O novo museu na casa Andersen e o Jardim Botânico do Porto
É com alguma vergonha que confesso que, aos 22 anos, tripeira de gema, nunca tinha posto os pés no Jardim Botânico. Eu sei, eu sei, é um crime e é vergonhoso mas o quê que querem? Jardins e espaços verdes não são sítios que frequente muito - já o Palácio de Cristal e Serralves são locais que raramente visito - e nunca tinha surgido uma boa oportunidade para ir dar um passeio ao Jardim Botânico e à Casa Andersen. Até ontem.
Isto porque foi no sábado inaugurado o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, que tem esta semana entrada gratuita (estão a apontar?) e que prometia o esqueleto de uma baleia no centro da casa, o que só por si me pareceu uma boa razão para lá ir. E assim matava dois coelhos de uma só cajadada: o novo pólo do museu e o jardim. E gostei muito... de ambos.
O museu é pequeno - e pareceu ainda mais com tantas pessoas lá dentro (acima de tudo porque estava um calor infernal e, como a casa não tem ar condicionado, estava toda a gente a abafar). Só tive 50 minutos para o visitar, já fomos perto da hora de fecho, mas penso que dado o tamanho e a quantidade de coisas que há para ver, já é o bastante; passamos algumas partes mais a correr, mas deu para ver e ler todas as descrições (ainda que algumas por alto). Agora que olho para trás, não vejo um grande fio condutor entre toda a exposição, mas de um ponto de vista individual (de cada sala) é bastante interessante para quem gosta de ciências e para quem, em biologia, ficou encantado com Darwin e a teoria da evolução das espécies. Tem algumas coisas sobre a seleção natural, a evolução dos animais e de alguns vegetais; mostra a diversidade e homogeneidade entre uns e outros, de formas interativas e outras estáticas mas visualmente muito atrativas, que dá vontade de ficar ali a olhar e admirar.
É tudo claramente pensado ao pormenor e feito com muito brio: porque mais do que transmitir conhecimento, é bonito de se ver. Desde o mais pequeno detalhe às grandes estátuas de animais e do próprio Darwin, que está sentado com uns coelhinhos ao colo mas que, de tão realista, eu não me admirava se se pusesse de pé e andasse dali para fora.
Acho que até para crianças pode ser uma exposição interessante e que pode ajudar a que elas entendam alguns princípios básicos da ciência e da vida, assim como coisas mais práticas do dia-a-dia. Pode não ser o museu mais espetacular aqui do pedaço, mas é visualmente muito bem conseguido e está inserido numa casa lindíssima, com uma escadaria e algumas salas de fazer cair o queixo. Ah, e não esquecendo o esqueleto da baleia, que é logo um "baque" mal se entra e nos faz pensar "o que somos nós, pequeninos, comparados com isto?". É de facto imponente e faz-nos relativizar. E se não gostarem da exposição... bem, podem sempre ir passear nos jardins, que estão cheios de recantos giros para ler ou tirar uma sesta à hora do almoço, enquanto se ouvem os passarinhos e se sente a calmia e o cheiro da natureza.