pelo facto de se perderem mais facilmente, talvez não seja a compra ideal para esta ocasião. Já um relógio é algo que já quero há muito e que é ótimo no sentido de durabilidade e para uma posterior recordação. Acho que se percebe, portanto, o lado para que estou mais inclinada - mas certezas só as vou ter quando tiver o dito na mão (ou no pulso...).

A vida de trabalhadora pode ser dura - e tenho tido alguns dias difíceis no meio das nuvens por onde ando a pairar. Mas é precisamente nesses dias que me foco nestas coisas boas, nestes "mimos" de principiante que tão cedo não vou esquecer. 

18
Out15

Ataque ao parquímetro

Eu, preguiçosa, me confesso: sou uma daquelas pessoas que só usa as moedas grandes com preguiça de andar a contar os trocos e fazer contas. Por outro lado, e infelizmente, costumo ser muito "pobre em moedas" - é raríssimo a minha carteira estar pesada porque ando sempre a pedinchar moedas em tudo quanto é sítio (ou então roubo-as simplesmente à minha mãe que, ao contrário de mim, está sempre carregada delas). Isto acontece, em grande parte, porque todos os dias tenho de meter moedas no parquímetro ao lado da minha faculdade - no início nunca punha, mas desde que me multaram e que eu comecei a ver dezenas de carros a serem rebocados, preferi não arriscar.

Ora isto, no dia-a-dia, resulta em poucas moedas grandes na carteira (porque, para ser mais rápido, enfio sempre com as maiores para dentro da máquina), mas as pequenitas vão ficando para trás. Não são poucas as vezes que abro o porta-moedas para pagar um café e só dou de caras com moedas pretas, que mesmo sendo muitas, mal chegam para pagar uma chiclete. E quando se começam a acumular e eu vejo que não as gasto, deito-as para um outro porta-moedas que tenho guardado aqui em casa, pesadíssimo, cheio de moedas pretas. E hoje, quando olhei para ele pela milionésima vez, decidi aligeira-lo.

Juntei todas as moedas de 5 cêntimos que aqui tinha, vi quanto dinheiro dava (perto de dois euros, precisamente a quantia máxima que o parquímetro aceita) e pu-las todas numa bolsinha pequena, pronta para levar amanhã para a faculdade. Assim sendo, amanhã já não preciso de andar à caça à moeda nem de fazer contas à vida, porque já levo a quantia certinha aqui preparada: só não prometo ser rápida, que enfiar quase quarenta moedas no parquímetro não é para meninos. Assim, para além de me livrar deste peso morto, ainda mato parte da minha raiva perante aquela máquina que me come dinheiro todos os dias, com a esperança que a encha tanto que já não consiga engolir mais moedas durante o dia. Parece-me um bom plano.

 

[já as moedas de um e dois cêntimos vão continuar guardadas no porta-moedas, à espera de uma solução radical semelhante a esta - porque, infelizmente, ainda não há parquímetros que aceitem "migalhas" destas]

02
Jul14

Pão com chouriço mais barato na altura da engorda? Que mimo!

Toda esta história da descida do IVA nos pães com sementes, chouriço e coisas que tais deixou-me deveras satisfeita. Isto porquê?  Porque parece que adivinham, e veio mesmo na alturinha certa.

Esta é a altura do ano em que eu enfardo mais pães com chouriço. São o meu lanche, o meu jantar, a minha seia, ou basicamente o que calhar. Dizer que adoro aquele pãozinho, que me enche de farinha até ao couro cabeludo e que fica meio cru no meio é dizer pouco. Mas a verdade é que desembolsar dois euros e meio, várias vezes, durante mais de uma semana para degustar esta perdição não fica propriamente barato, portanto esta notícia veio mesmo a calhar, a tempo das festas da cidade (e já com vista à feira medieval, que daqui a nada está aí e que também tem uns pãezinhos de babar).

Já que estamos numa de baixar impostos, apontem também aí nas farturas e nos crepes com nutela, que são o que, depois dos pães com chouriço,  mais me empobrecem os  bolsos (e mais me acrescentam nas ancas). Obrigadinha. 

27
Abr13

Por falar em concertos

Estamos em crise, certo? A sério, preciso que me relembrem, porque depois do que vi ontem, não me acredito muito.

Enquanto via os bilhetes que havia de comprar para ambos os concertos - e talvez seja bom lembrar que o dos Deolinda tinha bilhetes dos 23 aos 30 euros e o Jamie Cullum dos 30 aos 60 euros -, apercebi-me que estavam quase esgotados. Mas a parte mais interessante está para vir: os mais caros eram os mais vendidos!

O acesso à cultura é tudo menos barato, e embora saiba que há muitas pessoas que pensam o contrário, na minha lista de prioridades, é das primeiras coisas a cortar quando o dinheiro começa a faltar. Não faz sentido eu querer comer algo melhor e abdicar disso para ir ver um concerto ou ir ao cinema (algo que eu fazia com muita frequência e que, infelizmente, cortei quase radicalmente) - embora tenha a plena noção de que é essencial e que nos enriquece, é a menor das minhas preocupações e são os primeiros cortes que farei se um dia precisar.

