Presentes d'avó
Não falo aqui muito deles, mas são uma constante na minha vida: os meus avós. Só os tenho da parte do pai e estou com eles todos os fins-de-semana. Talvez pela grande diferença de idades, nunca tivemos muitos momentos cúmplices e a nossa relação nunca foi propriamente de avó/avô-neta mais fofinha do mundo. Pronto, são meus avós, e eu vejo-os como uma fonte de conhecimentos tradicionais e experiências infindáveis, para além de gostar muito deles, como é natural. Sem dúvida que uma das coisas que gosto de fazer quando estou com eles é ouvir as suas histórias.
Mas a verdade é que já não vão para novos e começam a sentir o peso da idade. Já se confundem muito, já esquecem, já fazem nós cegos naquelas cabecinhas - o que às vezes nos valem umas belas gargalhadas. A velhice tem muito de mau, mas algumas coisas de bom.
A minha avó, quando está mais bem disposta, lembra-se e traz-me uns presentes (às vezes mais ou menos adequados à minha idade): ora malas, ora bolsas, ora colares. Estes últimos são, sem dúvida, os meus preferidos. Por ser uma pessoa muito viajada, tem coisas dos quatro cantos do mundo, e como já não as usa, vai dando às netas. Na última semana trouxe-me num saquinho de organza dois colares, ambos lindos: um de coral, alaranjado, vindo das Ásias e outro simples, de marfim, que suponho que tenha sido o meu bisavô que trouxe numa das suas vindas de África. Prendinhas que enchem o coração!