O mundo a tons de sépia
Há uns tempos perdi os meus óculos - sim, aqueles que comprei por causa do Edward/Pattinson e que eram os meninos dos meus olhos. Descansem que não foi por muito tempo: um dia depois encontrei-os, mas entretanto - e como não sobrevivo sem óculos de sol, os meus olhos já não querem outra coisa - roubei uns à minha mãe para ir para o trabalho. Confesso que não gosto muito de me ver com eles, mas era o que havia - e a cavalo dado (ou roubado, neste caso) não se olha o dente.
Não sei se foi nesse dia que notei, mas subitamente tudo me parecia mais bonito. O relevo das nuvens estava muito mais acentuado, o pôr do sol ainda mais incrível, o azul do céu mais quente. Por um lado senti que algo tinha mudado, mas por outro a mudança pareceu-me natural. Só quando, por qualquer razão, tirei os óculos é que percebi que não estava tudo mais bonito: estava tudo igual, eu só tinha uns óculos diferentes. E ainda hoje, mesmo sabendo que são os óculos que me embelezam o mundo, há qualquer coisa no meu cérebro que não deteta imediatamente que eu tenho um filtro à frente dos olhos e continuo a achar, por breves segundos, que o mundo subitamente está mais bonito.
E a verdade é que eu continuo a não gostar de me ver com eles: mas aquilo que eu vejo através deles compensa tudo o resto.