Faltam cinco meses para acabar o ano
Não houve maneira de fazer tudo com o preciosismo que queria e a exigência pela qual me pautei ao longo da minha vida. 2019 foi, até aqui, um ano de muitas conquistas, mas também com uma lista longa de coisas de que prescindi. Escrevi pouquíssimo, deixei de ler livros, cancelei a minha inscrição no ginásio, mal toquei piano, parei com os meus projetos relacionados com a organização de fotografias, não passei em blogs e muitas notícias passaram-me ao lado, ignorei que os fins-de-semana eram para descansar, adiei interminavelmente cafés, passei em branco muitos jantares, deixei de ir de férias com os meus pais em troca de cumprir prazos, trabalhos e ir a aulas. Houve momentos complicados. A gestão de tempo moeu-me. A pouca dedicação para coisas de que gosto foi difícil de aceitar.
Ter surgido um namorado nesta altura da minha vida não ajudou. Sofri, e ainda sofro, com a gestão que faço entre ele e tudo resto - querendo, ao mesmo tempo, estar com ele e não deixar de fazer nada. Conciliar isto com a relação fortíssima que sempre tive com os meus pais foi duro - e culpei-me muito por, durante tantos anos, ter dito que queria ficar sozinha. Não porque não acreditasse nisso, mas por sentir que não os preparei para este golpe duro que foi, de um dia para o outro, ter o meu coração dividido entre eles, de quem o meu amor será eterno, e outra pessoa. A verdade é que nem eu estava preparada, toda esta nova dinâmica apanhou-me desprevenida. Estamos todos ainda em fase de adaptação.
Mas eu queria muito que chegasse o dia em que a minha vida ia estabilizar, ter uma rotina que não implicasse prazos de trabalhos de grupo, de exames ou reuniões. Ansiei por estas férias - que, durante meses achei que não iam existir - por saber que seriam o fim de uma fase e o início de outra. Por ver nesta a oportunidade de finalmente equilibrar a balança.
Os dias de descanso estão a saber-me pela vida e, de cada vez que acordo, sinto vontade de recomeçar. Em pegar em tudo aquilo que ficou a meio, por acabar. Em voltar a fazer coisas que me fazem feliz - ler, escrever, aprender a tocar peças novas no meu piano. E arrancar com todos os planos novos que tenho em mente - e de fazer deles parte do meu dia, como fiz do curso o meu objetivo de um ano. Agora com mais força, mais completa e mais feliz. Por tudo aquilo que aprendi. Tudo aquilo que consegui. E, acima de tudo, por tudo o que conquistei.