Pagar por aplicações de smartphone
Não sou de vícios, nunca fui, mas posso admitir com toda a certeza que um dos meus maiores hábitos sempre foi, desde muito miúda, estar à frente do computador. Um dos principais culpados disso era um jogo chamado "Sims", na altura ainda na primeira edição, com gráficos muito básicos mas que, a meu ver, veio mudar todo um mundo de jogos para computador criados a partir daí.
Eu era viciada naquilo, jogava tardes e noites inteiras até não aguentar mais. Tinha os packs todos, as extensões todas; tinha "planos" impressos para cada família - a arquitetura da casa, o número de membros, o tipo de negócio, enfim... a loucura. Na altura era muito mais forreta do que sou hoje e todo, todo, todo o dinheiro que me davam (mesadas, prendas de anos e de natal) era para guardar e, mal saíssem coisas novas, comprar. E não estamos a falar de jogos baratos - rondavam entre os vinte e os sessenta euros cada! (Como, aliás, ainda custam hoje em dia os jogos para playstations e afins).
Estou a fazer este throwback não por me terem dado umas súbitas saudades do Sims mas sim para refletir sobre o preço das coisas. Eu, na altura, dava - sem pensar muito - sessenta euros por um jogo. Eu adorava aquilo, não tinha mais sítio onde jogar (o computador sempre foi a minha plataforma de jogos favorita), por isso parecia-me mais que justo. A questão é que hoje em dia praticamente me recuso - eu e quase todos - a dar valores simbólicos como oitenta cêntimos ou dois euros para pagar um jogo para o smartphone. Acho que estamos tão habituados e obstinados com a ideia de termos imensas coisas grátis para o telemóvel que pensarmos em dar uns cêntimos (muitas vezes nem chegam a um euro) para pagar um jogo nos ultrapassa. O que é, só e simplesmente, parvo. Porque relativizando com o que eu pagava na altura e com a fortuna dos jogos de hoje em dia, que se encontram em fnacs e derivados e chegam a atingir os 120 euros, um ou dois euros não é... nada (e, diga-se de passagem, é muitas vezes mais do que justo, tendo em conta o trabalhão que dá construir um jogo de raiz).
Posto isto, ando a tentar mudar a minha mentalidade. Até hoje só comprei um jogo, há já um par de anos, que devo ter usado uma ou duas vezes - por isso não se pode considerar uma compra de sucesso. Ainda assim, considero-me aberta e disponível a pagar, se quiser assim mesmo, mesmo, mesmo muito uma aplicação qualquer. Tipo... muito... que a forreta em mim continua viva e mesmo de mentalidade aberta não me deixa cometer muitos pecados. [Pronto, ok... se calhar ainda preciso de trabalhar um bocadinho essa coisa da mentalidade aberta e da relativização dos preços. Mas estou num bom caminho.]