O concerto dos "The Cinematic Orchestra"
Ontem foi dia de concerto e, também por isso, de um grande balde de água fria. Não me descarto das culpas, mas o concerto não foi nada daquilo que eu estava à espera - se calhar porque só conheço poucas músicas deles ou porque eles mudaram o estilo nos últimos anos e as músicas que eu conheço são antigas. Enfim, não sei; sei, sim, que não devo ter sido a única com esta sensação, pois este foi o concerto (deste género, sentado, mais "clássico") em que vi várias pessoas a sair a meio e, mais para o fim, mesmo muita gente a ir embora antes de acabar - eu incluída.
O concerto começou com um conjunto de cordas (dois violinos e um violoncelo), um guitarrista que também fazia de voz e outro violinista principal. Eu não reconhecia nada daquilo: era um "clássico" muito estranho e alternativo, com umas letras para lá de estranhas e que nunca mais acabavam. Olhava para a minha mãe, ria-me, e cheguei mesmo a perguntar-me se tinha comprado bilhetes para o concerto errado - mas não, afinal aquilo era apenas uma introdução. Mas, para mal dos meus pecados, previa um pouco aquilo que estava para vir.
Pelo que percebo, a Cinematic Orchestra tem duas facetas: uma mais movimentada e outra mais calma. Eu sou muito mais fã da calma do que da mais energética - e ontem, esta última esteve muito mais presente e, "pior" que isso, houve muita música nova que ninguém conhecia. A certa altura comecei a ver desânimo na plateia: pela forma como aplaudiam no fim de cada música, ao ver cada vez mais telemóveis a aparecer por entre mãos alheias para combater o tédio. Sinceramente, com exclusão de umas quatro músicas (as mais cantadas - havia duas senhoras e um senhor com vozes mesmo espetaculares), aquilo soava-me a música de restaurante ou a uma música de fundo que uso para estudo; daquelas que uma pessoa não "ouve" na realidade, que apenas estão ali para dar presença. Acabei por me abstrair em grande parte do concerto; pensar na vida, tratar da minha agenda mental, "escrever" posts, pensar em inícios possíveis de livros... enfim, de tudo um pouco, mas raramente a prestar total atenção aquilo que se estava a passar no palco que, para todos os efeitos, era pouco.
Fizeram um encore, onde - no "vai-não-vai" - várias pessoas se foram embora; eu só não fui porque já tinha consultados as setlists e tinha visto que eles costumavam faze-lo, pelo que esperei - até porque, até ali, não tinham tocado nem uma das músicas que eu gosto! A minha mãe estava mortinha por sair dali mas eu fiz questão de esperar e, por sorte, a primeira música depois de eles voltarem foi a "To Build a Home"; no entanto, foi uma versão tão diferente da gravada que, se não soubesse a letra de cor, mal a reconhecia. Fiquei ainda mais desanimada. Depois disso continuaram a tocar uma música que parecia uma trama, algo sem fim, e eu resignei-me e perguntei à minha mãe se ela queria ir embora, também incentivada por ver tanta gente a sair. E assim foi, saímos e aproveitamos o facto de ainda não estar uma torrente enorme de gente a sair para conseguirmos escapar do parque o mais rapidamente possível. Não sei o que tocaram depois, mas percebi pelo contexto do concerto que a que mais ouço - a "Arrival of the birds" - não devia fazer parte da lista de músicas a tocar, por isso decidi arriscar e sair. Espero, pelo menos, que a minha previsão tenha sido a correta.
Não foi algo que desgostasse por completo, mas admito que foi uma desilusão muito grande. Ia com altas expectativas e levei com um senhor balde de água fria - e, pelo que observei da sala (e, acreditem, tive muito tempo para observar), não fui a única. No fim - já com o rabo quadrado, uma vez que estava sentada praticamente desde as 14h da tarde, pois fui direta das aulas - não senti que fosse algo que tivesse compensado, principalmente pelo dinheiro que paguei. Mas pronto, nem tudo pode ser como esperado nem absolutamente espetacular. Vou continuar a ouvi-los, porque isto não estragou a minha paixão por aquelas músicas que tanto gosto, mas o ânimo de os ouvir ao vivo esmoreceu-se por completo. Como diz o outro: "é a vida".