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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

08
Fev22

Uma arca congeladora, o luxo de uma dona de casa prevenida

Cresci numa casa enorme, com quintal e animais, e nunca pensei que de lá ia sair. O que veio a seguir toda a gente sabe, é a lenga-lenga mais falada neste blog: a vida trocou-me as voltas e o avesso da vida acabou por se revelar o certo, mas a verdade é que a adaptação nem sempre foi fácil. Mas uma coisa correu muito melhor do que eu esperava: a mudança de uma moradia para um apartamento. Achei que me ia sentir claustrofóbica num espaço tão pequeno comparado ao meu habitual, mas a verdade é que a minha casa, mesmo antes de ser minha, revelou-se sempre um lugar de enorme conforto. 

A arrumação e organização foi o meu maior desafio - mas a otimização de espaços é algo que até me dá algum gozo (tanto que já estive várias vezes tentada a escrever sobre isso aqui, partilhando alguns hacks e tralhas que compro e que vão ajudando no processo), pelo que sempre consegui agilizar as coisas de alguma forma. No limite, ponho numa caixa e levo para casa dos meus pais, onde o que não falta é espaço.

Mas a verdade é que por muito que agilizemos, por muito que queiramos, por muito que sejamos a Marie Kondo portuguesa... não há como alargar espaços pequenos. Há limites para o que cabe dentro das coisas. E sabem o que é seriamente pequeno em minha casa? A arca congeladora. 

Vinda de uma casa como a dos meus pais, quase uma pequena quinta que "produz" muita da comida que consome, nunca antes isto havia sido um problema. Com umas cinco arcas congeladoras, há espaço suficiente para os coelhos e para os frangos, para os tomates e as courgetes, para as ervilhas e para os pimentos. Nada comparado com as minhas duas singelas gavetas, que dão para pouco mais de meia dúzia de refeições.

Ora, eu sou toda virada para a otimização, não só de espaço mas também de viagens, idas ao supermercados e mercearias. Sei que, na verdade, não sou assim tão bem sucedida, porque passo a vida a saltar de supermercado em supermercado em busca dos meus produtos favoritos; ainda assim, tento ao máximo ampliar o espaçamento das minhas visitas à mesma loja. E, para isso, é essencial planear e armazenar. Sempre gostei de planear as refeições semanalmente e de ter tudo pensado com antecedência, mas a pandemia veio agravar este meu traço, tendo em conta que hoje em dia todos estamos em risco eminente de um isolamento (o que, até agora, ainda não aconteceu connosco, whowoooo!). A questão é: onde armazenar? 

A minha luta com a arca durante estes dois anos foi estoica e dura. Gosto sempre de ter de tudo um pouco em casa - desde carne a vegetais (corto tudo depois de vir da feira e congelo, para ser mais rápido fazer sopa durante os dias da semana), passando por algum peixe, pão e uns gelados - mas às vezes o tetris era demasiado exigente e alguma coisa acabava mesmo por ficar de fora, ao ponto de ter de levar alguma comida para casa da minha mãe. 

Mas esses tempos acabaram. Finnito!!! Cedemos à pressão da falta de espaço e ao tetris constante e compramos uma pequena arca para pôr na cozinha; são mais três gavetas vindas diretamente do paraíso dos congelados para minha casa, que agora me permitem ceder a pequenos luxos (uns crepezitos, talvez?) e a não ter de proceder a quinze minutos de encaixa-aqui, desencaixa-ali para conseguir chegar a algum tipo de alimento.

Ah... a liberdade! O luxo! O espaço! A capacidade de planeamento durante uma semana, sem precisar de ir ao supermercado pelo meio! Que pequena maravilha. Ser adulta tem destas coisas, não é? Quem diria que um dia havia de ficar tão feliz com uma arca congeladora. 

 

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08
Fev21

Uma história com princípio, meio e sim 4#

Casar em casa ou numa quinta?

Este post podia chamar-se "a segunda grande - ou gigante, vá - cedência".

Se eu um dia casasse, iria fazê-lo em casa. Foi essa a premissa com que cresci, embora durante muitos anos casar não estivesse na equação. Quando me juntei ao Miguel e se começou a ver a seriedade da coisa, o meu pai relembrou-me: se te casares, casas aqui! E, neste caso, eu partilhava da sua vontade.

