Cinco anos e um beijo depois
Hoje é um dia importante para mim. É, talvez, o aniversário mais significativo do ano (não desdenhando todos os outros) - acima de tudo porque fui eu que tive de fazer por ele acontecer. Porque foi dos passos mais difíceis da minha vida - mas também aquele que mais retorno me deu. Faço hoje cinco anos de namoro com o Miguel e esta é uma data que não posso deixar passar. Posso ignorar as bodas de casamento e até fingir que os anos não passam por mim - mas a grandiosidade que daquele passo tem de ser de alguma forma celebrado. Porque mudou - MESMO - a minha vida.
Eu e o Miguel começamos a namorar quando o mundo estava a gastar os seus últimos cartuxos de paz dos tempos modernos. Pouco depois... Covid. Não tivemos direito a grandes saídas, idas ao cinema ou passeios: os shoppings estavam fechados, os bancos de jardim interditos e a passagem entre concelhos proibída. Ficamos em casa, a conhecermo-nos um ao outro, em conversas infinitas; demos passeio pela nossa história, sobre o nosso passado e as ideias de futuro; os filmes eram aqueles que fazíamos em conjunto sobre aquilo que faríamos quando o mundo voltasse ao normal. Quando voltou, foi sol de pouca dura: guerra na Europa e depois no médio-oriente. Sabe-se lá o que mais virá por aí... O clima é de instabilidade constante. Entretanto, recentemente, foi o meu mundo que ficou virado do avesso.
E o que é que todos estes eventos têm em comum? É que o Miguel está lá, sempre a meu lado. É a minha pedra, o meu porto seguro. A forma como se mantém comigo nestes últimos meses, como me mantém de pé - e, na verdade, como me apoia em tudo na vida - é digno de um herói. É a pessoa mais empática que conheço, calçando os meus sapatos como nunca vi ninguém fazer - muito embora calcemos números diferentes, portanto imagine-se o esforço! Tem uma capacidade única para me acalmar. É gentil, trabalhador, honesto - e é a minha pessoa preferida no mundo. O momento em que chega a casa é o mais alegre do meu dia, e o que sai o mais triste. Anseio diariamente pelo momento em que me encosto no seu ombro e que sei que estou em casa.
O facto de hoje estarmos a festejar o nosso quinto aniversário é a prova de que só são precisos 20 segundos de coragem para mudar o mundo - nem que seja o nosso mundo. O beijinho que lhe dei nesta data, há cinco anos, foi pequenino mas inversamente proporcional ao esforço que tive de ter para fazer para conseguir agir. Foi, provavelmete, o momento mais corajoso da minha vida. E sem dúvida aquele que teve mais impacto.
Hoje, pelas circunstâncias atípicas que em que vivemos, não lhe consegui comprar uma prenda. Mas quis que ele soubesse que é, todos os dias, o maior presente que alguma vez recebi. Digo-o muitas vezes: não faz sentido jogar no euromilhões, pois era sorte a mais ele sair-me duas vezes. O melhor prémio andará sempre de mãos dadas comigo.