E o mundo acordou com o Trump a entrar pela Casa Branca adentro
E agora não vale a pena chorar a pitanga, porque é isto que vamos ter nos próximos quatro anos da nossa vida. Eu acredito que há três razões para isto ter acontecido: primeiro a Hillary ser uma fraca candidata, com telhados de vidro até à ponta dos cabelos; segundo porque haver claramente uma sede de mudança no mundo, incompreensível para muitos (nós portugueses incluídos) mas que se tem manifestado em resultados incríveis como o Brexit; terceiro por provavelmente os americanos não terem muitos neurónios, logo à partida por terem escolhido estas duas pessoas à presidência.
Ainda que ache a terceira hipótese plausível, gosto de acreditar um bocadinho nas pessoas e tento pôr-me um pouco nos calcanhares de quem escolheu o Trump para presidente. Acho que ao longo da história todas estas escolhas drásticas se deveram ao cansaço e ao desespero dos povos por uma mudança e acho que é aqui que reside a questão. Eu não sou americana e só quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro - e, admito, ontem não queria ter estado no lugar deles, porque nenhum daqueles dois seres se me afigurariam bons presidentes do que quer que seja, muito menos dos EUA. Teria votado na Hillary, porque prefiro o conforto de uma escolha previsível ao medo do que aí vem - ainda assim, não o faria de consciência tranquila.
Os americanos podiam escolher entre o mau e o pior. Entre uma candidata corrupta e um homem sem papas na língua ou filtros. Entre uma mulher (demasiado e intimamente) ligada à política e um homem de negócios que nunca foi político. Entre o politicamente correto e o "I don't give a fuck". Entre os paninhos quentes e o penso rápido. Entre o expectável e o imprevisível. Entre mais um político ou sangue novo. Entre mais do mesmo ou o seja-o-que-deus-quiser. Entre uma má candidata e um homem mau.
Não era uma escolha fácil e todos nós iríamos sofrer as consequências de qualquer dos dois mandatos. Que as coisas vão mudar, não há dúvidas. Resta-nos esperar que seja para o melhor possível. Vou só ali acender uma velinha e já venho. (Também acenderia se fosse a Hillary. Com o Trump acendo por medo, com a Hillary acenderia por pena de uma fraca escolha logo à partida).