O fim de um ciclo, o início de outro
Estou a uma semana de terminar a pós-graduação.
Deixei de dar aulas de piano.
Tive uma cirurgia marcada devido a uma recidiva do quisto que me atormenta há anos e que acabou por ser desmarcada (mas da quall tenho um feeling de que não me safo num futuro próximo).
Agora tenho um papagaio.
E um namorado incrível.
Na última semana entranhei-me mais nos meandros da empresa do que durante o resto do ano todo.
Tive uma ideia de negócio, mergulhei em contas no excel e em projetos descritivos no word e estou a procurar espaços para fazer dele uma realidade.
Escrevi muito - mas foi no papel. Todos os afazeres, todas as ideias, todas as incongruências, todos os riscos, todos os planos, todas as dúvidas, todas as tarefas, todos os textos que quero escrever aqui.
Tanto. Sinto que aconteceu tanto neste ano! Ditei que ele fosse um investimento em mim própria e acabou por me sair melhor que a encomenda. Quis ter a liberdade de experimentar, de errar, de aproveitar coisas que provavelmente só nesta fase na vida iria poder desfrutar; de poder respirar fundo antes de ter o peso das grandes responsabilidades sobre mim. Achei que ia ter tempo para viajar, para escrever, para pensar - mas acabei por ficar presa a todos os compromissos em que me fui metendo e que, para o bem e para o mal, culminaram nisto: um cansaço descomunal, mas a sensação de dever cumprido.
Foi um ano atípico, repleto de inícios. O início de um curso - o início de várias cadeiras a cada mês que passava, de trabalhos e de exames. O início da arte de dar aulas a quem quer aprender. O início de um namoro. O início de um trabalho que sempre quis ter. Talvez mesmo o início daquilo que será a minha vida daqui para a frente.
O problema dos inícios é que é preciso esperar, saber tolerar. As flores não se colhem assim que se planta a semente - algo que vai contra a nossa máxima dos dias de hoje, em que é tudo para ontem, em que tudo se faz em velocidade de sprint. Desaprendemos a correr maratonas, a aguentar a um ritmo constante, sem desmotivar, para chegar ao final.
Este ano, que agora está a chegar ao fim com o início das minhas merecidas férias, foi mais uma maratona da minha vida. Ou talvez uma mixórdia delas. Em que soube jogar com a necessidade do prazer imediato, com a ansiedade, com o medo e com a mudança. Não foi tudo perfeito, não geri tudo conforme queria. Mas foi bom - tão bom - o suficiente para me dar por feliz. Talvez o mais feliz que estive até hoje, pronta para continuar a correr.