O meu irmão - o único casamento "a sério" na minha família nos últimos 25 anos - casou numa quinta, mas a verdade é que, principalmente do lado do meu pai, sempre houve a tradição de se fazer casamentos e festas de grande calibre dentro de portas. A minha avó já estava calejada, com vários casamentos, batizados e comunhões celebrados na sua casa, que era bem mais pequena que a nossa. A minha própria festa de batizado foi lá - e dizem que foi tudo óptimo! Também os meus sobrinhos tiveram a sua festa de batismo em casa dos meus pais - montou-se uma pequena tenda, contratou-se um serviço de catering e estava a festa pronta. Foi a primeira que fizemos e a que recorremos a serviços de fora, montagem de infraestruturas e etc., mas correu tudo bem e ficou-se com a ideia de que era uma coisa viável para se repetir.

Mas se no batizado dos meninos éramos uns 60, no meu casamento poderemos chegar aos 170. Mal soube deste número liguei ao meu pai, que tem uma noção de espaço bem melhor que a minha, já com a pergunta na ponta da língua: "é possível pôr está gente toda lá em casa?". Ele respondeu que sim. Um alívio!

E aí começamos a pensar na logística da coisa: onde seria o copo de água, a cerimónia, o espaço de dança; já tínhamos uma ideia mais ao menos concreta e contactamos empresas de aluguer e montagem de tendas e pedimos orçamentos. Quando começamos a olhar para os espaços fomos colocando "e se's". Haviam sempre detalhes que não nos agradavam ou que não eram exequíveis - ou, quando eram, aumentavam os preços de forma louca. É engraçado pensar que uma casa pode ser enorme, mas que por vezes nenhuma área se adequa perfeitamente àquilo que precisamos ou idealizamos; a ideia era fazer tudo no exterior, com recurso a tendas, mas a certa altura tudo se complicou - ora porque havia árvores no meio, ora porque o chão não estava nivelado, ora porque havia elementos que iriam ficar no centro dos espaços e que não eram possíveis de remover... um sem fim de coisas. Depois partimos para outros problemas: e as casas de banho, como era? Utilizavam-se as dos quartos? E o catering, onde ficaria, tendo em conta que queriam água, fogões, fornos e coisas que tais? E os cães, onde ficavam? Podiam estar presos, mas iam ladrar a cerimónia inteira... E os meus pais, onde dormiam naquela noite perante todo o barulho? E se os vizinhos se queixassem? E se a tenda ocupar o espaço de passagem dos carros, como é que se vai passar para o interior? E quem vai limpar a bagunça toda depois da festa?

Fui vendo as pessoas a desistir uma a uma perante os entraves que iam aparecendo a cada ideia que tínhamos. Eu fui a única que me mantive firme na minha vontade. Sabia que ia dar mais trabalho. Sabia que ia ocupar mais tempo. Sabia que ia custar mais caro. Mas era o meu casamento e ia ser único - não ia haver fotos no mesmo sítio que 356 casais, não ia haver protocolo definido, não ia haver um igual. A ideia do controlo e da flexibilidade total das coisas deixou-me agarrada até ao último minuto. Queria muito poder escolher tudo, desde as coisas mais macro (onde montaríamos as tendas e a própria data do casamento) até aos detalhes mais micro (as flores, toda a decoração, o altar). O paraíso de qualquer control-freak.

Iam-me dando sempre conselhos em contrário, com argumentos muito válidos. O mais relevante de todos era de que um casamento em casa iria dar mais trabalho e custar mais dinheiro do que um numa quinta, onde tudo estará pronto sem termos de nos preocupar com o antes, o durante e o depois. E eu sabia que sim, mas continuava agarrada à ideia de casar em casa, embora o saco dos contras fosse pesando cada vez mais nas minhas costas.

Acedi a ir a uma quinta sob o mote de ter noção dos preços praticados e para tirar ideias em relação a toda a organização (tanto em termos de timings como de espaço) - mas sabia que, lá no fundo, aquilo era o princípio do fim do meu casamento de sonho. Apercebi-me disso mal nos metemos no carro, após a primeira visita, e toda a gente se mostrou deslumbrada com o espaço, enumerando todas as coisas maravilhosas de que gostaram. Só eu é que tinha uma lista maior de contras do que de prós - e fiquei tristíssima quando percebi que o meu casamento ia mesmo acabar por ser mais um num calendário cheio deles, igual a todos os outros, nos moldes em que outras pessoas o queriam.

