Quatro coisas que me fazem fugir de blogs alheios
Eu não tenho grande tempo para ler blogs – mas a verdade é que também já não tenho interesse em ler muitos. Mas às vezes sinto falta. Naqueles minutinhos preciosos que por vezes temos no sofá ou antes de nos levantarmos da cama, gostava de ver outras coisas para além do meu feed de instagram ou facebook e os blogs sempre foram uma boa alternativa nestes casos. Aliás, até há um ano para cá, o feedly (uma ferramenta que reúne todos os blogs que eu gosto) fazia parte do meu top 3 de aplicações diárias, ao lado das duas redes sociais que falei acima. Mas o meu desinteresse nos blogs intensificou-se de tal forma que agora, se passar lá uma vez por semana, já temos sorte.
E isto não se trata só de tempo: eu podia sacrificar perfeitamente os (demasiados) minutos que passo no facebook a ler coisas com muito mais valor acrescentado. Mas a mim chateia-me a forma como agora tudo é feito e escrito para vender, como nada me soa a genuíno, como as pessoas só criam os blogs para serem ricas, terem a caixa de correio cheia ou só para imitar os outros.
Mas a verdade é que estou de alma aberta para acolher novos blogs, apetece-me ler coisas novas. E ontem, nos momentos que pude, deitei o olho aos espaços destacados no follow friday dos Blogs do Sapo, só para ver se algo me chamava à atenção. E comecei a pensar naquilo que queria encontrar ou naquilo que me faz dar meia volta, clicar no retroceder e sair de um blog tão rápido quanto entrei. Então aqui vai disto - as quatro coisas que me fazem fugir de blogs alheios:
Música automática. Eu não tenho nada contra aquelas pessoas que põem na barra lateral a sua playlist pessoal do spotify para quem quiser ouvir. Sou sincera: nunca ouço (e acho que ninguém ouve, mas se calhar estou enganada). Nesses casos, cada um é livre de clicar no play, em explorar as músicas e etc., podendo ler, se assim quiser, a ouvir os grilos a cantar lá fora. Mas aqueles sistemas automáticos, em que passados três segundos de uma pessoa entrar no site já estão a bombar música como se não houvesse amanhã, são coisinha para me tirar do sério e fazer clicar na cruzinha do lado direito do ecrã de forma instintiva. Gostar de um blog, gostar da escrita de uma pessoa ou gostar de alguém que escreve por detrás de um destes espaços não é sinónimo de que gostemos do mesmo tipo de música. Por isso, por favor, não nos obriguem a levar com as vossas músicas preferidas (recordam-se que, provavelmente, não são as nossas).
Design ruidoso. Fundos cor-de-rosa choque ou azul eletrizante, padrões minuciosamente florais ou cheios, letras cuja cor não faz contraste com o fundo... tudo o que faça com que o conteúdo do blog seja menosprezado relativamente ao design, para mim, é um não garantido. Até porque me custa “conviver” naquele ambiente, não consigo lidar com tudo o que está a acontecer, é impossível concentrar-me na leitura quando tudo à minha volta pisca, brilha ou chama mais à atenção que os textos em si. Ah! E não me esqueci daquelas borboletas/ flocos de neve/ fantasminhas que às vezes andam atrás do cursor, qual perseguição. Isso é só a pior invenção de todos os tempos, não se metam nisso.
Erros de ortografia e de concordância sistemáticos. Eu dou erros, toda a gente dá erros. Quanto mais não seja por culpa dos corretores automáticos, que teimam em não nos deixar escrever as palavras que realmente queremos. Quando releio muitos dos meus textos deteto gralhas aqui e ali (que na altura, por muito que tente, acabo por não encontrar), por isso sou longe de ser perfeita nesse sentido. Mas normalmente são coisas ligeiras: repetições de palavras, trocas de umas letras por outras graças a escrever demasiado rápido ou erros de concordância em frases com 12 orações diferentes que eu sou incapaz de decompor. Outra coisa completamente diferente é trocarem os “há” com os “à”, o coser à mão com o cozer de cozinhar ou de entrarem em estilos de português livre com palavras como “entuição” ou “caxecol”. Há erros e erros. Alguns uma pessoa percebe, outros deixa passar, e depois há aqueles que uma pessoa não consegue tolerar e sai porta fora. E porque tudo o que é demais é erro, todos eles, quando são em demasia, também dão direito a cartão vermelho.
Comic-sans. Eu não sei quando é que apanhei este ódio de estimação ao Comic-sans, mas foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Quando eu era miúda era a minha fonte favorita – tal como era a fonte de todas as raparigas de 12 anos. Lembro-me perfeitamente de ter este tipo de letra no messenger, em laranja, e adorar. Mas entretanto o comic-sans passou de bestial a besta para o mundo inteiro, e eu não fui excepção. Lembro-me de ter professores de informática e de design que diziam, aquando da entrega dos trabalhos: “o tipo de letra é indiferente. Com excepção de comic-sans! Nem pensem em usar isso!”. E o bichinho ficou. Hoje em dia detesto aquele arrendondado-fofinho do comic-sans e tendo a arrepiar caminho quando vejo um blog com este estilo de fonte nos seus textos. É um preconceito, eu sei – nem toda a gente tem de ter a mesma opinião que eu, nem toda a gente tem o mesmo percurso que eu tive com este tipo de letra e nem toda a gente liga sequer à fonte que usa nos seus textos. Mas a mim lembra-me aquela miúda de 12 anos, que escrevia mal e com erros, e por isso a minha tendência natural é fugir.