Uma história com princípio, meio e sim! #13
Os acessórios da noiva
Se escolher e fazer o vestido foi um 31, escolher os acessórios foi um "walk in the park" (ou seja: foi fácil). Embora não soubesse ao certo as peças que queria usar tinha uma ideia já bem definida de tudo o que precisava e o estilo que queria.
Os sapatos
Os sapatos foram a primeira coisa que tratei. O ponto fulcral era serem confortáveis - tenho há dez anos um pé cronicamente inchado e não posso ousar passar um dia em cima de alguma coisa que não seja minimamente fofa. Na verdade nem sequer precisavam de ser muito bonitos, pois iriam ficar a maior parte do tempo debaixo do vestido! Outra condicionante é que não podiam ser muito altos - primeiro porque, como todos sabemos, a altura do salto é proporcional ao desconforto e segundo porque o Miguel não é propriamente espadaúdo e eu não queria ficar mais alta que ele.
Mandei vir vários modelos para experimentar, entre sandálias e sapatos, mas a maioria do calçado atual - com as biqueiras quadradas - não faz nada o meu gosto. Optei por um modelo mais clássico, quase híbrido, com a parte da frente fechada e a de trás aberta. São da marca espanhola Unisa e custaram-me cerca de 50 euros, em promoção no El Corte Inglês. Seriam muito confortáveis se eu não tivesse um pé inchado; sendo assim, depende do meu estado. Mas não deixam de ser aptos para usar no dia-a-dia, quando quiser um look mais formal - o que é óptimo, pois não foi dinheiro gasto para um só dia de uso. Na verdade, de tanto os usar antes do grande dia (para os moldar aos meus pés), eles já foram para o casamento com as pontas já desbotadas e a sola bem arranhada.
O toucado
Para o cabelo quis, desde início, um toucado - independentemente de ter véu ou não. A ideia do penteado foi mudando ao longo dos tempos - falo disso num próximo post, quando abordar o tema dos cabeleireiros - mas sempre com este elo comum: queria uma peça bonita a adornar, preferencialmente dourada e com motivos florais. Das marcas e lojas que conheço, a Cata Vassalo foi logo a primeira a surgir-me na mente (depois ainda encontrei outras empresas com peças do género, mas a Cata continua a ser a minha preferida). Quando comecei a pesquisar vi algumas peças pelas quais me apaixonei, mas quando me decidi a comprar (meses depois, demasiado em cima do acontecimento) já não havia assim tanta escolha. Por isso aprendam: escolham a peça pelo menos dois meses antes do acontecimento!
De qualquer das formas sinto que fui muito bem servida, com uma peça linda. Importa também dizer que gostei muito do tratamento que tive por parte das meninas do atelier, sempre muito simpáticas e prestáveis.
A lingerie
Desta parte poupo-vos às fotos, mas vão ver que não será muito difícil de imaginar. Se nos sapatos a palavra de ordem era conforto, aqui não havia outra coisa que me passasse pela cabeça. Soutien não ia usar, pois o vestido tinha as costas abertas e copas para suportar o peito. No que diz respeito à parte inferior, não ia usar coisas com laçarotes, fitas ou rendas - ou, pior, daquelas cuecas que se metem no rabo! - quando já tinha de transportar um vestido de três quilos, puxar um véu pelo cabelo e aguentar uns sapatos um tanto ao quanto apertados durante um dia inteiro. Há limites!
Por isso fui à Intimissimi e disse à menina: "vou casar mas quero uma daquelas cuecas de micro-fibra, cortadas a laser e de cintura alta, de cor de pele". Ela ainda tentou impingir-me a linha de noiva, com o argumento de que até ofereciam a liga (isso é um incentivo?), mas foi claramente mal sucedida. Assim, em vez de usar a lingerie e a deitar para canto, comprei uma coisa barata, confortável e muito útil para o dia-a-dia. Ouro sobre azul.
