Em review: um mês e meio de festivais
Antes deste verão só tinha ido a um festival. Foi há uns quatro anos, no MEO Marés Vivas, quando fui ver - muito inocentemente - Manu Chao, Xutos e Natiruts. Fui mais pela companhia do que pela música, mas Manu Chao era algo que me lembrava a infância (o que eu saltei em cima da cama da minha irmã enquanto ouvia os discos deles...) e por isso fui de bom grado.
Arrependi-me amargamente e disse que nunca mais punha os pés noutro festival. Apanhei com tanta ganza no nariz, na cara, na boca, nas orelhas, nas costas e em todas as partes do meu corpo que eu própria saí de lá, às 4 da manhã, aos caídos, a dizer coisas que não lembravam ao menino Jesus.
A verdade é que, em plena idade de ir e desfrutar deste tipo de eventos, me recusei a ir durante estes quatro anos. Não se cumpriu o "nunca mais", mas quatro anos, na minha idade, é quase uma vida. Este tempo, no fundo, foi bom e serviu para me esquecer e, finalmente, querer voltar. Em grande. Porque em menos de dois meses foram três festivais, sete dias ao todo. Cheguei ao fim estouradinha.
Guardo as melhores memórias do NOS Primavera Sound, porque me deu uma outra visão de tudo isto que são os festivais e a possibilidade de entrar no mundo da imprensa e dos jornalistas; não foi tanto pela música em si mas mais pela experiência inesquecível que me proporcionou. Admito também que a onda do festival - mais calma, com pessoal mais velho e um bocadinho mais "premium" e toda aquela história de se estar deitadinho na relva a ouvir música - me atraiu enormemente. Ainda assim, deu para perceber que três dias de festival é uma estopada valente.
Como se já não chegasse, meti-me no Alive (com uma viagem ao Porto pelo meio). Não acho que este tenha sido o melhor cartaz de sempre mas, mais uma vez, fui muito pela companhia e pela experiência. Nunca tinha ido a um festival tão grande, com nomes tão grandes, filas tão grandes, um público tão grande e... pronto, tudo muito grande. Retiro coisas positivas e negativas, mas repetiria a experiência num abrir e fechar de olhos. Mais uma vez, cheguei aos três dias a pedir misericórdia, mas com o coração cheio e o Sam Smith ainda nos ouvidos e na memória.
Por fim, e para fechar esta época de festivais em beleza, fui ao último dia do MEO Marés Vivas, fazer as pazes com o festival que me manteve há distância de todos os outros festivais durante todo este tempo. Foi depois do picnic, eu estava arrasada após de um dia de praia e de uma noite metida na cozinha, mas ia subir ao palco o meu Jamie Cullum e eu não podia faltar. Onde ele está, eu estou - faltar nunca é opção, a não ser por um motivo de força maior. Gritei muito, cantei tudo o que havia para cantar (só não sabia uma das músicas da setlist), verti umas lágrimas pelo caminho e, num ápice, o concerto acabou. Passou a voar, acabou cedo demais. Apesar das minhas pernas gritarem por descanso, ficava a noite toda a ouvi-lo. Depois subiram ao palco os The Script, que eu gosto, mas sem a adrenalina do Jamie Cullum fui-me abaixo e não aguentei (estava a ver que precisava de chamar um táxi para subir a avenida até onde tinha o carro estacionado, tal era o cansaço).
E pronto, foi isto. Foi bom. Foi um início de verão promissor (por ventura demasiado...), que ansiei muito e que aproveitei em toda a sua plenitude. Fiquei cansada até ao tutano, a minha conta bancária bem mais leve (não foi só o dinheiro dos bilhetes mas também as viagens, alimentação e etc.) mas, em compensação, toda eu sou mais rica em experiências e felicidade que trouxe na bagagem de mim mesma. Para o ano há mais!