Sem saber muito bem como, a partir da visita àquele primeiro espaço, comecei num sprint de quintas que só terminou no último dia de desconfinamento - e já com uma quinta escolhida. Foram cinco dias de loucura pura, de um cansaço horrível e de um processo de luto do meu próprio ideal de casamento... que foi triste e duro para mim. 

Sei que a decisão foi para bem de todos e não estou arrependida - mesmo ainda não tendo o casamento acontecido. Para mim os problemas não eram o trabalho nem o dinheiro - mas coisas tão simples como o conforto e a paz dos meus pais (e dos meus cães) e o fator de instabilidade que o processo iria criar em todos nós. Gosto da quinta que escolhemos - tanto pelo espaço como pela flexibilidade que me proporcionam, que me traz de volta um bocadinho da sensação de controlo que tanto gostava num casamento em casa - e acho, no fundo, que tomamos a decisão certa. Mas as decicões certas também doem.

14
Nov15

Perda de liberdade vs. maior segurança

Ontem vieram instalar um alarme cá em casa - por nenhuma razão em especial, só precaução. Eu estava a dormir enquanto montaram a parafernália toda e portanto, quando acordei, encontrei vários aparelhos espalhados por casa que desconhecia e que não percebia para que serviam.

Lá me estiveram a explicar, eu vi tudo com atenção e, a certa altura, torci o nariz. Agora tenho câmaras em casa - e a minha primeira reação foi dizer "detesto isto! Big brother is watching you". Eu faço sempre vinte e três mil filmes na minha cabeça de coisas que possam acontecer, relaciono com coisas que li, ouvi e vi, mesmo que sejam o mais disparatadas possíveis, e apercebi-me naquele momento que, para todos os efeitos, George Orwell podia ter razão. É claro que temos de confiar nas seguradoras e essas coisas todas - mas e se...? E se um maluco qualquer com vontade de dominar o país toma de assalto estas agências todas, com acesso direto a milhares de casas, e começa a vigiar passo a passo tudo o que fazemos? E se alguém com más intenções ou vinganças pessoais, integrado numa destas seguradoras, pega nestas imagens e nos vigia 24 horas por dia? O único sítio onde nos sentimos 100% confortáveis e seguros, aquele onde podemos fazer e dizer tudo o que queremos, está, por um lado mais seguro, mas por outro permanentemente vigiado. 

Perante isto, a minha mãe disse-me algo como "a liberdade é limitada - se queremos mais segurança, temos de nos privar de alguns privilégios". E eu acenei em concordância, porque percebo isso. E hoje de manhã, depois de uma noite mal dormida por saber que mais de uma centena de pessoas foram massacradas em Paris, percebi que aquilo que a minha mãe sabiamente disse não se aplica só a mim, a nós, mas também à Europa. Temos um acordo de Shengen maravilhoso, onde podemos circular à vontade, algo que todos apreciamos - mas será que não vamos apreciar mais sentirmo-nos seguros, mesmo que tenhamos de rasgar esse contrato? O acordo já anda pelas ruas da amargura com a entrada desmesurada de refugiados, mas acho que o debate sobre a sua continuação está mais atual que nunca, perante os recentes acontecimentos.

Há um longo caminho a percorrer, há muitas cabeças para educar e acalmar (se o objetivo é implantar o terror e incitar uma retaliação feroz, devemos fazer exatamente o oposto do que os terroristas querem e continuar normalmente com as nossas vidas) e, suponho eu, muitas medidas a serem tomadas por quem manda. Infelizmente, acho que o caso do acordo de Shengen é só o início dos muitos privilégios que nós, europeus, temos e que vamos ter de privar em prol de um bem maior: a segurança.

20
Jul15

Mudança de quarto & mudança de ares

Há uns meses atrás mudei de quarto. A ideia era passar para o "bright side of life" e viver numa área com mais luz, menos sombria e que, mesmo em tempos de estudo, me desse alguma vitimina D. Isso implicou obras, pinturas, instalação de um novo ar condicionado, tornar a pôr as prateleiras, os candeeiros e todas essas chatices típicas de mudanças, mesmo que seja para um quarto poucos metros ao lado do nosso.

