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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

15
Jan18

Livro não há. E então o blog?

Há uns dias falava-se aqui em casa de como os meus sobrinhos (e extrapolando até para a malta mais nova, da geração YouTube) vivem com base na constante aprovação dos outros. Quase todos eles já têm redes sociais e festejam cada novo seguidor como se tivessem ganho a lotaria – ou o Euromilhões... ou talvez o Placard, porque já nem devem saber o que é a lotaria. Tudo o que fazem é com vista a ter mais likes: enviam mensagens a dizer que se pusermos gosto nas coisas deles, eles devolvem o botão mágico em todas as nossas publicações e até põem screenshots censurados nos instastories a dizer “foto nova, vão ver!!!”. No fundo, fazem tal e qual como os influencers que eles tanto admiram.

E isso admira-me porque eu não sou nada assim. Quando um dos meus irmãos disse a um dos filhos que só podia ter como amigos pessoas conhecidas, a criança respondeu: “mas o objetivo disto é ter mais likes, se começar a rejeitar qual é o objetivo?”. E isso é um sinónimo de toda a nossa sociedade atual: tão cheia de likes, tão vazia em tudo o resto. Mas continuemos: estava a dizer que não me revejo por esta luta cega de likes e de aprovação exterior. No meio da conversa, dei comigo a pensar: “caraças, se eu fosse assim já não tinha o blog há muito tempo”.

Porque as poucas dúvidas que eu tenho em relação a este espaço prendem-se precisamente com a divulgação que eu faço – ou não faço, neste caso – dele. A minha posição em relação a este estaminé resume-se à frase "não promovo mas não escondo". Isto quer dizer que nunca me ouviram dizer a alguém desconhecido "sabes que eu tenho um blog onde escrevo todos os dias cenas que não interessam ao menino Jesus?"; mas também é muito pouco provável que alguma vez tenha negado a sua existência, sempre que me confrontam com o assunto. E esta sempre foi a minha abordagem por várias razões: 1) nunca quis ser famosa, nunca quis ser blogger, nunca quis fazer deste espaço uma fonte de rendimento; 2) fazer divulgação de algo tem como objetivo trazer mais pessoas - e mais pessoas quer dizer mais haters, mais gente sem nada que fazer da vida, com o objetivo de estragar o dia dos outros... e eu não tenho grande paciência para isso; 3) sinto que apesar de já ter estabelecido uma linha bastante sólida relativamente aos conteúdos aqui no blog, nomeadamente sobre a partilha de temas e conteúdos mais pessoais, este continua a ser um espaço muito meu, onde continuo a dizer coisas que em voz alta não me são fáceis de pronunciar, e por isso custa-me partilha-lo com todo o mundo, não sabendo em que mãos é que esse conhecimento alheio sobre a minha pessoa vai cair. Aquilo que senti das poucas vezes que fui reconhecida na rua foi uma desigualdade imensa: as pessoas sentiam que me conheciam, que eu lhes era algo, enquanto que para mim elas eram totalmente estranhas. E isso, digam o que disserem, é desconfortável.

Tudo isto para dizer que eu não preciso de um público para escrever, apesar de adorar ter um feedback e utiliza-lo para tentar perceber aquilo que resulta e não resulta ao nível de tópicos e na escrita, quase como um estudo muito adiantado para os livros que um dia quero escrever. A verdade é que há quase sete anos que aqui estou e a minha audiência, embora vá crescendo à velocidade que uma tartaruga sobe uma rampa, é sempre a mesma. Nunca há grandes oscilações para além daqueles dias especiais em que sou destacada pelos blogs do sapo e isso não me incomoda. É óbvio que é reconfortante receber elogios e comentários (que na sua maioria são, na verdade, interações – que é o que eu gosto mais) e é por isso que escrevo aqui em vez de escrever no word ou num diário - e sinto e percebo quando uma publicação não tem tanto feedback e tento perceber os porquês. O que não implica que não volte a escrever algo do género se isso for algo que eu goste ou que faça sentido.

Novembro e Dezembro foram o exemplo perfeito disso: notei uma quebra significativa de interações e fico sempre a pensar se quem está desse lado simplesmente desistiu de ler as minhas parvoíces. Mas por outro lado senti-me orgulhosa de mim mesma por, nestes dois meses tão difíceis para mim ao nível da gestão de tempo, ter conseguido colocar aqui conteúdo, tentando nunca menosprezar a qualidade. E sinto que 2018 vai ser feito disso: de um esforço contínuo para continuar a escrever e num registo low-profile, porque é só assim que sei ser. Se há dias em que por um lado gostava de ver isto mais mexido, há outros em que relembro dias mais agitados e de como isso quase nunca me fez mais feliz. 

2017 foi provavelmente o ano com menos posts aqui no blog, mas foi de certeza o ano em que me esforcei mais para os fazer. Estou a ajustar-me a uma nova vida, e nem sempre é fácil manter o ritmo e o meu objetivo que, como nunca escondi, é escrever todos os dias. Mas, acima de tudo, foi provavelmente o único ano na vida deste blog em que eu não pensei em desistir, em "fechar portas", em dizer adeus a este diário aberto. E isso deveu-se ao facto de ter mais para me preocupar e devido esta calmia que aqui se vive, sem polémicas, pedradas ou berros virtuais. 

Há dias em que quero dar um passo em frente; há outros em que sei que se não aconteceu durante estes quase sete anos, nunca mais vai acontecer; e há outros em que simplesmente não quero que aconteça. 2018 vai ser, para este blog - mais do que aquilo que eu fizer dele - aquilo que eu conseguir fazer com ele. E só no fim é que saberemos o quê que isso é.

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