Meia dúzia de desejos para 2023
Já passei por várias fases no que diz respeito a resoluções de ano novo. (Ou objetivos. Ou desejos. Não é tudo igual - escrevi-os do mais concreto até ao mais "esotérico" - mas, na prática, são coisas que gostávamos que acontecessem - quer sejam da nossa total responsabilidade na execução ou não). Alturas houve em que era produtivo para mim listar um sem-fim de metas para concretizar no ano corrente, sendo que as analisava uma a uma quando os 365 dias passavam; outras também existiram em que não ditei nenhum objetivo, pois a vida em si já estava a dar demasiado trabalho a resolver-se.
Este ano escolhi um meio termo - seis desejos. Não é uma lista muito grande e a pressão para a executar também não é enorme (senão diria "objetivos", essa coisa mais séria). Mas a verdade é que gosto de me balizar em quase tudo o que faço - e tiro prazer em trabalhar para ser e fazer melhor.
Nesta lista não constam as coisas básicas como os desejos de saúde para mim e para os que me rodeiam ou trabalho; também não contam os objetivos que transitam do ano passado, como manter uma alimentação equilibrada e fazer exercício 5 vezes por semana. Então cá está a meia-dúzia de 2023:
- Ler 18 livros. Aumentei a fasquia em 6 livros relativamente ao ano passado, mas acho possível e exequível - se mantiver a genica com que estou agora, até seria facilmente ultrapassasável. Mas falarei sobre este tema num próximo texto.
- Aumentar os registos ao longo do ano - quer seja ao nível de fotografias, vídeos ou escrita. Os últimos anos têm sido de vivências poderosas, mas em que tenho monesprezado os registos futuros - algo a que sempre dei muita importância. 2021 foi o primeiro ano em que houve meses em que não publiquei nada aqui no blog, algo que consegui piorar em 2022, com três meses sem um único post; olho para a minha galeria no telemóvel, tenho dificuldade em encontrar uma fotografia minha decente e percebo que aquele aglomerado de imagens se resume a printscreens, questões de trabalho ou fotos que têm o único propósito de me lembrarem de alguma coisa num futuro próximo. Quando faço os apanhados do meu ano tenho sérias dificuldades em recordar-me do que fiz, do que vi, onde fui - porque não tenho registos.
Para além de mais fotos e vídeos (exclusão feita aos aniversários e ajuntamentos familiares, em que continuo sempre de máquina em punho), gostava de implementar uma ideia que vi algures: escrever um pequeno resumo no fim de cada mês - não só do que fiz e vivi, mas também um apanhado do meu estado de espírito naqueles dias. A verdade é que chegamos ao final do ano com a ideia de que tudo passou a correr - mas também não podemos culpar a memória por não se lembrar do que fizemos ao certo há mais de uma centena de dias. É bom saborear as coisas no momento em que as vivemos - mas será que se as registarmos não tendemos a perpétua-las, a desfrutar ainda mais delas? Eu sempre achei que sim - mas com a correria dos dias, a pressão do tempo e a falta de hábito tenho desconsiderado o poder das memórias no futuro. E gostava muito de mudar isso.
- Procrastinar menos - as redes sociais são um autêntico cancro na nossa gestão de tempo. Não sei o porquê de serem tão apelativas, mas basta um pequeno deslize na nossa concentração e, do nada, já lá estamos a fazer scroll, 95% das vezes sem qualquer tipo de proveito próprio - não aprendemos, não ficamos a conhecer nada de novo. O tempo passa e nada nos acrescenta - uma dupla perda, uma vez que tempo é coisa que normalmente escasseia e que coisas interessantes para ver e fazer há de sobra.
Isto acontece-me ocasionalmente em casa, mas é um caso sério no trabalho. A minha função é maioritariamente intelectual - pensar para resolver problemas, pensar para antecipar problemas, pensar para optimizar os processos, pensar para motivar as pessoas. Pensar, pôr por escrito e arranjar forma de tornar tudo real... a parte prática, normalmente, já sai do meu controlo. E não há ninguém que aguente tantas horas a pensar - pelo menos de forma produtiva e útil. E a verdade é que, no meio de um trabalho qualquer, eu apercebo-me que estou a divagar para conseguir ter folga de pensar sobre determinado assunto. E o problema não é o tempo que estou parada - é a forma como o estou a (des)aproveitar. Por isso o meu objetivo é conseguir perceber que preciso de uma pausa e utilizar esse tempo em coisas que me acrescentem - utilizando-o para escrever posts, como estou a fazer agora, por exemplo. Ou a ler. Ou o que quer que seja que não implique redes sociais - o escape mais fácil do mundo, mas também o mais oco.
- Experimentar um restaurante novo por mês e tentar consumir mais cultura. Sei que não posso ser a única a quem a pergunta "então onde vamos almoçar?" faz urticária. Gosto de ir comer fora - mas não adoro. Mas uma das razões pelas quais gosto cada vez menos é o facto de ter de pensar onde ir. Um sítio é muito caro; noutro come-se muito; outro cheira a comida; noutro fomos mal servidos da última vez que lá fomos; e ao que sobra não nos apetece ir. E assim se esgota rapidamente uma lista de restaurantes. Nisto (e em muitas outras coisas) sou uma autêntica velhinha e tenho algum receio de experiementar restaurantes novos - mas gostava de mudar isso e de, assim, aumentar a lista de sítios para poder ir almoçar ou jantar fora. A meta é ambiciosa, mas não custa tentar. De resto, também gostava de ir mais ao cinema, ao teatro e a concertos - houve fases da minha vida em que ia a quase tudo isto, mas agora por preguiça, menor oferta ou forretice diminuí significativamente. Vamos ver como corre este ano.
- Fazer um esforço consistente para escrever mais. Um dia destes, à noite, tive a ideia maluca de escrever 300 palavras por dia, todos os dias. Lembro-me que era a métrica usada nos tempos de escola, algo que fazia em pouco mais de cinco minutos - mas não acho saudável ter essa pressão acrescida todos os dias em cima de mim, principalmente em alguém como eu, que põe pressão em tudo o que faz. Por isso, sem qualquer meta definida, gostava simplesmente de escrever mais; se conseguisse implementar a minha terceira medida para este ano e evitar procrastinação desnecessária, sei que era meio caminho andado. Mas o trilho restante sou eu - e a minha força de vontade - que tenho de percorrer. Vamos a dia 6 e isto está a correr bem - mas prognósticos só no final do jogo, como dizia o outro. E ainda faltam 359 dias para este acabar, por isso ainda me parece ser um pouco precoce dizer se estamos de facto em bom andamento.
- Gostava de ser mais consistente no piano - mas, tendo que escolher, a escrita tem prioridade no meu tempo. No piano sempre fui muito movida por objetivos - que no início era ir a todos os recitais com uma música nova. Mas depois apareceu a pandemia - e adeus musicais ao vivo! - e agora o número de espetáculos é muito mais reduzido, pelo que tendo a protelar a aprendizagens de novas peças porque não tenho nenhuma razão concreta para avançar com mais vontade. No final do ano fiz algum trabalho de forma a arranjar um tempo dedicado ao piano - que é uma das minhas grandes falhas - mas com as festas o hábito desvaneceu-se, pelo que tenho de voltar a fazer um esforço para treinar e para avançar, para não ter aquele sentimento de ficar para trás. Voltar a ter aulas presenciais seria muito positivo também - mas só a estabilidade no trabalho me permitirá eventualmente esse luxo.
E por aí, têm objetivos? E sugestões de restaurantes aqui no Porto, para eu tentar completar os meus desejos? Grata!