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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

11
Jul14

O conceito de "essencial"

Há dias estava numa fila e, atrás de mim, duas raparigas discutiam a sua ida para o Optimus Alive. Via-se que estavam entusiasmadas e, lá pelo meio, começaram falar daquilo que iam levar para o festival. Falaram das calças e dos calções - iam levar calças na viagem, para não ocupar espaço, e depois lá é que punham as pernas à mostra; falaram de como iam levar os cabelos, se presos, esticados ou ao natural - decidiram ir a combinar, esticando o cabelo que "lá ia ficar meio ondulado, mas continuava a valer a pena" e, por fim, dos objetos essenciais à viagem. O que era, meus amigos, o que era? "A comida?", respondem vocês. Não. A maquilhagem!

O corretor de olheiras ficou com grande destaque naquela conversa, sendo que era ele o salvador da pátria: porque elas, no dia seguinte a uma noitada, estariam horríveis e não podiam sair da tenda sem aquele elemento essencial. Também não podia faltar a base, o rímel e o lápis, esses objetos deveras importantes com que nenhum ser humano do sexo feminino consegue sobreviver - e que elas, naquele ambiente inóspito, iriam partilhar.

Entendam que a espera na fila foi longa e o ridículo da conversa foi crescendo à medida que o tempo passava - o remate de que "o corretor de olheiras é mesmo importante, não te podes esquecer", não falhou. A mim apetecia-me virar para trás e perguntar: "Oi? O essencial é um anti-olheiras? Essencial deviam ser umas sapatilhas para não ficares com terra até à hipoderme, devia ser uma pasta dos dentes para os lavares quando acordasses depois de uma noite de álcool, o essencial vai ser a comida que vais levar às costas. Agora o anti-olheiras? Vais para um festival, não para um desfile de moda".

Fiquei calada - senão quem ia precisar do anti-olheiras (para cobrir um olho negro) era eu. Mas não consegui deixar de pensar que há gente muito fútil neste mundo e que, de facto - em, literalmente, todos os campos - nos descentralizamos daquilo que é mais importante.

30
Mai13

Já era tarde, uma pessoa tem de dar um desconto

Ontem na aula de condução, por aí algures:

Instr: Pronto, vamos estacionar aqui atrás deste Seat.

(estacionei)

Instr: Ok, vamos sair.

(travei o carro com o travão de mão)

Instr, a olhar-me de soslaio: O quê que estás a fazer?

Eu: Não vamos sair?

Instr: Vamos sair... do lugar.

(Carolina envergonhada até às pontas do cabelo)

 

Em minha defesa vale dizer que numa das últimas aulas (de duas horas) paramos duas vezes, portanto não era assim tão inusitado (ou era, porque estava a chover e a aula era só de uma hora, mas enfim...)!

12
Mai13

Até tu, Clara?

Enquanto lhe dava banho:

- Tili, é mesmo a sério que não tens namorado?

- Sim, porquê?

- Porque tens de arranjar um.

- Tenho?

- Tens... para ter filhinhos e eu ter com quem brincar.

- Mas eu ainda sou muito nova para ter filhos.

- Hum, pois... Primeiro casas. Depois tens filhos. E pronto.

 

Estou a começar a fazer teorias da conspiração... até a minha sobrinha, pá!

27
Fev13

Conversas de autocarro (ou como nem toda a gente pode saber como se fazem as camas nos hotéis)

Vinha eu no autocarro para casa e à minha frente estavam duas senhoras, claramente empregadas domésticas. Dizia uma:

- Oh, ela queria que eu fizesse as camas como se fazem nos hotéis!!! Eu sei lá como se fazem as camas nos hotéis! Em 53 anos de vida, nunca pus os pés num hotel - nem sequer no dia do meu casamento!

- Pois. Devem ser as dobras. Uma dobra ou duas d...

- Dobras o caralho! Nunca estive num hotel na vida, tenho lá de saber isso, o caralho com as dobras!

 

Tudo isto com um sotaque portuense bastante vincado e com uma seriedade imperturbável. Imaginam a minha vontade de rir, não imaginam? Pronto, é isso.