Mal as coisas críticas ficaram prontas, mudei-me e dispus as coisas um bocadinho ao calhas. Foi uma altura de muito trabalho na faculdade, com o programa de televisão a aproximar-se perigosamente e eu não tinha tempo a perder com pequenos detalhes. A decoração do quarto foi ficando para depois. E para depois. E para depois. E continua até hoje, uma vez que ainda não está acabado. A parte da parede da cama e a própria cama ainda não estão finalizadas (por isso não fotografei), porque quero alterar alguns pormenores. O objetivo, neste momento, é continuar com o quarto em tons neutros e acrescentar alguns apontamentos de cor - sendo que o amarelo é a cor que quero que predomine nesses pequenos detalhes.

Admito que o facto de querer fotografar tudo isto também deu um empurrãozinho para que terminasse a parte das prateleiras e fizesse algumas mudanças e compras de última hora. A maior alteração foi numa das prateleiras, que virou homenagem a uma parte muito importante da minha vida: os livros! Para dar um brilho especial, também já mora cá o Fernando Pessoa (pintado de azul), uma prenda de anos que me encheu o coração. O "cantinho da minha avô" também mudou de sítio, mas consegui arranjar forma de se manter com destaque no meu quarto.

As velas, as fotos, as frases, as pequenas luzes e os apontamentos de viagem continuam presentes. E, acima de tudo, a luz amarela e acolhedora e todo este envolvimento de coisas minhas que me faz sentir bem, e em casa, mais do que nunca.

 

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28
Mar15

O cantinho da minha avó

O quarto para onde me vou mudar (sim, já é oficial!) é ligeiramente mais pequeno e tem mais janela que o meu. A grande verdade é que este meu quarto está atafulhado de coisas (que eu adoro, e acho este espaço o mais acolhedor do universo), mas nem todas vão caber no meu novo "habitat natural".

A semana passada eu e a minha mãe já estivemos a arrastar os móveis de um sítio para o outro para vermos as possibilidades de dispor a mobília. Não chegamos a nenhuma conclusão quanto à posição das tralhas (a não ser da cama), mas uma coisa é certa: há sempre algo que vai ficar de fora. Infelizmente, acho que a decisão vai cair num móvel que eu detestava antes de fazer estas últimas mudanças no meu quarto, mas que agora adoro. Neste momento não tem qualquer função para além da decorativa, mas desenvolvi um carinho especial por aquele cantinho do meu quarto. Principalmente por uma razão: lembra-me a minha avó.

Faz hoje três meses que ela faleceu. Quando mudei a disposição do meu quarto ela ainda cá estava, embora em mau estado. Ainda não sabia o que fazer ou o que pôr em cima daquele móvel e a minha mãe lembrou-se de pousar lá um malote que tinha trazido de casa dos meus avós, muito vintage e que tinha tudo a ver comigo. No meio de toda aquela confusão da altura, eu ainda não o tinha arrumado e, quando o vi lá em cima, achei que não havia sítio mais perfeito para o colocar, a par de umas fotos que aqui tinha pelo quarto e um jarro com orquídeas (que entretanto tenho mudado consoante a época).

Poucos dias depois de ela ter morrido, peguei no álbum "da vida" dela (com fotos desde bebé, passando por jovem, pelo casamento e etc.) e scanei todas as minhas preferidas. Depois guardei algumas numa pen, fui à fnac, mandei imprimir e coloquei a minha foto preferida numa moldura, ao lado do malote e das flores (que ela adorava - falava muito de flores, pedia-as à minha mãe com frequência e decorava sempre o centro da sala com o que tivesse no jardim). Acrescentei duas velas, uma de cada lado, que acendo sempre que a sinto mais perto de mim. 

Agora que estou a dias de me mudar de divisão, sinto-me mal por abandonar o meu cantinho preferido do quarto. A foto, o malote e as outras coisas vão comigo, mas vão perder o "exclusivo", quase como se estivesse a trair a sua memória. As pessoas têm razão quando dizem que só sentimos falta das coisas quando já não as temos: eu sinto falta da presença da minha avó. E é aquela prateleira que, todos os dias, me lembra dela. Por isso mesmo, este já é um cantinho que me ultrapassa; não é só mera decoração. Já não é só meu: eu sinto que também é dela. 

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19
Mar15

Mudar ou não mudar de quarto, eis a questão

A minha casa está preparada para albergar a minha família (pelo menos a inicial, porque quando foi pensada ainda não havia apêndices em forma de filhos à mistura). Assim sendo, e como somos quatro irmãos e como já todos saíram de casa com excepção de mim, há quartos de sobra nesta casa.