E, como tal, não acho que faça sentido nenhum os telejornais não falarem de outra coisa para além da "crise" e depois nós, portugueses pobres e sem dinheiro, o gastarmos em momentos efémeros como ir a um concerto. Assim como não percebo o facto de termos imensos (IMENSOS) carros topo de gama, enquanto que em países mais ricos não se vê nem metade. Lamento, mas não me cabe na cabeça. Porque embora sinta a crise mesmo ao meu lado - na família, nos amigos e mesmo cá em casa, felizmente não de forma tão "feroz" - acabo por perceber que esta não pode ser tão severa assim. Os portugueses têm as prioridades demasiado trocadas mas, quando começar a apertar a sério, suponho que estas irão ao sítio - e como ainda não foram, é porque a coisa não está assim tão má. Ou então está mesmo e nós continuamos a ser os mesmos casmurros, orgulhosos e a viver acima das nossas capacidades como o costume, à semelhança do que temos vindo a fazer ao longo dos anos.

25
Ago12

Os grandes prémios do euro-milhões

Das últimas vezes que joguei no euro-milhões o prémio era exorbitante. Exagerado, mesmo. Joguei por jogar, num reflexo dos meus sonhos mais profundos mas irracionais. No fundo, não saberia o que fazer com tanto dinheiro e só acabaria por me trazer problemas.

No último grande sorteio, em que o prémio tinha mesmo de ser entregue - mesmo que dividido - um casal inglês ganhou a totalidade e foi logo parar aos jornais e à televisão, contando como foi e como deixou de ser. Eu fiquei incrédula com tamanha estupidez - mas esta gente não tem mesmo noção, pois não?

Acho que só mesmo quem tem grandes quantidades de dinheiro pode experienciar isto - e eu não me incluo neste grupo, para o bem e para o mal - mas consigo visualizar como é ser multimilionário. É seguranças para os filhos, pois de um momento para o outro podem ser raptados à custa de um resgate milionário, é cheffeurs para os levar à escola, é comprar uma casa nova sabe-se lá onde e cercada por sabe-se lá o quê, contra tudo e contra todos, é passar a duvidar dos amigos, que muito provavelmente deixarão de ser amigos, é passar a duvidar dos que poderão ser amigos, pois querem é ser é amigos da onça. É duvidar, é ter medo, é ter de ser extremamente cauteloso, é ter de saber gerir para não cair na sarjeta (é pesquisar e ver os estudos da quantidade de pessoas que ganharam estes prémios e acabaram na miséria). É, no fundo, uma vida cheia de complicações mas com um enorme poder de compra - que, até este, acaba por ser efémero. Aquele casal expôs-se e, basicamente, atirou-se aos cães - coisa que, curiosamente, cá em Portugal não é muito comum; regra geral, pelo que me apercebo, mantemo-nos de bico calado. Espertinhos, nós!

Eu joguei, mas se pudesse ganhava só um milhão ou dois (e já era muito!). Tenho a certeza que com um prémio daqueles deixaria de ser quem sou, para ser alguém com demasiadas preocupações.

11
Ago12

Será desta que me rendo?

Pronto, ando eu aqui com falinhas mansas e chega-me um primo, com um telemóvel novo e super tentador, e arruína-me os planos.

Ele comprou o Optimus Barcelona, por 150€, na worten. Pelos vistos, esta loja está com uma campanha de reembolso e reembolsa 30€ - neste caso-, pelo que o telemóvel fica por 120€. Por outro lado, a optimus está com uma campanha de desbloqueados, pelo que eu iria a uma loja e desbloquearia o dito cujo, podendo usar o meu cartão vodafone.

É android, não é grande (penso que é um pouco menor que um iPhone),tem wi-fi e blutooth. O processador, ao que consta, não é nada do outro mundo, mas não deixa de ser aceitável.

Esta desgraça veio mesmo numa altura em que o meu telemóvel aprendeu a comer bateria sem razão aparente, a juntar com os vipes que vai tendo de vez em quando. Não sei o que vou fazer, mas devo admitir que estou super hiper mega tentada. Ai vida, ai vida (ainda por cima chama-se Barcelona, uma cidade que gosto tanto!!!).

09
Mai12

Momentos sem preço

Sou muito pouco agarrada ao dinheiro quando sei que, ao gasta-lo, vou ter momentos verdadeiramentes felizes. Prefiro ir comer um Häggen-Dazs do que um Olá (e gastar o dobro do dinheiro); não me importo de pagar uma viagem de ida e volta a Lisboa quando sei que vou ter momentos inesquecíveis e com pessoas que adoro ao meu lado; prefiro comprar uns ray-ban e andar a vangloria-los durante meia-dúzia de anos do que ter dezenas deles vindos da feira; ir ao Majestic de vez em quando não tem preço, comparado com o gozo que tenho em lá ir.

Acho que a vida se faz de momentos, e pequenas loucuras nunca fizeram mal. É delas que nos vamos lembrar no futuro (e eu não faço muitas).

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