Partilhei isto com as pessoas à minha volta com a mesma naturalidade com que escrevo aqui e fui super gozada pela minha escolha - que, a mim, me parece muito mais natural do que usar cuecas XPTO num dia tão extenuante como um casamento. Vejamos isto com olhos de ver: a noite de núpcias já não é o que era, não há cá surpresas ou ânsias sobre o que vai acontecer. Na verdade o que me parece difícil é o noivo ainda ter energia para, sequer, olhar para a roupa interior da agora esposa. Se o casal gosta desse tipo de coisas há muitos dias para se usar lingerie diferente e arrojada - mas o dia do casamento não é um deles. Da minha parte, posso garantir uma coisa: quando cheguei a casa tinha MUITA vontade de me despir... para poder tomar banho, tirar os dois quilos de suor que tinha em cima e conseguir, finalmente, dormir. O resto? Há uma vida de casada pela frente, meus amigos.
As jóias
Como o vestido tinha uma linha um bocadinho boho-vintage, quis sempre que as jóias fossem douradas. Comprado o toucado também já não havia volta a dar e teria de seguir com essa ideia.
Fiz uma seleção de coisas que tinha em casa (não só minhas como da minha mãe) e só no dia, já vestida e penteada, é que decidi. Era importante para mim usar uma peça com história, tanto do lado da minha mãe como do meu pai. As jóias da minha avó paterna são para mim amuletos e eu estava quase certa de que iria usar uns brincos que dela herdei, mas no fim de contas acabei por mudar de ideias.
Assim, usei um colar da minha mãe, uns brincos meus (oferecidos pelos meus irmãos num aniversário anterior) e uma escrava/pulseira da minha bisavó - mãe da minha avó paterna -, de quem herdei o nome Carolina. Fiquei com a minha vontade apaziguada e sossegada pois sabia que, independentemente de tudo, eles estariam comigo naquele dia (sendo que também teriam uma homenagem na própria festa, de que depois falarei).
(não tenho fotos onde seja tudo bem visível. aguardemos pelas dos fotógrafos)
As alianças
Tendo em conta que quase metade do casamento foi organizado em tempos de confinamento, optamos por comprar grande parte das coisas pela internet. Foi o caso do toucado, dos sapatos e até das alianças.
Já tinha comprado jóias pela internet - brincos e colares - mas nunca anéis (por serem difíceis ao nível dos tamanhos) nem algo tão sério, em ouro "puro" e com este nível de responsabilidade. Quando começamos a pensar nas alianças o Miguel disse-me para espreitar a Glamira para ter inspiração, mas a verdade é que gostei tanto dos modelos que decidimos arriscar. Antes de comprar pedimos um "medidor" - uma espécie de abraçadeira com números, que apertamos à volta do nosso anelar, concluindo assim o tamanho que devemos pedir - que chegou dentro de uma semana. Fizemos a encomenda algures em Maio, porque tínhamos medo de gravar as alianças e, à última da hora, sermos obrigados a mudar a data do casamento. Felizmente correu bem - acertamos tanto na data (que não mudou, whowoo!) como no nosso tamanho, e gostamos muito das peças em si.
Para mim o melhor da Glamira é a capacidade de personalização. O modelo que escolhemos tem duas ligas, que podiam ser da mesma cor ou com dois tipos de ouro diferentes; eu teria arriscado em fazer uma mistura, mas o Miguel preferia o clássico, em ouro amarelo, e assim foi. Eu já tinha caprichado no facto da minha aliança ter uma zircónia, para ser diferente, por isso já estava feliz. A largura do anel também é regulável - nós, como temos mãos relativamente pequenas, escolhemos a mais fina, com 2mm - assim como a espessura/altura, em que também optamos pelo modelo mais baixo. O preço, neste caso, foi pelo pack das duas alianças - sendo que é possível devolvê-las (mesmo tendo personalização) ou pedir para redimensionar, caso seja necessário. A entrega foi feita no timing previsto. Fiquei super cliente!
Assim consegui, finalmente, cumprir uma tradição - não vá o meu casamento ser amaldiçoado por ter quebrado tudo o resto. "Something old, something new, something borrowed and something blue." A escrava é muito antiga (mais de cem anos), o toucado era novo, o colar era emprestado e o azul... estava na liga, que usei apenas na cerimónia, mas que fiz questão de vestir por me ter sido emprestada por uma pessoa muito importante para mim.