Por azar, quando nos mudamos para aqui, eu ainda era muito pequena e sem grande hipótese (ou sequer vontade) de escolha. Fiquei com o quarto que me calhou, que viria, obviamente, a ser o mais usado dos quatro quartos destinados aos filhos. Infelizmente habito o quarto mais frio da casa, onde incide menos sol - daí ter sido tantas vezes gozada por ser o "bicho do buraco", a "vampira" que estava no escuro e no frio durante tanto tempo. Durante muitos anos não me importei, porque nem sequer gosto de ambientes muito luminosos. Mas cada vez sinto o meu quarto mais gelado, mais escuro e triste - e não sei se sou eu que agora gosto mais de luz ou se, de facto, devido à vegetação que está em frente à janela, a luz que entra no quarto é cada vez menor. Por outro lado, com invernos (e até verões) tão rigorosos como temos tido, sinto cada vez mais necessidade de aproveitar cada minutinho de sol e bom tempo que S.Pedro nos proporciona.

A questão é que o meu quarto é o sítio onde passo mais tempo nesta casa - não só porque o adoro, mas também porque é o local onde estudo, trabalho e escrevo. Há muita coisa da faculdade que me obriga a estar horas a fio em frente ao PC e, sendo ele fixo, não me dá muito jeito andar a troca-lo de lugar consoante a posição do sol. Sendo assim, a opção mais viável para resolver este problema... É mudar de quarto.

Já há anos que me dizem isto, mas eu sempre finquei pé. Porque o meu quarto será sempre o meu quarto, porque vai ser estranho passar a viver num quarto que não é meu, porque tenho de mudar o ar condicionado, o mobiliário todo, fazer mais dezenas de furos na parede para pendurar os quadros, molduras e estantes que aqui tenho. Enfim, a trabalheira que iria dar! Mas, a cada dia que passa, me rendo mais à evidência de que vou ter de me mudar. Vou ter de preparar um fim-de-semana e chamar o pessoal para me ajudar e fazer isto de uma vez por todas. É desta que me mudo para o "bright side of life"?

13
Dez14

Em modo desratização

A minha vida nos últimos dias (ou deverei dizer meses?) tem sido um filme. Na quarta-feira acendeu-se uma luzinha no carro da minha mãe, sinal de que alguma coisa estava mal. Desvalorizamos, mas tratou-se logo de ligar para a oficina. Vieram os mecânicos no dia seguinte, olharam para aquilo, disseram que nem sequer se devia conduzir o carro e que era preciso um reboque. Veio o reboque e, poucas horas depois, ligaram com o diagnóstico: "uma rato roeu o cabo XPTO". O QUÊ? Não acreditamos, a garagem tinha sido limpa há menos de quinze dias e não havia sinais de roedores. Não podia ser. Foram ver o carro com os seus próprios olhos.

E era verdade. Tudo roído, incluindo a esponja do capô, plásticos e etc. Quando os mus pais chegaram a casa começaram uma inspeção aos carros todos:o meu também já tem peças roídas, o do meu irmão nem quero pensar. Mas ao abrirem o capô do último carro, plim!, salta o rato, desvendando todo um cenário de destruição. Um ninho montado ao lado da bateria, a esponja e os plásticos todos roídos para a produção do mesmo. Um desastre - se calhar sem resolução possível. O rato, depois de ter apanhado o susto de uma vida quando confrontado com humanos e a luz do dia, fugiu e nunca mais o conseguimos apanhar. Filho da mãe, cobardolas. 

Agora estamos à espera que venham montar o sistema de desinfestação, na esperança de apanharmos o bicho e podermos pôr os carros de volta na garagem e dormir descansados sem ter pesadelos com um roedor a invadir propriedade privada - e a danifica-la de forma permanente.

Este blog encontra-se, portanto, no mood desratização. Esperemos que funcione.

09
Nov14

Ardósia abençoada

Enquanto estive na Régua falei neste post que, depois de ouvir a minha mãe queixar-se durante anos por ter de planear as refeições todos dias, finalmente a tinha percebido. Chega a um ponto em que é realmente um drama saber o que cozinhar e agradar a todos, e ter de faze-lo todos os dias torna-se cansativo. Pois que há um par de meses resolvemos essa situação e poupamos muitas dores de cabeça à cozinheira e planeadora cá de casa.