23
Fev13

Serões

Lembro-me de uma conversa que tive com uma amiga há alguns anos atrás que me deixou num estado deplorável. Era mais um dia normal para mim, com todas as coisas normais que o meu dia tinha na altura - falávamos todos os dias na internet e eu gostava (e ainda gosto) muito dela. Uff, mas aquele abanão em particular doeu, porque eu não estava preparada para o ouvir. Como dizia a Paula Neves naquela entrevista do Alta Definição que deixei aqui no outro dia, a frontalidade nem sempre é uma qualidade - as pessoas não estão preparadas para ouvir certas coisas com tal frieza.

Ela, nessa altura, dizia-me que eu não me podia agarrar tanto as coisas aqui do computador. Da companhia diária que tinha no messenger, porque se, por mero acaso, um email se perdesse também essa companhia se perderia para sempre - era, pura e simplesmente, um contacto feito por um fio demasiado fino que poderia ser quebrado a qualquer momento por uma infelicidade. E aquilo doeu-me, porque eu fiz verdadeiras amizades aqui. Conheci pessoas maravilhosas, que adoro do fundo do meu coração e que, tal como qualquer outro amigo que tenha, faria de tudo para não perder.

Bati com a cabeça na parede e revi bem a minha situação à conta desse sermão, mas depois acabou por me passar. Já não era só um email que me ligava aos outros - eram outros fios, não muito mais resistentes, mas que me asseguravam mais do que um meio de contacto. Números de telemóvel, moradas, facebooks. E cá continuei, com os meus amigos do costume, que me proporcionavam bons serões e noitadas de conversa, jogos e mexericos. Era bom e diferente, porque nunca, em toda a minha vida, me achei tão acompanhada.

Agora vejo que tanto eu como ela estávamos erradas. Uma relação não se perde por causa de um email perdido. Nem por um número de telemóvel, um facebook ou uma morada - nem com tudo isto conjugado. Perde-se, só e apenas, por nossa culpa - porque queremos, porque acontece, porque se proporciona. Porque tal como começam, acabam. Com ou sem fios condutores à mistura.

E hoje os meus serões são mais solitários. Outra vez.

03
Jan13

Até tu, pai?

Hoje apeteceu-me ir a um café típico nas Antas, onde ia em pequena com o meu pai e que visitamos muito esporadicamente para comer uma mirita (um termo típico e já pouco usado para torradas fininhas com manteiga). Quando o meu pai me ligou depois do almoço, disse-lhe o meu desejo e ele concordou em vir mais cedo a casa para irmos lanchar juntos.

Quando chegou estava eu aninhada no sofá, cheia de frio, como de costume. Depois de me cumprimentar, disse:

- Precisas de arranjar um namorado! - que é como quem diz "precisas de alguém para te levar a lanchar".

 

Depois, quando arranjar, quero ver quem é que se queixa! Mas enfim, até lá, e pelo caminho da coisa, ainda temos muito tempo pela frente...

02
Dez12

É o melhor que tenho a fazer

Anda o meu sobrinho Afonso, cabisbaixo, à volta da sala - claramente a chamar à atenção para fazer uma fita.

Chamo-o, ponho-o no meu colo e pergunto o que se passa. Diz-me ele a choramingar:

- Foi o Zé Luís que me bateu com o peluche no olho! Põe-no de castigo!, é o melhor que tens a fazer.

 

Este miúdo é a personagem mais caricata que pode existir. Palavras não chegam para descrever, acreditem.

23
Nov12

Só ela me percebe

Ontem encontrei a minha antiga directora de turma (a do básico), que eu adoro com todo o meu coração. Trocamos dois dedos de conversa - a típica, de como vai a escola, se me estou a integrar bem na turma e coisas que tais. Depois faz a derradeira (e a do costume):

- E namorado, tem?

- Não stôra, ainda não... Temos tempo.

- Faz bem, Carolina, faz bem. Eles na faculdade são bem melhores.

 

Já disse que a adoro? Pronto, é isso.

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