Como? Compramos uma daquelas ardósias que se colam nos móveis de cozinha e, no fim-de-semana, gastamos cinco minutinhos a planear as refeições. É uma mistura de respostas às perguntas "o quê que nos apetece comer?" e "há alguma coisa que precise de ser gasta por estar no frigorífico/congelador há muito tempo?". Acaba por ser muito mais rápido e facilita-nos imenso a vida, tanto a nível de preparação diária como de compras (assim, no fim-de-semana ou na segunda-feira, pode-se já fazer as compras para todas as refeições, em vez de ir a correr para o supermercado todos os dias).

Neste caso, quem diz uma ardósia autocolante diz também uma ardósia tradicional, um quadro a canetas como há nas escolas ou mesmo um papel colado no íman do frigorífico. Acreditem em mim: é prático, ajuda imenso e em alguns casos é até mesmo um giro objeto de decoração! Acabou com muitas dores de cabeça nesta casa!

 

(as nossas ardósias foram compradas no Lidl, mas recentemente vi há venda na Tiger - e baratas!)

 

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24
Set14

Mudança de ares

Mudei para um quarto de "crescida" há uns seis anos, quando compramos toda uma mobília nova para aqui ter no que sempre chamei de meu "habitat" natural. Antes disso tinha coisas antigas, daqui e dali e, claro, decoradas de forma mais infantil - mas quando mudei tudo gostei tanto, tanto, tanto que nunca mais mexi em nada. Sempre disse isto: o meu quarto é a minha cara. Aquilo que acho que sou reflete-se em tudo o que aqui está, desde as cores até aos quadros que tenho pendurados. É o meu espaço favorito para estar, ficar, dormir, pensar, trabalhar e quase todas as outras tarefas.

Há uns tempos pus umas prateleiras para puder decorar melhor o quarto e armazenar tudo o que tinha de não-útil porque, apesar do espaço ser grande, sempre me debati com alguma falta de espaço e arrumação. Tinha uma secretária pequena, uma estante linda de morrer e que é a alma do quarto mas que ocupa demasiado espaço. E este início de ano letivo decidimos mudar, até porque a falta de espaço na secretária era crítico para alguém que estuda com livros e apontamentos, e que aquilo que ama fazer na vida é escrever e ler - e que, portanto, tem sempre livros e papéis avulso em cima da secretária.

Uma nova mesa e uma cadeira - que agora constitui o meu cantinho de leitura, o meu novo canto favorito do quarto! - foram o suficiente para mudar tudo e dar um novo ar ao espaço onde passo mais tempo nesta minha vida.

 

 

 

 

(o tampo de vidro da secretária - pensado para dar mais espaço ao quarto - tem um mapa mundo incorporado, embora se veja mal devido à falta de luz da foto) 

 

26
Ago14

Uma semana na Régua

Voltei ao Porto no sábado, depois de cinco dias de algum descanso na Régua - digo "algum" porque no meio de cozinhados, hóspedes e discussões típicas de quem não está habituado a viver com amigos, o relaxamento nem sempre reinava. 

Mas foi bom conhecer aquela zona - que também trago um bocadinho no sangue, pois um dos meus avôs é de lá -, passear pelo meio das vinhas já pintadas com uvas, ver o Douro lindo, mesmo ali ao lado e respirar aquele ar tão puro, típico do campo, onde nada se passa e onde a cidade parece uma realidade tão, tão longínqua. A casa onde fiquei estava toda renovada, tínhamos todas as condições e passamos lá uns belos dias de convívio - com tudo o que isso inclui, de bom e de mau. 

À ida andei perdida durante uma hora pelas estradas nacionais e ainda hoje não faço a mínima ideia por que cidade andei; à vinda já fui pelo caminho certo, mais curto, mais rápido, mas mais exigente, tendo em conta as estradas nacionais - algumas bem apertadas e com penhascos não muito atraentes logo ali ao lado. Mas correu tudo pelo melhor, o corpo agarrou mais um bocadinho do moreno e a cabeça pôde descansar do tumulto que se está a viver aqui em casa.

Agora estou de volta, para carregar o meu mundo às costas. Não consigo chamar a isto férias - porque mesmo estando naquela calmia, a minha cabeça continuava aqui, preocupada, e a querer saber notícias ao minuto. Apesar de tudo, e da confusão generalizada, sei que ao fim do dia a minha cama está aqui, que tenho os meus minutos de sossego antes de fechar os olhos e que tenho os meus pais e a uns passos de distância. Estou em casa. 

 

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